sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Olha a escola de samba aí, geeeente!

Muito que bem. Estamos em pleno Carnaval. Na rua onde trabalho o furdunço de caminhões da Prefeitura montando palco, iluminação, som e da CET invertendo mãos de ruas, tudo já está a todo vapor. Só faltam mesmo os integrantes da escola de samba do bairro - a grande estrela do desfile local - com seu enredo. Na verdade nem sei o tema do enredo dela. Sinceramente mesmo não sei o tema do enredo de nenhuma outra. Mas arrisco: será cheio de "eô-eô" e "laiá-laiá", com paradinhas da bateria e será repetido 5.783 vezes até que o trajeto se cumpra. Mas o povo gosta. Em prol da minha filhotinha caçula que está a conhecer o mundo é possível que eu dê uma passada aqui no bairro amanhã para ver. Desfiles com alegorias são bonitos.

A única coisa que me irrita é a tosca mentalidade do populacho - e nestes incluo alguns dirigentes de empresa - que reza que "o ano só começa depois do Carnaval". São inúmeras as bobagens que ouço no decorrer de meu trabalho. Desculpas para postergar e procrastinar brotam como tiririca após a chuva. Mas como dependo de vendas e por conseguinte de disposição dos clientes para realizar projetos, com freqüência eu tenho vontade de injetar cálcio nas veias de alguns. Uma ocasião liguei para uma cliente que já manifestara-se interessada em uma determinada tecnologia que represento. Era início de um novembro. O diálogo assim foi:

- Olá Drª Schlebts, pensei em ir aí amanhã iniciar os testes de homologação dos equipamentos.
- Ahn... eu acho que vou dar andamento nesse projeto só depois do Carnaval.
- Mas esse projeto é importante para sua empresa?
- Sim, claro que é.
- Drª Schlebts, você acha mesmo que terá ganhos quando o projeto for implementado?
- Claro que sim! Precisamos muito disso. A desorganização aqui está nos matando.
- Hum... Sua empresa tem algum trabalho, produto ou atividade, ligados ao Carnaval?
- Não.
- Então qual a razão exata desse adiamento para "depois do Carnaval"?
- Ahn... É... Ah... (seguem-se intermináveis cinqüenta segundos de silêncio)
(desliguei o telefone)

Outro caso semelhante aconteceu antes das eleições de 2002. Era julho e a sucessão presidencial estava tomando feições. Ligo para o cliente:

- Então, caro Bzqficz gostaria de agendar as apresentações para seus usuários avaliarem meu produto.
- Não sei não, rapaz... Acho que nós vamos dar uma parada com esse projeto por ora.
- Por que? Aconteceu algo?
- Não exatamente. São essas eleições. Nós decidimos ver como vão ficar, antes de darmos andamento nesse projeto. Está tudo muito incerto.
- Entendo. Aproveitando que vocês andaram discutindo o assunto a sério, me diz uma coisa: o que vocês farão se o barbudo se eleger?
- Ainda não sabemos.
- Certo... E se o careca ganhar, qual será a estratégia da sua empresa?
- Não pensamos ainda.
- Vocês estão investindo dinheiro em algum dos candidatos?
- Não.
- Então tá. Quando devo telefonar-lhe novamente?
- Depois das eleições.
- ?
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Nota: Ambos os clientes não fizeram absolutamente nada de concreto a respeito até agora, de acordo com informações fidedignas que possuo. Procrastinação é uma espécie de religião levada muito a sério.
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U2 Vs.2.1: O retorno de Bonuvóques® - Director´s Cut

Reclamaram muito dos óculos do post anterior. Recebi alguns xingos no Orkut também. Disseram que bandidos roubaram do túmulo da Aracy de Almeida e eu os comprei na feira do rolo por deixxxx pauxxxx. Por isso providenciei outros, azuis como os usados no show e menores.

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Supermercado

Dentre as provações periódicas inerentes ao casamento, ir ao supermercado é a maior. O homem que resiste na manutenção do casamento, não obstante a essa obrigação, é um herói de verdade. Acabo de chegar do meu calvário. E tento entender algumas coisas desse maravilhoso universo supermercadista.

Ainda no estacionamento, notei um hit parade nos carrinhos indo embora. Havia um desinfeliz com centenas de garrafas pets de um mesmo refrigerante, indicando ser a grande oferta do dia. Só não imagino o que esse sujeito fará com o estoque adquirido, suficiente para quinze anos de consumo na família dele.

Nos caixas, alguns estão descarregando o carrinho de forma propositadamente lerda. É para que outra pessoa da família tenha tempo de continuar a trazer os itens faltantes. Ora, se não terminaram as compras e vão demorar mais do que o normal para passá-las, que vantagem levam em já terem ido para o caixa?

Nos vãos das gôndolas lá estão potinhos de iogurte, embalagens de chocolate e saquinhos de salgadinhos. Todos vazios e consumidos. Os mentecaptos que comem e abandonam as embalagens, pensam que quem está pagando pelo produto? Não percebem que essas perdas são adicionadas no custeio dos outros produtos, inclusive os que ele está comprando?

Em frente do açougue há uma fila de quarenta e seis pessoas. Cada um dos clientes se demora diante do açougueiro, analisando a mercadoria com o detalhismo de um legista. Pede para o açougueiro trazer trinta e sete pedaços diferentes, até decidir qual será o almoço de amanhã. No fim, manda pesar um quilinho e meio de um determinado pedaço. Para que isso, se nas gôndolas refrigeradas há abundantes bandejas de carne, já cortadas, pesadas, embaladas e precificadas? Será que o boi do açougue é diferente do boi da gôndola?

Observo um carrinho cheio, estacionado em algum lugar do mercado, esperando o(a) dono(a) voltar. Dentro abundam chocolates, salgadinhos, doces, refrigerantes, cervejas e salsichas. Imagino que o peso da pessoa é cerca de 150Kg. Lá vem ela. Errei! Pesa quase 200. E bem que podia ter vestido outra coisa, que não aquela calça de malha agarrada e camiseta curta. Não tinha o tradicional "capô de fusca". Era capô de Scania. E carregava dezoito estepes na cintura.

Na seção de música lá estava aquela gaiola enorme recheada de cd´s, ostentando uma placa que dizia R$4,99. Tento adivinhar o conteúdo: O melhor de Cauby Peixoto... Músicas clássicas de todos os tempos e O melhor da Jovem Guarda. Vou ser adivinho assim lá na pqp! Na próxima semana tentarei adivinhar as dezenas da Mega .

Passo no meio de um corredor e dou de cara com uma enorme pilha de um produto, fora de contexto e de marca desconhecida. Na placa está escrito Aproveite! Apenas R$ xxxx. Passo direto e vou à seção do produto. Lá encontro uma marca renomada com preço 30% inferior. Então a placa "Aproveite" era para o dono do supermercado aproveitar. Aproveitar-se dos trouxas.

Supermercados. Bah!®

Nem eu

Duzentos reais para se espremer na multidão? Ficar acampado na calçada? Depois que inventaram a TV de tela plana, o DVD e o Surround 5.1? Definitivamente não.

Sorry, people! Hoje tem Phill Colins na minha sala.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Nossos covers de mendigo

Início das aulas nas faculdades e universidades. Passo de carro pelas ruas próximas às instituições e revejo a manjada cena: estudantes de felizes que estão, por ingressarem no ensino superior, esmolando entre os carros. É o trote. O dinheiro da féria, quase que invariavelmente vai para financiar a cerveja dos "veteranos". No ano seguinte o "bixo" deste ano já será veterano. Então reproduzirá a brincadeira idiota com os novatos, com o mesmo afinco.

Mais do que a brincadeira, resolvo observar a reação dos motoristas. Obviamente há os que recebem os estudantes com cara de mau humor, que é o meu caso, pois detesto essas palhaçadas. Mas há uma parcela grande, se é que não posso dizer a maioria, que procura por moedas no cinzeiro e dá uma singela ajuda para a bebedeira, que é descaradamente anunciada no pedido de esmola. Esse é o ponto-chave que tento refletir. Por que os motoristas são tão receptivos com esses covers de mendigo, enquanto fecham o vidro na cara dos mendigos verdadeiros?

É simples: identidade. Os covers são cheirosinhos, as meninas são gostosinhas, têm ares de mulher desabrochando, bochechas rosadas e cabelos sedosos. Os rapazes exibem dentes bonitos e feições alegres. Ambos se vestem com roupas e tênis bonitos. Então, eles se parecem com nossos filhos, nossos irmãos... se parecem conosco! Os mendigos reais não. Eles fedem, são maltrapilhos, feios, piolhentos, pulguentos e mijados. Para a menina que bateu na janela do carro ao meu lado, o motorista prontamente abriu o vidro e cedeu umas moedas, roçando a mão na mão dela, de forma pausada e safada, enquanto pareceu pronunciar um gracejo. Para os mendigos fedidos, quando eventualmente damos algum trocado é porque não tivemos tempo hábil de fechar o vidro e precisamos nos livrar deles rápido. Ao dar a esmola a estes, fazemos o dinheiro "pingar" nas mãos deles, para que não haja nenhum contágio, principalmente com sua miséria. Não estou defendendo o ato de dar esmola ou não, para quem quer que seja. Isso é pessoal, tanto no que se refere aos covers de mendigo, quanto aos seus originais.

Mas é fato que a solidariedade é seletiva. O nojo e a repulsa também.

Em tempo: Na falta de outra, a foto postada é de um "trote solidário". Consta no jornal que os alunos dessa coletaram dinheiro e doaram à famílias carentes. Somente nesse dia. Nos demais as famílias continuaram carentes e os estudantes foram para o bar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

A explicação da imagem

Para quem não reconheceu a imagem do post anterior, trata-se do Capitão América, em fase decadente. A customização da imagem foi feita pelo meu caro amigo Carlos Romero, às pressas e a meu pedido. Explico.

Estava eu um dia desses a caminhar após o almoço, nas proximidades do meu escritório. Em uma das travessas, havia meia-dúzia de moleques brincando de alguma coisa que envolvia raios, disparos e golpes de espada. No arsenal distribuído entre eles pude ver uma pistola espacial, uma espada de plástico e uma tampa plástica grande, que devia ser de um tambor para lixo. O garoto que usava a tampa como escudo a certa altura lançou a tampa girando em direção a um dos "inimigos". Fiquei admirado e não me contive:
- Legal, garoto! Você é o Capitão América?
- Capitão o quê, tio?
- América... aquele do escudo...

Diante do olhar de interrogação do menino que ao invés de um "tiozinho" parecia ver um E.T., saí da cena sem nada mais dizer.

Meus heróis da infância estão esclerosados em um asilo custeado pelo FPELJ - Fundo de Pensão da Extinta Liga da Justiça.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Ausência

Para os milhares fãs deste blog (conheço apenas duas pessoas que o lêem além de mim) peço desculpas pela ausência prolongada. Um pouco é falta de assunto. Outro tanto é porque no único dia em que fui postar, durante a semana passada, meu servidor achou por bem reiniciar sem me avisar. Ele é temperamental.

Depois eu explico a imagem acima.