segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Zé Ruela

Depois de terem achado o verdadeiro Email, acharam agora este outro:

Não me perguntem de onde isto foi extraído porque não sei.

Vote no tio Xavier

Em um mero intervalo de seis horas e meia:

Da próxima vez que algum fdp candidato a governador
apresentar imagens das rodovias paulistas
como sendo um grande feito dele, não tenha dúvida:
Mande-o tomar naquele lugar!

Na verdade quem mantém aquelas rodovias,
lindas e maravilhosas é idiota do tio Xavier.

domingo, 29 de outubro de 2006

Não tem tu, vai tu mesmo

Um pouco de história de bastidores. Nem tanto bastidores. Parte do assunto é de conhecimento de milhares de militantes do então Partido dos Trabalhadores. Mas a coisa requer um bocado de compreensão sociológica, política e filosófica. Talvez por isso tenha passado debaixo do nariz desses milhares de militantes sem a devida percepção. Conhecimento histórico e teoria política ainda são artigos de luxo em um país que transitou aos trancos de uma recente ditadura militar para o barranco de uma democracia esteticamente confusa e politicamente questionável. É o que chama-se classicamente de democracia burguesa, já que ainda é feita nos moldes da revolução francesa promovida pela burguesia. Por favor, se tiver alguma dúvida sobre esta premissa, vá estudar um pouco ou simplesmente não leia este post.

Desde a época da abertura política, com a extinção do AI5, a posterior liberação dos partidos políticos e eleição - ainda indireta - do primeiro governo não-militar após o malôgro de 64, a grande estrela que começou a diferenciar-se no cenário político foi então o PT. Surgido a partir de estruturas de militância social com o pé no chão e sonhos nas nuvens como os sindicatos, movimentos populares urbanos e movimentos pró-reforma agrária, o PT trazia no seu núcleo um ideário político que tinha bem menos a ver com calendário eleitoral do que com as preocupações cotidianas dos trabalhadores e suas famílias. Era fortemente centrado em bandeiras como o questionamento da dívida externa, a luta pela reforma agrária, as batalhas salariais contra a inflação e orbitava uma idéia de greve geral por tempo indeterminado, ainda que os objetivos desta fossem deveras confusos e distintos entre as correntes internas do PT. No campo internacional a militância discutia e a interferência política dos países ricos sobre a América Latina, a solidariedade internacional pela causa palestina, o apoio ao sindicato Solidariedade na Polônia contra a burocracia soviética, as campanhas de apoio aos estudantes chineses contra a burocracia chinesa, enfim tudo o que se identificava com as mais legítimas aspirações populares. O calendário eleitoral vinha à reboque de tudo isso. Não que eleger parlamentares e concorrer a cargos majoritários não tivesse importância. Mas o condutor era a conscientização política.

Todavia, quando as tendências majoritárias, compostas por dirigentes de índole duvidosa e de perfis divididos entre stalinistas e democratas-burgueses, foram tomando mais e mais força dentro do PT, uma nova faceta foi sendo consolidada. Um forte vetor dessa mudança ocorreu pela participação crescente de contribuições financeiras nas finanças partidárias que se originavam do salário dos parlamentares eleitos. Pela regra universal do Capitalismo, manda mais quem põe mais grana. Logo os parlamentares e majoritários eleitos foram progressivamente dando o tom das discussões e impondo suas pautas políticas. O que a militância não questionou em tempo hábil foi a absorção dos políticos eleitos pelo PT pela estrutura dos aparelhos políticos do Estado Burguês. As prioridades, regras, limitações, leis e mesmo conceitos da democracia burguesa foram tomando o lugar das aspirações populares que tinham originado o PT. Nesse ponto está a confusa linha divisória que desviou o foco do partido das reivindicações e aspirações populares para uma versão praticamente acomodada à democracia eleitoral.

O PT que está aí e o governo constituído são resultados dessa descaracterização. As regras dos parlamentos da democracia burguesa são alicerçadas pelos conchavos, pelas negociatas, pelos mensalões, pelas liberações orçamentárias para emendas parlamentares, pelos favorecimentos às empresas e trustes de investidores. Menos pelos anseios e necessidades das famílias de trabalhadores. Em termos de pragmática não tem muito pra onde correr. Ética e decência em ambientes como esse tendem à morte ou pelo menos ao ostracismo. O que esperar de um governo como esse? Nada, do ponto de vista das origens do partido que ele representava. Absolutamente nada. As regras e o tom da orquestra já são mais que dadas pela Contituição e pela estrutura de poder - poder de fato - representadas na sociedade. No máximo um programinha assistencialista ali, outro acolá, uma campanhazinha contra a fome em alguma região, algum projeto de otimização de empregos. Mas nenhuma mudança estrutural como tal. Tudo mais ou menos como antes, talvez com um pouco de retardo na putrefação social e econômica do Capitalismo. Menos ruim que os outros apenas. Mas ruim e perfurado pelas brocas da corrupção e do fisiologismo que caracterizam a forma de representação política do Congresso, do Senado e dos Executivos nas três esferas. Como os outros.

Hoje será o dia mais duro de apertar o 13 em toda a minha vida. Quem me viu e quem me vê. Quem os viu e quem os vê...

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Pelo interfone again

O comitê eleitoreiro do andar embaixo do escritório do tio se foi. Com o fim das eleições e a perspectiva nula de a legendinha de aluguel em questão eleger sequer um síndico de prédio, a operação política se desmantelou logo na segunda-feira bem cedo após as eleições, para alívio do tio. A jovem sumidade intelectual que estava empregada no local estava com os olhos vermelhos indicando chôro. Pobrezinha, acho que acreditava em eleger um deputado estadual distribuindo santinhos em clubinhos de futsal e portas de colégio de um único bairro de Sampa. Eu já não agüentava mais gente bizarra tocando o meu interfone, achando que a diretoria do comitê ficasse no andar de cima. E toda essa encheção de saco foi para o tal candidato obter 1.906 votos.

Apesar de ninguém mais tocar meu interfone perguntando se o prefeito está comigo, as bizarrices estão longe de terminar. É que sala vizinha à minha é ocupada por um advogado trabalhista. Você não têm a menor idéia de o que é ser vizinho de um. À cada dezoito minutos aparece um exemplar da craçe trabaiadora para "pô nu pau" o ex-patrão. O interfone fica no hall comum às duas salas e o tal profissional do Direito não é alguém que permaneça muito no escritório. Quando não está em audiência está torrando os honorários em cachaça ou cartelas de bingo. E nessas horas sobra o interfone pro tio dispensar as figuras que lá aparecem. Como essa de ontem:


- Pois não?
- Jozivaldu - pronúncia literal.
- Quer falar com quem?
- Jozivaldu.
- Desculpe não tem ninguém com esse nome aqui.
- Eeeeeu sou o Jozivaldu.
- Tá bom. E daí?
- O dotô.
- Você quer falar com O advogado?
- É. O dévogadu.
- Acho que ele não está. A sala dele está fechada.
- E como eu faço?
- Como você faz o que?
- Pra falar com o dotô dévogadu.
- Eu não faço idéia.
- Ah, tá bão - pelo silêncio imagino que ele já se foi.

Meia-hora depois ouço a porta do advogado abrir. Da minha mesa me estico para ver se ele tinha chegado. Mas espere: Eu não ouvi a porta de baixo abrir. Para minha surpresa, de dentro da sala sai o portador de OAB. A cara amassada e inchada, com clara aparência de quem tinha tomado uns aguardentes de cana e se trancara para uma soneca básica, em plena tarde de terça-feira. Ele vai até a porta do tio e pergunta, na maior cara-de-pau:
- Eu ouvi o interfone, tio. Era pra mim?
- Sim.
- Era o Josevaldo?
- Josevaldo, Jozivaldo, José Valdo, sei lá... acho que era esse nome sim.
- Ótimo. Acho que eu vou lá na casa dele. Temos uns assuntos a resolver.
- ...

Nesse momento eu só me pergunto: Que merda eu tenho a ver com isso? Eu mereço? É um carma?

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Santa ignorância

Ligue as caixas de som e ouça isso:

Momentos juntos

O momento em que estamos juntos parece interminável.
De tão unidos nossos corpos, sinto as batidas do seu coração.
Nosso ar se confunde como uma só respiração: o ar que respiro vem de você.
Nossas mãos se trombam procurando sôfregas por algo que nos sustente.
Nossos movimentos em ritmo embalam nossos corpos como um só.
Paramos por alguns segundos e tentamos em vão nos separar.
E à cada pausa, uma força ainda maior nos une.
Nossos suores fluem a se misturar.
Um enorme calor sobe por nossas faces.
Nos perguntamos: por que estamos ali tão juntos?
E, quando parece que vamos desmaiar, ouvimos uma voz que nos alivia:

- Estação Sé, desembarque pelo lado esquerdo do trem.

Ufa!

sábado, 21 de outubro de 2006

Felicidade... ou irrealidade?

- Alô, tio?
Reconheci imediatamente a voz de uma conhecida e respondi surpreso:
- Oi menina! Que bons ventos a fazem ligar pro tio?
- Ah tio! Eu tenho uma novidade. Você é o primeiro para quem eu to ligando. To tããããão feliz! Adivinha vai.
- Que bom! Deixe-me ver... Passou na enfermagem da USP?
- Não.
- Então foi promovida no hospital?
- Nããão.
- Hum... o inventariante do seu pai achou uma fazenda dele no Mato Grosso?
- Ah, vai tio! É sério!
- Desisto.
- Vou ser mamãe de novo!
- Ahn... - tomo fôlego - jura?
- Sério, to tããããão feliz - repete a interlocutora.
- Puxa, que legal! - meu tom de voz certamente denunciou meu desconcerto - Então mas... quem... você sabe... quem?
- É do Josivaldo*.
- O segurança?
- Sim.

Não consigo esconder a minha ausência de palavras e paro de escrever alguns minutos.

Janaína*, é uma conhecida da natação. Conheci-a há um ano no clube. A moça tem vinte e cinco anos e é mãe solteira de uma pequena de cinco. Mora com a mãe e parece que se relaciona às turras com o pai da filha, por questões previsíveis. Nunca cohabitara com ele, nem com outro. Ou seja: é mais uma mãe que não tem a menor noção do que é constituir uma família ou administrar um lar. Até da própria maternidade ela não pode se dizer uma militante efetiva. Trabalha fora e sua cria é revezada entre escola infantil e cuidados da avó.

Josivaldo é ex-guarda municipal e estava trabalhando em uma empresa de segurança, alocado no clube. Pai solteiro de outra menina, tem vinte e três anos e já havia morado com a mãe dela, mas "não deu certo" segundo me contou. Não faço a menor idéia de com quem more. Simpático e assediado pela mulherada no clube parece já ter saído com umas duas dúzias e meia das sócias, entre dezoito e cinqüenta anos e que oscilam entre quarenta e cem quilos, sem muito critério seletivo. É de se esperar que Janaína seja apenas mais uma delas. E até onde sei, é.

Dias depois estava eu no msn teclando com a saltitante-futura-mãe-solteira-repetente, quando notei o Josivaldo online. Puxei um papo à toa com ele e fiquei me alternando entre as telas, com a devida discrição. Eu não sabia se naquele instante ele e a Janaína também teclavam entre si. Perguntei à jovem como o futuro-papai-solteiro-fresco-repetente havia recebido a notícia.
J> Ele ficou superfeliz tio, acredita?
T> Acredito. Você contou a ele quando?
J> Semana retrasada, quando eu te liguei eu já tinha falado com ele.
T> Que bom!
J> Pois é, tio. Ele falou que vai dar a maior força.
T> Mesmo? Ainda bem né? Tem falado com ele esses dias?
J> Então, nessa semana ainda não. Ele não tá podendo atender celular no trabalho e não tem conseguido entrar no msn. É que ele foi transferido para outra unidade, tadinho.
T> Que pena! - deduzi o fato óbvio de que o cidadão tinha bloqueado ela.

Resolvo ir à outra tela continuar o papo com o Josivaldo:
T> Mas e aí mano? Alguma novidade?
J> Putz, nem te conto. Cê não tá sabendo?
T> Eu nunca sei de nada. Conte-me tudo. Não esconda nada do titio.
J> Cara, cê não vai acreditar. Sabe aquela magricela alta lá do clube, a 'girafona'?
T> Você quer dizer a Janaína?
J> Pode crer, tio. Cara, ce não sabe a merda. Acredita que ela tá grávida?
T> Sério? Outra vez? Ela já tem uma filha né?
J> Pois é, véio! Agora adivinha o papo que ela veio pra mim?
T> Minha bola de cristal está na assistência técnica.
J> Cara, ela veio me falar que o filho é meu.
T> Bem, até onde eu sabia as chances de sê-lo são reais né? O senhorito era um comparecedor assíduo com ela.
J> Meu, se liga na furada!
T> Furada né? Pois é, você estava 'furando' faz tempo, até onde sei. E agora doutor, o que você vai fazer?
J> Já fiz, chegado. Já fiz. Pedi transferência e tô dando um perdidaço nela. Tô fora! Puta mina louca.
T> Ah, você foi transferido?
J> Só. Tô no Jabaquara. A mina tá louca que eu vou ficar posando de maridinho com dela e com filho no colo. Na hora que ela me contou eu dei uma assim tipo: pô, legal... Mas foi só prá ela baixar a guarda e não colar na minha. Se ela acha que eu vou atrás, tá enganada. Ela que vá na Justiça. Nem me viu.
T> Entendi. Essas coisas são complicadas.
J> Tio, vou sair fora agora porque tá acabando meu horário de almoço, beleza?
T> Na boa.
J> E ó, tio: se você encontrar com aquela louca, não comenta nada que falou comigo não, tá?
T> Eu falei com você? Quem é você? Porque estamos teclando? Te conheço? - ironizei.
J> Firmeza. Fui - e nesse momento ficou offline - .

Voltei para a tela da Janaína:
T> Alô? Tá aí ainda?
J> O tio, tô sim. Cê tinha saído?
T> Fui ao banheiro rapidinho. Mas então, que coisa!
J> Pois é tio. Não vejo a hora de fazer o ultrassom e ver o coraçãozinho do bebê. Que delícia, né? Quando eu agendar vou chamar o Josivaldo. Ele vai adorar ir comigo.
T> Com certeza. Chama sim. (...) Olha, o tio tá indo nessa, que têm umas coisas pra eu fazer.
J> Tchau tio. Um beijo.
T> Tchau. Fui.

Não sei o que comentar. Comente você.

V de vingança

Tempos atrás, estava eu no meu escritório, quando lembrei de uma chamada telefônica que tinha que fazer. Lembrando o número anotei em um post-it, colei no monitor e disquei. Atendeu-me um cara mal humorado como nunca vi:
- Que é? - estranhei porque ela morava sozinha.
- Bom dia! Poderia falar com a fulana?
O cara bufou e desligou. Como pode haver alguém tão grosso? Então procurei na minha agenda o número correto da amiga e liguei. Eu tinha invertido os dois últimos algarismos. Depois de falar com minha amiga, vi o número errado. Decidi ligar de novo. Quando a mesma pessoa atendeu eu falei:
- Você é um filho da puta, viu?
Desliguei imediatamente, destaquei o post-it e anotei ao lado do número as iniciais: FDP. Colei de novo no monitor e o elegi meu desafogo de raiva. Toda vez que eu estava estressado, ligava pra ele e xingava. Isso me fazia sentir realmente muito melhor. Ocorre que na época a Telefônica estava lançando o serviço "Detecta" de identificação de chamadas. Achei que teria mesmo que parar de ligar para o filho da puta. Então, tive uma idéia. Liguei para ele, mudei o tom de voz e disse:
- Boa tarde, aqui é da Telefônica. Estou ligando para saber se o senhor conhece o nosso serviço "Detecta".
- Não interessa! - disse o grosso, desligando na minha cara. O cara era mesmo mal-educado. Rapidamente, disquei novamente:
- Alô!
- É por isso que você é um filho da puta! - e desliguei rapidinho rindo que só eu.
Aqui vale até uma sugestão: se existe algo que realmente está lhe incomodando, você sempre pode fazer alguma coisa para se sentir melhor: eleja uma vítima e diga para ele o que ele realmente é. E pronucie filho da puta com a boca bem cheia. Faz um bem danado.

Dias depois fui ao shopping. Estacionamento lotado como sempre. Vi um carro com a luz de ré acesa e parei para ocupar a vaga. Era uma tiazinha de uns 128 anos e fez quatrocentas manobras para tirar o carro da vaga. Depois das intermináveis balizas ela saiu e engrenei para manobrar meu carro. Do nada, apareceu um Vectra preto vindo na mão oposta e entrou com tudo na vaga que eu estava esperando. Comecei a tocar a buzina e a gritei:
- Ô meu chapa! Eu estava aqui primeiro!
Em vão. O fulano do Vectra simplesmente desceu do carro, fechou a porta, ativou o alarme e caminhou no sentido do shopping, se fazendo de surdo. Comecei a olhar se haviam câmeras de vigilância, planejando a depredação do carro dele. Foi aí que percebi que o carro tinha um aviso de vende-se no vidro, com um número de telefone fixo. Então, respirei fundo, anotei o número e fui embora do shopping.

Dias depois o tio estava sentado no escritório. Acabava de desligar o telefone, após ligar para meu amigo filho da puta, como fazia todos os dias. Eis que lembrei do telefone do Vectra. Adivinhe o que fiz?
- Alô?
- Por favor, é daí que estão vendendo um Vectra preto?
- Sim.
- Eu anotei o telefone no trânsito e gostaria de marcar para ver de perto.
O desavisado devia estar desesperado pra vender e lascou o endereço da casa:
- Sim amigo, eu moro na Rua Bzvitchz 527, na Lapa. É uma casa amarela.
- Legal! Qual é o seu nome amigão?
- Meu nome é Rzvotznicks Schwartz*.
- Em que hora é melhor eu marcar contigo?
- Dia de semana à noite. Nos finais de semana eu quase não saio. Quer vir amanhã?
- É o seguinte Rzvotznicks, posso te dizer uma coisa?
- Claro, amigo.
- Rzvotznicks, você é um grande filho da puta. Filho da puta mesmo! Viado! Corno! - e bati o telefone às gargalhadas, quase vingado.
Anotei cuidadosamente o telefone de minha nova vítima. Agora eu tinha dois filhos da puta para ligar. Só que após mais algumas ligações alternadas aos dois filhos da puta, a coisa foi perdendo a graça. Fiquei pensando em como incrementar a sacanagem e tive uma idéia. Liguei para o filho da puta 1. O cara, mal-educado como sempre, atendeu:
- Alô!
- Você é um Filho da puta - mas desta vez não desliguei.
- Ainda está aí, desgraçado? Não vai desligar seu cuzão?
- Siiimmmmmmmm, amorrrrrr!!! - respondi rindo.
- Liga pra puta da sua mãe - disse ele, irritadíssimo.
- Nããããão filho-da-putinha queridoooooo.
- Fala teu nome, lazarento! - berrou ele, descontrolado!
Eu, com voz séria de quem também está bravo, respondi:
- É o seguinte xará: meu nome é Rzvotznicks Schwartz*, seu filho da puta. Por que? Vai me pegar?
- Fala onde você mora se for homem, que eu vou aí te pegar, desgraçado! - esbravejou.
- Você acha que eu tenho medo de um filho da puta? Anota aí viado: Rua Bzvitchz 527, na Lapa quer que eu repita? Rua Bzvitchz 527, na Lapa. Uma casa amarela. Tem um Vectra preto na garagem, seu palhaço filho da puta. E agora, vai fazer o quê seu trouxa?
- Eu vou até aí agora mesmo, cara. Começa a rezar, porque você tá morto seu puto!
- Uuiii! É mesmo? Ai que meda! Seu bosta! Vou te esperar na porta - e desliguei o telefone na cara dele.
Aí liguei para o filho da puta 2. Ele mesmo atendeu:
- Alô?
- Olá, grande filho da puta - sou eu de novo, lembra?
- Cara, se eu te encontrar vou...
- Vai o quê? O que você vai fazer, sua bicha arrombada?
- Vou chutar a sua boca até estourar todos os seus dentes!
- Acha que eu tenho medo de você, filho da puta? Vou te dar uma grande oportunidade de tentar chutar minha boca, pois estou indo para tua casa agora! Vou arrebentar sua cara e pôr fogo nessa merda de Vectra. E depois vou pôr fogo nessa casa amarelinha de bicha. Me espera na porta, seu trouxa.
Aí eu saí rapidinho e fui até um orelhão. Liguei pro 190. Falei com uma voz afetada e chorosa, que estava indo pra casa do meu namorado Rua Bzvitchz 527, na Lapa e ia matar ele porque me traiu, que eu odiava ele e mais duas ou três bobagens. Desliguei rapidinho antes que me localizassem. Liguei em seguida pro jornal Notícias Populares - que já não existe mais - e fiz um drama, avisando que tinha um babadaço de duas bichas se matando na minha vizinhança, na Rua Bzvitchz 527, na Lapa. Peguei meu carro e zarpei pra lá também.

Foi a coisa mais divertida que já fiz em toda minha vida. Ver dois marmanjos se esmurrando e indo presos enquanto o fotógrafo do Notícias Populares se esbaldava com a cena. Melhor ainda foi abrir o jornaleco no dia seguinte e ver a notícia no alto da página com uma chamada enorme: "Bichas ciumentas quase se matam na Lapa" e as fotos dos dois trouxas algemados com as caras estouradas.

Moral da história: Sei lá... Não sacaneie com o tio Xavier.

* Essa história e todos os demais dados citados são fictícios e adaptados de outras que já recebi algumas vezes. O tio Xavier não tem um pingo de tempo pra ficar azarando no telefone com quem quer que seja. Mas que seria divertido, seria. Aliás... eu tenho o telefone de um filho da puta que bem que merece. Boa idéia.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Menção honrosa

Meu amigo havia passado um certo desaforo tempos atrás, por conta do alarme do carro dele, conforme eu narrei neste post. E como sabem os que leram este outro post, fazia um bocado de tempo que o tio Xavier estava sem musiquinha no carro. Então um dia desses o tio resolveu comprar um rádio toca-fitas usado no bom e velho Mercado Livre. Foi isso que você leu: toca-fitas. A esperança que nunca morre do tio é que desistam de me roubar o som do carro, ao menos pela obsolescência do artefato. Custou-me meros oitenta reais. Doravante esse belo exemplar da Sony® fará parte do meu acervo sonoro.

Por sugestão minha eu e meu amigo fomos em uma oficina especializada em som e acessórios. É dessas instaladoras de quinquilharias bombadas, que os amantes de tunning adoram. O tio já havia instalado som e também filme nos vidros por mais de uma vez no estabelecimento e sempre gostou da qualidade do serviço.

Chegando ao local, encostamos os dois carros e procuramos o gerente. Cortês como sempre, este nos atendeu e explicamos as necessidades. A minha de instalar a maravilha tecnológica e o do meu amigo dar o tal reset no alarme para reativá-lo.

O serviço todo foi executado em cerca de quarenta e cinco minutos. Eles não pediram manual, nem esquema de ligação e muito menos que lhe indicássemos onde estava um micro-switch ou coisa parecida. E atenção para o total da fatura: R$20,00. Foi que você leu: vinte reais. A instalação do som ficou ótima e o alarme do amigo está funcionando perfeitamente, como era para ser.

Aqui vai a menção honrosa: SUNNY SOUND: Som, acessórios e filme para os vidros. Loja espaçosa, com sala de tv para o cliente, tudo limpo, técnicos rápidos e competentes. Precisando e sendo-lhe possível ir à Z. Leste de Sampa, não hesite. Vale à pena.

domingo, 15 de outubro de 2006

Um weekend com você

Um conhecido meu apaixonado por veleiros uma vez me disse algo que me marcou bastante. Que passar algumas semanas em um barco, juntando duas famílias era um teste de amizade bastante severo para qualquer um. Amante da privacidade familiar que sou, entendi perfeitamente o que ele quis dizer. Como eu jamais seria capaz de passar semanas em um barco, sozinho ou acompanhado de quem quer que fosse, comparo a uma hipotética estadia em um imóvel litorâneo em um feriadão.

Sabe quando aquele amigo ou parente arranja um super fim-de-semana na praia e gentilmente convida a sua família? Então você topa e com mapa na mão, porta-malas cheio de pertences, criança(s) no banco de trás, lá vai ao encontro do endereço passado pelo e-mail. Arrisco-me na previsão de alguns episódios memoráveis e prováveis, dessa longa odisséia que poderá durar três ou quatro dias.

A chegada: o clima invariavelmente será de excitação. A família anfitriã mostrará a casa, pedirá desculpas por algum detalhe imaginavelmente desconfortável. Tomara que se trate de gente a quem você conheça razoavelmente bem, até mesmo para equilibrar as expectativas. Nesse instante, as crianças de ambas as famílias estarão a suar adrenalina pelos poros. Começará a correria e gritaria infantil, já que para criança tudo é festa. Vocês ajeitarão as bagagens, acomodar-se-ão no recinto apropriado e tentarão encaixar-se na nova e temporária rotina em comum. As mulheres providenciarão o preparo da alimentação e os homens abrirão sucessivas latas de cerveja, enquanto se amontoarão em frente ao aparelho de tv à caça de futebol. Tomara que você seja adepto de algum desses afazeres, pois o pior estará por vir.

A primeira refeição: será quando você sentirá que todo o esforço pela educação do(s) seu(s) filho(s) poderá ir pelo ralo em segundos. Você, que tanto prima pelo mínimo de qualidade na alimentação, verá os filhos dos outros acessando livremente todo tipo de bugigangas, tomando refrigerante no lugar de água, desprezando impunes as refeições regulares e sequer sentando-se à mesa. E seu filho sentir-se-á atraído pela anarquia alimentícia. Começará a hora do pânico.

O prédio: você terá se hospedado em um apartamento. Por alguma razão desconhecida, os pais das outras crianças não se importarão em ver seus pequenos de sete anos e sem nenhum discernimento subirem e descerem de elevador sozinhos. Será a hora do pânico II: o resgate.

A praia: impressionante como pais maiores de trinta anos e com formação universitária, podem se mostrar relapsos no zêlo com os pequerruchos. Continuo não conseguindo conceber o que pode haver de normal em crianças pequenas ficarem brincando sozinhas no mar, sem nenhuma supervisão adulta. Estou sendo terrorista em supor que os pequenos não têm nenhuma noção dos perigos que o oceano oferece? Só pode ser, porque prevejo que os tais pais e mães permanecerão com cara de alheios, sem nenhum interesse pela profundidade, nem local onde os pequenos estarão. Será a hora do pânico III: o naufrágio.

A hora de dormir: Entende que, para o bem da saúde infantil, les petits devem dormir em um horário razoável. Digamos que conciliando o horário de silêncio do condomínio com um mínimo de flexibilidade, por ser fim-de-semana, 23h poderá ser uma boa sugestão. Mas nada que se pareça com algazarras, gritarias e correrias próximas da meia-noite será compreensível, ok? Estou delirando novamente? Mas a postura de estátua dos outros pais indicará que sim. Será a hora do pânico IV: o desespero.

O churrasco: Se escolherem fazê-lo em algum almoço, procure não ficar na praia enchendo a cara até as 17h. Caso contrário todos voltarão falando dialetos estranhos e só então começarão a acender o carvão. Almoços por volta das 14 horas seriam razoáveis. Caso desconheça o local e equipamentos disponíveis o melhor é checar antes para garantir os apetrechos mínimos e sua limpeza. Principalmente uma boa faca de corte. O risco será perceber tardiamente que a única faca disponível é uma de serra e de eficiência criminosa e, quando você tentar cortar a picanha, produzirá fatias esfoladas e hemorrágicas. O resultado será um pseudo-churrasco, tardio, mal-feito, assado em grelha suja, desidratado e duro. Será a hora do pânico V: a fuga.

Nesse momento todo o cenário indicará que:
1) A bebedeira não terá fim.
2) Os arremedos de refeição doravante terão sua qualidade e paz comprometidos.
3) O jogo de dominó irá até a 798ª eliminatória e será tão ruidoso quanto truco, independente do horário.
4) Que o zêlo pela ordem infantil cairá a índices bem abaixo dos recomendados pelo Unicef.
5) Que o seu esforço educativo pelas suas crias levará semanas para ser restaurado.
6) Que será hora de lembrar ao seu cônjuge de que há inúmeros afazeres em casa e vocês têm que subir mais cedo. E você deverá fazê-lo com urgência.

Mas tudo isso são situações absolutamente hipotéticas e fictícias. Claro que jamais acontecerão.

Sem medo de ser (in)feliz.

Sinceramente não agüento a pobreza espiritual de nossa classe média decadente e endividada que insiste em posar de elite. Eles argumentam com os mesmos malhados e repetitivos (pré)conceitos com que tratam o pintor, o pedreiro e a diarista de suas casas. Encarnam um nazi-facismo na sua pior versão tupiniquim. Gente que compra home teather e tv de plasma em cem prestações e os usa para assistir Faustão e Gugu. Gente que aluga buffets caros para fazer suas festas e as pagam com o limite do cheque especial. Gente que se pinta de culta e, sem o menor critério, toca e dança "Atoladinha" e podridões similares em suas festas. Gente que não perde o Jornal Nacional, assina a Veja ou a Istoé em doze prestações e acha serem o supra-sumo da informação. Gente que compra Johnny Walker Black Lable no cartão de crédito rolado e, uma vez embriagada é capaz de tantas baixarias quanto qualquer serviçal, cachaçado com 51. A pobreza espiritual universaliza e homogeniza as pessoas pela pior faceta do ser humano. Independente de possuir um cartão de crédito ou cheque especial e, vale dizer, cujas faturas destes somam meses de rolagem de dívida com pagamento mínimo. Um mundo de cascas sem conteúdo intelectual, nem sustentação material. Essa desesperada gente me causa medo.

Seguindo a mesma linha, vemos os milhares de filhos dessa classe média assustada. São matriculados em instituições de ensino superior que variam, conforme a possibilidade de financiamento de seus pais. Só que a esmagadora maioria desses filhos, uma vez longe dos olhos dos pais, passa a maior parte do tempo não nas carteiras nem nas bibliotecas das universidades, mas bebendo e fumando nos botequins nos arredores, onde planejam meticulosamente onde será a próxima balada e farreando com os sonoros porta-malas com três mil watts, de seus carros comprados em sessenta prestações. Pena que fiquem a ouvir as mesmas coisas de gosto duvidoso que tocam em suas festas nos buffets. E basta dar uma volta nos arredores de qualquer instituição mesmo em pleno horário de aula para vê-los: corados, bombados, sorridentes, embriagados e alienados. Contudo, após três, quatro ou cinco anos de suposta freqüência, eles conseguem - sabe lá Deus como - concluir a pontuação e créditos necessários. Passam a ser corados, sorridentes, embriagados e alienados portadores de diplomas. E, doravante, passam a se enxergar como seres superiores, no pedestal de seu confuso limiar entre a autocrítica ariana, a incapacidade de realizações e falta de direcionamento social. Tão somente e repetitivamente engrossam o côro dos que acham que um não-portador de diploma jamais deve alçar qualquer posição de liderança. Quanto menos - e ponha menos nisso - ser o representante-mór de uma nação.

Aí aparece um ex-operário e, do alto do seu "self made" - têrmo que os norte-americanos adoram - e após quase trinta anos de ininterrupta e turbulenta atividade política, torna-se presidente da República, veja que absurdo. Lamentavelmente ele sequer cursou ensino superior, fala errado, coça o saco, bebe cachaça, palita os dentes, descompõe celebridades e diplomatas e às vezes embriagado esquece o que era pra ser dito, repondo com alguma asneira ou impropério gramatical. Nisso parece-se com um elemento inusitado, quase folclórico. Sobretudo inesperado pelas famílias endividadas de classe média e por seus filhos, descritos acima.

O tal presidente ex-operário, no campo da política, faz tantas ou mais merdas quanto qualquer outro. Ancora-se em tantos ou mais assessores de índole duvidosa como qualquer outro. Para quem não sabe todos os presidentes eleitos são obrigados a assinar a contratação direta de cerca de cinco mil cargos de confiança. Eu juro que gostaria de ter cinco pessoas de minha absoluta confiança. Ele viaja tanto quanto qualquer outro, se é que um presidente tenha que ficar olhando o próprio umbigo do país. E mais uma vez, como qualquer outro, faz opções e elege prioridades. O mapa de votação deixa claro que ele não priorizou os já corados e sorridentes citados acima. Nem os portadores de cartão de crédito que rolam dívidas ou teria baixado estes juros. Nem os bolsões pseudo-emergentes dentro das grandes capitais, talvez porque estes tenham suficientes meios para dar seus pulos. O mapa eleitoral dá conta sim de que ele deve ter feito algo, seja o que for, em prol de famílias sem estudo, com filhos raquíticos e amarelados, que andam quilômetros à pé para buscar um balde de água quase potável e que não têm a menor noção do que é uma academia de ginástica, nem um boteco próximo de uma universidade, muito menos o que é esta última. Apesar de socialmente não-escolhidos, eles também fazem suas escolhas. Às vezes movidos por um par de botas, às vezes pela admiração de seu dominante, às vezes em retribuição de um simples programa social.

De fato, se o sujeito está, como denotam as urnas e pesquisas da eleição, usando a nossa pesada carga de impostos para reduzir o custo do cimento, insumo básico da moradia, distribuir de forma certa ou errada a renda auferida desses impostos, viabilizando condições mínimas de vidas nos bolsões mais pobres de Pindorama, eu fico com a reeleição dele. Até porque é o único com credibilidade e base política. Traduzo BASE como: assento e referência no meio operário e popular não-alienado. O sapo barbudo é o único que faz parte de um partido que AINDA tem participação popular e militância de base engajada. Estes que podem mudar a sociedade. Os corados dos botecos jamais o farão, primeiro por incompetência. No máximo, quando a água bater-lhe nos traseiros, tentarão perpetuar a divisão que os permite freqüentar a faculdade, andar de carro e beber álcool.

Com o tal ex-operário - e pelo cardápio eleitoral somente com ele - ainda será possível inverter a pirâmide de prioridades de uma sociedade baseada em não-valores, em não-cultura, em não-divisão de renda e em não-promoção social. Mudar arraigados conceitos de perpetuação de estruturas de propriedade, de posse, de sobrenomes e heranças. Senão, que ao menos a pitoresca presença dele na cadeira do planalto continue servindo de tapa na cara dos nossos nazi-facistas tupiniquins de almanaque.

Tomara o tapa cause dor no rosto de nossas classes dominantes e nos de suas caricaturas pobres, compostas pela classe média endividada e alienada. O "espelho espelho meu" acusa que vosso trono de beleza está por um fio.

sábado, 7 de outubro de 2006

A importância do limbo para a humanidade

Apesar de não poder mais ser considerado um ser humano religioso, o tio Xavier teve uma consistente e profunda formação filosófica e teológica, durante sua juventude até o início da idade adulta. Foi um período rico em experiências de reflexão sobre o Universo, a existência humana, o divino, a mística e sobre a espiritualidade no sentido mais amplo da palavra, de ação concreta e participação social. O grande diferencial da escola teológica que então eu abraçara era justamente a prática da fé. Não estou falando de nada ritualístico tampouco litúrgico embora esses aspectos façam parte. Mas sim de como a fé nos impulsiona no ambiente social.

“Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (Tiago 2:14-17)


[modo pregação on] O alcance social da verdadeira "obra da fé" é extenso. De nada adianta a piedade espiritual, se não materializar-se socialmente no maior âmbito possível. Se diante da injustiça social, da corrupção, do lôgro, da exploração e da enganação a fé não se manifestar no ambiente social, ela será tão ou mais ineficaz quanto a moeda que se dá no semáforo, para o pedinte. Perceba que a esmola, por si só, também não se enquadra bem no conceito de obra da fé, embora não haja mal absoluto nela. Só que ela não provoca alteração do cenário. Possivelmente e até mesmo por causa da moeda, amanhã o pedinte novamente estará lá.

Pense nisso com profundidade e perceba que também a SUA participação política, a SUA relação com a categoria profissional, a SUA relação com grupos por melhoria dos serviços públicos e coisas assim são ambientes que propiciam manifestações concretas de fé. Exigem ações, no sentido mais religioso da palavra, de reintegração do indivíduo de fé com o mundo à sua volta. Uma espiritualidade piedosa e ritualística divorciada de ações sociais concretas é tão inócua, superficial e falsa quanto egoísta. A fé pode alimentar-se das práticas ritualísticas, mas se manifestará de fato na relação com o outro. O lado endógeno da fé só tem sentido enquanto sustenta e impulsiona as ações do bem social. Fora disso é um grande sino barulhento, vistoso... e oco. Agora, de posse desta reflexão, releia a citação bíblica acima e perceba a implicação social dela. [/modo pregação off]

Entrementes o senhor Joseph Ratzinger, do alto da pompa e circunstância de seu trono - que dizem herdado de Pedro - preocupa-se com a volatilidade da alma e como e onde ela flutuará, caso não tenha cumprindo rituais religiosos prescritos. Estão discutindo ISTO, enquanto uma nova tensão bélica nuclear se aproxima com ações invasivas de potências econômico-militares e de países discordantes da hegemonia. Os cardeais articulam uma preocupação com o destino das almas dos não-batizados, ao mesmo tempo em que centenas de seres inocentes são massacrados no Iraque invadido. Concentram-se em definir se o limbo é um lugar ou não, enquanto a maior parte da África torna-se cada vez mais um não-lugar, sem sua fatia de participação e dividendo na nova economia mundial. Eu diria que isto é semelhante a passarmos pela rua, vermos alguém espancando uma vovozinha de oitenta anos e darmos de ombro, dizendo o conhecido "não é comigo". Imparcialidade não existe.

Tire suas próprias conclusões.

Uma venda se faz com quatro "P"

Estava certinho: Promoção no lugar certo, Produto de interesse e Preço competitivo, de forma que os "Pês" definidos por Kotler estavam quase completos. Só que ele definiu também um quarto "P" e o problema estava justamente neste, criando uma quase venda. O último "P" de Ponto de Venda, na hora em que o tio clicou em "comprar" deu nisso:

Foi como entrar em uma loja e encontrar vendedores com cara feia ou mesmo as portas fechadas. E não teve jeito. Daí prá diante, não consegui mais manipular meu cadastro nem sequer criar outro, já que o sistema de e-commerce da Blockbuster é chaveado pelo CPF.

Foi mal, hein? Comprarei em outro lugar.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Bom é o deles

O tal Joe Sharkey, idiota por opção e jornalista do NYT por profissão, em entrevista ao Today Show - uma espécie de Jô Soares Onze e Meia da NBC - agora deu de criticar o sistema de rastreamento aéreo do Brasil. Disse literalmente que "o controle do tráfego aéreo brasileiro é péssimo" e "os pilotos americanos correm risco no Brasil".

Não se preocupe, amigo Joe! Eles não correm risco mais. O Ministério da Aeronáutica não há de lhes dar autorização de vôo em nosso espaço aéreo tão cedo.

O gênio deve achar que sistema de rastreamento aéreo bão mesmo é o dos americanos, né? O Osama também acha!

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Vote no Cacareco!

Não adianta esses analistas políticos tentarem me convencer com teorias sobre 'voto de protesto' e coisas assim. A eleição de cacarecos como Clodovil Hernandes, Frank Aguiar e Enééééias, mostra uma realidade funesta: a de que as eleições de um modo geral estão cada vez mais despolitizadas. Incautos e alienados dão o tom nas urnas, ao contrário do esperado. Senão como explicar que figuras exóticas e folclóricas, como os três citados acima, tenham tido votação esmagadora em detrimento de tantos outros que possam possuir algum conteúdo, bom ou mau? O desastre de enviar esse tipo de emissário para lugares que deveriam primar por um mínimo de seriedade, como as câmaras legislativas, pode ser avaliado na passagem abaixo, que é verídica.

Um sindicalista amigo do tio Xavier estava em uma dessas câmaras, fazendo uma verdadeira via-crucis de gabinete em gabinete. Ele discutia um importante ante-projeto de interesse dos funcionários públicos. Com a calma e paciência monásticas que lhe são características, ia com um calhamaço de papel embaixo do braço conversar com os parlamentares, a defender o seu ponto de vista de sua categoria pedindo determinado voto em plenário. Eis que ele bate à porta de um certo deputado-cantor conhecidíssimo, sobretudo de nossas mães. Vale ressaltar que é um cantor de voz maviosa. Mas lá ele era um deputado e ponto final. Mal o sindicalista começou a declinar as questões e foi rapidamente interrompido pelo dito:

- Olha menino, eu não entendo nadas dessas leis e nem de votação em plenário! Eu sei é de cantar, que é o que eu faço há mais de quarenta anos, viu menino? Escuta só: "Na galeria do amor é assim, um lugar de emoções diferentes..."
.

Complicado né? E saber que figuraças como essa aparecem entre os mais votados.

Well, como tudo - tirando os LP´s do Wando - tem um lado bom, com o "Cãozinho dos Teclados" e o Clodovil no Congresso, quem sabe fiquemos livres deles na mídia?

Pelo menos isso.