domingo, 29 de abril de 2007

Da série "faça da sua festinha um sucesso" (Vol 1.0)

Organizar uma festa que agrade a gregos e baianos é um desafio para poucos. Por mais que você se esmere, sempre uma meia-dúzia de fila-bóias sairá criticando. Depois de detonar a cerveja da sua geladeira, comer oitocentos pãezinhos com carne-louca, mais algumas centenas de coxinhas, esses desinfelizes famélicos sairão reclamando de qualquer maneira. Torça para que morram de congestão. Então dane-se essa meia-dúzia. Minoria não decide eleição presidencial, nem assembléia de condomínio. Serão sempre um bando de fracassados. Vamos nos concentrar na maioria. Essa parcela significativa, capaz de eleger bizarrices como um torneiro semi-alfabetizado, um estilista afetado, um cantor de arremedos de forró ou mesmo o mais conhecido de todos os ali-babás da comunidade libanesa. Pragmatismo. Você quer ficar bem-visto pela maioria, certo? Então pronto.

Uma das questões mais complicadas nas festinhas domésticas é a animação. Muitas pessoas confundem o ambiente da festinha deixando o televisor com a antena conectada no móvel da sala. E sempre haverá uma meia-dúzia de boçais - não por acaso os detonadores das cervejas e das coxinhas - que ligarão a TV, localizarão algo bizarro como A Praça é Nossa ou Zorra Total, insistirão em aumentar o volume e fazer psiu. É que eles não podem jamais perder um segundo desse capim cultural que os nutre. Para evitar isso o ideal é subtrair o televisor da sala previamente escondendo-o em um dos quartos ou na lavanderia. Diga que o aparelho está no conserto se alguém perguntar. Se devido às dimensões do aparelho ou falta de espaço o translado for impossível, então desconecte os cabos do sintonizador e/ou da antena. Alegue aos pé-no-saco que a antena foi atingida por um raio, a operadora de TV à cabo está fora do ar ou algo semelhante. Está resolvida a questão da TV.

Agora vamos à principal complicação: o som. Já no tempo das fitas K7 os pretensos auxiliares de DJ mantinham a tradição de levar "algo sensacional" oculto no bolso, a fim de enfiar no aparelho de som. Por "algo sensacional", desde a década de 70 podia estar subentendido uma fita do Tarancón em uma festa de Discotheque, do Wando em um tributo ao Led Zeppelin ou do Beto Barbosa em uma festa de sambistas. O que mudou de lá para cá foi apenas a mídia. Como qualquer pobre-diabo já consegue comprar um computador com gravador de CD nas Casas Bahia em 1600 prestações de R$1,50 hoje os seres inconvenientes trazem CD´s sem marca contendo coisas tão inconvenientes quanto antes. Sem falar na péssima qualidade das gravações, sem normalização de volume, sem filtro de chiados e sem equalização. Verdadeiras merdas capazes de explodir seu aparelho de som antes da segunda faixa, sem falar na possibilidade de rebelião dos convidados.

Os 9 hábitos das pessoas que fazem festas eficazes:

1) Defina e avise previamente qual será o gênero musical da festa e selecione os convidados para tal. Esse é um excelente modo de você explicar para aquele merda do seu colega pagodeiro porque não o convidará, caso organizar uma festa regada à rock progressivo.

2) Chame um amigo que ninguém conheça que será o coordenador do som. Diga a todos que ele é um DJ tcheco, que não fala Português. Ele na verdade será mais um segurança armado pronto a assassinar o primeiro otário que chegar perto com um CD na mão ou abrir a boca para fazer pedidos musicais. Você pode ainda colocar uma plaquinha em cima do som: "Pedidos musicais: Rádio América, AM 1.400KHz, fone XXXX-XXXX".

3) Faça a lição de casa e, escolhida a mídia que tocará (CD convencional, MP3 ou direto do computador) monte suas playlists. Seja primoroso e separe os hits que combinam entre si, para não broxar os presentes tocando um techno a 140BPM e em seguida um bléquinho fubanga do 50 Cents com 80BPM. Isso provoca perturbações no sistema nervoso dos dançantes.

4) Se puder, destine um dos ambientes para dançar. Esse ambiente merecerá uma iluminaçãozinha piscante, ainda que improvisada. Se não tiver apetrechos adequados, qualquer casa de material elétrico vende lâmpadas coloridas de 40W com aquelas pastilhas pisca-pisca que são introduzidas nos soquetes. Em número suficiente - 10W por M³ de sala no mínimo - já dão um ar bacaninha.

5) Para garantir a isonomia do zelador do som tente fazer com que a aparelhagem fique em um plano menos acessível para os dançantes. Isso restringirá de fato os pentelhos e palpiteiros.

6) Fique atento: verifique se a música está agradando mesmo. Não há nada pior do que anfitrião que tenta empurrar à força seu gosto musical sobre todos. Se os convivas pararem de dançar de repente desconfie que a última virada de som foi ruim. Lasque um efeito especial ou então anuncie uma pequena pausa para o pessoal relaxar, enquanto corre para a outra playlist.

7) A potência do som tem que ser suficiente. O recomendável tecnicamente é 1W RMS por pessoa. RMS é a potência real contínua do aparelho. Ignore aquelas palhaçadas escritas nas caixas dos aparelhos atuais como "1.000W PMPO". Não sei quem foi o puto que inventou essa unidade, mas um aparelho com essa especificação não chega a 30W RMS que é suficiente apenas para 30 pessoas em ambiente fechado. A céu aberto, então ferrou: dobre a especificação para 2W RMS por pessoa.

8) O karaokê deve ser evitado a qualquer custo. A Interpol ainda está à procura de quem foi o fdp que inventou essa merda. Não há nada pior no mundo do que agüentar bêbado grunhindo ao microfone sobre um fundo musical de pianinho do Paraguai. Não basta os arquivos midi serem a destruição da boa música e o populacho ainda leva à risca o ditado "Quem canta seus males espanta". Vão cantar na pqp. Proíba terminantemente a instalação de aparelhos de qualquer marca, seja da Raf Eletronics®, Gradiente DVD-Okê™, ou do raio que o parta. Se necessário use a coerção física ou ainda o treizoitão que você esconde no seu guarda-roupas.

9) E, por último, não se acanhe: caso alguém tenha bebido demais e dane a assediar a todos na festa e ficar chacoalhando o CD vagabundo insistentemente para o DJ, convide-o a se retirar. Você não vai estragar sua festa por causa de um(a) bêbado(a) pentelho(a) mal-amado(a). Mande-o se tratar no AA ou no psiquiatra e voltar no ano que vem. Ou melhor, exclua-o da próxima lista.

domingo, 22 de abril de 2007

Bento XVI já se encontra no Brasil

Enquanto católicos, autoridades civis e equipes de reportagem se esforçam para fazer o melhor na visita do papa Bento XVI ao Brasil, a colaboradora secreta do Sem Sentido - SVS* - descobriu que o cardeal Ratzinger já se encontra no país, há pelo menos uma semana. Descansando das funções papais ele voltou a ser o bom e velho Joseph. Para não ser reconhecido, disfarçou-se de camponesa e está em um local retirado nas serras gaúchas. Ele não quis gravar entrevista mas permitiu apenas essa foto ao Sem Sentido, desde que não revelássemos o local.

In off Ratzinger nos disse que o clima do Brasil é agradabilíssimo e que ele trocaria a vida chata no Vaticano por um sítio no Rio Grande do Sul, onde a família Ratzinger possui parentes vinicultores. Ao ser perguntado sobre o que ele acha dos preparativos brazucas para a sua chegada oficial e compromissos católicos agendados, Joseph confidenciou que acha tudo isso um pé-no-saco e que nada é como tomar um chimarrão e apreciar uma costela de ripa na vala, degustando um bom vinho.

Até onde soubemos daqui a alguns dias as autoridades brasileiras e vaticanenses simularão a chegada do papa, utilizando-se de um dublê, que desfilará no papa-móvel. Por essa razão Bento XVI não concederá entrevistas logo de cara nem mesmo às emissoras católicas. Logo após a hospedagem oficial do papa o ator-dublê será substituído pelo verdadeiro cardeal Ratzinger e passará a cumprir o restante do protocolo. Suspeita-se que Ratzinger tenha planos secretos de estabelecer-se no Brasil, após a ida oficial do papa de volta à Roma. O papa continuaria a fazer suas proclamas e passar suas diretrizes através da internet e só iria ao Vaticano para uns poucos compromissos oficiais.

Este foi mais um serviço de utilidade pública do Sem-Sentido, em primeiríssima mão, com um furo de reportagem exclusivo.

* SVS é filósofa, teóloga e leciona em um colégio católico em Sampa.
Por questões estratégicas sua identidade não pode ser revelada.
O Sem-Sentido agradece mais essa preciosa colaboração.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Boogie oogie oogie

Essa noite que passou, o tio e a tia darling terceirizaram a zeladoria da caçula com o filho mais velho e se mandaram para chacoalhar os esqueletos. O local escolhido foi a Boogie Disco. A casa é muito bem decorada, iluminada e sonorizada. Idem com relação à discotecagem e a freqüência. Para quem sobreviveu ao Cabral na festa do Energia na Véia, dá para tirar de letra. Ocorre que a fauna noturna de Sampa é caracterizada por seres que oscilam entre o desconstrutivismo contexutal e o bizarrismo-neo-90´s, o que expliquei no post abaixo. Na mesma balada é possível ver um cara de terno e gravata e outro do lado com um colete decorado por 648465485465 leds piscantes. Só aqui mesmo. Por isso amo esta cidade.

O DJ foi perfeito. Eu só diria que fez um som um pouco pasteurizado, pois tivemos a sensação de estarmos dançando a mesma música a noite toda. Era daquela técnica de segurar os hits com um beat de fundo que fazia "cama" para praticamente todas as viradas. Se fica confortável para quem está dançando em estilo passinhos, por outro lado tira um pouco da surpresa do fade in/off. Mas longe de mim criticá-lo por isso. É apenas uma técnica, dentre as tantas possíveis.

Os preços, como em quase todo lugar onde pode se ir à noite em Sampa, poderiam ser mais honestos no que diz respeito ao consumo. Senão verifique:

- A entrada na casa, colocando o nome na lista previamente: R$13,00 (tias) e R$20,00 (tios). Até aqui está de bom tamanho.

- Um drink médio: R$13,00. Não parece muito para um drink preparado por um bar-tender. Mas pondere o fato de que mais da metade de um copo de 300ml vem preenchido com... gelo. Água congelada por R$25,00 o litro/Kg é uma afronta e um desrespeito ao consumidor. Faça a conta e conclua você mesmo.

- Uma Smirnoff Ice 350ml, rótulo vermelho: R$10,40. Sacanagem. Essa coisa custa na distribuidora R$1,80. No varejo encontramos no máximo por R$2,50. Aí entra a mais-valia que Marx desvendou.

- Uma cerveja Skol Beats ou similar (long neck): R$6,50. Cara, mas menos mau. Ninguém morre por isso. Exceto os caras que bebem 16046464097 cervejas por noite. Danem-se eles.

Nesse ritmo, o casal de tios aqui que bebe pouco gastou facinho R$85,00 entre ingressos e consumo de bebidas, pois não comemos nada nem ninguém por lá. Aí quando a recepcionista me deu a conta percebi um sutil ítem ao final chamado "serviço de mesa". Os tais 10% adicionados ao total consumido. Considerando que nos servimos no balcão do bar, imediatamente mandei subtrair o valor. Recomendo a todos fazerem o mesmo, ainda que ocupem mesa. Os preços exorbitantes já devem incluir a remuneração dos garçons.

Nota ZERO para o banheiro. No mesanino eu não sei, mas no térreo encontramos apenas dois e não havia indicações de feminino e o masculino. Durante a noitada sequer um mísero faxineiro faz a manutenção. Portanto somada a não-conservação à porquice tradicional dos freqüentadores de banheiros públicos, era dificultoso entrar no recinto em meio à pilha de papéis sujos, o cheiro fétido e o chão ensopado. Um verdadeiro nojo.

Estacionamento a casa não tem. O cliente fica refém de espeluncas ostentando placas de estacionamento ou dos gângsters do sistema Vallet-Park. Para quem não é de Sampa e não conhece esse modal de extorção, os serviços Vallet são aqueles que põem manobristas nas portas das casas noturnas e cobram entre dez e quinze reais pelo estacionamento. Só que seu carro em 99,9% das vezes fica na rua, incluindo locais de estacionamento proibido, canteiros e calçadas de pedestres.

Finalmente é como sugeri no preâmbulo: tirando a parte ruim a Boogie é uma boa casa. Lamentável apenas que tive que ir embora mais cedo do que queria, porque estava sofrendo de asfixia (asmático é a putaquetepariu, antes que alguém o diga). Meus pulmões exigem que a mistura de O2 e CO2 esteja nos índices mínimos recomendados pela OMS. Com Nove partes de fumaça de cigarro para uma de ar, respirar passa a ser impraticável. A Souza Cruz deveria inventar um tipo de nicotina injetável ou ingerível. Serviria para esses fumantes se matarem sem poluir o ar de outras pessoas que não têm anseios de desenvolver câncer. Aliás supositórios contendo fumaça e do tamanho de charutos parecem ser uma boa idéia para administrar fumaça e nicotina por via retal neles.

Preserve a fauna

Eis a fauna que pude ver e catalogar na Boogie:

O pavão-clubber defasado
Meu Deus, o que era aquele cara com óculos Mojave® e suéter mostarda com gola olímpica? Juro que não bebi mais do que dois ou três drinks. Eu o vi mesmo. Já que ele escolheu os simpáticos óculos, podia tê-lo montado com lentes que não fossem amarelo âmbar. Se bem entendi ele quis combinar as lentes com a suéter, no melhor estilo tom sobre tom.

Os macacos-prego
Esses tipos de seres que habitam as estepes e prados das pistas caracterizam-se por uma postura que ultrapassa o narcisismo. Eles agem assim: quando a música está no auge e cada milímetro da pista é disputado por seres chacoalhantes, os macacos-prego pegam uma bebida, caminham para o ponto mais movimentado e lá páram. Ficam estáticos ocupando um precioso meio-metro quadrado de chão e de iluminação para apenas não dançar. Ficam inertes. Imaginei por um momento que fossem performers de estátua-viva pagos pela casa. Mas também achei que poderiam ter ficado em pé no meio da sala da casa deles, porque ao menos não ocupariam nosso espaço escasso.

Os falcões
Eles voam em bandos de quatro ou cinco. Por estarem sempre em grupos de machos é presumível que tenham dificuldades para acasalamento. À cada balada tentam obter uma presa feminina para tal. Só tentam, porque nenhuma mulher que se preze se sente atraída por um macho que só vive cercado de machos. Seus habitats são as beiras das pistas e os mesaninos, de ondem ficam mirando suas presas, mas sem nunca conseguir capturá-las. Estranho é o fato de que apesar de não conseguirem se reproduzir, os falcões não sejam extintos. Devem ser hermafroditas.

O Tony-Manero-que-não-deu-certo
Esse espécime é nascido por volta de 1960. Portanto ele tinha cerca de dezessete anos quando "The Saturday Night Fever" e a discoteca estouraram. Ele queria ser John Travolta, mas seus pais mandaram o vagabundo trabalhar e parar com aquela palhaçada de dançar na sala de casa. No terceiro milênio, já divorciado e beirando os cinqüenta anos, o Tony-Manero-que-não-deu-certo costuma aterrisar nas pistas aproveitando-se da onda revival. Basta o DJ mandar qualquer hit dos Bee-Gees ou do Tavares que ele se transforma, imitando a coreografia Travoltiana no meio da pista. Alguém precisa dizer para ele que não se dança mais com aqueles gestos de um braço para cima e outro para baixo com os indicadores em riste e fazendo biquinho. Tudo culpa dos pais dele. Freud explica.

A tia fatal
Ah, a tia fatal. Na verdade ela é ex-mulher do Toni-Manero-que-não-deu-certo. À quinquagésima primavera, resolve do nada que tem que pôr piercing no umbigo, fazer uma tatuagem na cervical e colocar roupinhas que... digamos assim... ficam bem desde que em jovens de 18 anos que não freqüentam fast-food. A tia fatal lança olhares irresistíveis - na opinião isenta dela - aos twenties. Como eles ficam vigiando ela prontos para zarpar caso ela se aproxime, ela acredita que eles estão dando bola. Na segunda-feira, na repartição pública, a tia fatal conta para as amigas - todas concursadas em 1980 - que arrasou na balada. Apenas não comeu e nem foi comida. Mas isso é só um detalhe.

O ginecologista de pista
O serviço de segurança interna da Boogie me pareceu bom. As hostees, alguns garçons e os seguranças todos portam walkie-talkies tendo-os sempre à mão. O ginecologista de pista é aquele segurança tipo Men-in-black, que fica no meião dos chacoalhantes. Ele permanece quase imóvel, se revesando entre uma fala no talkie e a observação de tudo à volta com olhos de lince. Que profissãozinha do cacete! Trabalhar no meio do bem-bom sem poder fazer uma graça nem ao menos sorrir deve ser uma merda. Típica vida de ginecologista.

A gordinha sex-symbol
A falta de solidariedade entre as pessoas me decepciona. Alguém precisa dizer para aquelas gordinhas que ficam fazendo performance no mesaninos que mulheres com coxas com doze polegadas de diâmetro não ficam bem de microssaia muito menos com blusinhas tomara-que-caia coladas. Tudo bem que é pouco provável que as blusinhas caiam. Os tecidos mais elásticos desenvolvidos pela Rhodia™ são incapazes de esticarem a ponto de ultrapassarem seios tamanho 54. Mas ainda que ignoremos as saias e as blusinhas, pelo menos elas podiam tentar dançar sem dedinho na boca. Imagine a cena que vi e adicione cabelos tingidos de loiro com sombrancelhas pretas e entenderá porque as critico tanto.

O tiozão-do-churrasco
Ê tiozão! O tiozão do churrasco estava lá também. Camisa babylook estampada, com sua singela barriguinha de cerveja que o obriga a comprar calças na Varca®. O tiozão do churrasco deve ter tido uma noite de alforria e saiu a milhão para a primeira boite que encontrou. Sua imensa calva até ajudou na iluminação da pista com efeito reflexivo. Contudo ele ficou se mexendo fora do ritmo da música o que não incomodava a ninguém. Apenas ele podia tentar caçar alguma mulher mais do número dele, ao invés de ficar cobiçando as poucas ninfetonas que estavam na Boogie. Não fica bem. Vai que ele chama alguma passante de "princesinha" e ela se vira e pergunta: "Pai, o que o senhor está fazendo aqui?" Mas ele merece nosso respeito, pois se é navalha na pista e não come ninguém no sábado, no domingo prepara um churrascão imbatível.

A aniversariante
Essa espécime noturna da galera nunca falta em baladas e bares. A que vimos no bar era uma moça magrinha e trajava uma blusa tipo gueixa. Com sorriso de plástico, soltava gritinhos histéricos sempre que chegava algum convidado e fazia uma pose de celebridade digna da banheira de Caras®. Francamente, não há nada tão impessoal, artificial e desintegrador do que aniversário em barzinho ou danceteria. Primeiro isso quer dizer que o(a) aniversariante é pão-duro e monta festinha às expensas da economia alheia e do bolo que a casa oferece. Pô, que custa comprar uns lanches de metro, um bolo gostoso na rotisseria e receber os convivas em casa? De mais a mais, em baladas e barzinhos é quase impossível conversar em grupo. Então esse tipo de aniversário acaba se fracionando em dez ou doze micro-festinhas. Mas não adiantaria eu falar mesmo. A aniversariante ficou lá como se fosse a rainha do Nilo e não pôs um puto do bolso.

Os anciãos da tribo
Na Boogie, ao lado da escadaria que leva ao mesanino há um cubículo que por pouco não parecia destinado a encontros íntimos. Não imagino o que uma pessoa que vai a uma balada poderia fazer de bom naquele espaço minúsculo e longe da pista, além de dar uns bons amassos. Mas lá estavam, junto com outra aniversariante, um casal de vovozinhos com cerca de setenta anos (de matrimônio). Pobrezinhos devem ter sido arrastados de casa pela neta pentelha, que insistiu que o aniversário tinha que ser lá e não abria mão dos avós na festa. Sem comentários. Deveria haver patrulha do Conselho Tutelar para verificar maus-tratos com velhinhos.

A fauna baladística paulistana é adorável. Daqui eu não saio nunca.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Caso você tenha lido o post anterior e não se lembre

Como fazer um tio crianção feliz

Esta manhã, como habitualmente, o tio escutava pelo rádio do carro o programa de flashbacks Energia na Véia, da rádio 97,7FM de Sampa. Estávamos eu e a tia darling durante o trajeto para a labuta. Ela dirigia, porque o tio tomou um tombo ontem e tirou um braço fora do lugar (mas já está tudo bem).

Vamos ao que interessa: Eis que o apresentador Sílvio Ribeiro anunciou que o prêmio do dia era nada mais nada menos que uma miniatura Match-5 com um boneco do Speed Racer dentro. Decidi que ao chegar em minha choupana de negócios eu mandaria meu singelo e-mail para concorrer. Não custa arriscar né? E fi-lo.

Entonces, há poucos minutos o adorável, competente, profissionalíssimo e sobretudo justo e correto apresentador acaba de anuncar o ganhador: ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Tio Xavier. Não é sensacional? Agora pergunte se eu vou trabalhar esta manhã ou já estou de saída para retirar meu prêmio.

A propósito: FUUUUUUUUUUUUUUUUI.

domingo, 1 de abril de 2007

Second Life

Não é que eu nunca tenha jogado nada no pc. Joguei e muito. O tio é do tempo em que jogo de ação era Wolfestein Castle e depois veio o sensacional Wolf3D. Só que meu espírito imediatista exige que esse tipo de atividade lúdica surta resultados a cada rodada. E tome jogo de tiroteio. No Playstation® tivemos em casa a trilogia de Die Hard e meu preferido foi o episódio do aeroporto, cujas cenas se movimentavam sozinhas e era só mandar bala nos maus. Tanto que comprei uma pistola para atirar com afinco nos terroristas malfeitores. Mas é como eu falei acima, sempre com um objetivo imediato. No caso, colecionar terroristas mortos era bem legal. Ainda vieram depois os do 007 e tantos outros. Também havia uns de corrida de moto como o Road Rash, com o qual eu me diverti muito chutando policiais e adversários. O último jogo que curti foi a primeira versão de Duke Nukem que só recentemente descobri que já tem um emulador para pc. Talvez eu o baixe. E compre um joystick para meu pc, claro.

Recentemente tenho lido coisas sobre o tal de Second Life. Mas não consigo entender como é que uma pessoa pode passar tanto tempo online jogando uma coisa daquelas. Eu até ameacei entrar para ver do que se tratava. Fui cadastrando, confirmando até que vi que teria que instalar um software internamente para compartilhar da jogatina online. Abortei. Na verdade eu penso que minha First-Unique Life já me toma tempo suficiente. Não é fácil tocar uma micro-empresa, cultivar as poucas e seletas amizades que mantenho, cuidar da família, mais recentemente lecionar, manter este blog atualizado, administrar as contas pessoais e ainda manter um nível de lazer e parceria com a esposa para não deixar a peteca cair. Isso fora os dois perfis verdadeiros e os três fakes que mantenho no Orkut. As sucessivas telas de cadastro do SL me propiciaram tempo para pensar nisso. Sorte minha.

O mesmo digo a respeito de seriados e novelas. Sem entrar no mérito do conteúdo, afinal até há coisas boas, a outra coisa impensável para o tio é condicionar-se a uma rotina pré-estabelecida, em função de um programa de TV. Os marqueteiros que tentarem me fidelizar através de propagandas e merchan em seriados podem ir tirando o cavalinho da chuva. E conheço uma série de pessoas que compartilham dessa idéia comigo. Não me parece haver coisa mais chata do que assistir a algo aos pedaços e ficar naquela ansiedade lascada para ver a seqüência. Isso quando as emissoras não resolvem mudar a grade da noite para o dia, deixando os fãs órfãos. Filme para mim tem que começar e terminar. O máximo que tolero é algo em episódios finitos e desconexos. Narrações que comecem e terminem sem necessariamente lançar premissas para os próximas. Por isso também é raro eu me interessar por trilogias. Quando muito, depois que viraram "carne de vaca" eu alugo os episódios de uma só vez os debulho em um mesmo fim-de-semana. De preferência no mesmo dia, porque se ficarem para o dia seguinte correm o risco de perderem a vaga para um churrasco, uma piscina, um encontro de amigos ou qualquer outro tipo de lazer real.

Pena que haja gente que leve as segundas vidas virtuais e os seriados tão a sério. Na maioria gente jovem, em idades que na minha época me faziam preferir beber, comer e fazer sexo. Ainda prefiro hoje, inclusive. É possível que o lazer pessoal esteja ficando cada vez pior. Second Life, unhappy lives.