terça-feira, 28 de março de 2006

segunda-feira, 27 de março de 2006

Sobra mês ou falta grana?

A última semana do mês me exige decisões salomônicas. São cortes em despesas de todo tipo e ordem. O pior é que nunca resolvem e há despesas "incortáveis". Ainda bem que aboli alguns remendos esdrúxulos como cartão de crédito e cheque especial que só empurram o problema adiante com taxas pornográficas. Se não tenho grana, não compro.

Mas eu tenho a solução: Vou propor um projeto de lei que reduzirá os meses em uma semana. São Gregório não previu que a verba de sobrevivência - independente de chamar salário, pró-labore, aposentadoria, ou seja o que for - nunca seria suficiente para cumprir o mês. Minha solução é totalmente viável. E não precisará aumentar os salários. Pense nisso!

quinta-feira, 23 de março de 2006

Técnicos e técnico

Poucos dias após o episódio do ténico de alarmes, tive a felicidade de receber um telefonema. Era o bom e velho Dimas, com o preço do conserto do meu CD player. Dimas é da velha guarda da Eletrônica. Do tempo em que comprávamos e sabíamos interpretar diagramas esquemáticos. Na rua Santa Ifigênia - espécie de padroeira paulistana da eletrônica - havia uma loja especializada em diagramas. Nós, os técnicos dessa geração, testávamos minuciosamente os resistores, capacitores, transistores e diodos, antes de decidirmos pela dessoldagem e troca de um desses componentes em placas de circuito onde havia dezenas ou até centenas deles.

Hoje, os ténicos trocadores de módulos são pródigos na condenação de todo um subconjunto. É comum ouvirmos dos ténicos frases como "A práca (sic) do áudio tá ruim viu, dotô? Tem que trocar a praquinha toda". E lá se vai uma boa leva de reais com a injusta condenação de um conjunto enorme, às vezes por causa de um mísero diodo, que custa menos de um real na "Santa". Os ténicos de hoje não sabem sequer testar um componente, ou dizer quantos μF (microfarath) possui um determinado capacitor nem quantos Ω (Ohms) tem um resistor. Códigos de cores? Aqueles risquinhos que têm nos resistores? Os ténicos trocadores de pracas sequer sabem que aquilo é um código. Pensam ser uma decoração coloridinha. Pobres ténicos que só trocam praquinhas e pobres de seus clientes.

Dimas me avisou que trocou um transistor que estava "bichado". Um desses componentes minúsculos vendidos por um real ou menos. Pela ressurreição do meu CD player, que sequer ligava, Dimas me cobrará "exorbitantes" trinta reais. É dessa forma que ele sustenta dignamente sua família há quarenta anos, mantendo uma portinha aberta para sua oficina a oitocentos metros de sua casa. O mundo será mais feliz enquanto existirem técnicos como Dimas.

terça-feira, 21 de março de 2006

Expectativas distintas

Conversa que presenciei esses dias. Meu amigo entra em uma loja de instalação onde estava escrito bem grande "Especializada em Alarmes".

Amigo: Bom dia! O meu carro chegou a zerar a bateria e me parece que desprogramou o alarme. Não funciona mais. Vocês reativam?
Ténico: Que marca é?
Amigo: Schlebtstron®.
Ténico: Você tem o manual dele?
Amigo: Não.
Ténico: Então, você precisa conseguir um manual pra nóis (sic) e traz impresso pra gente ver.
Amigo: Ahn...
Ténico: Você sabe onde está escondido o botão reset?
Amigo: Também não. Existe um?
Ténico: Sempre tem. Descobre onde fica e anota prá gente.
Amigo: Ahn, tá.
Ténico: Acha o manual na internet e imprime. Aí podemos fazer o serviço.
Amigo: Legal. Obrigado.

Fomos embora. Meu amigo não tinha percebido o ridículo da situação. Aparentava já estar navegando mentalmente na internet à cata do tal manual. Foi então que eu o questionei:
- Meu, o cara quer que VOCÊ obtenha o manual de COMO fazer, leve para ele impresso e indique o local exato do tal botão reset, para que ele cutuque com a chave de fenda e lhe cobre o serviço?
- É mesmo. Será que devo procurar outra oficina?

Meu amigo ainda está aprendendo a usar o cérebro, com minha ajuda. Pena que o cérebro não tenha manual disponível nem na internet. Eu até imprimiria um para ele.

Em tempo: "Ténico" é um cara que seria Técnico... se não lhe faltasse o "c" de competência.

domingo, 19 de março de 2006

DJ sofre

Sábado retrasado eu protagonizei de DJ em uma festinha fechada, no salão da casa de minha irmã. Apenas para famílias de amigos, com seus respectivos filhos, crianças, aborrecentes ou jovens. Era sobretudo um baile de flashback dançante, considerando a média de idade do meu círculo de amizades, que é acima de 35 anos. Não escrevi isto antes por falta de razões. Depois, por conta de uns ocorridos bestas nos dias que sucederam, achei que o Sem Sentido seria um bom lugar para o recado.

Tecnófilo e preguiçoso de plantão, rolei o baile usando meu PC. Conectei-o a um mixer e este a dois amplificadores. É bem mais prático montar playlists com antecedência, deixar as mixagens pré-programadas e ficar monitorando, do que espalhar dezenas de vinis como já fiz no passado. Agora são intervenções mínimas, só mesmo quando percebo que ninguém vai agüentar a versão de doze minutos de You make me feel com Silvester ou quando percebo que alguma música não está sendo suficiente para chacoalhar os esqueletos quarentões. E tome MP3! Tecnologia é para isso, ainda que esta opinião provoque náuseas em algum ortodoxo da seita dos Vinilistas do 7º Dia.

Quando sou chamado para fazer algo, assumo a empreitada e não aprecio co-pilotos e palpiteiros. Penso que discotecagem - ou emepetrêsagem no caso presente - seja uma espécie de trabalho artístico e não possa ficar à mercê de pitacos pentelhos. Deve ser por isso que nos bailes e danceterias o DJ costuma ficar em um aquário, inacessível aos freqüentadores. Como minha modesta estrutura ficava acessível aos mortais, tive que aturar candidatos a produtor musical de todas as idades. Coisa mais chata é passar horas antes montando a programação e depois ficar ouvindo: "toca isto, toca aquilo". Nessas horas, aproveito-me dos decibéis do som para simular surdez.

Como amante da Discoteca e da clássica Black Music dos anos 80, o que mais me surpreende hoje é a falta de senso crítico com a podridão musical que a mídia vende atualmente. Ouvir pedidos para tocar lixos de baile funk de morro me provoca diarréia. Grande parte das pessoas repetem estupidamente os cacófatos de baixo nível. Tem um que usa uma marca de fogão e sugere que fornecer a saída do reto é extremamente benéfico. Tudo indica que mundo está no fim. O próximo som a tocar será a sexta trombeta, prenunciando a ceifa da terça parte dos homens (Ap 9, 13-15).

O pior é ver as pessoas fornecerem essas pérolas musicais de baixíssimo calão aos filhos e netos da mais tenra idade. O que terá acontecido? Será que as trilhas sonoras do Castelo-Rá-Tim-Bum e do Sítio do Picapau Amarelo perderam o encanto? Essas novas religiões musicais desprovidas de arranjo instrumental, de poesia e de melodia, provocam uma tal distorção cerebral, que ao verem seus pedidos rejeitados ou ouvirem meus sarcasmos a respeito, seus adeptos se transformam em potenciais membros da Al Qaeda. No semblante deles é visível que só não mandam a mesa de som e o salão pelos ares por falta de cintos-bomba. Há que ser feito um estudo sério se os tais "batidões" não seriam mecanismos de abertura e bloqueio de portais mentais, para neutralizar a inteligência e o senso-crítico dos ouvintes. Muito embora na década de 80 não era assim com Afrika Bambataa & The Soul Sonic Force, um tremendo batidão.

Por favor: se você é daqueles que ficam pentelhando o DJ ou a banda ao vivo com seus pedidos, faça um esforço autocrítico antes de dirigir-se aos mesmos. Salvo se os protagonistas do vexame sonoro pocotista forem os próprios DJs ou a banda. Nesses casos, pedir para mudar o repertório passará a ser dever cívico, pela campanha de Despocotização do Brasil. A propósito desta, clique aqui. Fui.

sexta-feira, 17 de março de 2006

Coisas boas em uma sexta-feira

1) Minha darling passou por aqui antes de ir para o trabalho e trouxe meu carrinho popular. Não encontrarei a véia.
2) O Schlebts Bank devolveu os débitos indevidos (só quero ver a CPMF no extrato de segunda).
3) Vou fechar o barraco aqui e nadar um pouco.
4) Depois buscarei minha darling no trampo.

A véia e o bilhete único

Não sou o que chamam de buon vivant porque me falta grana. Mas gosto de ir para o trabalho confortavelmente em meu carrinho popular, porém com ar-condicionado e som de boa qualidade, que são coisas básicas. Pois hoje decidi-me por um desafio olímpico: deixei o carro em casa e vim para o escritório de metrô e ônibus. É tão rápido quanto o carro para mim, ainda mais sendo sexta-feira, dia em que todos os nós-cegos tiram das garagens suas jabiracas caindo aos pedaços e entopem as vias com fumaça e sucatas em pane. Eles deixam Sampa City insuportável, digna de Michael Douglas em "Um dia de fúria". Só não rola a mosquinha na nuca porque fico com os vidros fechados e o geladinho ligado.

No metrô encontrei uma vizinha, de modo que fizemos o rápido trajeto de vinte minutos papagueando. E sempre tem uma ou outra senhorita de agradar os olhos nas proximidades. Por essas, a viagem não tem nada de torturante.

A comédia ficou para depois, no mini-ônibus - sucessor da antiga lotação - que resolveu pifar a cinco pontos de onde eu desceria. Impaciente de primeira, fui o pioneiro a liderar o movimento de desembarque, seguido dos vinte passageiros. Logo atrás veio outro da linha e parou para o embarque dos náufragos. Todos já estávamos com o "bilhete único" em mãos. Para quem não é de Sampa, bilhete único é um cartão inteligente, que nos permite tomar até quatro ônibus no intervalo de duas horas, pagando somente a primeira passagem deixando as outras três "de grátis".

Mas tinha que ter uma senhora de idade avançada e desprovida de atributos intelectuais básicos, ou seja: uma velha burra. Ao embarcar no veículo que nos resgatou, ela resolveu arranjar confusão com o motorista:
- Eu não vou pagar de novo!
- Não vai pagar senhora. É só passar o cartão, que já está integrado.
- Não vem não. Meu cartão eu não passo. Passa o seu!
- Não posso senhora. Se eu passar o meu, aí eu pago. O da senhora não vai debitar porque já foi passado no outro carro.
- O outro carro quebrou por culpa de vocês. Eu não tenho nada com isso.
- Mas... -
Não me contive e, aproveitando o anonimato no carro cheio, mandei uma palavra-de-ordem:
- Deixa essa véia fora e vamo embora!

O motorista, sem saber como resolver o imbróglio, condicionou que ela viajaria no carro se fosse sentada no motor, sem passar a catraca. E não é que ela topou de bate-pronto? Lá foi ela com a bunda no motor, pedante e satisfeita, como quem conquistasse uma primeira classe na American Airlines. Ela perceberia o ridículo, se não lhe faltassem conexões neurais.

Ê povinho bunda! Isto é Sampa. Adoro este lugar!

quarta-feira, 15 de março de 2006

Vestiário da família: O mundo está ficando melhor

Mais uma vez volto ao Sem Sentido para elogiar um dos melhores serviços populares de lazer que conheço: o Sesc (se não for O melhor). Particularmente porque o Sesc Santana possui "vestiário familiar". Isso dispensa os pais e mães circunstancialmente sozinhos de terem que trocar os pequenos em vestiários do sexo oposto. Meus pobremas se acabaram-se!

Como nem tudo no mundo são flores, no Sesc Santana o recinto é minúsculo e impossibilita a permanência simultânea de mais de um adulto e seu filho(a). Talvez a idéia seja essa. Os armários são proporcionais, sugerindo que seja bom usar dois. Já me deparei com o familiar sendo usado por uma jovem senhora com seu rebento e tive que aguardá-los terminar, antes de adentrar com minha cria. Isso parece sugerir a sua futura subdivisão em "Familiar Paterno" e "Familiar Materno". Voltando ao tamanho, mesmo que não se tenha que disputá-lo no mesmo instante com outro pai ou mãe, o cubículo é cruelzinho. Penso que não tenha mais de um metro de largura. Mas a cortesia e atendimento exímio dos funcionários quase compensam o problema dimensional. Quase. Meio metrinho mais largo já ajudava.

Felizmente os conceitos de "familiar" e "infantil" está chegando aos banheiros de shoppings e hipermercados aqui em Sampa City. Há pouco mais de dez anos, quando eu saía sozinho com a filha mais velha, tinha que contar unicamente com a solicitude de senhoras e senhoritas para levá-la ao banheiro. Isso me rendeu alguns bons contatos, eu reconheço. Mas quase sempre era constrangedor.

Registro aqui meus parabéns pela preocupação do Sesc. Politicamente corretíssima.

terça-feira, 14 de março de 2006

Supermercado IV: A conspiração

- Alô, é do banco Schlebts?
- Sim, pois não senhor?
- É o seguinte: no domingo ao final da tarde eu tentei fazer o pagamento de uma pequena compra, em um supermercado. Fizeram três tentativas de passar meu cartão, que resultaram na mensagem: Sem comunicação e desisti da compra. Porém constatei no meu extrato que o débito foi efetuado sim e três vezes no mesmo valor da compra da qual desisti.
- Péra (sic) que talvez o senhor tenha que "estar contatando" o estabelecimento.

Nesse momento o bocal do telefone da atendente é mal tampado e ouço ao fundo:
- Fulana! Tem outro cara (sic) aqui falando que tentou fazer um débito no domingo... e blá, blá, blá. - No modo offline, virei simplesmente um "cara". Isso porque tenho conta nessa mesma agência há alguns anos. Não consegui ouvir o que a outra pessoa respondeu, mas eis que o bocal é destampado:
- Senhor - não era mais "cara" - Ocorreram vários outros casos iguais ao do senhor no domingo. O que a gente "tá orientando" é para aguardar três ou quatro dias que os valores vão "estar sendo" estornados - eta gerundês mardito - .
- Não é melhor que eu mande uma carta para o banco?
- Não precisa. Mas é bom o senhor "estar acompanhando" os lançamentos no extrato.

No creo en la teoría de la conspiración. Más que hay, hay.

domingo, 12 de março de 2006

Supermercado III: O império contra-ataca

Por razões que não vem ao caso, ao fim da tarde eu estava nas proximidades da Praça Panamericana. Encorajei-me novamente para comprar os víveres essenciais, a fim de que minha família não morresse de inanição nos próximos cinco dias. Dirigi-me a um supermercado localizado na dita praça. Apanhei o que precisava e passei as mercadorias no caixa.

A operadora deste era ligeira e sua simpatia limitava-se ao trivial. Merecia o quadrinho de "Destaque do Mês" em comparação com a tiazinha do mercado anterior. Eis que entrego meu cartão de débito e, no momento devido, digito minha senha. Então a saga recomeçou:

- Senhor, não processou, por favor digite a senha novamente? - diz a moça do caixa, que atendo prontamente, pois finalmente eu ia conseguir fazer minhas minúsculas compras. Mas ela alerta de novo:

- Olha senhor, não está conectando ao banco, se importa de tentarmos no balcão central? - claro que eu não me importava, desde que saísse dali com minhas compras em no máximo sessenta segundos. Detalhe técnico raro: eu tinha em saldo na conta cerca de trinta vezes o valor da ridícula compra.

À nova tentativa sem sucesso, a "chefe" do balcão central perguntou qual era o banco em questão e informou que durante o dia todo, justamente o dito, estava sem comunicação. Só se for com aquele mercado porque cinqüenta minutos antes, eu havia pago um restaurante com o mesmo cartão. Então me perguntaram se eu não tinha outra forma de pagamento. Respondi que sim, desde que fosse cheque. Tive a impressão de desapontamento delas e, antes de mais delongas, perguntei com meu sorriso irônico nº16-B:

- Vocês não esperam que eu atravesse a Panamericana e vá ao caixa eletrônico retirar o dinheiro né?

- Senhor, seria a única maneira no momento. É que desde hoje cedo, a comunicação com o seu banco...

Virei as costas e fui embora sem nada dizer. Não era um bom dia para fazer minhas compras, se é que há algum.

Supermercado II: O retorno

Eu ainda insisto em não resignar-me à mercearia da esquina. E olhe bem que ela pratica quase os mesmos preços do supermercado e tem tudo o que preciso para que minha família não morra de fome. Jamais conseguirei consumir os 16.000 itens do supermercado. Normalmente preciso semanalmente de dez ou quinze víveres. Mas sou teimoso e sem memória, porque esta manhã fui com minha esposa e a filha caçula no Carrefour Pêssego. Eu não me lembrava porque fazia tanto tempo que não íamos lá. Costumo dar refresh na memória e esquecer coisas ruins. No caso da loja em questão é o serviço como um todo que é uma merda. Sempre foi, desde a inauguração. Lembrei tardiamente.

Depois de apanhar a dúzia e meia de coisas absolutamente necessárias mais duas ou três bobagens, vi o de sempre: apenas um terço dos caixas em operação e filas absurdas. Decido por uma que me pareceu com menos carrinhos e menos diversidade dentro destes. Logo, andaria mais rápido, certo? Errado! A tiazinha que operava o caixa parecia um cruzamento de comadre tagarela com lesma. Passava vagarosamente cada produto no leitor e olhava o preço no monitor, fazendo algum comentário desnecessário. Não bastando, ainda colocava gentilmente o item dentro da sacola plástica. Saco, se o supermercado quisesse prestar este serviço não contrataria um empacotador? Mas não ficou só nisso: após passar a compra, a cliente que devia estar muitíssimo preocupada com a fila e com o almoço do dia - era uma hora da tarde - resolveu perguntar para a comadre operadora sobre uma merda de promoção de sorteio. Eu também nada sei sobre isso e quero que se danem todas as empresas participantes. Só que a solícita tia do caixa desandou a explicar e exemplificar didaticamente mostrando o cartaz de divulgação. Céus, existe um raio de um posto de troca dentro do estabelecimento exatamente para isso. Mas eu mereço!

Após a minuciosa explicação de quinze minutos surgiu algum problema que demandava o patinador. Patinadores são alieníginas assistidos pelos programas de proteção da MIB e são colocados em supermercados para resolver qualquer problema: desde cartão que não lê até estorno de mercadorias, unha encravada e trazer a pessoa amada de volta. O E.T. pegou o cupom fiscal, mais alguma coisa da mão da tia do caixa e desapareceu em segundos, para nunca mais aparecer durante os eternos cinco minutos que agüentei ver a cena insólita. Tempo suficiente para eu decidir abandonar aquela merda de carrinho de compras e ir embora. Afinal me disponho a pagar em dinheiro por tudo o que compro, mas não com a eternidade do tempo de minha vida.

Vão todos para o inferno: o Carrefour, a tia do caixa, a cliente que ajuda na enrolação e a promoção da bola vermelha.

Em tempo: A foto do link, sequer é da loja em referência. Até para atualizar sites os caras do Carrefour são navalhas.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Sampa é uma cidade única

Búfalos caminham calmamente de madrugada, na altura do nº 6500 da Estrada do M´Boi Mirim, periferia sul de Sampa. Só aqui mesmo. Preciso urgente achar um vereador para apresentar um projeto de renomeação para: Estrada do M´Búfalo Mirim.

Afinal de contas os vereadores não fazem lá muito mais do que gastarem nosso dinheiro na renomeação de logradouros públicos, sempre que alguém morre. Isso porque felizmente há uma lei que proíbe atribuir nomes de pessoas vivas. Senão...

Olha que belezinha de churrasco que eles dão.

segunda-feira, 6 de março de 2006

Enfermeiras

Neste domingo trabalhei em um troço que jamais imaginei. Ministrei prova de um concurso público. Obviamente, me fazer sair do conforto do lar em pleno domingo antes de o sol aparecer, foi unicamente motivado pelo ganho de um dinheirinho extra. Mas é muito legal fazer coisas diferentes na vida. Essa maratona de ontem foi cansativa mas divertida. E rendeu um trocado a mais para mim e para minha querida.

O concurso era para Enfermagem. Logo na recepção dos candidatos notei o óbvio: a maioria esmagadora de mulheres para o cargo. A ponto de não justificar gramaticalmente a predominância do gênero masculino nos adjetivos. Então, deste ponto em diante, burlarei a Gramática e me referirei Às candidatAs no feminino mesmo. Afinal de contas, em uma sala com total de sessenta, apenas três eram nascidos do sexo masculino.

Agora, com todo devido respeito à profissão, me espanta o IMED (índice de mulheres esteticamente desfavorecidas) nessa categoria. Não entendo. Será a beleza um quesito desclassificatório nos cursos de Enfermagem? Será possível que, durante os trotes no início do curso, as bonitas sejam pressionadas a trancar matrícula pelas veteranas feias? Lembrei-me imediatamente do baile de formatura que narrei uns posts atrás. Onde estarão as causas dessa concentração tão desagradável aos olhos?

Para você ter uma idéia, pense primeiro que não sou jamais um sujeito impiedoso com a estética feminina. Muito pelo contrário. Eu diria até que minha "faixa de tolerância" é generosa e que tenho olhos para belezas e charmes femininos, imperceptíveis aos desatentos. Mesmo assim, minha avaliação no quesito beleza - que não contava no concurso - foi que caso eu venha encontrar essas candidatas futuramente empregadas em um hospital, das sessenta:
Apenas UMA, eu farei absoluta questão que me atenda se eu encontrá-la em um hospital. Um desbunde! Sabe essas que todo homem fantasia que não esteja usando nada por baixo do jaleco e se atire em cima dele, bem na sala de atendimento? Pois é. Essa. Esperarei na fila com hemorragia, para ser atendido por ela.
Outras DUAS me farão muito agrado, se eu vier a ser cuidado por uma delas futuramente. Bonitas, de mãos delicadas e charmosas.
Mas CINQÜENTA E CINCO me farão correr para o hospital mais próximo mesmo com fratura exposta e rompimento do menisco. Horrorosas! O que é isso, gente?
Os três caras, espero que nem passem no concurso, pois não me parece boa a imagem de um macho engessando minha perna ou me aplicando injeção.

Ainda vou descobrir o que acontece com a população desse curso, quanto aos atributos estéticos. Mulherada feia!

Ratos - II: O terror

Tive a infeliz oportunidade de conversar com um amigo ligado ao setor de zoonozes de uma das subprefeituras de Sampa. Ele riu da minha estatítistica. Disse que se falava em 4 a 5 ratos por habitante há 20 anos. Os números da zoonozes hoje apontam para 8 a 9 ratos por habitante paulistano. Isso quer dizer que, tirando o que matei no sábado, há algo entre 31 a 35 companheiros dele sondando minha casa. Fico imaginando minha casa afundar na imensidão de galerias subterrâneas que eles devem estar cavando neste exato momento.

Existem lança-chamas à venda? Vou dar uma olhada no Mercado Livre...

O qui enporta é u rezutadu

sábado, 4 de março de 2006

Ele mora ao seu lado

Estima-se que a população de roedores de pequeno porte - sim, os RATOS - chegue a cinco para cada habitante humano, aqui em Sampa City. Isso mesmo! Se você mora em uma casa com cônjuge e dois filhos, sua família tem direito inalienável a vinte unidades dessas criaturas.

Isso me remete aos primórdios da vida profissional de Walt Disney. Munido de calhamaços de desenhos em papel, o jovem Disney era recebido com desprezo e ironia pelos editores. Uma das frases mais marcantes do frustrado início de carreira foi: "De onde você tirou a idéia de que alguém comprará uma história de um rato nojento?" O jovem artista não se deixou abater, como o império Disney atesta.

Preciso fazer uma confissão pública: fui eu quem proferiu essa frase! Foi em uma encarnação anterior. Trago duas coisas dessa passagem: a pobreza da família, por não ter comprado aquelas merdas de quadrinhos dele, e a ojeriza que tenho dessas criaturas, tenham o nome que tiverem: Mickey, Jerry, Fievel, Ligeirinho, sejam eles ramsters ou camundongos. São todos escrotos, nojentos, empesteados, atrevidos, ladrões, invasores, feios, bobos e cabeças-de-melão. Odeio-os a tal ponto de estender meu ódio aos coelhos, capivaras, esquilos e a qualquer outro animal classificável como roedor. Vão roer às putas que os pariram!

Todo esse ódio não é falta de meditação nem incompreensão com os desígnios da Mãe Natureza. É o ódio prático de quem acaba de lutar até a morte contra um desses invasores, dentro dos domínios do próprio lar. Foi esta manhã. Minha querida mulher voltou ao quarto com olhos arregalados, voz trêmula e praticamente sem circulação sangüínea. Disse ter encontrado vestígios de um deles em nossa cozinha. E olha que ela permanece fechada quase 23h30min por dia. Mas sabe-se que esses hediondos seres não precisam mais do que uma fração de segundo, para passarem por baixo de nossas pernas sem serem notados.

Após decidir que nesta casa não há lugar para convívio entre nós e ele, despachei minha mulher para o trabalho e meu enteado a paradeiro ignorado. Fechei a porta entre a cozinha e a sala. Comecei o desmonte meticuloso e investigativo de um Holmes. Após quase esvaziar o pequeno buffet que acumula funções de suporte de aquário e despensa, começo a avistar algo com aparência de cauda. Fecho a porta de acesso ao quintal. O armagedon seria entre ele e eu, sem testemunhas. Cogitei pegar meu revólver para a batalha final, mas não o fiz temendo desperdiçar quinze reais de munição e deixar minha cozinha com aspecto de um camembert, atraindo mais ratos. Pratiquei minha vocação percussionista até que ele resolveu sair do móvel. Tardiamente ele descobriu que além de levar jeito para o Timbalada eu tenho tino de samurai. Com uma vassoura sou capaz de abater um paquiderme com um único golpe no meio dos olhos. Quanto mais a um mísero roedor.

Agora ele é apenas um corpo desfalecido com o destino a meu cargo. Penso em pendurá-lo pelo rabo no muro do quintal, para servir de exemplo aos outros dezenove que imagino circundarem minha casa. Boa idéia! É isso mesmo que vou fazer. Com licença, que vou pegar minha caixa de ferramentas...