quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Dia de faxina

A questão de qual é o melhor dia para faxina no barraco do tio já rendeu discussões dignas de um concílio romano. Divergências de percepção. Penso que, já que mal ficamos em casa nos dias úteis, a faxina devesse ser feita na segunda-feira garantindo uma casa arrumada e limpa por toda a semana. A darling acha que quanto mais próximo do fim-de-semana melhor. Controvérsias à parte, minha bronca é que sábados e domingos são os dias de maior uso da casa, recepção de visitas, etc., de forma que o resultado da faxina mal dura o fim-de-semana. E somos obrigado a dar retoques. Mas o celeuma doméstico já me dura dez anos e não me custa tentar mais dez. Hei de vencer.

O que me surpreende mesmo - acho até que já falei disso aqui - é o constante absenteísmo das faxineiras. Lembremos que a maioria delas é diarista e autônoma. Então a relação é muito simples: não trabalhou não recebe. Mesmo assim hoje, por exemplo, o tio recebeu um telefonema e ouviu da dita-cuja algo como: "óia, hoje eu num vô pudê í, purque morreu o Josvaldilço, que é primo-irmão do meu marido e nóis vamu nu velóriu". Duas semanas atrás morreu a Wandysneide, filha do ex-padrasto da cunhada da prima. Da outra vez foi a Diocrezilda, que era comadre da irmã dela. Nesses WO´s que ela dá o nosso inconveniente é que na véspera da esperada limpeza semanal, lhe deixamos comida extra na geladeira, guardamos todas as peças de roupa espalhadas, batemos roupa na máquina pra passar, usamos a secadora pra acelerar o processo. Tudo isso para nada. Nem ela pra limpar, nem a irmã dela que passa nossas roupas comparece.

Andei fazendo estatísticas desses falecimentos em massa e concluí que nada explica o crescimento populacional da categoria diarista e dos seus pares (os pedreiros, alétissistas e encanadores). Só mesmo a altíssima taxa de natalidade. Fiz uma lista dos falecidos dela do ano passado até a metade deste. Concluí que ela, o marido e os filhos, estão praticamente órfãos de qualquer tipo de parente. Todos morrem em série a cada semana. No quintal onde ela mora, que outrora reunia dez moradias com irmãos, irmãs, seus cônjuges e filhos, podem ser vistas bolas de feno rolando e janelas batendo sempre que venta. Uma verdadeira cidade fantasma de faroeste.

Quero ir para um hotel fazenda. Mas que aceite cheque pré.

Momento junk food

Porta de faculdade é um paraíso da informalidade e da livre-iniciativa do setor alimentício. Onde estou estudando, quando se chega a uma quadra e meia de distância, tem-se a sensação de andar por uma feira em Xangai ou na Chinatown do filme Blade Runner. Só que sem o charme hollywoodiano e no lugar dos neons há lampiões de gás e lâmpadas incandescentes. Tá bom e eu não sou nenhum Harrison Ford. São carrinhos, barracas, vans, carros de passeio com porta-malas adaptados, tudo dando mostras de criatividade sem-limite, quando o assunto é obter um sustento honesto, de carona na fome dos estudantes.

As opções gastronômicas são inúmeras. Vão dos tradicionais sanduíches, passando por pastéis, mini-pizzas, tapiocas e chega até a pratos elaborados como yakissoba e macarronada tradicional. Tudo pode ser levado para viagem ou ser consumido no local, seja em pé, seja nos banquinhos plásticos que abarrotam as calçadas. Essa balbúrdia toda não me parece algo ruim por si só, pois na minha passagem anterior pela mesma faculdade há uns oito ou nove anos, não havia quase nada disponível para interromper o ronco do estômago. Só uns poucos pioneiros dos quais enjoávamos na terceira semana de aula.

Hoje como a oferta é abundante em quantidade e diversidade, os empreendedores dos mata-fome curvam-se às leis do mercado e procuram diferenciais para atrair e fidelizar a clientela rotativa. Aí é que a coisa começa ficar apavorante. Ontem parei em um dos pontos de venda e vi que se tratava de um comerciante de cachorro-quente. Li um cartaz que era um cardápio-tabela e não acreditei. Jamais imaginei ser possível fazer vinte e duas variações de um simples pão com salsicha. Você não tem idéia da diversidade: com uma ou duas salsichas e com molho ou sem molho eram os triviais. Mas as combinações possíveis incluíam até quatro-queijos, adição de "calabresa processada" (tenho medo de imaginar o que significa) e saladas das mais diversas, além dos diferentes tipos de pães. Enfastiado pela múltipla escolha decidi pedir um simples, tradicional e objetivo cheeseburguer. Um hambúrguer com queijo, no meio de um pãozinho e nada mais. De preferência pão francês porque esses pães industrializados esfarelentos não me atraem. Simples, certo? Não lá.

- Certo tio, um xisburgui. Ou superdoguiburgui?

- Super o quê?

- É uma novidade da casa (sic). Um rotidógui com tudo que tem direito e no meio ainda vai um hambugui picadinho espalhado. No capricho tio.

Faço um esforço pra disfarçar a náusea e reforço o pedido:

- Por favor. Um cheeseburguer o mais simples possível no pão francês.

Enquanto o cara fritava o meu hambúrguer eu tentava esquecer a gororoba ofertada por ele. Um hambúrguer estraçalhado no meio de um pão com salsicha, coberto por outros cento e trinta ingredientes definitivamente não me parece algo apetecedor.

Algo está me dizendo para eu trazer uma marmitinha extra de casa e jantar no escritório antes de ir pra aula.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

O Ministério da Saúde adverte

Cerca de um ano atrás, na sala da frente de minha choupana comercial, ocorreu um fato pra lá de bizarro. Eu estava de porta fechada e trabalhando quietinho, quando ouvi uma intensa discussão que vinha da sala da frente. Pelas vozes, tratava-se de um certo ser que é senhorio deste inquilino, juntamente com o advogado que ocupa a outra sala. Depois de um certo desenrolar, adicionou-se ao furdunço o pai do tal proprietário. A discussão, que já começara pesada se incendiou graças ao teor etílico em que o ator principal se encontrava.

Tudo me faz crer que no início se tratavam de negócios mal resolvidos. Ambos os debatedores são advogados e têm uma estranha sociedade que nunca entendi muito bem, nem me interesso em tal. O cachaçado-mór goza de meros quarenta e dois anos de vida. Já o segundo se me parece estar na casa dos sessenta ou bem próximo. Só que afetado também pelos vícios é o que chamaríamos de "sessenta com carinha de noventa".

Logo após o princípio da discussão, comecei a ouvir barulho de móveis sendo quebrados, estante de livros indo para o chão, monitor de computador se espatifando e coisinhas básicas assim, enquanto o protagonista do quebra-quebra grunhia têrmos ininteligíveis em tom de ofensa. Em seguida chega o terceiro personagem, este com seus setenta e três anos. Pelo tom de voz e poucas coisas compreensíveis no meio da gritaria, o velho parecia tentar demover o filho de agredir o outro advogado. E em algum momento percebi que o pacificador estava se convertendo na segunda vítima, ou prestes a tornar-se. Aí não deu mais para continuar a fingir-me de surdo. O imperativo ético tomou conta de mim. Levantei-me e corri até o cenário do pampeiro.

Mal abri a porta do recinto e vi que já se parecia com escombros do Iraque, e por pouco não conseguia reter uma cadeira que seria atirada nos dois corôas. O mais velho tentava ser escudo-vivo de modo que viraria alvo do objeto. Mas interrompi a empreitada antes de a cadeira ser levantada o suficiente. Puxada a cadeira, o agressor também foi ao chão, tal era o teôr alcoólico. Tentou uma segunda vez, ao mesmo tempo em que fazia menção de me afastar da cena, dizendo ainda que eu não tinha nada com aquilo e blá, blá, blás com a língua enrolada pela bebida.

Diante do absurdo disparate de um cara de quarenta anos prestes a agredir o próprio pai e outro idoso, falei com voz firme e em tom baixo que na minha presença aquilo não havia de se concretizar. O bebum insistiu para que eu me afastasse e ouviu de mim que não agredisse o próprio pai e que antes de machucar dois idosos teria que me enfrentar.

A presepada não durou pouco. Mas finalmente ainda estonteado o dito-cujo desceu as escadas vomitando impropérios indecifráveis - talvez até contra mim - mas se mandou. Dos sobreviventes, mandei o mais velho pra casa e o menos velho aproveitar o vácuo pra tirar uns dias de folga.

Só dei de cara com o pinguço quebrador de móveis dias depois. Cumprimentei-o e ele retribuiu, agindo como se nada tivesse acontecido. Agora o que não consigo entender é o pai do sujeito. O tiozinho nunca mais falou comigo. Não que eu queira agradecimentos, jamais. Fi-lo apenas pela minha consciência. Mas daí a ele me encontrar na rua e fingir que não me viu, sinceramente é um mistério.

Coisas dos seres humanos. Não sei como fui consentir me reencarnar nessa espécie maluca. Quero voltar pro meu planeta de origem.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Agradeço a Santo Expedito

Resolvi retomar um antigo projeto pessoal. Somei com uma chance de ouro que pintou e voltei à faculdade. Desta vez, dane-se concluir a Administração. Só ia me servir pra botar no currículo e pedir emprego para algum crápula capitalista que me usurparia a mais-valia. Isso faço eu. Vão à merda. Já descobri formas de ganhar dinheiro honesto e legal, sem ter chefe. E não pretendo retroceder.

Como se trata de uma segunda carreira optei por Pedagogia. As questões do Ensino e da Educação me atraem de longa data. Isso foi reforçado por um trabalho de educação de jovens e adultos onde eu estive voluntariando como instrutor de Informática. Não tenho ao certo onde essa formação me conduzirá, mas como não estou na dependência dela, isso não está em minhas preocupações. Só farei de tudo para que não me leve a uma sala-de-aula, mal remunerado diante de filhos alheios mal-educados. Enfim, serei um Pedagogo e, como eu já disse, é algo pessoal. Mas não é esse o ponto da discussão. Tenho planos nisso tudo, mas não são da vossa conta.

Ontem, primeira noite de aula, entrei discreto e silencioso na sala, mais preocupado em demarcar meu assento do que qualquer outra coisa. Sentei-me e abri um livro que estou lendo, sem tomar o menor conhecimento do ruidoso entôrno. Foi quando me apareceu uma jovenzinha muito da graciosa e, digamos assim, de compleição física bastante saudável e agradável aos olhos masculinos, se é que me entendem. Pára diante de mim, junto com uma outra, com traços e porte diferentes, mas igualmente bonita:

- Você é o tio Xavier?

- Sou, mas como você sabe?

- Somos do comitê de boas-vindas.

- Uau, e agora tem isso por aqui? Mas primeiro você me conta como sabe que eu sou o tio?

- Como?

As duas riem que só elas. E a segunda moçoila continua:

- Bem-vindo ao seu harém, tio!

- Harém? Como assim?

- Ué, você é o único homem da sala. Só tem você pra toda essa mulherada - e segue um aplauso da turma que deve ter sido ensaiado - .

Fiquei vermelho, verde, roxo e cor-de-abóbora. Mas não perdi a estribeira:

- Puxa vida, eu não sabia. Então ele existe.

- Ele quem?

- Deus. E eu não sabia que ele gostava tanto de mim.

Seguiram-se mais risadas femininas em profusão.

Enfim, lá estou eu. São setenta e uma mulheres e o tio. Por um momento posso me sentir o mais sexy, o mais atraente, o mais bonito e mais cobiçável tio da sala. Começo a ver os monopólios com outros olhos.

Agradeço a Santo Expedito pela graça alcançada. Hei de passar os meus três melhores anos de estudo na vida. Aliás, com licença que preciso fechar o escritório e ir para a facu.

domingo, 12 de agosto de 2007

Filhão

Dia dos pais e recebo telefonema de um dos meus filhos, que mora em outro município. Garoto, com doze anos, durante um longo papo me conta as novidades e coisinhas do cotidiano. Entre uma e outra eu aproveito pra exortar o menino sobre coisas que eu acho que lhe ajudarão no futuro:

- Então filho, aproveita e estuda bastante, viu?

- Eu tô estudando sim, pai.

- Que bom, filho. Mas sabe o que mais você pode fazer?

- O quê?

- Você pode ajudar os colegas com dificuldades. E cada vez que você ajuda um colega, você na verdade está aprendendo mais ainda.

- Ah, mas isso eu já faço pai.

- Que legal, filhão. E como tá sendo?

- Tô ganhando uma grana.

- Grana? Como assim?

- É pai. Já tenho dois clientes.

- Clientes?

- É pai. Olha só: eu ajudo eles. Mas eu cobro, manja? É tipo um negócio, que eu montei lá na escola.

- Claro que entendi. Que meninão inteligente você é, filhote. Bela idéia.

Esse faz juz ao sobrenome.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Elton John defende o fim da internet

Em entrevista ao tablóide londrino The Sun, o cantor inglês Elton Pretensioso John pediu o fechamento da internet, pois a rede estaria acabando com a indústria musical. Notícia original AQUI.

Não obstante o tiozão ainda conclama: "Saiamos às ruas, marchemos e façamos protestos, em vez de nos sentarmos em casa e entrarmos em blogs".

O último disco do músico, The Captain & The Kid, vendeu apenas 100 mil cópias. O músico culpa os downloads pelo mico comercial. Entenda que - na insuspeita opinião dele - não é porque as músicas dele estão um pé-no-saco, mas sim por culpa da internet. Do alto de sua modéstia, ele deve imaginar que outros quinze milhões de cópias foram baixados pela galera na internet. Só que eu mesmo não conheço ninguém que tenha baixado o álbum do chatonildo. Aliás, nem sabia que tinha álbum recente dele.

Então, caro amigo, você viu o que Sir John disse: feche agora esta janela e vá às ruas pedir o fim da internet. Ouvi dizer inclusive que ele contratou o João Dória prá organizar a passeata.

Tu já foi bem melhor, hein merrmão?

Azelite Inresponçáviu

Vejam que lindo. Essa é a gentalha rica em grana, pobre de espírito e paupérrima de respeito. Talvez seja a mesma que paga o João Dória para organizar passeatas ridículas no estilo "Basta", "Cansay", desfiles de cachorrinhos e coisas assim.

Este primeiro vídeo mostra o senhorito José Bonifácio de Oliveira (Boninho) divertindo-se a jogar ovos nos carros e transeuntes da avenida abaixo de sua suntuosa sacada.



Neste outro tem uma seqüência inqualificável. Primeiro a çossialáiti Narciza Vagabundeguy se orgulha dos feitos. É bem provável que esteja sob efeito das drogas que consome, importadas dos morros cheios da gentalha fedida e bandida, como ela deve pensar. Depois o Bruno Bichateaubriôco, declara ter jogado uma garrafa vazia e uma vassoura. Vai saber o que ele teria feito com ambos antes de jogar. O avô - paraibano e comedor - deve dar saltos mortais no caixão, por razões diversas. No elenco também Luíza Jobim e João Eduardo Brizola. Vejam vocês mesmos.



Sou mais a educação dos cinco filhos do vigilante da minha rua. Exemplares, por sinal.

sábado, 4 de agosto de 2007

Ófissina braziu

Essa eu não perdôo. Primeiro já explico de quem estou falando: as lojas da Oficina Brasil são umas que geralmente ficam em anexos nos estacionamentos do Carrefour e Extra. São reparadores de suspensão, alinhamento e balanceamento de veículos. Costumam se situar nesses supermercados mantendo convênio com os mesmos. Quando o cliente compra alguma peça no supermercado, principalmente pneus, ganha di grátis o alinhamento de direção e balanceamento das rodas. Excelente, a não ser pela postura desonesta de alguns, como da loja que fica no Carrefour da Vila Maria em Sampa. Mais pilantras hão de nascer.

O tio foi no dito supermercado e comprou uns pneus. E lá estava o cartaz enorme: "Compre pneus aqui e ganhe a montagem, o alinhamento e o balanceamento". Opa - pensei eu - boa porque os pneus Zimbutzkatz* estão em oferta. E economizarei uma graninha por conta dos serviços. Certo? Errado. Olhe bem o que ocorre quando se chega a loja e fique esperto.

Depois de o tio cliente decidir qual pneu ia pro estepe, que os novos iam na dianteira e tal, os caras foram lá pra montar os pneus nas rodas. Aí um gaiato chama o tio do lado do carro, ainda suspenso no elevador, e balança a roda da frente com a mão:

- Ó tio, tá vendo aqui?

- Hum.

- Então, quando a gente dá uma forçada, vê aí que o amortecedor e a mola se mexem.

- Tá.

- Cê viu, né?

- Vi.

Aí o caboclo vai lá pra montagem, chama o gerente da loja coçam a cabeça, anotam aqui e acolá. Um vai até o carro e volta pra rodinha de especialistas. Desta vez é o gerente da loja que vem até a mim:

- Então tio, o cara mostrou lá como tá a frente né? - e nem me deixa responder sacando um imenso orçamento - Amortecedor, mola, bucha, mancal, arruela, rebimboca*, parafuseta*, grampola* - a lista parecia sem fim - fica tudo em quatrocentos e tantos reais. Beleza?

- Beleza o quê?

- Pode fazer?

- Não.

- A gente parcela pro sinhô.

- Obrigado. Se precisasse eu teria dinheiro pra pagar à vista.

- À vista a gente dá um descontinho. Claro.

- Olha aqui mizinfio. Todo esse conjunto que você condenou tem pouco mais de três meses de uso. Todos originais e com garantia. Comprei com nota fiscal, em uma loja que tem mais de trinta anos. As peças foram trocadas na oficina do meu tio, que trabalhou em três montadoras. Então vamos ser práticos. Se é que tivesse algo a trocar, tudo estaria na garantia. Mas por ora acho melhor você providenciar a montagem e o alinhamento da direção.

- Mas não compensa fazer o alinhamento assim. Tá tudo desregulado. Se quiser a gente até alinha, mas vai descompensar tudo depois. Seus pneus vão comer torto, as borrachas vão rachar, etc., etc., e tal - ele só faltou falar que um vírus desconhecido até pela McAfee e a Microsoft iria infectar a central de comando do carro, meu rádio ia travar tocando axé no último volume e a buzina ia tocar la cucaracha sempre que eu passasse na frente de um hospital - .

Os pilantras montaram rapidinho e desceram o carro. Disseram que eu tinha trinta dias para voltar e fazer o alinhamento, assim que eu resolvesse os mil e quatrocentos problemas da suspensão dianteira.

Puto da vida com a cara de pau dos picaretas, disse que voltaria depois pra fazer o alinhamento e me mandei. Hoje cedo parei em um prestador do bairro onde o tio mora e o cara fez todo o serviço de regulagem: alinhamento, balanceamento, cambagem e cáster (correção do adiantamento de uma roda em relação à outra). Por quanto? Quanto? Quarenta reais. O carro tá redondinho e já dei um pinote com ele na expressa perto de casa. Resultado: solto as mãos do volante e zero de desvio e zero de trepidação.

Sabe quando que esses merdas dessa ófissina braziu vão botar as patas sujas na suspensão do carro do tio? Llamás. Safados.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Gosta quem quer

Vários amigos vivem a me enviar textos - autênticos e apócrifos - do Arnaldo Jabor. Se isso significar alguma indignação social da parte deles, acho até saudável. Eu também sou indignado, só que sempre procuro fazer algo para mudar o universo à minha volta. E não preciso dos textos negativistas do Jabor para isso. Muito pelo contrário. O Jabor é um chato de galocha. Deve passar o dia tentando explicar para si a razão preferir ficar aqui resmungando a ir morar no Canadá, na Europa ou em alguma ilha paradisíaca, se é que tem cacife para isso.

Gostaria mesmo de ver o Jabor usar a inteligência com propósitos mais positivos. Quem sabe em ação concreta em prol de alguma coisa boa. Esbravejar no ar-condicionado, em uma poltrona confortável e diante de câmeras é deveras cômodo. Oxalá um dia ouçamos dele alguma dica positiva. Coisa difícil para um cara negativo, que nada acrescenta ao xingar a tudo a torto e a direito, por mais razão que alguma vez ele venha a ter. Só que se xingamentos resultassem em algo positivo, estádios de futebol seriam paraísos. Pela postura confortável de indignadinho de estúdio, ele não passa mesmo é de um personagem caricato-carrancudo, que ganha uma boa-grana pra fazer a única coisa que sabe: ralhar. Sorte dele que há quem o compre.

Jabor sofre, e ao mesmo tempo é propagandista, do que Nelson Rodrigues chamou de "complexo de vira-latas". Ele acredita que o Brasil é o cocô do cavalo do bandido. E o povo brasileiro - sem ressalvas - é a larva do mosquito que nela pousa. No furor de sua verborragia negativa, Jabor talvez seja confundido com toda a merda que enxerga diante de si. Quem sabe uma larva de casta melhor, mais bem-remunerada e que conquistou um lugar privilegiado na imensa massa de cocô. Mesmo assim, uma larva no cocô e que se alimenta de parte do cocô. Nossa felicidade é que a lata de lixo da História está repleta de seres que em nada contribuíram para a evolução da Humanidade.

Mortos, reclamões acomodados e larvas não constroem a História.