sábado, 28 de julho de 2007

Anvs horoscopvs penis est

De vez em quando eu leio o horóscopo de alguma publicação que me cai às mãos. Do fundo do meu intelecto e de meu espírito, me recuso a tentar entender qual seria a conexão entre órbitas estelares e a vidinha medíocre que levamos aqui na espaçonave azul. O máximo que posso tentar pensar é que possam, talvez, haver características de personalidade influenciadas por sei-lá-o-quê conforme ciclos lunares e solares. Mesmo assim acho Astrologia e comportamentos dos signos não muito mais que um bom papo pra cantar a mulherada. Passatempo este que abandonei há mais de uma década - faço questão de ressaltar - .

Hoje eu estava a realizar minhas atividades orgânicas matinais, de dispensa de alimentos digeridos e não-aproveitados. Foi quando vi o exemplar de ontem de O Estadão, que o meu culto filho postiço assinou. Peguei logo o Caderno 2. Ao menos tem quadrinhos, diversão e dicas para lazer. O resto é chato demais e suja as mãos. A propósito, quando será vão inventar uma tinta e um papel que se fixem bem? Ô trocinho que suja as mãos é o jornal. Sem falar no formato desajeitado. Não sei também por que razão não adotam o tablóide, que é bem mais ajeitável. Mas voltemos ao tema astrológico.

Já ouviu falar que dá azar ler horóscopo atrasado? Muita gente diz isso. Mas o tio Xavier desmascara mais esse mito urbano. It´s easy: como alguns astrólogos arriscam-se no obscuro e espinhoso caminho das previsões, essa máxima foi elaborada pela própria AIAEG*. Imagine só se você lesse um horóscopo do ano passado e lá dissesse que você estava no período mais cagado na sua vida. Que se você gostar de mulher e chovesse Ana Hickman, cairia um Adilson Maguila em cima de você. Se você sonhasse com o Keanu Reaves, a Marlene Matos iria com um carro de loucuras de amor esgoelar que te ama, na porta da sua casa. Aí você pegaria a agenda do ano passado, só para lembrar das ocorrências. Descobriria que no exato dia em que o tapeador escreveu essa abobrinha, você conheceu a pessoa mais maravilhosa da sua vida, se formou, ou ainda arranjou um trampo decente e bem remunerado. Por análise post-mortem, a picaretagem seria desmascarada. Entendeu? É por isso que dizem por aí que não se deve ler horóscopo atrasado. Bobagem. Você não deve ler nem o atrasado, nem o do dia, nem nenhum. Mas há astrólogos mais incautos que dão previsões. Outros mais experientes e precavidos jogam bombas de fumaça.

Estadão de 27/07/2007, Caderno 2, página D4. Depois de um texto de preâmbulo, o famoso astrólogo Oscar Quiroga lista seus preceitos para cada um dos signos do Zodíaco. No signo atribuído ao tio reza-se o seguinte:
"As alianças não são estáveis, pois as pessoas andam confusas o suficiente para não conseguirem reconhecer o que, de verdade, seria melhor, não apenas para elas em particular, mas para todas em conjunto. Assim andam as coisas!" (O.Q.)
Conseguiu captar a profundidade e aplicabilidade do enunciado acima? Não? Nem eu. Vai escrever lero-lero assim com o ânus em Touro, Lua em Saturno e o Sol em Capricórnio. O cara ainda deve ganhar uma baita grana para isso. Além de prestar consultoria para gente célebre e endinheirada.

Eu é que sou um covarde mesmo. Preciso comprar meu turbante urgente.

* Associação Internacional dos Astrólogos e Embusteiros em Geral

Agradecimentos ao publicitário Carlos Romero, pela montagem fotográfica.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Fila é prá jacú - II: O Retorno

Poucas coisas são mais irritantes do que as filas. Sobretudo filas pra fazer algo pelo qual estamos pagando. Sinceramente penso que, uma vez que estamos pagando por algo, o prestador devia vir buscar o serviço em nossa mesa e trazer prontinho junto um café quente com pães-de-queijo.

Eu uso com muita freqüência os serviços dos Correios. É a empresa de Logística mais eficiente que há. Mas as filas nas agências me causam náusea. Agora inventaram a fila informatizada. Espalharam cadeiras por todo o salão, colocaram uma impressora de senhas na entrada e painéis que exibem os números de chamada. Então os resignados usuários pagantes - nós - nos sentamos nas cadeiras estofadas e até cochilamos nas demoras absurdas, que podem durar até cinqüenta minutos ou mais.

Recentemente, de saco cheio de gastar meus preciosos minutos com esse afazer e imbuído de um espírito totalmente sociológico, fiquei observando as filas, as chamadas e o comportamento das pessoas. Percebi que alguns números chamados não resultavam na ida de nenhum cliente ao guichê indicado. Analisei também que pessoas tiram números na maquininha e, depois de algum tempo, desistem da demora e se mandam. Portanto, quando chega a vez do dito cujo, o sistema de chamada indica a senha mas não tem cliente. Não tinha. Essa foi minha grande descoberta...

Observei que os caixa dos Correios não pegam os papeizinhos das senhas para conferência do número atendido. A oportunidade de ouro estava bem diante dos meus olhos. Bastaria perceber rapidamente quando o número chamado é de um desistente e tomar o lugar dele. Não é sacanagem. É uma espécie de doação póstuma de vaga. O doador não está lá, mas o atendente do balcão também não está preocupado com isso. Ele só tem que registrar que atendeu, para fins estatísticos de produtividade. E meu principal intuito nesse caso é colaborar com a produtividade dele.

Hoje, por exempo, eu estava com a senha D436. Olhei no painel e, para meu desolamento, estava no D399. Fora que tem três outras letras que são chamadas, com outras seqüências. Pois graças à minha perspicácia científica herdei o lugar do D405, que havia desistido de esperar. Levantei-me rapidamente e fui ao guichê indicado. Desse modo, em menos de cinco minutos garanti um lugar vip na fila. Não é sensacional?

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Classe média, papagaio de todo telejornal...

A classe média é capaz de protagonizar situações ridículas como nenhuma outra. No quesito manifestação decente estará sempre a anos-luz do proletariado. Digo isso com conhecimento de causa de quem participou de diversas manifestações legítimas e populares. Foram por causas mais que justas: salários dos professores, habitação popular, transporte público, hospital na periferia, coisas assim. Tudo bem que algumas que foram dispersadas por homens fardados montados em bem-cuidados quadrúpedes. Mas foram uma baita escola de vida e cidadania.

Agora é fim de férias. John Lennon diria: "The dream is over" aos fanfarrões com cartão de crédito no rotativo. Chega de praia nordestina, acabou o Hoppi-Hari, vamos voltar de Cabo Frio. Todos sabemos de longa data que estamos em colapso aéreo. A frota de aeronaves se multiplicou nos últimos quinze anos e nem um milímetro de aeroporto decente foi construído nesse meio-tempo. Todos sabemos. E sob essas circunstâncias a sugestão da ministra-sexóloga faz sentido como nunca. Vai demorar três dias para voltar da Bahia? Relaxa e goza. Vai no meio do saguão, põe o CD vagabundo de axé que comprou em Porto Seguro pra rodar no boombox contrabandeado, balança a bundinha e o tererê.

E, por ser fim de férias, nossa faceta medíocre da infraestrutura de cabotagem aparece com cores puras. Aí estão as filas de check-in de vôos não confirmados. Ao ligar no noticiário noturno da TV somos obrigados a ver o repeteco das matérias do início de julho, quando os jovens coradinhos e seus pais de cabelos tingidos faziam os ridículos protestos nos balcões das companhias aéreas, mostrando toda torpidez de sua má-educação em cima dos inocentes funcionários. É meu amigo, não foi a pobre moça do balcão que fez a presepada chegar onde chegou, viu?

É interessante notar que essa classe média, aspirante a emergente não tem vocação nenhuma para ser elite. São apenas barraqueiros de mau-gosto e arrogância desmedida, mas que ganham acima de dez salários-mínimos, pagam leasing de seus carros flex e rodam a fatura do cartão de crédito pagando o mínimo. Nas suas festinhas em buffets bonitos dançam ao som de funk-podre e abaixam vulgarmente os traseiros até o chão. Com o dedinho na boca, claro. Só que consomem desenfreadamente. E justamente por isso são endeusados pela mídia, que é sustentada pelos anunciantes dos produtos que os trouxas grosseiros - mas ressalte-se com cartão de crédito - consomem com furor.

Agora estamos sob a comoção do grandioso e trágico acidente aéreo em Sampa. Acidentes aéreos matam muito menos do que os seus primos pobres, os acidentes rodoviários. Inclusive menos do que as centenas de acidentes de trânsito urbano. Mas são espetaculares e proporcionam um bom material para a mídia noticiosa a custo relativamente baixo. Entenda: cobrir cem acidentes em um feriadão nas estradas requer uma logística numerosa de equipes e equipamentos, transmissão e edição. Mas colocar o melhor jornalista com uma unidade 24 x 7 em frente Congonhas é infinitamente mais barato e atrai uma audiência enorme. Uma simples questão de "ganho de escala", se diria no idioma administrês.
Sérgio Lima / Folha Imagem. Folha Online
That´s all, classe média. Continuem protagonizando seus patéticos chiliques nos saguões dos aeroportos. Toquem pagode, esbravejem. Usem faixas e megafones. A mídia precisa de vocês. Panis et circenses. Vocês fazem este último como ninguém. E ainda pagam por isso.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Transformer da periferia

Esta bela imagem foi enviada pelo meu caro amigo Rodrigão. O elemento retratado é criativo e ecológico, pois reciclou materiais descartados para o traje.

A idéia, se aplicada corretamente, pode contribuir também com a distribuição de renda. Basta mudar a arma de brinquedo por um bom trezoitão esmerilhado.

É como eu sempre digo: este país só não progride porque não tem Governo.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

The cu

Já dizia um velho deitado que "se cunhado fosse bom não começava com cu". Hoje o distinto marido da minha única irmã resolveu me telefonar às sete da madrugada. Não que eu já não estivesse em pé a essa hora. Mas isso não são horas de ligar para a casa dos outros e não gosto de ouvir voz humana logo cedo. O que ele queria era aparentemente simples: minha furadeira emprestada. E que eu a levasse para o meu escritório que ele passaria lá para pegá-la.

Vamos aos detalhes significativos:

- Minha furadeira é de marca renomada e modelo plus. Tem acelerador gradual no gatilho, torque regulável e giro reverso. Ganhei-a de presente de um amigo e ela custa em torno de quatrocentos e cinqüenta reais. Uma verdadeira jóia.

- Costumo guardar minhas ferramentas limpas, em caixas apropriadas e, se necessário, com fios e acessórios presos.

- O cunhado em questão é um ser do mais relaxado que se pode imaginar. O porta-malas do carro dele se parece com a caçamba do "Cata Bagulho" da prefeitura. Suas ferramentas ficam espalhadas entre os cômodos da casa onde mora, outro tanto no carro, outro tanto no galpão da empresa dele e outro tanto nem Deus consegue localizar.

- O ser em referência trabalha com peões de montagem, que não sabem a diferença entre um serrote e uma faca de cozinha. São igualmente relaxados e, com o exemplo do patrão, devem superá-lo em alguns quesitos.

- O trabalho do cidadão pode necessitar algumas vezes de perfurar superfícies e paredes de material imprevisível. De uma madeira em decomposição a uma rocha de granito maciço.

Não preciso dizer mais nada para explicar minha relutância em emprestar minha super-hiper-furadeira-plus para uma criatura dessa. Fui para o trabalho decidido a fazer outra coisa. Eu compraria uma furadeira vagabunda de cinqüenta reais e daria a ele. Era uma forma de preservar minha preciosa ferramenta e dizer a ele algo como "porra, sua montadora de merda não tem cinqüenta paus pra comprar uma furadeira?". E assim o fiz. A máquina custou o exato valor almejado e trouxe-a para o escritório, aguardando o mala aparecer. Mas aí o telefone toca.

- Ô meu, lembrou da furadeira?

- Ahã.

- Então... eu acabei resolvendo por aqui. Arranjei uma emprestada.

Começo a pensar rápido.

- Porra, emprestada? - Agora, mais puto, procuro uma forma de recuperar minha grana - Eu achei uma do lado do meu escritório. Boazinha. Sessenta paus.

- Achou? Hum... Então sei lá. Que marca é?

- Marca? Essas furadeiras comuns são todas iguais. Toma vergonha na cara! Vou buscar e você pega aqui à tarde. Mas me traz a grana hein?

- Tá legal então. Eu levo um cheque. Só tem uma coisa.

- O quê?

- Tem que ser 220V.

Liguei para a loja e os cornos não a têm em 220V pra trocar. Agora me digam: devo furar a testa do cunhado com uma broca de 6mm ou de 8mm?

Em tempo: já vou me postar atrás da porta para ele não ter tempo de reagir.

Regra-mór da Informática

"Se está funcionando, não mexa". Incrivelmente boa parte das pessoas ignora esse postulado de ouro.

Depois de amargarmos telefonemas raivosos, reuniões intermináveis e investigações de campo quase sem resultado, um sistema nosso recém-implantado em um cliente finalmente estabilizou. Trata-se de uma parafernalha complexa que envolve transmissão de dados por rádio-freqüência, dispositivos portáteis, conexões com um banco de dados que não é nosso e outra série de coisas que não vem ao caso listar.

Ocorre que o projeto estava devidamente pago, mas atrasado de nossa parte. E ainda diz respeito à atividade principal de nosso cliente. Por isso, cada vez que o treco travava era acionado o único plano de contingência possível: papel, prancheta e caneta Bic. Dessa forma o faturamento do cliente atrasava no pior do efeito cascata. Já deu pra sacar o impacto dessa coisa, sempre na bunda do tio.

Enfim, na última sexta-feira, orientado pelos meus caros técnicos, passei alguns procedimentos informáticos para o cliente. Por esgotamento, o nosso critério já estava na metodologia lotérica. Feito tudo na sexta mesmo, parece que a coisa começou a entrar nos trilhos. Ontem visitei esse cliente pela manhã e fui recebido com sorrisos, chocolate quente e biscoitos, sinal de que as coisas tinham melhorado de fato. Conversei com um dos operários, que já portava um dos trecos portáteis que vendemos, e ele me testemunhou que há dois dias seguidos tinham batido a meta de zerar todos os pedidos até final do expediente, sem extras. Suspirei com alívio. Ao final da rápida reunião me mandei, bem mais tranqüilo.

E ontem mesmo, no fim da tarde, depois daquele ridículo ocorrido no shopping, voltei para o meu escritório e telefonei para o profissional responsável pela parte de rádio-freqüência no projeto.

- Alô, Robert* tudo bem?

- Oi tio, tudo bem. Como foi lá no cliente hoje? Como estão as coisas por lá?


- Não podia ser melhor. O troço está estável. Estão separando os pedidos sem maiores problemas.

- Mas o que foi que resolveu de fato? Foi a troca da antena ou a supressão da criptografia?

- Que importa? Nem dá pra saber. Eles fizeram tudo que mandamos na sexta passada e funcionou.

- Mas precisamos saber o que foi que resolveu.

- Pra quê, cara-pálida? Eles trocaram a bosta da antena e zeraram a criptografia. Pronto, funcionou e o cliente está feliz e produzindo. Hello babe, tá fun-ci-o-nan-doooo.

- Mas assim não dá pra saber pra colocar no laudo.

- Coloca as duas coisas na porcaria do laudo e explica no que ajuda cada uma delas.

- Ah, não é legal isso. Melhor testar para ter certeza de o quê foi que resolveu.

- Testar? Como assim, Robert*?

- Testar é testar, ora. Destrocamos a antena e vemos o que acontece. Depois recolocamos a antena nova e estornamos a criptografia. Aí ficamos observando as ocorrências em cada um dos testes e pelos resultados tabulados chegamos a uma conclusão.

- Você não tá falando sério, né?

- Mas tio, precisamos de fechar o laudo com precisão.


Nesse momento meu tom de voz subiu para tons muito acima das recomendações do Conselho Nacional de Otorrinolaringologia:

- CARA, SE VOCÊ PISAR LÁ, PEGAR UMA ESCADA E AMEAÇAR CHEGAR PERTO DA INSTALAÇÃO, EU MESMO TE DESPENCO LÁ DE CIMA. E QUANDO VOCÊ CAIR NO CHÃO TE DOU DOIS TIROS, PRA GARANTIR QUE NÃO VAI TENTAR DE NOVO!

- Caramba, tio! Tá nervoso?

Desliguei o telefone.

Alguém aí pode explicar para esse profissional? Obrigado.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Shopping Internacional, (des)serviço de província

Tarde fria e com pancadas de chuva repentinas. Após um pequeno encontro de negócios que marquei no Internacional Shopping em Guarulhos, caminho até onde estacionei meu carro. De longe já vi que tinha esquecido os faróis acesos. E tendo me ausentado por duas horas, era quase certo que a bateria tinha ido pro saco.

Depois de apagar os faróis, tento fazê-lo pegar em vão. A bateria não tinha mais força para funcionar um radinho de pilha, quanto menos o motor de arranque do carro. Procuro um segurança, explico o ocorrido e pergunto se há socorrista no shopping. Para minha surpresa o rapaz diz que sim e que eu poderia solicitá-lo no guichê de pagamento do estacionamento. Tudo certo até então. Ao menos foi o que eu pensei.

- Moça, esqueci os faróis ligados e a bateria do carro arriou. Você pode me chamar o socorrista?

- Seu carro está onde?

- Bem ali - eu o tinha estacionado a pouco mais de dez metros do guichê - .

- Bem que eu tinha visto mesmo. Até comentei com a minha colega. Não sei como não chamaram o senhor pelo sistema de som - pega o interfone - alô, por favor, você pode vir aqui? O tio Xavier está com o carro sem partida. Como? Ah... entendi. Vou falar com ele. Tio, o senhor tem uma outra bateria para ligar o carro?

- Olha, seu eu tivesse outra bateria não teria pedido socorro. De mais a mais por que alguém carregaria uma bateria extra no carro?

- É que o socorrista tá falando que ele só tem o cabo de ligação. E precisaria de uma bateria pra ligar, mas ele não tem.

- Porra, mas cabo é o de menos. Até aqui no supermercado Extra deve ter, por uns quinze reais. O que eu preciso é de bateria.

- O senhor não tem algum conhecido para chamar?

- Como assim? Eu conheço vocês. Entrei no shopping, gastei dinheiro lá dentro e ainda paguei o estacionamento. Vocês são meus conhecidos e em um lugar deste tamanho e pago, tem que ter um socorro, no mínimo.

- O seu carro pode ser empurrado para dar um tranco?

- Não sei. Mas acho que não tem nenhum problema. Chama o cazzo do motoqueiro então pra vir empurrar.

- Alô, socorrista? Pode vir aqui pra empurrar o carro do tio? Como? Ahn... certo. Vou falar com ele. Viu tio, ele não pode vir agora. Ele sugeriu para o senhor pedir ajuda para alguma pessoa.

- Ah, claro! Há que ser uma pessoa pra me ajudar. As antas e os jumentos estão se mostrando incapazes. Um momento, que deve ter alguém que mande nesta bosta. Vou lá dentro e descubro já. Agüenta aí.

Saí decidido a mediunizar o cabloco Norris na gerência do shopping. Mas já haviam se passado dez minutos de quando decidi procurar ajuda. Dei uma chance pra bateria do carro e fui até ele. Virei a chave e ele, mesmo sem muita força, acabou pegando. Eu tinha uma porção de coisas para fazer e resolvi não dar cursos de atendimento a clientes para um bando de idiotas.

Já sabe agora: se for a esse estabelecimento e precisar de socorro, vá logo recebendo o caboclo Norris. Ou chame o socorro da sua seguradora. Porque no shopping de Guarulhos, sorry babe.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

The real second life

Esta linda tela que você pode ver abaixo é do meu Kurumin Linux, o qual estou a usar no momento desta postagem.


FAQ - Frequently Asked Questions


Tio, foi difícil instalar?
- De jeito nenhum, meu caro. Apenas coloquei o cd na gaveta do micro e iniciei a máquina.

E o que acontece na inicialização?
- O sistema operacional "sobe" e permite de imediato ao tio realizar qualquer tipo de operação antes feitas com o ruindols do Bill Gates.

Mas e os drivers de vídeo, som, mouse, teclado, etc.?
- Olha amigo nem sei o que é isso. Ele conectou tudo de primeira sem fazer uma única pergunta.

E ele conectou a internet?
- Não. Este post está sendo feito com recursos mediúnicos.

Você sempre tem que colocar o CD para ele rodar?
- De maneira alguma. Eu rodei a opção "instalar o Kurumin no HD" e selecionei uma pequena área do HD que eu havia deixado livre para esse fim.

Mas então você destruiu o Windows?
- Não, mas apenas porque eu não quis . O Linux Kurumin instalou facinho uma opção de dual-boot para que eu decida com qual sistema operacional trabalharei doravante, sempre que iniciar o micro.

E as partições NTFS onde estão seus arquivos de trabalho e lazer, que você gerou com o Windows?
- O Kurumin enxergou-as sem que eu nada fizesse. Permite-me ler, editar e gravar os meus antigo arquivos nessa partição, como se fossem dele. Ao contrário do sistema do Bill Gates que só enxerga as suas próprias partições.

Como ele é vendido? Custou caro?
- Ele está disponível GRATUITAMENTE na internet. Mas eu optei por comprar um CD no Baixaki por míseros vinte reais, por comodidade. E posso instalá-lo e executá-lo onde eu quiser.

Quais são os aplicativos que vem com ele?
- Não dá pra contar. Mas praticamente tudo o que eu uso no cotidiano: OpenOfficeBR, o navegador Firefox, Kopete - que é um comunicador instantâneo compatível com o Msn - , editores de imagens, editor de música, jogos e uma porção de coisas.

Experimente, tente. Faça algo diferente.

domingo, 15 de julho de 2007

Utilidade pública: Cuidado com o maracujá

Acabo de chegar em casa, depois de uma farta churrascada. Desde a hora em que cheguei lá - por volta de 13h - entornei incontáveis caipirinhas, todas de ótima qualidade, preparadas com Sagatiba®. Bebi uma, duas, três... Parei de contar por volta da quinta ou sexta. Os limões, pude perceber que também eram de boa qualidade. Não sei de qual variedade, mas eram verdes e viçosos. O açúcar era União®, o que me parece ser um bom produto.

A certa altura, vi uns maracujás sobre a pia e pedi para um chegado preparar uma "maracujinha" ou sei lá como deva ser chamada a batida com essa fruta. Foi a conta. A última coisa que me lembro é de alguém me conduzindo ao apartamento dos anfitriões, onde apaguei por algumas horas. Neste momento minha cabeça ainda dói e tudo que ouço vem acompanhado de um zumbido.

O Ministério da Saúde e o Sem Sentido® advertem: maracujá é altamente prejudicial à saúde.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Bola fora e mesa quadrada

Eles quase sempre são quarentões ou cinqüentões obesos e sedentários. Raros deles são ex-praticantes de alguma modalidade esportiva e, mesmo destes, nem todos são dignos de menção honrosa. Mas diante das câmeras e microfones, sabem tudo de arbitragem, treinamentos, escalações, táticas em campo, cobranças de escanteio, faltas e até mesmo das temidas defesas de penais. No que dependesse das suas línguas afiadas e peçonhentas, mais do que dos seus físicos e exemplos de vida, o futebol seria um interminável espetáculo de disciplina espartana, austeridade, profissionalismo e, claro, gols a perder de conta.

Estou obviamente falando dos comentaristas esportivos, que invadem a TV nas noites de domingo e nos especiais após os jogos de futebol. A TV nesses horários torna-se um pé-no-saco. Custa-me acreditar que a durabilidade desse tipo de programa se deva à audiência de fato. Ou então temos que admitir que o Brasil é um efetivo de cento e noventa milhões de técnicos de futebol. Um bando de cérebros inativos, cujas poucas informações que conseguem processar incluem necessariamente turbas de machos suados com as pernas à mostra correndo atrás de uma única esfera cheia de ar comprimido. Inacreditável.

Tirando alguns que outrora já demonstraram como tomar posse de uma bola e fazer algo entretenível com ela - Pelé, Sócrates e Neto por exemplo - a maioria desses atletas verbais não passa de radialistas e ex-radialistas de formação duvidosa. Hábeis apenas com a língua ferina, porque ela é o único músculo que não fadiga. De um modo geral, acompanhar algum esporte com tanto afinco e vibração, sem ao menos praticá-lo de alguma maneira, casa bem com aquela torpe expressão, que equivale a "ter ejaculação com o pênis alheio". Coisa muito babaca.

Sou totalmente a favor da PRÁTICA do esporte. Mas também sou favorável ao extermínio em massa desses embusteiros do microfone. Contudo os cães ladram - ladramos no caso - e a caravana passa. Tudo indica que essa alienante preferência em debater assuntos inócuos está longe de terminar. Aí estão agora os Jogos Panamericanos na Baía da Guanabara que propiciarão indiretamente um show de abobrinhas, protagonizado pelos atletas de microfone. Sim, porque temporariamente eles - que tudo sabem sobre futebol - proferirão pitacos sobre todas as demais modalidades esportivas. Despejarão suas sábias e incríveis soluções que, se fossem aplicadas, trariam cinco dúzias e meia de medalhas para o Brasil. Na cabeça deles. Sorte deles que há quem os ouça.

Uma noite dessas, só para provocar meu cérebro com temas atípicos ao meu cotidiano, arrisquei-me a ouvir um programa paulistano chamado Estádio 97. Sem ressalvas se alguém gosta de ouvir aquilo porque tem gosto pra tudo. Mas a pérola foi um ouvinte corinthiano ao telefone - amparado por um dos radialistas - gastar preciosos dez minutos de transmissão radiofônica para apresentar suas sugestões para as próximas contratações do Timão. Foi algo bizarro assim:

Ouvinte: Então, o Zé das Couves* do Jaboatão* tem crescido muito na enésima divisão.

Radialista: Você acha que ele seria um bom nome para o Corinthians?

O: Sem dúvida. E tem também o Manoel Joaquim* do Estrela de Prata* do Piauí. Um goleiraço, bem melhor que o Fábio Costa.

R: E que outros nomes você sugere para o Corinthians?

O: Tenho uma listinha aqui. O Fulano do Pé na Cova* do Maranhão, o Beltrano do Bola Furada* do Acre, o Sicrano do ... blá, blá, blá...

Faça-me um favor. Alguém consegue imaginar o Dualib ouvindo rádio e anotando os nomes? Sem comentários.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Kingston®: o pen-drive lavável

Você fica com nojo do seu pen-drive por ficar enfiando ele aqui e acolá (no bom sentido, é claro), em qualquer CPU sem o mínimo de higiene e sem preservativo?

Acha que, pelo fato de o pen-drive ficar no bolso da calça, jogado na gaveta ou no console empoeirado do seu carro, ele pode estar virando uma coleção de bactérias?

Seus pobremas se acabaram-se!

Os pen-drives Kingston® são laváveis. Isso mesmo. Nada como um pequeno incidente para a humanidade fazer novas descobertas. A tia darling esqueceu-se de bater geral em uma das calças do tio, antes de jogá-la na máquina de lavar. Hoje de manhã, o tio dana a procurar o seu quase inseparável dispositivo de armazenamento de dados. Até que...

O dito estava em um dos cento e vinte bolsos da minha calça cargo. A c
alça já estava lavadinha, seca e dobrada, esperando pela visita da diarista-passadeira. Ferrou, pensei. Peguei-o resignado com a perda das informações e do aparato, que ganhei de presente de um amigo. Esperei pacientemente até chegar ao escritório para confirmar a decepção. Espetei na USB e..? Acreditem: ele está funcionando PERFEITAMENTE! Ainda mais: a parte azul está mais azul e a parte branca está mais branca graças à ação de ACE® da P&G.

Kingston®. "ACE" todo pen-drive fosse assim!

Ps.: Essa experiência foi executada por profissionais treinados. Não tente fazer isso na sua casa. O pen-drive utilizado no experimento foi o de 512KB, a máquina de lavar é BS-Continental
®
e a secadora Bosch®. Não temos registro de resultados com dispositivos de outras capacidades. Nenhum dos mãos-de-vaca, fabricantes das marcas acima, quis pagar nada por este testemunho e não se responsabilizam por tentativas similares.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Free Hotspot

Seu escritório ou residência possui uma rede interna sem fio? O acesso à internet é compartilhado? Quais são as ferramentas ou protocolos de segurança que você utiliza para coibir acessos indevidos?

Quando eu faço essas perguntas para os meus clientes, a maioria fica me olhando com cara de "meu Deus o que é isso?". Quando não fazem pior : posudos dizem que sim, que tomaram todos os cuidados que a rede é segura e tal. Mas na maioria das vezes quem montou a rede sem fio foi aquele filho ou sobrinho que "mexe com informática" ou ainda foram eles mesmos: plugaram, por acaso funcionou de primeira e, como diz a regra, se está funcionando não mexa.

Eis o que aconteceu com o tio esta manhã: abri meu notebook, liguei-o enquanto pegava a fonte de alimentação, dei logon do sistema operacional e logo estava acessando a internet para ver minha correspondência matinal. Navegava pelos webmares na boa quando percebi que o cabo azul de rede em minha mesa jazia inerte, desconectado e ocioso. Olhei a barra de tarefas e então percebi que estava acessando uma rede sem fio de algum vizinho desavisado. Um comandinho aqui, outro acolá e consegui acessar o compartilhador de banda larga que espalha o sinal. Entrei no dispositivo testei uma ou duas senhas daquelas óbvias e lá estava eu dentro do wireless router do tal vizinho. Acredite: o usuário administrador do dispositivo chamava-se singelamente "admin" e a senha então era... "admin". Mais óbvio impossível.

A queda do dólar e a popularização dos acess points fez com que uma boa leva de usuários, já quase inaptos tecnicamente a ter um computador e zelar por ele, passassem a ter acesso à banda larga e agora a roteadores sem fio. Pior impossível. Com a ausência total de segurança da parafernalha do vizinho, bastaria um filtro de pacotes, implantado por este que aqui escreve, para descobrir coisas incríveis: de senha de provedores, e-mails, senha de orkut, papos de msn e até senhas bancárias. Pior impossível.

Não estou nem um pingo interessado nos pormenores sórdidos da vida alheia, tampouco em obter grana roubada, mas quantos outros não estarão? O que os sujeitos das proximidades fazem é algo como deixar o carro aberto com as chaves no contato, a porta de casa escancarada ou ainda, deixar o cartão bancário sobre o caixa eletrônico com um papelzinho com a senha colado. Adotam inadvertidamente tecnologias com as quais não sabem lidar e não buscam informações mínimas sobre precauções e medidas de segurança. E isso está crescendo a olhos nus - ou melhor - longe dos olhos dos usuários já que esse tipo de comunicação é intangível. Sinto muito por eles, mas os ladrões que estão ingressando no mundo da Informática por muito tempo não terão nenhum trabalho para roubá-los. Mais fácil do que tomar doce de criança. Depois as vítimas hão de praquejar contra os fabricantes de tecnologia, contra os bancos e sei lá mais contra quem.

Agora a idéia de deixar de pagar o meu provedor e pegar carona na internet do vizinho até que não me parece tão má. Afinal o sinal está aí no ar, com quem não quer nada, entrou aqui na minha sala sem eu pedir. Não sei não. Vou pensar melhor sobre isso...

Ps.: Este post foi editado e colocado no ar usando a rede do vizinho, mas só para fins de pesquisa científica sobre segurança. Eu juro. Mas preciso fazer outros testes.