sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

O Itaú foi feito pra você

Sabe aquelas maquininhas de auto-serviço, que transformaram todos os cidadãos comuns e correntistas em potenciais caixas do banco, só que sem salário, sem FGTS, sem férias remuneradas, sem 13º e sem etecétera? Acredita que elas são incapazes de auto-detectar falta de papel para comprovantes antes de iniciarmos as operações que os exigem?

Ontem tive o infortúnio de escolher uma máquina sem papel. Ela foi ligeirinha para engolir meu depósito, mas só "lembrou" que não tinha papel depois. Olha que coisa! Agora saiba que sempre que isso acontecer, você terá que procurar um funcionário do Itaú. Depois de quarenta minutos de idas-e-vindas e de perguntas idiotas, ele lhe fornecerá essa beleza de recibo que você vê acima. Em tempo: há pouco olhei meu saldo e meu cheque ainda não fora compensado. Onde estará ele agora?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Aniversário de São Paulo

" ... Fogos, bolo gigante, shows e cursos marcam aniversário de São Paulo..." (Folha de São Paulo). Enquanto isso estou em casa blogando, orkutando, papeando no msn e assistindo ao seriadinho do Will Smith. Fico feliz pelo aniversário da cidade que tanto amo. Mas jamais tirarei o meu traseiro da almofada para ir aos eventos.

Existe coisa mais esdrúxula do que o tal bolo do bairro do Bexiga? Ele cresce um metro a cada ano e está com 452m. A educação dos visitantes decresce em proporções geométricas. Há décadas que assisto nos noticiários a mesma cena grotesca do populacho avançando sobre o bolo como hienas famintas. Poderia até ser uma festa bonita, não fosse o papel ridículo a que se presta a população pocotó.

Faço aqui uma lista de eventos culturais e festivos de hoje em Sampa. Se você também não foi e não faz a menor questão de ir, nem hoje nem em 2.007, bem-vindo ao clube do saco-cheio. Vamos aos eventos:

Caminhada pela Praça da Sé com o prefeito Motosserra e o governador Alckmin:
Pelo passeio o governador poderia mudar o nome para Walk-Min. Programa de índio. Mim não ir. Será que lavaram a praça antes para tirar o cheiro de mijo?

Ato cívico no Pátio do Colégio:
Se você também não foi, ótimo.Vá ao Pátio do Colégio em qualquer tarde, no meio da semana. Lá tem uma cafeteria muito legalzinha, com atendimento idem. Mas o museu bem que poderia ser gratuito.

Missa solene na Catedral da Sé:
Gozado, o governador não é judeu? Juro que já o vi de kippá ou estou enlouquecendo. Eu não vou porque não sou católico mesmo.

Bolo no Bexiga:
Já mencionado no caput deste post. Este ano o bolo foi atacado antes do sinal de "largada". Eca!

Apresentação de grupos folclóricos no Parque Ibirapuera:
Ah sim, gente com roupas coloridas batucando e cantandos coisas ininteligíveis. Prefiro a sorveteria que fica ao fundo da marquise.

Torre do Banespa:
Distribuição de kits para colorir, maquiagem artística para as crianças e cartões-postais. Inclui uma apresentação da Escola de Samba Pérola Negra. Detesto escola de samba. E mais: se a gerente da minha conta me encontrasse viria com a ladainha de sempre por causa do meu saldo negativo.... Nãnãnã...

Parque da Juventude:
Para quem não sabe é o antigo presídio do Carandirú. Haverá show gratuito com Oswaldinho do Acordeon e Maria Alcina. Pelo Oswaldinho eu até iria, se tivesse certeza de que a Alcina desse W.O.. "Alô alô, responde" ninguém merece. Chamem o Dr. Dráuzio Varella que é mais familiarizado com o local.

Sesc: Demônios da Garôa no Itaquera e Ira! no Interlagos. Os tiozinhos até que são bons para se ouvir. Mas aviso: o repertório é o mesmo de sempre. Eles bem que podiam cantar algo novo. O Adoniran devia baixar em algum médium e dar uma forcinha prá eles. Mas, ouvir o Nazi do Ira com seu eterno "Feliz aniversário, envelheço na cidade..." pela enésima vez, ninguém merece. No Ipiranga, Duofel, Luiz Bueno e Fernando Melo sobem ao palco ao lado de Alzira Espídola e Alice Ruiz. Desconheço todos e por isso não vou. Então, tecnicamente estará sobrando um lugar para algum interessado.

Putz, o Will Smith é engraçado paca! Adoro ele.

domingo, 22 de janeiro de 2006

Domingo tranqüilo

Ontem enfrentei outra muvuca daquela de sábado passado. Se você tiver uma filha de 4 anos e recursos limitados para o lazer (traduza-se como falta de grana) entenderá. Felizmente o IMM - índice médio de muvuca - estava dentro do tolerável. Existe a possibilidade de que meu inconsciente esteja adaptando meu consciente, para que eu não atinja a loucura e saia atirando a esmo no meio da multidão. Não importa.

Mas hoje é domingo. Dentro dos meus preceitos de guardar o domingo, não pus os pés nem na garagem da minha casa. Fiquei resguardado e circunscrito à área interna de meu pequeno sobrado. Quero paz. Ainda que a paz inclua assistir ao Raul Gil, já que não tenho TV por assinatura.

Fiquem em paz, meus filhos! Ommmmmmmmm...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Me deixa quieto!

Na hora do almoço, minha filhotinha de 4 anos passou aqui no escritório com minha mulher. A pequena olha para os meus pés e manda essa:

- Ê pai!!! Esse sapato é feio pro trabalho!

Pô, a mosca da formalidade contamina até crianças do jardim da infância? Ah, vai te catar, menina!

Pés sobre a mesa, camiseta e sapatilha

Ontem em meu escritório fui "flagrado" - entre aspas mesmo - em uma das práticas de postura que mais aprecio. Eu estava com a cadeira reclinada para trás e com os pés sobre a mesa. Duas jovens senhoras apareceram à minha porta, procurando pelo advogado que ocupa a sala da frente. Em uma fração de segundo, a velha alma de empregado me assolou e quase que retomei a postura formal. Felizmente, atento ao que estava fazendo e dos porquês, mantive-me quase imóvel, enquanto gesticulei para que as visitantes aguardassem até eu terminar meu telefonema. Depois, avisei o vizinho pelo celular e pedi que elas aguardassem-no na empresa ao lado, que pertence a um sócio dele.

Tenho razões de sobra para pôr os pés sobre a minha mesa. Primeiro porque a mesa e a empresa são minhas. Segundo, porque melhora a circulação sangüínea. Terceiro, porque quando estou tratando de algum assunto complexo pelo telefone, preciso tirar os olhos do monitor e as mãos do teclado, ávido que sou por fazer 3.658 coisas ao mesmo tempo. Ficarei somente nesses três motivos até porque não devo satisfações.

Apesar do fardo de incertezas - brinde da vida profissional independente - há algumas coisas que fazem tudo isso valer à pena. Claro que entre elas está a sempre iminente probabilidade de "arrebentar a boca do balão" e fazer aquele dinheiro extraordinário. Pena que isso não acontece todos os meses. Mas de outro lado estão a confortável responsabilidade de ser senhor do próprio tempo e de escolher a vestimenta do dia, entre outras coisas. Em matéria de indumentária, sou um camaleão: vou do terno azul-marinho, com gravata idem e camisa branca até o confortável jeans com camiseta numa boa. Para tudo há uma ocasião, mesmo no trabalho. Eis que hoje cedo, enquanto eu tomava banho, decidi que iria com calça de sarja. Na hora de escolher a camisa e o sapato, radicalizei: corri ao "departamento de camisetas" de meu guarda-roupas vesti uma e calcei levíssimas sapatilhas estilo mocassim. Mais informal, impossível. Só se eu estivesse de regata, bermuda e sandálias. Hoje não, talvez outro dia.

Por favor, não me chamem para reuniões de negócio de última hora hoje, ok?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Que calor é esse?

Acabo de chegar do centrão velho de Sampa. Meu escritório onde estou agora fica a uns 6Km de lá. Estou derretendo. Sinto que a cada passo que dei na rua, um pedaço de mim foi caindo pelo chão. Olhar os termômetros nas ruas aumentava a sensação horrível. Um deles, na Marginal Tietê apontava 34°C e eu acredito piamente nele.

Será que o "Grande Barba" não conseguiria antecipar o mês de junho prá gente? Detesto o calor. Desculpem-me os muvuqueiros de praia, mas meu DNA deve ser nórdico: quero frio e uma vodka agora!

sábado, 14 de janeiro de 2006

Meu dia de muvuca

É sábado, nove e meia da matina. Uma buzina toca à minha porta e vejo minha irmã e família. Nem tiveram a sensibilidade de trazer pãozinho fresco. Abro a porta contrariado e me chamam para ir ao SESC de Itaquera (xi...). A vontade era nula. Amo trancar meu portão na sexta à noite e reabrí-lo somente na segunda de manhã. Pena que é raro eu conseguir. Mas minha querida tinha ido trabalhar e o enteado ia sair. Ficaríamos só eu e a caçula. Por que não fazer esse agrado pra minha filhota, que resignava-se a brincar sozinha na piscina inflável? Penso, repenso e depois de uma hora decido ir.

Percalços à parte - tive que buscar as carteirinhas no trabalho de minha mulher - chego ao paraíso do lazer popular. Era quase meio-dia e à essa hora, vaga para o carro transformara-se em artigo de luxo, apesar das quase mil e quinhentas existentes. Começo a pensar que o preço do combustível precisa dobrar e o IPVA triplicar. Mas não é hora de perder a paciência. Pelo celular localizo a mana que está em uma das lanchonetes com os filhos. Lanchinho leve tomado e vamos ao farto parque aquático.

O SESC é um dos exemplos de que serviços desportivos, lazer, cultura, saúde e entretenimento podem ser feitos sem precisar de verbas bilhonárias. Se não me trai a memória a entidade se mantém com uma fração de percentual do recolhimento do INSS do comércio e a aplica muito bem. Tudo, incluindo conservação e limpeza, é primoroso. Um pobre diabo como eu consegue passar um dia em um clube de dimensões colossais e serviços diversificados, pagando míseros seis reais para entrar, já incluso o estacionamento. Devido à acessibilidade social, a segunda façanha do SESC se dá na transgressão da Física pela Engenharia. Torna possível comportar duas dezenas e meia de exemplares da crasse trabaiadora em cada metro quadrado das piscinas, que não são poucas nem pequenas.

É uma pena que a carência de lazer popular nas cidades torne o SESC a única opção para muitos. Nesse ritmo, jamais haverá tamanho e quantidade de clubes que comportem os usuários. Isso condena o ambiente ao limiar do suportável nos fins-de-semana. Um verdadeiro festival de proletários ávidos pela justa diversão. Muvuca mesmo. É a materialização do Panis et Circences: tudo de bom para manter o povão contente. Afinal quase todos terão que dar o melhor de sua mais-valia na semana seguinte.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Marabús II: A vingança

Não consegui despachar a muamba ontem. Minha querida amiga de Valinhos mandará um motoboy, essa adorável espécie do mundo animal motorizado.

Ontem meu amigo japa Takeshita veio aqui no escritório. Olhou a caixa no chão cheia de marabús e óculos coloridos. Ainda não consegui explicar para ele que não participo de raves de dragqueens, porque ele não parava de rir. Acontece que ele também me parece normal e nunca viu um casório com os tais adereços. Acho que minha amiga e a vendedora marabuzeira estão de sacanagem comigo. Ou estou no Show de Truman.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

O dia em que conheci o marabú

- Então, Má... é tipo um rabo-de-gato mas é feito com penas tingidas. Acho que chama malibu, maracatu, alguma coisa assim. Cinqüenta também. Não esquece o resto. De lá você me liga, tá? Beijo, tchau! - E desligou o telefone.

Essa era Ana, uma parceira de negócios e amiga muito querida do interior de São Paulo me pedindo para ir à rua 25 de março procurar um troço que eu desconhecia. Ela disse que ia ser madrinha de casamento em São José do Rio Preto e resolveu patrocinar enfeites para convidados. Eu ainda achava isso prá lá de estranho.

Eis que eu desço a Ladeira da Constituição no centro de Sampa e vejo algo parecido com o estranho objeto narrado. Uma tripa plumosa com cerca de 1 metro, tingido com alguma cor berrante. Entro na loja e a vendedora:
- Ah, isso aqui é marabu. É prá casamento né? Sai muito, o pessoal compra direto. Quantos você precisa?
- Cinqüenta. E cinqüenta óculos coloridos variados.
- Tenho também. E chapéus? Olha tenho um estilo malandro que a turma gosta.
- Não me pediram chapéus. Mas me pediram aquelas pulseiras que acendem, tipo neon.
- Tá aqui. Olha que lindas. Este estojo tem cem peças.

Eu não resisto e pergunto:
- Escuta: é verdade mesmo que o povo distribui isso para os convidados em festas de casamento? Fala sério.
- Claro! Não acredito que você nunca foi em um. E olha, tem isto aqui também que usa assim... isto aqui... isto - a mulher ia me desfilando um arsenal de acessórios e eu continuo a duvidar que sejam usados em algum outro lugar, que não em bailes de Carnaval.
- Olha, tem um brinde pro noivo e um prá noiva. Uma cartola prá ele e uma estola prá ela.
Estola era algo mais ou menos parecido com o tal marabú, só que bem mais cheio e maior. Traduzindo: horroroso em proporções mais escandalosas. Comprei as tralhas e liguei para minha amiga, que me pede pra despachar tudo e urgente. O casamento é sábado.

Já fui em umas três dezenas de casamentos, em São Paulo e no interior. Confesso que nunca me deparei com a distribuição daquele mau-gosto para os convidados. Nem consigo me imaginar usando óculos coloridos, pulseiras luminosas, tampouco com a nova aquisição de meu conhecimento geral: o marabú. Mas estou certo de uma coisa. De hoje em diante, quando eu for a algum um casamento, primeiro passarei em frente do salão bem devagar com os vidros do carro fechados. Se eu notar o menor vestígio dos lindos adereços sendo distribuídos para os convidados, engatarei a segunda e voarei para uma tranqüila pizzaria, onde esperarei encontrar gente normal.

Agora sou um homem com medo de marabús. Coisa mais horrorosa!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Morte Ao Emprego Público

Não é que nunca passou pela minha cabeça ser um funcionário público de carreira. Ninguém em sã consciência rejeitaria aposentadoria integral, estabilidade, imunidade e um caminhão de benefício$. Mas a "cultura funcional pública" esta sim é de lascar. Vem carregada com as banhas do sedentarismo dos sujeitos que trabalham em repartições, que colocam os óculos na ponta do nariz para examinar seus documentos e fazem pomp and circunstance ritualístico para bater um simples carimbo no formulário do pobre contribuinte.

O caso que passei hoje foi um pouco pior. Tarde quente, centro da cidade lotado e lá estava eu com o boleto da suada prestação de minha casa em mãos junto com uma dúzia de cédulas de cinqüenta reais. Totalmente disposto e feliz por pagar algo que só será meu em definitivo quando eu estiver no asilo dos velhinhos. Eis que entro na agência da CEF da Rua Boa Vista, ao lado do Metrô São Bento às 14h50m e, ao chegar à temida porta giratória sou abordado por uma jovenzinha, com idade para ser minha filha. O diálogo que segue pode parecer surreal mas é verídico.

- Boa tarde, o que o senhor vai fazer na agência? - Fiquei surpreso. Nem minha mãe me perguntava coisas tão íntimas.
- Eu vou fazer um pagamento. Por que?
- Para pagamentos, o horário já encerrou, senhor.
- Ah é? E vocês trabalham até que horas? Meio-dia?
- Não senhor, mas não tem mais agenda para pagamento.
- Agenda? Olha filha, eu agendo com meu dentista, com meu advogado e com meus clientes. Nunca ouvi falar de agenda para pagar algo no banco.
- Mas é senhor. E não tem mais agenda para hoje.
- Noooossa! A que horas fecha essa joça?
- A agência fecha às dezesseis, senhor, mas...
- Pois olhe! Eu vou entrar e vou pagar essa bosta. Estou com moeda-corrente do país, o boleto está em dia e, por acaso, é dessa merda de banco mesmo. Se não aceitarem eu chamo a polícia.
- Mas senh...

Entro na agência e vou aos caixas. Sentados, lá estavam uma dúzia de cidadãos resignados que tinham cumprido o esdrúxulo ritual de agendamento. Pacientemente esperavam pela chamada do próprio nome gritado pelo caixa. Esperei um pouco pensando como abordar. Chego a um dos caixas e ouço de novo que o absurdo agendamento tinha que ser feito na porta pela mocinha. Custei a acreditar e volto para a pobre-coitada "operadora de agenda bancária":
- Escuta aqui, mocinha. Tem caixas e tem um monte de gente pagando contas. Por favor coloque o meu nome ou me dê uma senha ou faça o que quiser, mas vou pagar esse troço.
- Senhor, não tem mais disponibilidade. Pode ver aqui na tela. São esses quadradinhos. Estão todos preenchidos.
- Filha, eu sou programador. Se eu me sentar aí, em meia hora essa tela terá tantos quadradinhos que quando terminarem de preencher será Natal.
- Sinto muito senhor. Se o Sr. José Carlos estivesse aqui ele poderia ver isso.

Entro bufando na agência. Agora era questão de honra. Ou eu pagava a porcaria do boleto ou ficaria pelado no meio da agência até alguém me atender. Por fim resolvo apelar para uma outra mocinha sentada em um setor, cuja placa não me lembro:
- Moça, são três e meia da tarde. Eu exijo que algum santo ou demônio deste banco receba meu pagamento.
- Olha senhor, não é minha área. Mas talvez aquela senhora ali naquela mesa possa ajudá-lo. É gerente e se chama fulana.
Já na tal mesa e pensando onde penduraria minha camisa e minha calça para o strip-tease resolvo apelar para meus olhos azuis-esverdeados e meu sorriso cafageste:
- Fulana, por gentileza, veja se pode me ajudar: estou com esse pagamento daqui da CEF mesmo e o José Carlos não está lá. É ele quem sempre quebra meus galhos... (uma mentirinha não me condenará ao inferno).
- Pois não senhor, está com o dinheiro em mãos?
- Aqui.
- Um momento. Vou ao caixa e já volto.
....
- Aqui está senhor. Tenha uma boa-tarde.
- A senhorita também. Até mais.

Vão à puta que os pariu! Espero que essa porcaria de banco público também seja logo rifada para capitalistas estrangeiros. CLT neles. Estabilidade, bah!

domingo, 8 de janeiro de 2006

Baile de Formatura

Ontem fomos ao baile de formatura da cunhada de minha esposa. Ou seja: da minha concunhada, se é que isso é parentesco. A mulher se formou em Enfermagem.

O local até que é bom, agradável e de um requinte sem muita frescura. O Club Homs, na Av. Paulista, é bastante tradicional nesse tipo de evento. Mas mal começa o baile e eu começo a perceber que não tenho mais saco para essas coisas. Ou estou ficando chato demais. Ou ambos. Era um desfile de gente feia (Enfermagem nunca foi um hit em mulherada bonita), de modelitos inadequados para a abundância pneumática das formandas, desconforto de convidados e padrinhos não-acostumados ao terno e à gravata e excessiva informalidade indumentária de grande parte dos mancebos. Tudo dizia que os bailes de formatura há muito perderam o glamour.

Ressalvas para o serviço de buffet - abundante e zeloso - e para a banda. Era uma tal de "Saturday-alguma-coisa". O que mais admiro em bandas de formatura é a versatilidade. Intercalar sessões de rock´n roll com discotech, samba, forró (argh!) e axé (argh!) requer jogo de cintura, dos instrumentistas, dos coreógrafos e dos vocalistas. Decerto que é melhor não se ater piamente ao ingrêis do vocal nas músicas americanas, posto que predomina o dialeto embromation. Mas fora isso eu chamaria de audível.

Doppo, as formalidades: 1) Apresentação dOs formandOs (havia alguns poucos do sexo masculino e, segundo a Gramática, isso justifica a predominância do gênero nos pronomes e adjetivos, ok?). 2) Blá blá blá do locutor. 3) A valsa. Poucas coisas se me parecem tão cafonas quanto essa dança, importada em grande parte das terras austríacas. Olho no relógio do celular, já que detesto usar relógio de pulso. São duas e meia da madrugada. Acaba a valsa e lá vem os infalíveis hits baianos contemporâneos de Chiclete com Banana, Ivete Sangalo & Cia. Estico o pescoço para enxergar a pista de dança. Só vejo "mãozinhas prá cima", gente "tirando o pé do chão" e "batendo palmas" como apregoam os profetas da religião baiano-axesista. Olho o relógio de novo e são três horas. Lanço para minha querida esposa um olhar com uma mensagem codificada: nossa cama está nos chamando, embora a festa esteja por demais animada para a maioria dos presentes. Na verdade eu temia também que depois de Sangalo viessem sucessos do Mc Serginho e da Tati Quebra-Barraco que graças à Rede Globo estão virando cults. Come on, darling. Go home.

Definitivamente não tenho mais saco para bailes de formatura. Por gentileza não me convidem. Eu suplico.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

As águas de março que chegaram em janeiro


Vejo espantado como a Mãe Natureza é de lua. De repente, neste janeiro ela resolveu descarregar toda a pluviosidade de uma década. E estamos, male male, no início do mês.

Hoje fechei o meu boteco às 17h. Estava de saco cheio, sobretudo por causa de problemas de instabilidade em um maldito serviço de internet, que eu pago, e sem o qual eu praticamente não consigo trabalhar. Mas eu prometi a mim mesmo não blogar hoje sobre o ispídi e a filha da puta da empresa fornecedora.

No caminho de chuva torrencial, de poças d´água na pista e de rio Tietê voraz, observei a abundância de elementos fora de contexto que boiavam nas suas águas turvas: Sofás, garrafas pet, sacos de lixo, caixas de papelão, sarrafos de madeira, colchonetes e uma infinidade de coisas que não se pareciam com peixes, tampouco com aguapés.

Já em casa, vi nos primeiros noticiários da TV a legião de repórteres-mundo-cão que clamavam pelas autoridades civis para que arranjassem solução. Imagens tomadas pelos helicópteros mostravam o caos aquático, bostático e leptospirótico que reinava pela cidade, sobretudo na periferia. Algumas das pessoas entrevistadas como vítimas das enchentes legitimavam aos brados a queixa dos repórteres. Conclusão: os governantes não fazem nada.

Nesse momento me lembrei das semi-criaturas flutuantes que vi no trajeto. E me pergunto: terão o prefeito Motosserra, a ex-prefeita Martaxa, ou mesmo o ChisPitta alguma vez jogado sofás e garrafas pet nos córregos ou à borda desses? Antes que alguém me crucifique, faço questão de informar: já trabalhei no gabinete de uma das Adminstrações Regionais de São Paulo (atuais subprefeituras). Sei que a cidade carece de obras de escoamento, de contenção, de prevenção e sei que a cidade cresce verticalmente sem que as galerias de esgoto e pluviais sejam ampliadas em um centímetro de diâmetro sequer. Todos sabemos. Sinceramente, quando alguém é atingido pela enchente eu sinto pena de ver o desespero da família perdendo tudo. É algo horrível água furiosa e podre invadindo um lar. Mas não sentirei pena sempre que esse zé-povinho tenha que se deparar com os sofás, colchões e restos de móveis boiando no meio da rua. Afinal quem foi que jogou, né? Eu não fui.

Enqüanto essa gentalha não aprender o básico sobre higiene acho que a Prefeitura e o Estado não deveriam fazer nada. Pronto: podem me apedrejar.

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Antes tarde do que mais tarde

Pois é. Ontem a Americanas.com entregou o modem, em nome e a pedido da Telefônica. De passagem é mais compacto que o anterior e funcionou sem mexer em absolutamente em nenhuma configuração do meu PC.

Custava terem cedido logo de cara? Acho que não né?

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Ispídi e a Retenção de Clientes

Sabe aqueles papos que se aprende em Administração, Marketing e literaturas afins sobre retenção de clientes? Que vender para um cliente novo custa 9x10³ vezes mais do que reter um cliente novo? Pois esqueça tudo isso. É bobagem.

Voltemos à Telefônica: Eu possuía um modem próprio, ao contrário da maioria dos assinantes de banda larga que são arrendatários. Eis que - acho que já comentei isso em um post anterior - meu modem pifou em uma tempestade. Enrolando para comprar outro, eu trouxe um emprestado da minha empresa (também meu). Então descobri em uma propaganda de TV que a Telefônica está dando modems grátis para novos assinantes. Ligo para a Telefônica. Vou pular a parte em que se ouve 18 opções de menu e digita-se o telefone de casa 5 vezes.

- Telefônica fulana, boa-tarde! Em que podemos atendê-lo?
- É o seguinte: meu modem queimou e eu preciso de outro. Vocês estão distribuindo para novos assinantes, pois eu quero um.
- Pois não senhor, a promoção é para novos assinantes, o senhor quer assinar o Speedy?
- Não, minha jovem, eu já sou assinante.
- Ok senhor, então não vamos estar podendo (sic, argh!) dar o modem. Só se o senhor fosse assinar o serviço agora.
- Sim, mas eu sou assinante há três anos. Somos nós os assinantes que mantemos esse troço funcionando e eu não tenho direito a um mísero modem?
- Pois não senhor, nos só poderíamos estar trocando (sic, argh!) o modem do senhor se fosse em comodato. Como o modem é de sua propriedade, o senhor é quem terá que estar (sic, argh!) comprando outro.
- Quer dizer que se eu não fosse cliente, vocês me dariam um modem para eu sê-lo?
- Essa é a promoção senhor. Mais alguma informação?
- Sim, eu quero cancelar essa merda.
- Um momento senhor, eu vou estar transferindo (sic, argh!) sua ligação para outro departamento. (tome mais musiquinha por 5 minutos).
- Alô, aqui é sicrano, boa-tarde! Qual o seu nome?
- Cáspita! De novo? Eu já falei tudo para a outra atendente!
- Pois não senhor, é o Sr. Beltrano?

- Sim, sou eu! Então você tem os dados, ora?
- Em que podemos atendê-lo senhor?
- Eu quero cancelar essa porcaria do Speedy.
- E qual o motivo senhor?
- É porque meu modem queimou e não tenho outro para usar o serviço.
- O modem era em comodato senhor?
- Não. Era meu. Já falei para o outro isso também.
- Pois não senhor, um momento por favor... (tome musiquinha mais 3 minutos)... Senhor, no seu caso específico a Telefônica pode estar dando um modem para o senhor, sem nenhum custo, para o senhor não precisar cancelar o serviço.
- Ah, agora podem, é?
- Sim senhor, mais alguma solicitação?
- Quando chega esse troço?
- Entre dois a sete dias, no endereço da assinatura. Mais alguma dúvida senhor?
- Não. Obrigado.
- A Telefônica agradece e tenha uma boa-tarde.

Quer dizer: eu precisei tornar-me um "quase-ex-cliente" para que os putos enfiassem a mão no bolso e cedessem um equipamento que está sendo pago com verba de marketing. E o marketing originalmente não era para me deixar satisfeito. Era para o quê então?

Sem comentários. E até logo, senhor. O cliente da Telefônica agradece.