quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Da ficção para a vida real

Essa belezinha de relógio de pulso é nada menos do que um celular GSM three band. Tem bluetooth, é MP3 player, possui conector USB para transferência de arquivos, a bateria dura 80 horas standby e faz uma dezena de outras coisinhas. Segundo o vendedor no Mercado Livre, custa a bagatela de R$1.500. Sinceramente não me parece muito pela tecnologia incorporada. Só que aí vem uma questão: como obter essa quantia além, claro, dos outros milheiros de reais de que já necessito para pagar as pendengas de casa? Porque se eu aparecer com um troço desses em casa, a minha mulher atirará a pilha de contas atrasadas no meu focinho.

Mas eu preciso dele. Não posso mais esperar. Estou tendo convulsões. Ajude-me.

Apenas ouça



APENAS LEIA

"Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando

Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando

Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo

Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça
E emoção

E se eu chorar
E o sol molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar

Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar"
-----(Gonzaguinha)------

terça-feira, 30 de outubro de 2007

TX 4.1 Flex

Exatamente neste minuto acabo de completar 41 primaveras. Um número bastante significativo, se considerarmos então que nasci pouco depois da metade do século passado. Aliás, no final do milênio passado. Mas é ínfimo, se estudarmos detalhadamente os inúmeros capítulos da diversificada história do Tio Xavier.

Estou me recolhendo para dormir. Nesse dia 31 vadiarei. Não trabalharei. Talvez eu poste sobre algum episódio da vida do tio. Ou até inicie uma série: peripécias de um tio. Quem sabe.

Coming soon.

domingo, 28 de outubro de 2007

A muié do hôme

As eleições na Argentina terminaram há pouco. Logo sairá o resultado da apuração, sendo que a mulher do seu Nestor é a favorita.

Não sei explicar bem o porquê, mas isso começou a me dar um pouco de medo.

Caos aéreo

Passageiros com viagens marcadas não conseguem embarcar. Nenhuma informação sobre previsão dos vôos. Prejuízos se acumulam na população. E agora o pior: todos os transportes públicos estão parados. Um verdadeiro absurdo.

Mas os fatos ocorrem na França. A adesão na greve dos trabalhadores dos transportes, contra as medidas do presidente Sarkozy, já registra adesão de mais de setenta por cento. Isso a oposição daqui não vê, né?

Agora os franceses tinham que ser melhores que os brasileiros até nessa hora. É que não se vê o monte de boçais fazendo protestinhos ridículos com nariz de palhaço nos saguões. Que saco. Gentinha metida esses franceses. Não podiam ficar pagando mico como os babacas daqui?

Ei garoto, eu conheço essa camisa!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Perguntas que eu faria ao Pe. Júlio

Longe de mim atirar pedras nesse homem. Se não concordo com algumas ações das ONGs que ele dirige, sobretudo no tangente à forma de lidar com adolescentes de rua, não tenho capital sócio-moral para criticá-lo. O Pe. Júlio Lancelotti é sim agente transformador da sociedade - quiçá dos melhores - e ponto de referência crítico ativo das mazelas sociais com as quais todos nós contribuímos, seja por atos ou omissões. Considerando que atualmente mal ando conseguindo cuidar do próprio umbigo e da família, continuo considerando o Pe. Júlio um exemplo em atitude. Há de precisar de algo muito grave e desabonador para que eu reveja isso. Mas algumas perguntas não me calam.

Por exemplo, que se você não tiver culpa por algo, haveria de ceder a uma chantagem e, em caso positivo, por quais outras razões? Outra questão: se os padres por premissa eclesiástica não possuem bens em nome próprio, de onde terá vindo o dinheiro para a concessão à chantagem? Terceiro, alguém de quem se espera que a chantagem e a extorsão sejam objeto de repúdio, não estaria sendo incoerente ao extremo ao permiti-lo?

A questão do dinheiro movimentado remete sim a uma questão bem maior. Já passa da hora de auditar as ONGs e exigir destas a prestação de contas clara e detalhada, principalmente das que se mantém com a concessão de verbas públicas. É um absurdo que entidades dessa natureza atuem de forma obscura, como temos visto em ONGs apadrinhadas por políticos, por exemplo. Além de cabides de emprego, há as facetas podres de sustentação de campanhas políticas e incremento de patrimônios pessoais. Por isso é que as ONGs têm sido alvo de denúncias, algumas delas bem fundamentadas. Esse é o principal indicador de que devemos ficar de olho aberto, tanto a respeito da destinação dos seus recursos mas também da captação dos mesmos. Aí é que "mora o Neves" no caso do Pe. Júlio, se é que você me entende.

Já faz tempo que as campanhas em prol de entidades assistenciais me despertam muita suspeita. É um tal de fundação fulano de tal, associação daquilo e outras tantas, que dedicar credibilidade a alguma está ficando cada vez mais complicado. De boas intenções o inferno está cheio. E algumas contas-corrente também.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Marido exemplar

Essa eu recebi hoje de minha cara amiga Ana Lúcia. Uma pena é que já criaram a versão Powerpoint. Não entendo por que é que alguém acha de recontar uma piada em slides de Powerpoint. Queria mesmo era saber quem foi o desgracento que inventou essa merda do Powerpoint. Vamos lá, no bom e velho modo texto:

O cara tava no estádio na final da Copa aguardando o início do jogo. Ingresso caríssimo, diga-se de passagem. Ao seu lado, separando ele do próximo torcedor, um assento vazio. Até que esse outro pergunta:

- Um lugar vazio. Quem terá comprado?

- Era pra minha esposa.

- Ué, por que ela não veio?

- Faleceu.

- Você comprou um ingresso para para homenageá-la?

- Não. Ela ainda era viva quando juramos assistir essa final.

- Nossa, então ela morreu recentemente?

- Pois é.

- Sinto muito. Mas você não tinha alguma outra pessoa conhecida para vir no lugar dela?

- Eu até tinha.

- Mas não quis quebrar sua promessa, não é?

- Mais ou menos.

- Então, o que houve?

- É que ninguém quis vir comigo. Todos preferiram ficar lá, no velório dela.

. . .

terça-feira, 23 de outubro de 2007

No dos outros é refrigerante

O presidente Lula-Lelé decretou, sancionou uma lei, encaminhou um projeto ou sei lá qual é o dispositivo, mas que enfim proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos à beira de estradas federais. Ele só fez isso porque não viaja de carro pelas estradas e sim de aerolula, belo e folgado, bebendo à vontade. Puta cara egoísta, viu?

A medida é inócua. Veja bem o que vai acontecer: os motoristas bebuns e irresponsáveis - perdão pelo pleonasmo - vão apenas adentrar alguns metros nas cidadelas durante o percurso. Lá encherão os miolos, já moles, de mais cachaça e voltarão para a rodovia para continuar fazendo merda, pondo em risco a vida alheia. Por tabela, ainda vão rodar mais e poluir mais, aumentando o aquecimento global. Desgraça pouca é bobagem.

O tio Xavier, mais uma vez, tem a solução para o problema: Descarregar cumulativamente nas bebidas alcoólicas toda a alíquota tributária que incide sobre o álcool combustível e isentar este de tributos. Isso fará com que o setor sucro-alcooleiro prefira vender o produto-base às companhias de combustível, ao invés de fazê-lo aos engarrafadores de bebida. E mesmo os produtores de cana que fabricam bebidas, vão preferir vender álcool combustível ao invés de cachaça.

Com o aumento da oferta e a isenção tributária, o preço do etanol despencará e todo mundo vai converter os carros. O ar ficará limpo, o país reduzirá a importação de petróleo para zero e a balança comercial dará saltos positivos nunca antes vistos na história deste país. De quebra, teremos mais créditos de carbono para vender para os ianques e europeus, podendo aplicar a grana em programas de inclusão social.

Esses governantes não sabem de nada.

Tio Xavier para Ministro da Agricultura já! E em 2010 para presidente!

Da série "Emporta u rezutadu" Vol.2

Esse singelo bilhete foi recebido por uma educadora,
enviado pela mãe da criança.

Menção honrosa para o arremedo de y no final
do nome da criança, o qual não existe nos registros.

domingo, 21 de outubro de 2007

Revistas femininas II: a internet

Eu me rendo. Você não vai encontrar neste blog a versão I desse tema. Batizei como II porque dá mais credibilidade. Algo assim como se o artigo chegou à versão II é porque a I foi um sucesso. Nem sei porque eu introduzi com essa idiotice, mas vamos ao que interessa.

Com freqüência o tio é sacaneado por incautos e marujos de água doce pelo fato de ler revistas femininas, sempre que pode. Tenho minhas razões. Impressionantes conteúdos e conhecimentos encontram-se nas páginas impressas e cibernéticas, quando as mesmas são direcionadas à mulher. Material vasto para os cafajeestes de plantão. Não é o meu caso, pois atualmente só leio por vício do passado. Hoje, como já faz alguns dias que nenhuma amiga me fornece uma - pois eu jamais as compraria - resolvi acessar o Terra Mulher. Veja você mesmo, por exemplo, os títulos que encontrei:

"Ensine o seu parceiro a ser mais romântico"

A situação está feia mesmo. Como desistiram de procurar príncipes encantados, já que há pouquíssimas monarquias vigentes no mundo, a mulherada partiu para o "faça você mesma o seu príncipe". Como se fosse possível pegar um ogro ou um Homem de Neanderthal e lhe ensinar modos de gentleman, ainda mais sendo a própria interessada a suposta professora. Nada mais falso. O máximo, o auge disso, é quando o homem está interessado em determinada mulher gostosa que lhe aparente ter hábitos mais refinados. Na primeira vez em que ele a convidar para sair, poderá tolerar uma reprise de Casablanca em um cineclube ou mesmo assistir a um concerto no Municipal. Sem motel na esticada, talvez ele tentará por mais que uma ou duas saídas. Mas se rolar sexo, sinta-se também atendida e o esqueça. A parte pior ocorre quando a incauta carente resolve se apaixonar e o relacionamento for avante. Aí conhecerá a sua verdadeira faceta Korg, sem direito a reprises de filmes chatos.

"Veja dicas para apimentar sua lua-de-mel"

Essa é triste. Eu até entendo se uma pessoa reclama que, depois de alguns anos, o casamento entrou em rotina, que o cotidiano os engoliu e coisas assim. Não acho isso normal, mas é comum. Agora, pqp que alguém precise de dicas para apimentar algo que, por natureza, ainda deveria estar em tempo de pimentas e das picantes. Se achar que vai precisar desses preciosos e sábios conselhos para a lua-de-mel, o tio tem um melhor ainda: suspenda o casamento e parta para outra. Correndo.

"Saiba o que esperar de um 'affair' de uma noite"

Vamos analisar: a senhorita sai à noite no melhor estilo caça-e-caçador. Põe salto alto, saia curta e justa, blusa decotada e aquela calcinha recém-comprada. Aí aparece um cara todo tipão, sozinho, atraente e bom papo. Ela"cai" no papo dele (faz parte do joguinho) e vai para a cama com o sujeito. Eu é que pergunto: o que esperar disso, além de que ao menos a trepada seja satisfatória? Nada. Ou você acha que o cara estava indo pra balada sozinho, noite após noite, esperando encontrar exatamente você, a mulher ideal para ele? Diga-me que não, por favor. E pare de ficar olhando para o celular esperando essa merda tocar, filha de Deus! O guardanapinho onde você escreveu o seu número e ele colocou no bolso já há de ter ido para a máquina de lavar, na melhor das hipóteses. Ou limpado o retrovisor embaçado do carro dele o que é mais provável.

"Veja as mentiras que os homens mais contam"

Cientistas, psicólogos e psicanalistas já declararam consensualmente que as mentiras que os homens contam têm todas uma origem comum: as perguntas que as mulheres fazem. Criaturas, parem de nos perguntar coisas sobre a existência de outras mulheres em nossa vida, ou por que não pudemos vê-las naquela noite, por que não atendemos o telefone quando estamos do lado de vocês, ou por que não ouvimos o celular tocar quando vocês nos ligam. Parem tudo. Se quiserem que mintamos menos é simples: perguntem menos. Resultados garantidos já no primeiro dia.

"Veja como deixar os legumes mais gostosos"

Balela. Contra-senso achar que legumes podem ficar mais gostosos. Eu acabei lendo o tópico e se tratava de uma torta de legumes toda metida à light, incapaz de apetecer a um beduíno recém-chegado da travessia do Saara. O tio tem as verdadeiras receitas para os legumes ficarem mais gostosos. Por exemplo o chuchu, um clássico do insossismo. Pegue um espécime cozido, deixe-o esfriar e corte em pedaços menores. Agora pegue um montão de presunto picado e misture com ele. Depois pegue cubos de queijo gorgonzola e faça o mesmo. Feito isso, encha três colheres generosas de maionese e misture bem tudo. Derrame um fio generoso de bom azeite sobre a mistura. Prontinho, está delicioso. Você pode cortar cubinhos de pão italiano e comer junto com o presunto e o gorgonzola, lambrecando de maionese. Ah sim, o chuchu? Sinceramente, vá deixando de lado e descarte-o na lixeira, depois que os demais ingredientes forem comidos. Legume mais gostoso? Fala sério.

E são essas as publicações que formam opinião no mundo feminino. Continuarei lendo com afinco essas preciosidades culturais. Munição nunca é demais.

FBI na cola do mágico

David Seth Kotkin de 51 anos, nascido em New Jersey nos States - mais conhecido como o mágico David Copperfield - parece que está enrolado com a polícia federal ianque. Primeiro, o sujeito está a responder uma acusação de estupro que teria ocorrido nas Bahamas, durante uma temporada. Não sou advogado dele nem de ninguém, mas fico imaginando como deve ser difícil para ele levar uma vagab... (ops!) moça de família para a sua suíte. É quase certo que não existam mulheres a fim de dar para ele. Por isso, uma das poucas possibilidades de ele obter favores sexuais teria sido o estupro. Como aconteceu: a moça estaria dormindo quietinha na casa dela quando o acusado teria aparecido de forma mágica - não poderia ser de outro modo - debaixo do lençol dela, já em ação de coito. Ou seja, ela acordou sentindo o Copper... enfim, você entendeu.

Outro rolo em que o mágico estaria metido seria o aparecimento de dois milhões de dólares em um cofre de seu armazém, dinheiro este sem origem definida. Para o mago podre de rico, primeiro que isso é um mero trocado. Mas veja como o Federal Bureal of Investigation gasta tempo para explicar o inexplicável. Se o cara é mágico, basta entender que a grana apareceu lá e pronto. Ou eles duvidam dos poderes mágicos do amigo Copper? Ainda por cima os policiais recolheram um disco rígido de computador e um chip do sistema de câmeras para serem escarafunchados. Pura bobagem e gastação de grana novamente. Com um simples comando mágico, o Copper pode formatar aqueles discos com algo como: "Alakhazan, Alakhazin, format C: to me". Quando os caras abrirem os dispositivos o que aparecerá no monitor será: "Invalid disk or system disk error. Format (Y)es or (N)o?". E já era. Enquanto isso, em uma de suas mansões em Las Vegas, o mágico estará rindo e bebendo um daqueles drinques bonitos de três cores com guarda-chuvinha no copo. O homem já fez desaparecer até a Estátua da Liberdade. O que será então com uma meia-dúzia de imagens e planilhas de cálculo? Mamão com açúcar.

Agora, se de tudo isso ainda resolverem prender o sujeito, aí então a justiça norte-americana assinará o atestado de idiotice completa. Se você leitor não assistiu, saiba que o tio David já atravessou a Muralha da China, caminhando calmamente como se faz em um bosque. Passou de um lado para o outro na maior manha, sem quebrar uma pedra. Qual será a penitenciária capaz de deter o homem, minha gente? Nenhuma. O cara é mágico. E dos bons. Tsc... tsc...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A terceirização chegou ao seu lar?

É como eu sempre digo: este país só não deslancha de vez porque não tem um Governo que preste. Depois de há uma década e meia Michael Hammer maravilhar o mundo do consultismo empresarial com sua - depois desdita por ele mesmo - Reengenharia, depois de a terceirização tomar praticamente todos os ambientes corporativos, os prestadores de serviços brasileiros ainda tiram a maior onda com isso.

Minha senhora, seu marido não resolve mais as coisas em casa?

A senhora vive implorando soluções, lembrando-o que são premissas matrimoniais e ele continua jogado no sofá com sua lata de cerveja?

Não agüenta mais ver a casa caindo e o morfético em estado letárgico?

Seus problemas se acabaram!

WWW.PRAQUEMARIDO.COM.BR

Sim, esse serviço já existe e está lá disponível. Basta clicar ou ligar.

Fico pensando em qual será o alcance real dessa terceirização. Uma amiga do tio chamou-os por conta de um problema na TV. Depois me contou suspirando ao telefone que o técnico era atencioso, bonito, agradável e sobretudo eficiente. Não me atrevi a pedir detalhes.

Pois é senhores leitores masculinos, casados, noivos ou enrolados. Acho melhor revisarem as vossas ferramentas - todas - e garantir a exclusividade do atendimento doméstico, antes que a patroa acesse esse site.

De minha parte, já penso em chamar um certo amigo - o Chicão - para compor uma sociedade e abrir uma franquia desse empreendimento criativo e fantástico.

E aí, Chicão, vamos nessa?

sábado, 13 de outubro de 2007

Eu fui (ou "O tio CDF")

Esta é mais uma da série "a sala das jumentildas". Semana passada tinha provona integrada. Um raio de prova que a instituição inventou e que abarca todas as matérias do bimestre em um único questionário de vinte e quatro perguntas de múltipla escolha. Cheio de pegadinhas, dessas para as quais mais vale ler e interpretar corretamente o enunciado do que saber as matérias na ponta da língua. Mas nem de longe a prova é o centro deste post.

Acontece que a prova foi na quarta-feira dia 10. Como dia 12 era feriado, logo configurou-se um pratão cheio para a maioria dar um perdido na quinta-feira. Quem quisesse, ou precisasse, claro. Tudo muito claro, exceto para um grupelho de jovens pentelhas que gastaram preciosos minutos diariamente, nos dez dias que antecederam o feriado. Elas queriam coagir às demais a dar um perdido coletivo. Porra, uma coisa é querer faltar. Isso é um arbítrio individual. Outra é exigir que os demais não venham. As fantásticas teorias e argumentos para o infantil "vamu tudu faltá, zenti" baseavam-se no mito de que a falta coletiva configura-se em bônus presencial para todos. Teoria esta que, levada ao extremo - caso não fosse uma falácia - significaria que, se ninguém mais viesse até o final do semestre, não tomaríamos bomba por falta. Ilógico ao quadrado. Mas como falar de lógica com seres que não conseguem entender conceitos fundamentais da Filosofia? Forget it.

As ridículas intervenções de uma das senhoritas - justamente a representante de turma - incluíam enquetes individuais em público apontando o dedo, a fim intimidar as pessoas a colaborar com a vadiagem coletiva. Situação esta com a qual o tio nada tinha a ver. Em particular, cheguei a ser ríspido com uma delas a quem eu disse que minhas intenções não lhe diziam respeito, mas somente ao tio e à mulher que dorme e faz sexo com ele, obviamente a tia darling. Vão à merda se quiserem faltar, ora bolas. Que saco.

Eis que chega a fatídica quinta-feira, dia 11. Fui à faculdade, no melhor de meu direito de estudante, a fim de receber aula e presença na lista. Acreditem que vi uma dezena de moçoilas da turma bundando pelos corredores. Se deram o trabalho de ir até lá e não entraram e sala. Outras tantas vi nos bares ao redor da instituição. Chegou o professor e observou que só o tio estava na sala. Explicou com clareza que ou o tio se mandava e ele dava falta para todos ou, se desse presença para mim, deveria registrar o conteúdo e ministrar a aula. Pois eu fiquei e fi-lo cumprir com suas obrigações acadêmicas. Ele recebe salário para isso. O mestre ministrou uma brilhante e substanciosa aula sobre preconceito racial na sociedade e, ao final, prescreveu duas perguntas dissertativas que deviam ser respondidas e entregues no mesmo dia, valendo um tradicional ponto em nota. Pontinho este capaz de salvar uma média capenga ao final do bimestre se for preciso. O tio participou com afinco da aula exclusiva, fez perguntas, ouviu respostas esclarecedoras, entregou as questões respondidas e recebeu presença em lista, a única de toda a turma naquela noite.

Se as demais estavam a fim de vagabundar era simples: faltassem. Se para faltar ainda precisam de apoio conspiratório coletivo, talvez ainda não estejam maduras para a universidade. Por mim, se forem todas para o inferno, não são problema meu. Só pelo menos cresçam. Se aceitarem sugestão do tio, vão à merda.

Drops DVD: Tropa de elite

Ontem resolvi assistir ao tão falado Tropa de Elite, BOpE, ou seja lá qual for o nome correto do filme. Não fui ao cinema, só pra variar. Esta semana uma colega de sala de aula estava de posse de uma das versões camelódricas do DVD e por mero acaso naquela noite o tio estava com o notebook na mochila. Então fiz um backup básico. Ontem à noite gravei em um RW, esperei a pequena ir dormir e mandei bala na sala.

Em resumo o filme é entretenimento garantido. Nenhum grande nome consagrado mas dos atores, cuja maioria eu desconheço, todos foram suficientemente bons. As cenas de ação são bem feitas, se as olharmos dentro do padrão brasileiro. Ressalto isto, porque o povo tem mania de analisar o cinema não-estadunidense com base em critérios hollywoodianos. Hollywood é outro mundo no que diz respeito à linguagem, às técnicas e à fartura tecnológica que acaba por ditar moda no mundo. Mas o cinema fora dos domínios ianques precisa achar cada um a sua linguagem. Não dá para conceber filmes japoneses, chineses, iranianos, brasileiros ou de onde quer que seja, se tentarem apenas macaquear os gringos. A cópia sempre há de sair um cover chinfrim do original. Eu defendo que o cinema brasileiro tem jeito sim, tem que ser financiado por incentivos tributários - lá nos EUA é, viu? - mas tem que achar a própria pegada. Dito isto, jamais tente comparar um tiroteio de Tropa de Elite com os oitocentos efeitos especiais dos filmes de Bruce Willys. Até porque os destes são hiperfantasiosos. Não há coisa mais seca e direta que um tiro. Mas Hollywood tem o poder de dar dimensões nucleares a um simples disparo de pistola 380.

Voltando ao filme brasileiro, ele tem aquele jeitão panfletário, que caracteriza boa parte dos nossos filmes. É um filme-mensagem, no melhor estilo estilo glauberiano, só que melhorado - e muito - pelas atuais tecnologias e primor cênico. E neste último quesito os atores foram bons mesmo, sem ressalvas. Mas a maior sacada de Tropa de Elite é o panfleto mesmo. Jogar na cara da classe média e alta o fato de elas sustentarem o poderio dos mercadores de drogas e hipocritamente saírem em suas ridículas passeatinhas pacifistas não foi qualquer coisa. A equação mostrada no filme é simples e direta: por trás de um ingênuo cigarrinho de maconha fumado por um estudante universitário esconde-se todo o complexo de relações, que vão desde o aviãozinho do morro, passando pelo fogueteiro, até chegar nos chefes da indústria dos entorpecentes. A teia mostrada no filme é extensa e percorre muito mais que os morros, articulando-se com praticamente cada um dos policiais corruptos e comerciantes corruptores do sistema. Sistema, a propósito, é um chavão abundante na narrativa em primeira pessoa, protagonizada pelo ator principal, Wagner Moura, no papel do Capitão Nascimento. Não vejo definição melhor, já que define uma enorme gama de subsistemas e relações menores que formam um conjunto maior e funcional que é o mercado de drogas, armas e a violência social.

Algumas críticas que se fizeram por aí se ancoram em pieguismos de que o filme estaria fazendo apologia à truculência policial, blá, blá e blá. Os mais puristas chegam a mostrar-se escandalizados com os métodos interrogativos mostrados no filme, que usam sacos plásticos para sufocar e porrada, muita porrada. Não sou policial nem jamais pretendi ser um. Também sou contra a truculência, mas é quase inverossímil lidar de outra forma com uma força criminosa bruta como a mostrada do filme. Imagine o que há de ser lidar com a extensa rede de colaboração do tráfico, composta por moradores coagidos e outros tantos recrutados, somados a inúmeros policiais e autoridades corruptas. É um trabalho quixotesco. Mas é bem capaz que esses mesmos críticos da truculência em Tropa de Elite achem bonito quando o protagonista de Duro de Matar enche um terrorista de porrada ou mesmo acaba com ele com um tiro no meio da testa. Filme policial sem violência não tem graça, ora bolas.

Assista sim mesmo. O tio recomenda. A propósito: ao menos tire as crianças da sala.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Já querem estatizar

O ministro Tarso Genro está propondo a criação de juizados especiais em favelas. Vejam como esses políticos são desinformados. Eles já existem há muito tempo. Funcionam, são rápidos, implacáveis e suas sentenças são irrevogáveis e irrecorríveis. Nada dessas frescuras de habeas-corpus, segunda instância, redução de pena por bom comportamento, nada disso. É pão-pão, queijo-queijo. Só que não são do Governo. Vejam só a ironia: por essa razão exatamente não consomem verbas públicas.

A OAB há de estar por trás disso para aumentar o campo de trabalho de seus afiliados. Na favela, as "autoridades" costumam julgar rapidamente baseadas em testemunhas e na fidedignidade da vítima queixosa. Nada de advogado. A maioria dos réus não merece nem julgamento, quanto mais defensor. Ainda mais: as penas costumam incluir efeito reparador do dano, como no caso recente do comerciante da favela carioca, que estava sendo furtado. O réu teve que devolver as frutas surrupiadas e ainda indenizar a vítima em mais duzentos reais pelo incômodo. Vá tentar isso nos tribunais civis. E espere deitado.

O que Governo está querendo agora é estatizar esse serviço. Aí, em vez de julgar e tramitar rápido com aplicação de sentença imediata e no local, o morador da favela vai amargar anos e até décadas com trâmites burocráticos que ele desconhece totalmente, correndo o risco adicional de não dar em nada. Um prato cheio ainda para os advogados nesse caso. E lá vão mais verbas públicas para sedes, juízes, funcionários de gabinete, equipamentos, energia elétrica... etc...

O Megid, um amigo meu que há tempos não vejo, costumava dizer que quando um político propõe a criação de mais um órgão público, provavelmente até a tia do cafezinho já está na listinha aguardando a nomeação.

Aposto um cartucho de AR-15 como essa medida não vai pegar.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O que é que eu tenho com isso?

Depois não querem que digam lá fora que o Brasil é o país da putaria. Eu entendo que possa ser hábito de uma série de cidadãos do sexo masculino freqüentar prostíbulos e pagar por sexo. Questão de opção. Ou falta. Desconheço o assunto, pois de todas as vezes que pratiquei sexo na vida nenhuma foi a título oneroso, mas sempre lúdico ou afetivo. Claro, isso foi há muitos anos, como você há de imaginar. Já faz tempo que o tio está exclusivamente dedicado à vida conjugal e às premissas inerentes a ela.

Mas o assunto supra deve-se aos holofotes que a imprensa tem lançado sobre o empresário Oscar Marone nos recentes dias. Conhecido na noitada paulistana por ser dono de uma das mais luxuosas boites masculinas, se não for a própria, não consigo ver qual é a relevância social desse ser para que ele ocupe tantas páginas com fotos, entrevistas e reportagens nos principais jornais teletransmitidos e escritos. Para mim é simplesmente o dono de um puteiro. Deveria ter importância apenas para os interessados no ramo dele. Até mesmo as circunstâncias da prisão dele o absolvem. Foi o único detido a pretexto e no calor do acidente da TAM em Congonhas. Realmente o careca serviu de bode.

Tirando uns desaforos que ele teria dito para autoridades da cidade, não há de haver muita coisa para condená-lo ou quem tenha culhões para fazê-lo. Até porque grande parte dos seus capturadores e condenadores provavelmente freqüentam o estabelecimento comercial dele. O tal do Bahamas nada tem a ver com as boites fubangas da região do Parque do Carmo, na Zona Leste, nem com os treme-tremes do centrão velho, muito menos os moquifos ao redor do Largo 13. Sabe-se que é um lugar onde uma simples dose de uísque pode custar o salário da maioria dos trabalhadores mais humildes. Se a boite dele é um sucesso, deve-se à visita de muitos homens que podem gastar dois, três ou cinco mil reais em uma sucessão de drinques e alguns serviços sexuais. Logo, políticos, funcionários públicos acima de certo escalão e empresários abastados compõem a única clientela factível. Visto assim, alguém aí acha que existem muitos figurões com lisura moral para apontar o dedo no nariz dele? Não me façam rir.

Que apareça em visível jabá no programa da Lucianta Gimenez, carente de conteúdo como a maioria das atrações da TV aberta, já é uma pena. A maioria das pessoas até imagina como funciona a escalação desse tipo de atração televisiva. Mas ocupar laudas na Folha de São Paulo, Estadão e Jornal da Tarde?

Com licença que vou comprar uns gibis do Maurício de Souza na banca que eu ganho mais.

O futuro da Educação - Parte III

Sei que estou ficando chato a falar dessa turma. Mas entenda o leitor que meu tempo está deveras ocupado semanalmente com a faculdade e, por essa razão, não há de ser diferente. Eu juro que nesta semana não postarei mais sobre isso. Mas eu preciso desabafar. Como não tenho saído com meus amigos nem com minhas queridas amigas, preciso desabafar aqui. Estou prestes a assumir meu lado "maníaco do shopping" e entrar com uma Uzi na sala de aula. Veja mais essa:

Professor:
- Pessoal, eu e os demais professores de ERB avaliamos que há muito descompasso em nossa matéria entre as turmas de Pedagogia. Por acaso esta é a que está mais dentro do cronograma previsto. Mas como a prova integrada é igual para todos, foi decidido em reunião que as questões de ERB serão substituídas por questões somente de interpretação do texto do livro, sem necessariamente uma relação com a matéria dada em sala. Alguma dúvida?

Jumentas:
- Como pro?
- Não entendi, pro.
- Nem eu, pro.
- Explica de novo, pro?

Professor II, o retorno:
- É simples, gente. As outras turmas não comportariam as mesmas questões de ERB por estarem atrasadas. As questões de ERB na prova serão, na verdade, somente de entendimento do texto do livro.

Jumentas:
- Como pro?
- Não entendi, pro.
- Nem eu, pro.
- Explica de novo, pro?

Professor III, a vingança:
- Pô gente, não é difícil assim. Não vão haver questões de ERB sobre o conteúdo em sala. Só do livro do Paulo Freire. Sabe esses que todos vocês têm que ler? Vocês já leram? É esse aí.

Jumentas:
- Como pro?
- Não entendi, pro.
- Nem eu, pro.
- Explica de novo, pro?

Professor IV, o confronto final:
- Putz... tá difícil. Olha só: estudem o livro e o entendam apenas. Esqueçam o meu conteúdo em sala para essa prova.

Jumentas com a boca aberta e testas franzidas:
- ?
- (...)
- Hum?
- ...

Jumenta Específica 1:
- Til Chavier, eu i a Jumenta Inspessífica 2 tamu aqui discutinu. Eu tô falanu qui as pergunta dele vai cê çó das matéria di çala e não du livru. Num é içu memo?

Tio Xavier:
- Tome arsênico dois dias antes da prova - me virei de costas para me afastar - .

- Jumenta Específica 1:
- Ars u quê? - empunhando a caneta - otru livru? Ô ele deu içu na çala? Cê intendeu u qui u til falô, Jumenta Inspessífica 2?