sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Vamos ao quadro de presidenciáveis:

1) O que já está lá.
Ele não viu nada, os fins (dele) justificam os meios (dele). Segue a cartilha do sistema e usa parte para assistência social. Não joga cavalaria, nem urutus quando manifestantes de qualquer time ou gênero vão às suas portas protestar. Não raro até sai para recebê-los. Dólar a R$2 e pouco, bolsas com resultados de investimento. Do impetuoso oposicionista de esquerda quase nada sobrou. Quiçá, uma versão proletária e iletrada de padre Cícero Romão. O PTanic assusta. Já está com ares de terra arrasada e "vamo que vamo".

2) O privatizador profissional.
Ele também não vê nada, nem as fotos dele com os capangas das ambulâncias. Seu partido entregou o transporte público de Sampa nas mãos do PCC (você não sabe? tente tirar uma licença de microônibus na SPTrans). Seu plano: ainda há muito a privatizar! Inclusive os 30% de funcionários remanescentes da CPTM, porque o resto já é da empresa que é da banda Lila Covas & PSDBoys. Segue a cartilha do sistema também, mas com mais afinco.

3) O professor utopista.
Foi um bom ministro da Educação, admitamos. Mas está reunido com uma corja medonha, sob uma legenda que já abrigou gente como Brizola, Alceu Colares e lança gente como Luiz Antônio Medeiros, o rei do peleguismo. Seria sim novamente um ótimo professor, um excelentente reitor, um bom ministro e, quem sabe, um respeitável senador. Para um desses cargos creio mesmo que ele mereça nosso voto.

4) A esbravejante.
Inteligente, coerente e sem dúvida séria e honesta. Depois da arbitrária e injusta expulsão do ex-partido, saiba que um grupo de amigos do partido convidou-a a se filiar novamente (descobriram que não havia nenhum empecilho estatutário), mas ela não quis sequer ouvir. Saída em turbilhão, com partido novo formado às pressas virou um saco de gatos em miniatura. Igrejeiros, trotskistas, stalinistas, social-democratas de esquerda, sem uma linha de programa político visível. Pobrezinha atira pra todo lado, inclusive dando as mãos inadvertidamente a outros não tão confiáveis.

5) O resto.
Nem merece comentário.

SOCORRO!!! Que a segunda-feira chegue logo!

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Mundo imundo (por Alexandre Pelegi)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu muitos votos em 1985 por conta da pecha de ateu. Em resposta a uma pergunta de Boris Casoy se acreditava em Deus, o então candidato a prefeito de São Paulo engasgou, tergiversou na resposta e deu margem a que seus adversários lhe imputassem o rótulo de descrente. O resto a história conta: FHC perdeu uma eleição quase ganha por uma sucessão de erros políticos como este. Pois agora, quem um dia foi ateu dá aulas de religiosidade. Depois do presidente Lula comparar-se a Cristo, FHC ensinou: “Lula errou, porque Cristo nunca foi beijar Judas, nunca foi chamar Judas de meu companheiro.”

São as futricas de campanha. Homens públicos apelam para símbolos populares e religiosos para explicar o inexplicável. Homens que deveriam representar o respeito à coisa pública desfilam uma infinidade de asneiras, distorcendo fatos, entortando personagens, mascarando posturas. FHC compara Lula ao diabo. Lula se diz traído...

Na terra do sol da política, Deus e o Diabo não travam duelos há muito tempo. Para quem fica confuso nesse debate profano, o resumo é simples: Brasília não é paraíso, políticos não são anjos, e partidos não promovem o bem sem ver a quem desde que o mundo é imundo...

Texto de autoria do caro amigo jornalista Alexandre Pelegi, extraído do site www.primeiroprograma.com.br, sem a devida autorização prévia.

O FIQUE POR DENTRO vai ao ar todas as manhãs pela Rede Transamérica (100,1 Fm em SP).

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Ele acreditou!

- Alo, tio?
- Sim, sou eu. Quem está a falar?
- Oi sou o John Webster*, da Parts Company*, lembra?
- Com certeza!. Em que posso ser útil?
- Sabe aquela impressora térmica que você nos vendeu?
- Sim, já faz uns três anos ou mais né?
- É, pois então acho que ela está com problemas.
- Certo, que tipo de problema?
- Ela não dá mais aquele salto para destacarmos a etiqueta, quando termina a impressão.
- E você mudaram alguma coisa no ambiente?
- Só o software de gestão.
- Ahn... só? Puxa, pensei que vocês tivessem mudado algo significativo.
- Então, mas tem algo esquisito tio.
- O que?
- A gente ainda tem o outro software funcionando. Quando a gente imprime por ele, ela faz tudo direitinho. Ela só dá problemas no software novo.
- Hum, isso não lhe sugere alguma coisa?
- Não sei.
- Nem desconfia?
- Desconfio de quem?
- Não é de quem, é do quê!
- Ahn... desconfiar do quê?
- (...)
- Ah, viu tio: e eu imprimo pelo Word, por exemplo e ela faz direito também.
- Então que lhe parece?
- Então o quê tio?
- Amigo, seu sistema novo não está mandando o script de comandos certo para ela.
- E como eu faço para mandar os comandos certos?
- Programando direito no seu software.
- E quais são esses comandos?
- Olha, esse trabalho é feito por um analista nosso, que agenda uma visita para orientação das configurações, comandos, etc., para que o seu programador coloque as instruções certas.
- E isso tem custo?
- Não, imagina! Os meus analistas são militantes de uma sociedade beneficente chamada FPW: Free Programmers of the World.
- E eles não cobram nada?
(Ai meu Deus!)
- Quando podem vir aqui?
- Você só vai ter que ouvir uma palestra, depois que um deles lhe prestar o serviço gratuito.
- Palestra sobre o que?
(Eu quero morrer!)
- O tema é "Como viver de luz, sem necessidade de alimentos".
- Eu nunca tinha ouvido falar sobre isso, tio!
- E também eles são naturistas. Andam pelados o tempo todo.
- Credo!
- E mais: Eles só andam à pé. Por isso, qualquer um deles demorará dois ou três dias para chegar na sua empresa.
- Tio, cê tá zuando?
- Que isso, amigo, jamais!
- Ah bom. E quando dá pra vir um cara?
(Desliguei o telefone na cara dele)

Eu preciso mesmo lidar com esse tipo de gente?

sábado, 16 de setembro de 2006

Maridos

Depois de ter acordado às seis da manhã (sem a menor necessidade) e constatar que aquele barulho que perturbou meus sonhos vinha das três ventoinhas do computador do meu quarto (que meu caro enteado prometera desligar pelo console remoto), resolvi descer e preparar um cafezinho. A tia darling teria que entrar no trabalho às sete em pleno sábado. Sem sono e sem compromisso até a hora do almoço, resolvi ligar a tv da sala e sentar-me à mesinha junto deste meu prestativo notebook.

Nada como a internet! O paraíso da anarquia verborrágica, do conhecimento descomprometido com a Ciência, das confissões inconfessáveis e do entretenimento interativo! Recentemente localizei este blog. É de uma simpaticíssima, aparentemente bonita e agradável cidadã fluminense. Tendo-o salvo nos "favoritos" há uns dias, resolvi que hoje iria lê-lo de fio à pavio. Uma boa oportunidade de conhecer melhor a jovem mulher com quem brinco e sacaneio com certa freqüência, pois ambos participamos ativamente de uma comunidade do Orkut. Li e gostei. É líquido e certo que há uma pessoa interessantíssima por trás daquelas linhas.

Entre um post e outro encontrei este. Ele me fez mais uma vez pensar sobre o papel do homem no núcleo familiar, seja como pai, padrasto ou marido. Os escritos dela e as opiniões de uma série de outras mulheres com quem travo conversas divertidas, me causam uma quase-pena dos homens medianos. O homo-brasileirus típico deve ser uma criatura muito ruim, a crer pelas colocações da mulherada em geral. Senão, as passagens que ouço serão delírios pré-menstruais.

Em uma noite de quarta-feira qualquer fui filar o jantar no apartamento de uma amiga recém-separada. Está morando com a empregada e o filho de três anos. A pedido, eu corrigia alguma coisa no micro dela e jogávamos conversa fora. Foi quando na tv uma irritante e conhecida vinheta global seguida de uma irritante e conhecida voz galvano-buenista anunciaram mais um cláááááássico de futebol. A discreta empregada, em um dos raros chistes de intromissão, brincou com a patroa:

- Faço pipoca?

Diante da minha estranheza, a amiga explicou: o ex-marido transformava o apartamento onde moravam em uma sucursal do Pacaembú, nas noites de quarta-feira. Até onde soube, ele se tornava o único e ruidoso expectador na confortável arquibancada de couro. De posse de um barril de pipoca, vibrava, pulava e gritava, como se estivesse no meio da Gaviões da Fiel. Sei que a então mulher dele não se importaria se ele tivesse a mesma euforia para se divertir em outras ocasiões com a família ou simplesmente para dar atenção à ela e ao filho. Notem a condicional: se ele tivesse. Mas consta que o dito fã das quadras, gramados e de todas as variações futebolísticas, seria capaz de trocar o aniversário do filho pelo esporte bretão, fosse como protagonista, fosse como torcedor.

Já outra amiga minha, também recém-separada, confessou à mim e à tia darling que o ex demonstrou seu desapreço pela intimidade conjugal logo na primeira noite de casados. Ao chegarem à nova morada ele teria resistido impávido ao canto do acasalamento. Ele ignorou os chamados dela para a hidromassagem - sim, ela tem uma em casa! - . Dispensou-se do affair de alcova, mantendo-se absorto pela tv, com uma cerveja em uma mão e o controle-remoto na outra. Nenhuma insinuação dela, mesmo vestida com a lingerie especialmente reservada, surtiu algum efeito. Embora seja irrelevante para o contexto, faço questão de ressaltar que a dita amiga ainda hoje é esteticamente de tal graciosidade, que "compensa o crime", como dizemos na borracharia. E os fatos já distam quase dez anos. Mesmo assim, acreditem, ele deixou a singela e delicada criatura dormir sozinha, enquanto se esbaldou na tv madrugada adentro, em uma das piores fotografias do estereótipo de marido. Em plena noite de núpcias não houve beijos, nem afagos, nem o bom e velho sexo com afeto. É certo que ambos já se conheciam - no sentido bíblico da expressão - e que todos temos nossa noite de indisposição. Mas daí para dar W.O. no leito conjugal na prima notte, parece mesmo estranho. E o fim do casamento denunciou que doravante tudo continuou errado.

Por que será que é tão difícil para o marido mediano manter um envolvimento de qualidade com a cônjuge e com a prole? Por que será que a administração e manutenção do lar parecem coisas tão distantes e alieníginas para os homens em geral? O que os desinteressa tanto, quando os assuntos são dar um simples banho no filho, preparar uma mamadeira, acompanhar tarefas escolares, empenhar-se no preparo de uma refeição em família ou apenas e tão somente demonstrar afeto pela parceira? Perguntas que não querem calar. E assunto pra mais de metro.

São Freud, rogai por nós.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

O aerolula - Parte XVIII

Hoje na hora do almoço, na calçada e já a trancar a porta de fora, ouvi uma criatura digna de pena proferir a 84.946.016ª bobagem sobre o famigerado "avião do Lula". Claro que a pobre sequer merece ser admoestada, pois trata-se de um ser limitado e desprovido de qualquer conhecimento sócio-político-econômico. Apesar disso a criatura trabalha para um candidato. Mas quanto ao trabalho todos precisamos de nos sustentar e a coitada nada faz de errado. Apenas é inapta politicamente para o trabalho, mas não menos do que o candidato para quem trabalha.

Será mesmo que todos esses pobres seres, infelizmente portadores de título de eleitor, não têm mesmo capacidade de entender que:

1) O Lula-Molusco não receberá o avião como verba rescisória, quando encerrar seu mandato e não poderá levá-lo para sua garagem em S. Bernardo do Campo?

2) Que a encomenda do avião já havia sido feita há um tempão - e corretamente pelo FHC - porque o sucatão presidencial anterior estava podre e não tinha autonomia de vôo para mais de duas horas?

3) Que o FHC somente retardou a entrega, para não ter que assinar o cheque e levar essa pecha nas costas?

4) Que um presidente da república, ainda que seja do Congo ou do Zimbabwe, não deve viajar de avião de carreira, fazer check-in no balcão e nem sentar-se na classe econômica?

Estou delirando?

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Filé de peixe ao molho de tomate

Ah, o mar... Quantas delícias ele propicia, muito além do banho de sete ondas na virada do ano-novo! A fauna marinha é inimaginável em diversidade. E tio Xavier, como um ser predador nato, que se alimenta pura e simplesmente de outras criaturas não haveria de dispensar os moradores dos oceanos. Só dos oceanos, porque peixe de água doce costuma ter gosto de terra. Mas, vamos ao que interessa e o prato de hoje é muito simples, totalmente adequado à praticidade do cheff Xavier.

Ingredientes:

1Kg de filés de tilápia congelados, comprados na conveniência mais próxima. Aliás, conveniência é um lugar maravilhoso para comprar comida. O nome já diz tudo.
2 tomates médios
1 caixinha (520g) de polpa de tomate
1 cebola média
4 dentes de alho grandes
Azeite
Sal
Pimenta do reino
Molho de alho
Molho Shoyu
Acho que é só.

Modo de preparo:

Coloque os filés em uma panela com certa profundidade, ajeitando-os para cobrir bem o fundo e serem espalhados de forma homogênea.
Em seguida molhe os filés com molho shoyu. Deixe-os descansar alguns minutos no molho no shoyu, inclusive para descongelarem um pouco
Amasse os dentes de alho, corte a cebola em rodelas e coloque-os sobre o peixe
Corte os tomates em fatias finas (lave antes de preferência, certo?) e ajeite-as sobre o peixe distribuindo de forma equilibrada
A seguir, despeje a polpa toda sobre ele
Adicione um pouco de sal (cuidado porque o shoyu já é salgado)
Polvilhe levemente a pimenta do reino
Regue com azeite
Coloque uma colher de sopa de molho de alho
Tampe e coloque no fogo baixo
PQP! Tem que ser comigo! Aos 15 minutos do primeiro tempo, o gás acabou e não tenho reserva!

Plano B: (Tive que logo partir para este, porque só tenho quinze "réau" no bolso).

Mas nada está acabado, para quem tem microondas!
Tire tudo delicadamente da panela, tomando cuidado para não despedaçar o peixe, que já deve estar amolecendo por causa do descongelamento.
Troque a panela por um refratário e tente recompor tudo como acima nele. Vai ser um saco, porque já está tudo molhado, os tomates amoleceram, enfim, não sairá perfeito mesmo.
Coloque o refratário no microondas e ligue por... sei lá, eu coloquei inicialmente 20 minutos na potência alta, vamos ver no que é que dá... (vou na cozinha e já volto)

***

Olha, o cheiro até que está bom. Espero que o peixe não tenha virado borracha, como a maioria das coisas que colocamos no microondas. Na dúvida estou colocando no modo "grill combinado" por 17 minutos. Por que 17? Sei lá!. O seu microondas não tem grill? Claro, você deve ser um mão-de-vaca e não comprou com grill, prá economizar cinqüenta reais. Também eu não sei qual será o resultado com o grill, apenas espero simular da melhor forma o forno convencional. Tá lá rodando... (já volto)

***

O tomate e os pedaços de cebola que ficaram pra fora do molho estão queimadinhos. Vê a diferença de ter grill no microondas? Se você não tem o seu não vai ficar tostadinho, há há há há há. (vou lá ver se terminou)

***

Acabei de comer um pedaço. Não tá ruim não, pelo contrário. Falou um pouquinho mais de sal, mas nada que uma espirradinha de shoyu no prato não acrescente. Só estou estranhando um sabor lá no fundo, que me parece aquele gostinho de terra que falei acima. Será que comprei peixe errado? Vou pesquisar "tilápia" na internet...

***

PQP! Segundo consta aqui esse diabo habita os rios brasileiros, depois de ter sido trazido sei lá de onde. Enfim é de água doce mesmo. Bem, como não tem outra coisa vai esse mesmo.

Atenção, se não quiser executar esse receita, dane-se. Come pizza de novo. Acho que era o que eu devia ter feito...

O peixinho feio hein?

A sabedoria humana me comove

Recentemente, eu recebi um texto em formato .pdf. O que mais me espantou foi ler no rodapé do dito os seguintes dizeres:

"Caso você não consiga visualizar este documento clique aqui para obter gratuitamente o Adobe Acrobat Reader®"

Me preocupa muito a possibilidade de o autor disso possuir título de eleitor.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Muito estranho (e não é a música do Dalto)

Imagine uma situação hipotética: você é candidato(a) a deputado e a pouco mais de dois meses das eleições você é seqüestrado por bandidos. Eles levam você a um cativeiro, onde você tem acesso a TV, pode ver noticiários e tem acesso a chuveiro. Os bandidos ficam todo o tempo encapuzados, mas ao fingir estar dormindo você os ouve conversar assuntos "sigilosos" da operação e afins. Inclusive podem até comentar sobre a possibilidade de "apagá-lo", pois o seqüestro e sua finalidade não estão dando certo.

Imagine também que você ouve que os caras querem três milhões de reais em grana pela sua soltura e que depois te levam para outro cativeiro, porque o de então está prestes a ser estourado. Enfim, quase no quadragésimo dia e sem receber o resgate, os caras resolvem te soltar em um acostamento a a menos de três quilômetros do local onde você fora apanhado. Vamos dizer que até aqui tudo bem.

Pense agora em você voltando para casa, doze quilos mais magro, abatido e assustado. Mas já desanda a dar entrevistas para jornalecos do bairro, com broche da sua campanha no peito e tudo. Pense na possibilidade de, uma semana após ser solto sua desenvoltura eleitoreira ser normal, inclusive sua publicidade nos mesmos tais jornalecos. Agora imagine a reportagem pegando o gancho no ocorrido e lançando questões sobre pena de morte e prisão perpétua para o crime de seqüestro e que possa constar algo a seu respeito como: "... mas fulano(a), candidato(a) a deputado(a) estadual promete ir fundo na questão". Digamos ainda que - coincidentemente - sua família ande na rabeira de um certo político que já foi prefeito de São Paulo e que exerceu mandato de governador biônico nos velhos tempos da ditadura e da repressão policial.

Não pareceria uma história estranha? Sei lá, entende? Perguntar não ofende.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Vá ao Cabral... Mas não me chame.

Bem, depois de ter adiado por diversas vezes a ida a uma festa do programa Energia na Véia, o tio criou vergonha e comprou com um dia de antecedência os ingressos necessários. Para quem não conhece, o programa radiofônico vai ao ar todas as manhãs em Sampa City pela rádio 97,7Fm. Como o nome sugere, a programação é de flashbacks dançantes, particularmente dos anos 70, 80 e 90. Sendo um tio, aprecio deveras o programa e o ouço praticamente todas as manhãs. E, volta e meia, eles inventam uma festa "revival-alguma-coisa".

O calvário do casal de tios começou quando fizemos um reconhecimento dos arredores para verificar a existência de estacionamentos. Nada feito. Na porta do Cabral ostentavam o tradicional e estelionatário luminoso Vallet Park. Por meros dez reais prometiam estacionar os carros "com seguro" (entre aspas mesmo). Detalhe: o pseudo-estacionamento era uma rua erma situada entre casa e um cemitério. Os carros eram estacionados em cima das calçadas. Haviam dois estacionamentos de fato mas eram minúsculos pátios oriundos de lojas de carros desativadas. Claramente não eram capazes de amontoar mais do que cinqüenta carros cada uma. A relativa proximidade da casa com o Metrô Tatuapé, somada à ausência de estacionamentos no local, sugere que de fato seja mais freqüentada por pessoas sem carro.

Como a festa em questão parece ter mobilizado um público fartamente motorizado, em pouco tempo os carros lotaram tanto a rua de trás, quanto os minúsculos arremedos de estacionamento. Os canteiros ajardinados passaram a ser vendidos pelos flanelinhas por déirreau, no dialeto flanelês. Para os trouxas que se dispuseram a aceitar a extorsão e ainda cometer a infração de estacionar sobre o canteiro (vide o art 182, VI do Código de Trânsito), havia uma surpresa em papel amarelo, em cada um dos párabrisas distribuída panfletada pela CET. De brinde, na saída policiais armaram um bloqueio e fiscalizaram os documentos dos infratores, de modo que a apreensão deve ter sido praticada no atacado. O tio se resignou a estacionar corretamente do lado oposto da enorme avenida Salim Maluf, atravessando à pé e fora da faixa as dez ou mais pistas semi-expressas, mas sobreviveu incólume. Pela vaga na praça, cedi a um achaque menos agressivo resolvido com meros três reais (adiantados) pela "olhada" do flanelinha. Traduza-se "olhada" como não-depredação do meu veículo, pois é claro que o meliante não estava lá quando busquei o carro.

Desta vez o tema era Toco, Contramão e Overnight Revival, na onda dos malhados revivals atuais. Os dj´s convidados foram outrora residentes das respectivas casas. Tenho particular admiração por Iraí Campos, que discotecou nos anos 80 e 90 na Toco, na zona leste da capital paulista. Freqüentei a Toco e algumas correlatas com assiduidade religiosa e aprendi a curtir os gêneros funk* e house bem como os programas de rádio, nos quais Iraí esbanja seus flashbacks até hoje. Infelizmente, como nada é como a gente quer, justamente o Iraí discotecou das 21 às 00h30 e o casal tio e tia chegou após isso. Perdemos.

Mas vamos ao tema. O Cabral não é nem de longe o que podemos chamar de uma fantástica casa noturna. Reza uma lenda inca que teria surgido pelas mãos empreendedoras de Luciano Huck (geralmente com dinheiro alheio) e que, mal a casa bombou, ele vendeu sua cotinha e zarpou. A decoração e iluminação sugerem algo bem legal, mas talvez esta estivesse sendo mal operada. Mantinham uma intensa claridade, que minimizava o efeito dos piscantes e canhões. A sinalização interna também deixa a desejar e transforma a tour em uma aventura rumo ao desconhecido. Aparentemente há uma única chapelaria que ainda acha-se no direito de cobrar cinco reais por objeto. Talvez até guardássemos algum, não fosse a fila de trezentas pessoas. O ar condicionado é tão mal distribuído que uma caminhada de dois metros pode variar a temperatura entre uma sauna a vapor e um túnel de congelamento frigorífico. Muito ruim mesmo. Os serviços de bar não foram testados porque com a casa lotada mal dava pra saber onde ficavam os ditos. Dos banheiros também passamos longe.

A única coisa mais ostensiva e eficaz me pareceu ser a segurança interna. Os leões de chácara de 2,2m com 132Kg cada um eram numerosos e ficavam de antena ligada, se bem que não vi nenhum indício de confusão aparente. Não sei se isso é da mesma forma nos habituais eventos axesísticos, funkeiros e pagodísticos da casa, embora eu desconfie que não, por razões sociológicas.

Na pista de 70´s e 80´s, durante o tempo em que ficamos lá, o dj fez uma salada musical que soou meio estranha. Não creio que Katia Flavia de Fausto Fawcett e Planet Rock de Soul Sonic Force façam um bom par no mesmo set e muito menos que possam ser seguidas por "Twist and shout". Já na pista de 90´s o som e as viradas eram melhorzinhos mas por volta de duas da manhã um dj bastante apegado ao seu gosto se orientou pela parada de sucessos pessoal, em detrimento de músicas realmente conhecidas. O resultado se percebeu na redução visível do chacoalhamento de esqueletos. Enfim, por volta das três e pouco da madrugada, o tio e a tia darling resolveram dar linha na pipa.

Well, pelo conjunto da obra, 0 Cabral não me pareceu digno de bis. Ao menos para o meu senso mínimo de qualidade.

* Atenção: o funk a que me refiro de modo algum tem a ver com o lixo podre e pornográfico desenvolvido nos morros cariocas. Para saber mais leia ISTO AQUI na Wikipedia.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Brasileiras e brasileiros: Isso não ocorreu na China!

Agora não falta mais nada! O nobre acadêmico imortal e maranhense senhor José Sarney, ex-presidente e candidato a senador pelo Amapá (gozado, ele não é do Maranhão?), conseguiu da Justiça Eleitoral do Amapá nada mais, nada menos, do que a censura ao blog da jornalista Alcinéia Cavalcante.


EM TEMPO: O atual endereço do blog da moça é
http://alcineacavalcante.blogspot.com/

sábado, 2 de setembro de 2006

Frango assado com beringela e batatas au Xavier®

Todos aqueles mortais que têm o privilégio de não precisar ir para as senzalas remuneradas do Capitalismo aos sábados, por outro lado deparam-se com a zona da casa, roupas para colocar na máquina de lavar, guardar calçados e casacos, enfim com um verdadeiro inferno. Chega a dar saudades da empresa.

Agora junte a isso a necessidade de preparar um almocinho prático, gostoso e que não zoneie mais ainda a casa. Parece difícil não é? Mas não para o Cheff Xavier®, que utilizará mais uma vez este espaço para um receitinha impecável: frango assado com beringela e batatas au Xavier®. Tome nota:

Ingredientes:
1 frango médio (1,5kg)
1 beringela grande
4 batatas grandes
1 cebola grande
5 dentes de alho generosos
sal e temperos da sua preferência

Procedimentos:
Coloque o frango sobre a pia ao lado da beringela, das batatas, da cebola e do alho. Olhe fixamente para eles, especialmente para o frango. Planeje bem como terá que lavar o frango, tirar eventuais impurezas e resíduos de miúdos de dentro dele. Olhe para a beringela, as batatas, a cebola e o alho. Note que você terá que descascá-los, lavá-los cortá-los em cubos, etc.. Não adianta, pois é trabalhoso mesmo.

Agora fala sério: você não acha que já tem muito o que fazer e que sábado não é dia de ir para o fogão? Já chega ter que pôr ordem na casa, cuidar do visual para dar um rolê à noite, ouvir uma musiquinha... Ah, o frango que vá se tratar sozinho!

Guarde tudo de volta: batatas na cesta de legumes, beringela na geladeira e frango no freezer. Dirija-se o mais rápido que puder à padaria ou ao mercadinho mais próximo. Compre um frango assado prontinho, daqueles que ficam rodando na máquina. Os melhores lugares servem junto porções de batata assada e farofa também. No bairro onde o tio mora, por exemplo, esse lugar é o mercadinho que fornece um delicioso frango com batatas assadas.

Mas falta a beringela né? Você não vai acreditar como o tio Xavier é sortudo. A irmã dele, além de morar pertinho, havia feito uma deliciosa salada de beringela e o chamou para buscar uma porçãozinha, veja isso! Foi só passar lá que essa parte do almoço foi também resolvida de forma prática e limpa. Não sei como você vai se virar quanto às beringelas, mas isso não é problema meu.

Chegando em casa decore a mesa com o frango, as batatas e a beringela. Não é necessário servir arroz, porque as batatas já têm carboidrato suficiente.

It´s wonderful. Eu amo isso!

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

E por falar em setembro...

Nem só de ácido se faz um blog

Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
(Juntos outra vez)
Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
(Que venha nos trazer)
Sol de Primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
(Que venha trazer)
Sol de Primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender

"Sol de primavera" ©Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1979.