sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Papo cultural dus manu

Nessa minha vida semi-proletária, utilizando o transporte ferroviário urbano, sou obrigado a presenciar conversas de todo tipo. Essa que segue abaixo captei em uma das viagens suburbanas, ouvindo o diálogo entre dois manus.

Para quem não é de Sampa, antropologicamente falando, manus são uma espécie de jacus suburbanos que se vestem com fakes de grifes famosas e calças cargo. A indumentária inclui camisetas de times de basquete estadunidenses, igualmente falsificadas, além dos tênis comprados nas mesmas barracas. Vivem em tribos e seus estranhos costumes ainda não foram suficientemente estudados, exceto alguns bem específicos cujos estudos são feitos pelas Secretarias de Segurança Pública e pelas Polícias Militares.

Culturalmente falando, devido à evasão escolar e ao baixo nível do ensino público em grande parte das escolas, os manos se caracterizam também por um dialeto próprio desprovido de regras gramaticais rígidas e por vocábulos muito específicos, às vezes ininteligíveis até para os melhores lingüistas.

Tentarei reproduzir grafologicamente as pronúncias, tais como são proferidas, embora a Língua Portuguesa em sua forma culta possa ser pouco suficiente para representar o dialeto manês urbano periférico. Abaixo está o belo diálogo. Atentem para os dados culturais e conhecimentos históricos e econômicos que estão presentes nele:

- Ô véio, viu u bagüi do final das olimpíada?

- Vi uns lanci.

- Da hora né?

- Só. Cada bagüi lôcu que us cara faz. Mós efeitu.

- Podicrê.

- Manu, essis chinêis são foda.

- Só.

- É qui us cara são centenáriu, tá ligadu?

- Qui mané centenáriu... Os cara é milenáriu.

- Us cara inventaru tudu qui é bagüi, mano.

- E us brasileiru? Nada. Us cara inventaru o avião, mas us francêis que levaru a fama.

- É, nu fim us francêis ficaru ca grana. U Santus Dumont morreu mó pindaíba.

- Só. Mas us chinêis, tá ligado qui eles inventaru a póvora, né?

- Podicrê. Elis inventaru tudu qui a gente temu in casa.

- Só. Liquidificadô, batedera, televisão... Tudu di eletrônicu foi us chinêis qui inventaru. Pô véio, us cara num cansa. Tá ligadu que elis vai dominá u mundu.

- Podi crê... Tudu quantu é bagüi.

- Num dá nem pra alcançá elis, véio. Us cara faiz uns cem mil anu qui têm a civilização delis.

- Dus tempu dus faraó então.

- Podicrê, bem antigão memu... achu qui dus tempu dus dinossauru.

- Vai sabê si num foi us chinêis qui acabaru cus dinossauru.

- Só, véio. Vai vê elis invetaru a póvora i estreiaru nus dinossauru memu. Meteru uma pá de teco nelis. Já era us dinossauru. Cum aquele tantu de genti cum fomi elis dévi tê cumidu us dinossauru.

- Lógu nóis tá é comenu cachorru. Tá ligadu que us chinêis come cachorru?

- Cé locu!

- É fiu, ma du jeitu qui vai...

- Podicrê. Vixi... cachorru tô fora.

- Nada a vê.

- Só. Falô véio... to inu nessa.

- Falô.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Loucuras de amor

Depois de enfrentar uma hora e meia de trânsito - vide post anterior -, chego à minha rua. Um estrondoso som viola os vidros do carro, que estavam fechados. Vencido, desligo meu CD e tento entender o que se passa.

Mais adiante, em frente a um pequeno prédio da rua, um ato de amor ensandecido. Uma pickup "Loucuras de Amor" com quinze mil balões a decorá-la e oitocentos mil watts de som estremece o asfalto. A homenageada consta que era uma conhecida do tio, muito graciosa e gente boa por sinal. Era aniversário dela e o apaixonado contratou aquela versão miniaturizada de trio elétrico baiano para tocar as mais bregas canções de amor, enquanto o locutor com voz de cantor de tango declamava poemas.

Abundavam vizinhos aos portões para assistir à linda performance. Eu tratei foi de entrar em casa o mais rápido que pude. Sinto vergonha daquilo, ainda que nada tenha a ver comigo. É cafona demais, é brega demais. O amor estardalhante, que precisa de amplificadores tem algo de doentio - quiçá até de superficial - dado precisar de projeção, no sentido mais psicanalítico da palavra. Não tem nada de singelo, nem da profundeza de um olhar silencioso, nem do toque sutil sobre as mãos da pessoa amada, do afago terno ou do beijo roubado em segredo. Nada. É feito de chuva de papel laminado, som no último e salva de rojões. Juro pra vocês que teve tudo isso.

O amor espalhafatoso é brega, muito brega. As canções de amor entonadadas pelos pagodeiros e sertanejos (foi o repertório que ouvi) adicionam cafonice ao que por si já não precisava mais. E no caso citado, ainda mais pé-no-saco quando não me deixa ouvir o que o âncora do jornal está dizendo.

O Kassab tem que autorizar os cidadãos a atirar granadas sobre os carros de som. Senão não vai levar meu voto.

Suicidando-se a si próprio

Um homem sobe em uma torre a pretexto de tentar se suicidar. Os bombeiros, a companhia de energia, a Swat e o Chapolim Colorado, são todos mobilizados ao local. A energia de quinze bairros é desligada para tirar o caboclo de lá.

O tio, depois de enfrentar mais um dia de labuta, chega à faculdade com muito custo e lá descobre que as aulas foram suspensas, pois às 19h o apagão ainda não tinha hora para terminar. Desconsolado, lá fui enfrentar um congestionamento monstruoso rumo ao barraco.

No caminho eu começo a filosofar as teorias sobre o Estado. Passam pela minha mente John Locke, Maquiavel, Marx, Berger e uma infinidade de pensadores. A cena de um quarto da cidade parado sem energia, o homem lá querendo se matar, tudo me parece um imenso quebra-cabeças. E me vem a pergunta de fato: o Estado tem direito de decidir sobre a vida individual, do suicida nesse caso?

DEIXA ESSE INÚTIL SE MATAR E PRONTO, SACO!

sábado, 23 de agosto de 2008

Transações com mais segurança?

Se você é usuário dos cartões de débito Mastercard Maestro® já deve estar acostumado a ter que digitar algum dado de checagem adicional depois da senha. Às vezes a máquina pede o dia do nascimento, às vezes o mês ou então o ano com dois dígitos. A princípio essa checagem extra deveria aumentar a segurança anti-fraude, certo? Ao menos é o que a operadora quer fazer-nos pensar. Mas não.

O empirista profissional Tio Xavier, após um incidente que revelou a tapeação, começou a fazer experiências científicas* nos POS e nos PinPads da vida. Certa vez estava eu a passar o cartão de débito no supermercado com a darling quando a máquina pediu o dia do meu aniversário. Não me pergunte o porquê, mas nesse exato momento eu olhei pra darling e me confundi. Digitei o dia dela e dei enter. No mesmo instante me toquei da falha mas já tinha ido. Restava esperar a rejeição para passar o cartão novamente. Mas atenção para o resultado: debitou sem delongas.

Depois de constatar as falhas - minha e do sistema - comecei a fazer experimentos propositais. Ao pedir o meu mês eu digitava qualquer outro de 01 a 12. Ao pedir o dia eu mandava outros que não o meu. Sempre passava. Ou seja: um lixo. Agora quer saber a maior? Passei a fazer testes mais arrojados digitando 55 quando pedia o dia e até 08 como ano. Sempre passa, pode testar. Basta a senha estar certa e o mais importante: ter saldo. Ah, sim, o mês? O sistema aceita qualquer coisa de 00 até 99.

Conclusão do Experimento: essa tapeação idiota implementada pelas operadoras de TEF, só serve para os tontos dos usuários pensarem que a segurança foi reforçada. Mas os bancos, operadoras e grandes redes querem que você e a segurança se danem, contanto que a grana saia da sua conta e vá para as deles. Bando de FDP.
* Nota da Metodologia: Esse experimento foi realizado por mais de vinte vezes, em diferentes estabelecimentos, com um cartão de débito Maestro®. Não apliquei a metodologia com meu Visa Electron® ainda. Mas por analogia, já antevejo possíveis resultados.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Car System dos infernos

São cinco para a meia-noite. Estou beliscando alguma coisa pra preencher o jejum que já durava umas oito horas, incluindo o período de aula. Neste exato instante uma bosta de um carro com aquele maldito alarme Car System não pára de berrar na rua. Do dono, nem notícias.

O que o corno currado do proprietário não sabe é que a maioria dos moradores da rua costumam dormir à noite. Isto é, quando o desgraçado do dispositivo não dispara e enche o saco de qualquer cristão. O tal alarme de merda já disparou na madrugada passada fazendo o tio acordar e demorar a redormir. Tenho certeza de que não fui o único.

Outra coisa que o destituído de pregas anais desconhece é que carros que tem alarme Car System que disparam de madrugada costumam sofrer combustão espontânea. Verdade. Se não me falha a memória li isso em uma revista científica. Como sou uma pessoa preocupada com o bem alheio, avisei ao çaguranssa da rua sobre o alarme disparado, para que oriente o proprietário a desconectar. É um perigo. Dizem que a Car System está até fazendo um recall desses alarmes incendiários.

Sabe como é né? Com combustão espontânea não se brinca.

domingo, 17 de agosto de 2008

Momento olímpico

Sabe o que eu acho interessante?

- Nenhum empresário de peso bota grana significativa em alguma das "N" modalidades esportivas existentes.

- Boa parte dos atletas são pobres e treinam descalços sob sol escaldante, sem orientação profissional e sem alimentação adequada (alguns quase sem nenhuma).

- Nenhum político desgraçado ladrão e ordinário move uma palha para legislar ou interferir no descaso geral que o país tem para com o desporto, mesmo sabendo que seria possível tirar trocentos futuros trombadinhas da rua popularizando-se o esporte.

- Uns pouquíssimos jogadores abastados contribuem anonimamente com sustento de atletas pobres e talentosos, (leia-se a ginasta negrinha e uns outros aí) mas são meia-dúzia de gatos pingados.

Aí quando chegam essas porras de Jogos Panamericanos e Olim-piadas (de-mau-gosto) fica todo mundo torcendo com o Galvão, gritando a vinhetinha idiota, enquanto assiste ao vergonhoso fracasso brazuca nos telões dos bares badalados, se empanturrando de feijoada e caipirinha.

VÃO TODOS PARA OS QUINTOS DOS INFERNOS.

ESPERO QUE OS ATLETAS DESISTAM DAS CARREIRAS, VIREM SERIAIS-KILLERS E VITIMEM A TODOS ESSES HIPÓCRITAS.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Uncle needs...

Calma. Não é o que você está pensando. Concordo que o tio é tarado por mimos eletrônicos. Mas comprador compulsivo não sou, até porque para comprar é preciso ter o quê? GRANA. E convenhamos que não sou um exemplar das elites abastadas e irresponsáveis deste país (infelizmente). Eu explico:

Semestre passado o tio fez um piloto com duas matérias no sentido de não usar caderno. Digitei todos os apontamentos de aula no meu sensacional e incrível smartphone Nokia E62. A cada dia eu fazia o prudente backup no computador e sempre que possível fazia o upload para o Google Docs a igualmente sensacional e incrível plataforma de documentos que uso para trabalhos colaborativos. Resultado: foi um sucesso. Curiosamente foram as duas matérias em que fui melhor.

Embora o Nokia E62 tenha um belo teclado QWERTY o que torna a digitação menos desconfortável, vamos combinar que o tamanho do teclado e das teclas não favorece a acomodação de um par de mãos adultas. Mas meus problemas podem se acabar. Com esse sensacional e incrível teclado da foto, ou um similar, eu poderei digitar confortavelmente além de visualizar o monitor do telefone com mais ergonomia. Não curvarei a cervical para olhar o aparelho que fica deitado sobre a mesa, mas ele fica de pé para mim. Evitarei problemas de coluna.

Entendeu? Então, o que está esperando para presentear o tio com esse imprescindível aparelho?

Veja que ele ainda é ecologicamente correto. Pense em quantas árvores serão poupadas, pois não usarei papel. Pense em quantos cascos de caneta esferográfica deixarei de mandar pro lixo. Pense que o tio não necessitará mais de levar mochila na facu, o que liberará mais alguns centímetros quadrados no metrô. Pense em tudo isso. E arranje QUATROCENTOS REAIS para me ajudar nisso. Por favor.

Pense bem, minha gente. Eu podia estar matando, podia estar roubando, mas estou aqui pedindo, na humildade...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Post express

Sobre a mulher do Ciro Gomes de malvadinha, já falei. Mas de cagar é a mulher do Edson Celulari de coitadinha e boazinha. Vai se ferrar!

sábado, 9 de agosto de 2008

Aviso: reunião cancelada

Senhores credores e fornecedores:

Por motivo de força maior* a reunião para ouvir minha palestra cujo tema era "A caridade e a fraternidade, na ótica do evangelho segundo João" (vide aqui) está cancelada até segunda ordem.

Agradeço desde já aos que estavam dispostos a ouvir as palavras bíblicas e exorto-os a sempre praticar a caridade.

Atenciosamente,

Tio Xavier

* Por alguma conjunção astral desconhecida um cliente meu, cuja etnia e religião vou omitir aqui senão entraremos em polêmica, finalmente resolveu me pagar.

Preganu a bribla

U ispritu divinu num inçina purtuguêis antis di pregá. Dá niçu. Liga ução pra ôvi.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O monte

Quinze horas de sol quente - semana passada - e eu ligo para a casa de um cliente. A casa mesmo, pois ele está constituindo uma nova empresa e o galpão vazio ainda não virou nada. Atende uma senhora que supus ser a mãe dele:

- Alô?

- Boa tarde, aqui é o tio Xavier da Information Inc*. O Lourival* está?

- Ahn, não tá não filho.

- A senhora sabe se ele está no salão da empresa nova?

- Tá não.

- E na empresa do pai dele em Guarulhos?

- Tá lá não.

- Ele demora?

- Acho que não.

- Ele foi em algum lugar longe?

- Num monte.

- Então ele demora.

- Demora não filho. Quando é assim ele volta rápido.

- Mas se ele foi num monte de lugar, como é que vai fazer tudo rápido?

- Não filho... ele foi só num monte.

- Não entendi nada, senhora.

- É filho: ele foi no monte orar. Ele sempre vai orar com o pessoal da comunidade.

Eu mereço. O cara me pede um projeto urgente, eu retorno pra ele pra tirar uma dúvida importante e o cara tá orando no monte. Às três da tarde.

Mudando de assunto: perguntas

Não tava óbvio desde o primeiro capítulo que a mulher do Ciro Gomes era a assassina? Ou será que consegui concatenar a perspicácia Sherlockiana com a Psicanálise?

Além da Glória Menezes e da darling alguém mais acreditava naquela voz chorosa se fazendo de boazinha?

Os dimenó

De novo a polêmica politiqueira de reduzir a maioridade penal. Não vou entrar nos meandros jurídicos porque não tenho a menor qualificação para isso. Mas parece que a matéria carece de fundamento, pois até a Constituição teria que ser mudada. Enfim é um papo que não dá em nada. Porém... ah, porém...

1) Estamos falando de um país com abismos entre a opulência e a miséria, lado a lado.

2) Onde educação é artigo de luxo e a oferecida pelo Estado é um lixo.

3) É PROIBIDO empregar um menor de dezesseis anos.

4) Nas periferias, o Estado é deficiente ao quadrado e os criminosos o substituem a seu modo.

5) E, por fim, o suposto sistema de recuperação de menores não oferece nada capaz de tal.

Agora o outro lado da moeda:

O que se entende por maioridade, com base apenas na faixa etária é uma balela. Usa-se conceitos de juízo que remetem à Idade Média. Ou alguém acha que um menino de quatorze ou quinze anos hoje é uma pobre criatura ingênua e desprovida de informação?

O tio começou a trabalhar no mercado formal aos treze anos mal-feitos, depois de muito custo para convencer o avô Xavier a assinar uma maldita autorização no juizado de menores. Acho que foi meu primeiro trabalho de venda fazê-lo entender que eu queria trabalhar e ganhar meu dinheiro. O trabalho era duro em uma loja de materiais elétricos. Eu tinha que caminhar quilômetros todos os dias debaixo de sol e de chuva entregando faturas. A caminhada lotava de bolhas os meus pés, que eu escondia dos meus pais para eles não inventarem de me tirar do trabalho. Terminadas as faturas, o tio tinha que se revezar entre o balcão da empoeirada loja, carregar peças pesadas e fazer à pé algumas entregas de materiais não tão confortáveis como rolos de fios e cabos, caixas de isolantes de porcelana e ferragens elétricas. Aos sábados vinha o pior: após abrir as portas de ferro, varrer a loja e atender no balcão o tio tinha que lavar o banheiro, que o gerente japonês pinguço emporcalhava a semana toda.

Não quero louros nem medalhas, mas só dizer uma coisa: EU NÃO MORRI POR TRABALHAR. Nem ao menos fui mal na escola, já então no período noturno. À noite na escola estadual a faixa etária dos alunos era bem maior que a minha. Tinha maconheiros, punguistas, vagabundos profissionais e até alguns alunos bons. O tio preferiu ficar no time destes últimos e não despencou para o mundo do crime. Namorei, beijei e curti minha puberdade como qualquer garoto normal, escondendo revistinhas de sacanagem e folheando-as com uma só mão, dada a outra estar ocupada. Conseguia fazer tudo isso trabalhando.

Então, senhores panacas, hipócritas, aproveitadores e demagogos que apregoam essa merda de que os dimenó não podem trabalhar, VÃO À MERDA. O mesmo eu digo aos que alegam que esses dimenó não têm senso formado para serem culpabilizados pelos seus atos. Ainda mais hoje com a quantidade de informações disponíveis.

Aos que assinam autorização para seus filhos guiarem carros aos dezesseis anos, aos que deixam seus filhos tirarem título de eleitor, embora seja facultativo nessa idade, aos que têm grana e correm tirar seis filhinhos infratores das frias e ainda dizem aos quatro ventos que os pobrezinhos são dimenó e logo inocentes eu digo: VÃO À MERDA! Tomara que seus delinqüentinhos arrumem namorados e namoradas como os irmãos Cravinhos e a Richtoffen, se é que me entendem...

Redução da maioridade penal, sim. Já passou da hora. Com trabalho e educação para todos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Pregando a fraternidade

TIO: amiga, vc é boa em Matemática básica?

Amiga: yes, uncle

TIO: certo.. vamos à questão:
1) Tenho R$4.355 em contas a pagar.
2) Porém o saldo da multinacional acusa apenas R$2.400

Amiga: hum hum

TIO: como resolver a questão? (vc disse que é boa em Matemática)

Amiga: o resultado é elevar a soma dos dois catetos pela raiz quadrada de 34534543583409582405943, pegar o número de telefone da sua gerente de banco...

TIO: ahn.. certo...

Amiga: onde vc poderá solicitar...

TIO: and...?

Amiga: a) cheque especial

TIO: NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO

Amiga: b) empréstimo bancário

TIO: NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO

Amiga: oooooooooooou

TIO: estou pensando em uma saída religiosa

Amiga: deixando a matemática de lado, vc pode usar seus belos olhinhos azuis

TIO: and...?

Amiga: E oferecer seu corpinho por uns trocos

TIO: certo... putz, uma situação difícil. Pensei em uma saída mais religiosa, amiga.

Amiga: montar uma igreja?

TIO: nem tanto...acompanhe meu raciocínio: veja bem...

Amiga: vejo

TIO: titio reúne os credores em um local e hora determinados

Amiga: hum hum

TIO: então.. credores reunidos

Amiga: sim

TIO: Aí seleciono um capítulo do Evangelho e faço uma palestra sobre a caridade cristã, a fraternidade, a compreensão para com o semelhante, e exorto-os a não se degladiarem

Amiga: huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuumn

TIO: nem a maltratar àqueles que estão em dificuldades, like me. Então depois de tudo isso exponho a equação matemática que não está fechando. E tenho certeza de que imbuídos do espírito cristão eles arranjarão um jeito. Que acha?

Amiga: certo, porque Djízãs tocará o coração deles, encherá de luz e eles entenderão

TIO: esse é o esquema

Amiga: praticarão a fraternidade

TIO: opa! para comigo, inclusive

Amiga: claro

TIO: que neste momento sou justamente o "irmão necessitado"

Amiga: e é preciso praticá-la com os irmãos

TIO: isso, isso, vc pegou a coisa. acho que eles tb sacarão logo... vou selecionar o texto mais adequado e começar a convidar para a reunião.

Amiga: vai em frente

TIO: já fui... bjs...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

50 anos da bossa-nova

A bossa-nova está completando meio século. Nem parece. Quem não conhece os acordes melodiosos e dissonantes, as vozes em tom falsete e a cadência suave, que de longe lembra um samba-canção bem lento? Quem nunca ouviu os versos "Olha, que coisa mais linda, mais cheia de graça..." que praticamente viraram cartão-musical do Brasil? Todos conhecem. Inclusive amigos vituais que conheço pelo mundo afora, quando troco músicas pelos P2P da vida, todos lá fora conhecem "The Girl of Ipanema", como me disse recentemente um chegado lá de New Orleans. Impressionante, não?

Mais incrível do que isso é como tanta gente pode gostar de uma coisa tão chata, tão pegajosa, tão falsetosa, tão pedante, tão sem-graça como essa bossa-nova. Caraca, não é possível. Tudo bem que tecnicamente falando é bem melhor do que as merdas de créu do cão que existem hoje. Mas vamos lá, minha gente... No meio desse auê todo, festivais e especiais com esses chatonildos, cuja expressão máxima está em João Gilberto, será possível que ninguém tem coragem de dizer simplemente que a bossa-nova é um pé-no-saco?

"O barquinho vai... a tardinha cai..." não pode haver coisa mais mala. O que me espanta é a aparente unanimidade de intelectualóides, jornalistas, atores e personalidades em geral falando em entrevistas que "a bossa nova foi um marco na música brasileira, blá, blá, blá, caiscaiscais". Foi sim: um marco da chatice. Das letras meladas, bregas e cansativas, do ritmo sonífero e mamulengo, do embuste do falsete de cantores que não tinham timbres, nada se aproveita minha gente.

Vamos admitir e quebrar o silêncio. Vamos dizer que não agüentamos mais isso e que a bossa-nova podia estar circunscrita aos museus e as rodinhas de chatos com violões serem permitidas somente a portas fechadas. Chega disso no rádio. Não queremos remakes, regravações, songbooks nem a vocalista do Pato Fu imitando a Nara Leão. Se a original já era chata, a cover então pelamordedeus. Pior ainda é o pessoal da Trama fazendo bossinha-nova. Mas isso é assunto pra outro post. Vão ser chatos assim lá no inferno. Pronto, falei.

domingo, 3 de agosto de 2008

Moda fashion - II, o retorno

* Este artigo foi escrito para as mulheres. Se você é homem e macho, não perca tempo com isto.

Queriiiiiida! Os desfiles de moda não perdem sua infinita na capacidade de surpreender. Nunca, meu amor. Quando se pensa que tudo o que seria possível já foi inventado, os estilistas trazem novas tendências, texturas, cortes, comprimentos e recentemente o que mais tem me assustado: AS ESTAMPAS. E a modinha do momento agora está na redescobera dos tecidos que, depois de estampados, mais parecem um manuscrito hieroglífico. Ficam bem para vasos caros, mas jamais para indumentária.

Vamos às dicas de moda feminina do Tio Xavier:

a) Usar estampa é algo que requer um cuidado absoluto, mas que possui regras simples e de bom-senso. Se usar uma peça com estampa ou listra, pelo amor de qualquer coisa, cacete: não misture com outra peça estampada. A não ser que você faça parte de uma trupe de frevo em Pernambuco. Ou então seja a própria boneca de Olinda.

b) Se você tem um tipo físico digamos assim ''mais avantajado" talvez seja melhor nunca usar listras ou estampas. Mas se forem as primeiras que sejam verticais e largas. Se forem as segundas, que não sejam em grande número e sejam motivos grandes. Mas o resumo para as balof... (ops) cheinhas é EVITE ESTAMPAS SEMPRE QUE PUDER e preze mais as peças escuras e sóbrias que propiciam a ilusão ótica de que você não é tão baranga assim.

c) A não ser que você tenha a compleição física da atriz Carrie-Anne Moss - a deliciosa Trinity de Matrix - e vá andar de moto 1.500Cc ou protagonizar a versão 4 do filme nunca use toda a roupa grudada. Um detalhe para as moçoilas com genética de hipopótamo é usar uma peça um pouco mais justa na parte menos volumosa do corpo e uma mais folgada na parte mais ampla. Continuo na minha firme cruzada contra estampas para manequins XGGG³ mas se for algo distinto, use a estampa na parte de menor diâmetro. Se além de gorda você for burra segue a tradução:
  1. Você tem os quadris da mulher-melancia? Porra, bota uma calça ou saia escura e tente que ela seja não-grudada. Nesse caso apele para a blusa decotada e mais justa, desviando a atenção para os seios.

  2. Você ao invés de soutien precisa usar um par de calotas ônibus, mas por um acaso tem menos quadril? Então coloque uma blusa mais fechada, mais curta, menos grudada e, talvez, tente um jeans mais justo embaixo, desviando a atenção do desavisado para as coxas e a bunda. Uma batinha pode te salvar, amoreco.

  3. Em ambos os casos, lembre-se: roupas mais escuras e SEM ESTAMPAS, por favor.
Prometo que um dia, quando eu não tiver mais nada pra fazer, continuarei essa série de artigos para vestimenta feminina. Afinal de contas ninguém melhor do que um apreciador das fêmeas para fazê-lo. Ou você prefere as dicas daquelas bichas frustradas que no fundo sentem noooooojo de vocês? Prefere acreditar que o único manequim adequado é um monte de osso empilhado verticalmente? Se prefere a eles, leia as revistas de moda. Eu particularmente dispenso a sensação de me deitar sobre um estrado de cama, se é que você me entende.

Por ora, fiquem com uma foto que roubei da colunda de moda da UOL. É de um desfile de algum desses estilistas que surtam de manhã e decidem o que você deve vestir. Analise bem a foto que expressa bem o que NUNCA VESTIR, POR FAVOR. A moça me pediu para não mostrar o rosto dela por vergonha de ter aceitado esse trampo.

Marmelada de banana, bananada de goiaba, goiabada de marmelo...