sábado, 27 de setembro de 2008

Rent-a-vote

Já que:

a) As eleições não passam de um falsete democrático,

b) A tal democracia representativa é um imbróglio, pois os cidadãos permanecem alienados das esferas de poder e

c) Comprar ou vender voto é crime, ao menos na teoria e na legislação eleitoral.

O tio decidiu alugar o voto. Agora que me caiu a ficha: não preciso vender. O voto só tem validade por 4 anos, que é a duração do mandato. Então é simples faturar uma grana sem incorrer em crime eleitoral: basta alugar que não consta na legislação como crime correlato.

Os políticos e partidos interessados podem enviar suas propostas para o Tio Xavier que as analisará. Serão alugados separadamente o voto para prefeito e o para vereador. O critério classificador será a maior oferta, em moeda corrente. Em caso de empate o tio poderá, com critérios próprios, solicitar aos finalistas uma oferta adicional de desempate.

O resultado será postado aqui na sexta-feira que antecede o pleito, ao meio-dia. O(s) vencedor(es) deverá(o) depositar imediatamente a importância acertada na conta do tio. Em espécie porque cheque de político nem pensar. Caso contrário não alugarei meu voto.

Alea jacta est.

Atenciosamente.

Tio Xavier

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

The train, parte XVII

Senhor de meia-idade e suburbano que sou, adentro ao vagão do trenzão da zona leste umas sete e tanto da madrugada. Pego-o voltando para a primeira estação para poder ir sentado, pois tentar pegar o trenzão na terceira estação, como seria meu caso, é impossível. Não dá nem para entrar.

A composição pára na estação final, eu permaneço confortavelmente sentado bem no canto e abro o livro de Emília Ferreiro que estou lendo. Eis que quando o vagão lota compactando a massa proletária ouve-se um aparelho sonoro tocando no último a grudenta, sebosa e enjoada voz do ex-detento Belo. Aos poucos a banda sintetizada cresce e o mais chato dos pagodes românticos toca a todo vapor. Putaquipariu.... tem que ser no meu vagão.

No banco atrás de mim, duas senhorinhas reclamam entre si. Pessoas bufam. Mas ninguém fez o menor intento de introduzir o aipódi do energúmeno no respectivo orifício defecador dele. Essa é merda da inclusão da gentalha no mercado de consumo. O jeca foi nas lojas do Sr. Samuel Klein, comprou o treco em quatrocentas e dezesseis prestações e acha que toda a Humanidade quer ouvir o mesmo lixo que ele.

Depois de me dar conta de que as palavras da autora já não se processavam no meu cérebro não resisti mais. Assim que o trem parou na estação seguinte e me certifiquei que seria ouvido dei um berro digno de vendedor de sapatos da rua Direita.

- Ô didjei! Abaixa esse troço aí por favor!

Felizmente o merda deve ter se constrangido e foi abaixando, abaixando até que a voz nojenta do Belo sumiu-se de vez. Aí, nada como um arremate:

- Brigado aê, falou?

Gentalha.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Denúncia de maus tratos...

De novo! Um noticiário está mostrando uma mãe em Recife - escondendo o rosto não sei o porquê - que denunciou uma babá por comprovados maus tratos à uma menina de dois anos. No vídeo, que a mãe forneceu à polícia depois de contratar um sistema de vigilância interna, a tal babá (na verdade uma serviçal sem a menor qualificação) bate, puxa os cabelos, ergue pelo braço e - pasme! - fura a perna da criança com um palito de dente. Depois de demitida, agora a sujeita está foragida. Puxa, vida...

Onde já se viu denunciar à polícia uma pessoa dessas? Oumaigódi, o que tem na cabeça dessa mãe? A criança tem pai? Tem tio? Avô? Ou pelo menos, caso a mãezinha viva sem marido, não haverá um amigo mais chegado que tenha estima pela família?

O tio Xavier nunca admitiria uma denúncia contra alguém que maltatasse uma criança de minha casa, um idoso, nem sequer um animal doméstico, incluindo os peixes do meu aquário. Não, isso não é motivo para se denunciar. Eu socaria a boca até que não restasse um centímetro de gengiva para dar suporte a um implante, enfiaria um cabo de enxada por um lugar escuso até que saísse pela boca e por fim, tapearia o switch da porta do microondas para poder cozinhar a cabeça desse ser.

Depois chamaria a polícia e simularia uma possessão de exu, fazendo um discurso sobre o que merecem seres que maculam e maltratam indefesos, independente da espécie desses. Duvido e faço pouco que qualquer juiz criminal teria argumentos para me condenar.

Denúncia? Tá bão, viu...

sábado, 20 de setembro de 2008

O império de Satã

Fazia quase uma década que pelo menos duas das três TVs da casa do tio estavam inativas. Foi quando caiu um raio na antena e o tio entendeu como uma mensagem de Alá, para eu proteger minha família contra o império de Satã. Na ocasião mantive apenas o aparelho da sala em operação parcial e quando não chovia era possível discernir alguns personagens em meio aos chuviscos. Como não canso de dizer e todos já sabem a TV aberta é uma merda, então não havia razão para restaurar o funcionamento. A TV por assinatura é uma merda mais sofisticada. Tem alguns canais informativos e às vezes passa algum filme bom que se reprisa por 403983 vezes nos meses seguintes. Custa uns bons trocados por mês; "despesa fixa" como classifica-se na Administração Clássica. Por isso eu me recusei toda vida a bancar essa brincadeira.

Meu exemplar e já bem-sucedido enteado, formado e ganhando mais que o tio (o que até um catador de papelão consegue) já tem autonomia para diversas coisas. Nunca pede um real para o padrasto nem para a darling. Ao contrário, já assume alguma despesa da casa e com freqüência deixa cédulas na bolsa da mãe. Um exemplo e você que tem filho proto-delinqüente mooooooorra de inveja.

Ocorre que o caro jovem contratou a TVA para a casa do tio. Do dia pra noite, cheguei em casa e vi toda a família assistindo TV, cada um em um cômodo, como cabe a uma família moderna. Enfim o império de Satã conseguiu adentrar a casa da família do tio. Agora produções dos pecadores hollywoodianos que pregam o evangelho infernal do consumismo, o sucesso a qualquer custo, a infidelidade e do desprezo pelo semelhante, invadem todos os dias a sala e os quartos casa. Desenhos de bonecos abobalhados (que têm por missão neutralizar os neurônios das poucas crianças inteligentes) passarão a estrelar nos horários em que a cria assiste TV. Estou impotente diante da situação e já considero protagonizar um ataque-bomba à minha própria casa, como única forma de garantir a salvação da minha família.

Mas tudo que é ruim pode piorar. Já faz uma semana que o técnico da TVA, um tiozinho calvo e gorducho, não sai daqui de casa. Traduzindo: a merda da tecnologia dos caras não tá funcionando direito e as imagens vira e mexe congelam, eventualmente junto com o áudio. Num dia ele vem e troca os decodificadores, no outro as fontes de alimentação, no outro o filtro de sinal, no outro os cabos e por aí vai. Me lembrei de uma propaganda, na qual o técnico vai morar com a família, porque a TV deles o só dá problema. Acho que vai sair uma nova versão. Aqui na casa do tio.

Jihad já! Pela destruição de todas as emissoras pecadoras! Viva a Al Jazeera!

Coração de estudante...

- A senhora nunca mais se intrometa nos assuntos que não são da sua alçada. Estão dispensadas as suas sugestões a respeito, minha senhora. Quanto às provas, a senhora limite-se a aplicá-las e corrigi-las. Eu fiz a prova e farei todas as outras que eu decidir fazer até o final deste curso. E caso a senhora não tenha percebido e não lembre minha nota, independente da suas opiniões sem fundamento, estou entre os mais capacitados desta turma. Nunca mais, nem aqui, nem para as pobres criancinhas do CDHU pra quem a senhora leciona, repita suas sugestões esdrúxulas, anti-pedagógicas e anti-éticas. Se sua intenção era me desestabilizar a minutos da prova, eu lamento muito minha senhora. Pra conseguir isso é preciso ser alguém muito bom. No seu caso... tsc... tsc...".

Com esse discurso, com um sorrisinho cínico insuportável e com dedo em riste o tio arrematou a aula de Didática na facu da última quinta-feira, uma semana depois da prova. Antes que você me faça acusações, permita-me explicar o ocorrido:

Uma semana antes, minutos antes da prova de Didática, a mais limitada, insossa e desinteressante professora deste semestre estava fazendo a última embromação após três aulas enroladas. Manja aquelas técnicas que aplicam em alunos do Fundamental-I quando manda-os confeccionar cartazinhos e apresentar para a sala? Pois pasme: o assunto em questão era sobre os pensadores da Educação do século XX, cujos reflexos encontram-se na Pedagogia atual. Tema de complexidade, importância e profundidade, que requeria ao menos duas aulas de exposição e acalorado debate. Mas a professorinha, ao invés disso, passa tarefinha de pesquisinha e montar cartazinho. Típica (má) operária da Educação Infantil que se aventura pela universidade. As mais incautas e empolgadas colegas do tio se esmeraram nas canetinhas coloridas e colagens. Mas o tio é um pouco mais exigente e não vê razão para treinar colagem e letra-caixa em cartolina. Aliás não há razão.

Dessa forma há três aulas eu estava com a mesma cara de reprovação, quando a pentelha resolveu pedir para eu explicar a colagem nas coxas que minha equipe havia feito. Com o saco na Lua, primeiro eu disse um sonoro: "Está escrito lá". Mas a mala-sem-alça e sem noção insistiu ao que - com a maior indisposição do mundo - resmunguei: "Parece que...". Era o que ela esperava. A protótipa de chefinha medíocre desembestou a dizer coisas como: "Começou mal. Se no dia da prova você 'acha' ou 'parece que', então é melhor você não fazer a prova porque não está capacitado e blá blá blá...". Mantive o sapo cururu paradinho na garganta. Eu bem me conheço e qualquer coisa que eu dissesse naquela hora, com 50% do fluxo sangüíneo concentrado no cérebro, começaria obrigatoriamente com "Enfia no seu ânus a sua opinião que eu não pedi"; depois eu vestiria meu gorrinho da Gaviões da Fiel e daria uma cabeçada no nariz dela. A prova seria suspensa, eu seria retirado por seguranças e é provável que trouxessem pastores da Universal para me amarrar em nome de Jesus. Ao final de tudo eu perderia as benesses que tenho lá (que não vem ao caso quais são) e seria expulso com assinatura irrecorrível do próprio reitor, aliás, meu benfeitor.

Mas o tio é um cara zen e acredita nos ensinamentos de Buda. Sobretudo se ele tiver proferido algum que diga algo como: "Antes de encolerizar-se lembre-se que você pode esperar até a próxima oportunidade e colocar seu oponente abaixo do cu do cachorro". Depois, quem se desequilibraria para a prova seria o tio e jamais conseguiria obrigá-la a aplicar um reluzente 9,5 na exímia dissertação, que foi o que aconteceu. O cururu desceu até o estômago onde fermentou por sete dias até eu vomitá-lo anteontem na cara dela.

Well, eu não sou vingativo, mas minha memória é altamente eficaz nessas ocasiões. E agora, depois de gaguejar diante da sala, a professorinha medíocre terá que respirar fundo todas as quintas-feiras à noite. Ela lembrará que terá que ver minha cara de irônico, que nem eu mesmo suporto quando olho no espelho... Problema dela. Venha, que eu moro muito adiante da Penha.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Amy Winehouse

Tenho lido algumas chamadas para notícias e muitas críticas na mídia à cantora Amy Winehouse. Dia desses, zapeando o controle remoto eu vi no Pânico na TV uma performance bastante bizarra batizada de "Momento Amy Winehouse" que na sua estrutura relembrava o antigo quadro - igualmente sem o menor senso - chamado "A Hora da Morte".

Sinto-me no dever de confessar aos dois ou três leitores deste blog que eu não tenho a menor idéia de nada sobre essa tal Amy Winehouse. Não sei de que país ela é, nem que tipo de música canta ou se toca algum instrumento, nem como é o seu timbre de voz (dizem que é muito bom), enfim quase nada. Só o que ouço ou leio nos títulos: que é uma surtada que se entope de drogas - legais ou ilegais, sei lá - e que tem protagonizado várias presepadas em locais públicos.

Curiosamente esse "conhecimento" não me fez nenhuma falta, assim como aquelas notícias de colunas sociais tipo "Fulano trepa com Beltrana no castelo de Caras", "Emengarda está curtindo a gravidez do jogador Sicrano", "Joãozinho casou-se nesta semana com Mariazinha e foi passar a lua-de-mel nas ilhas gregas" e coisas assim, nada, nada, absolutamente nada disso me desperta o menor tipo de interesse.

Isso se aplica também à vida dos vizinhos e parentes. Nas reuniões ou festas o que mais rola é comentário sobre a vida alheia. Vejo pouca gente falando de si, de seus projetos pessoais, de suas eventuais frustrações ou de seus relacionamentos amorosos. É sempre "o outro" o objeto da conversa. Não que eu seja algum tipo de santo budista iluminado e jamais comente alguma coisa sobre outrem. Claro que o faço, sobretudo se tratar-se de uma pessoa querida que me desperte alguma preocupação ou ainda melhor, quando é alvo de admiração por algum progresso visto. Só não é meu foco.

Mas continua me faltando tempo para cuidar de mim, da minha prole, dos meus estudos, das minhas finanças e dos meus projetos. Talvez felizmente. Assim continuarei a não dar a mínima para essa tal de Amy Winehouse. De algum modo estar ignorante sobre a vida de celebridades me faz sentir mais feliz.

E o Quico? Pergunte ao Chaves.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Guia básico de comunicação feminina

Entender as mulheres é cientificamente impossível. Mas pesquisas lingüísticas recentes revelaram alguns significados próprios da linguagem feminina.

Com isso, tio Xavier - lingüista, ocultista e psicanalista de botequim - lança o projeto: "Guia Básico da Comunicação Feminina". Ele contém verbetes e expressões corporais minuciosamente estudadas em fêmeas da espécie humana. Se você é um macho do sexo masculino, vai lhe ser útil. Em breve nas bancas.

Preste atenção e entenda o que elas querem dizer, quando dizem:

Legal - Terminação argumentativa. Ela se acha certa e você deve calar sua boca estúpida.

Cinco minutos - Algo entre meia-hora e uma hora e meia, dependendo da situação.

Nada - Não se iluda; significa alguma coisa. Geralmente "Nada" quer dizer "quero te trucidar". Antecedido de um "Legal" significa: bote suas barbas de molho que ela falará por "cinco minutos".

Vá em frente (com sobrancelhas erguidas) - Ameaça gravíssima. Se ela completar com "Nada" e "Legal", contrate seguranças.

Vá em frente (com sobrancelhas normais) - Significa “eu desisto” ou “estou me lixando pra você”. Antecede um “Vá em Frente" com as sobrancelhas erguidas”. Mas se for seguido de um “Nada” e/ou um “Legal”, ligue para 190 imediatamente.

Suspiro alto - Indicação não-verbal. Traduz-se por: "Você é um idiota". Nesse momento ela está se questionando a razão de perder o tempo precioso dela argumentando com você, mesmo depois ter dito um “Nada”.

Suspiro suave - Outra indicação não-verbal. Significa que ela está contente. Evite movimentos bruscos e não diga nada. Geralmente ela não avança na sua jugular após um suspiro suave e até pode ser que role um sexo.

Tudo bem - Uma das frases mais perigosas, já catalogadas pelos peritos policiais e legistas. Ela só quer pensar melhor como vai se vingar de você. “Tudo bem” é geralmente usado com a palavras “Legal” e em conjunção com um “Vá em Frente”, com as sobrancelhas sobre-erguidas. Converta-se a alguma religião, porque lhe será útil em um futuro próximo.

Por favor, faça - Isso é uma oferta. Ela está te dando a oportunidade de contar alguma que você já aprontou. Dissimule fazendo parecer verdade. Mas se ela responder “Tudo bem”, a casa caiu mesmo.

Obrigada - Apenas diga: “de nada”. Não prolongue nem olhe para os lados. Você está fora de perigo.

Muito obrigada - É diferente de “Obrigada”. Quer dizer que ela está fula com você. Você fez alguma merda. Se seguir-se um “Suspiro Alto”, tente sair de cena ou chamar a atenção para um avião no céu. Mas nunca, jamais pergunte o que há de errado após um “Suspiro Alto”. Ela irá responder: “Nada”. Nesse caso, você já está morto.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Nosso líder curandeiro

Nosso Chefe de Estado é imbatível. Nunca antes na história deste país tivemos um presidente tão multi-tudo. O homem tem conhecimentos de diversas áreas da saúde e da Medicina. No lançamento do programa de saúde em Pernambuco, o nobre dirigente esbanjou conselhos dos mais variados para uma platéia masculina de 20 a 39 anos. Vejam só:

Sobre o exame de próstata:
“Se tem um bicho covarde é homem. Seria bom que ele engravidasse um pouco para ver quantos toques ele ia tomar...”

Sobre exercícios físicos, dos quais ele é um adepto inverterado, disse ao ministro Temporão:

“Você não anda, não corre, não faz ginástica e fica dando conselho pra gente.”

Lula também é dentista:

“Minha preocupação é que rico não tem dor de dente, mas pobre é uma desgrama. (...) Tem até dentista infantil para rico. Se a rede pública não atender, pobre não tem condição”.
Entre outras pérolas consta que ele tenha proferido que dor de dente, quando ele era criança, era curada com o despejo de cachaça no dente com cárie. Isso explica algumas coisas sobre ele...

Ele também tem um lado otorrinolaringologista. Contou que dor de ouvido, nesse mesmo tempo da cachaça, era curada colocando um algodão com óleo quente no ouvido do desinfeliz.

Esse é o nosso prizidenti! Lula pra presidente vitalício já!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Powerpointaquipariu

Inicia-se hoje minha retumbante campanha internacional "Morte ao PowerPoint".

No passado fui adepto do retroprojetor e habituei-me a escrever com letra-caixa sobre transparências para expor minhas idéias, projetar cânticos no telão durante a missa, ministrar aulas e coisas assim. Foi um tempo bom, apesar de o recurso e os meios físicos darem um bocado de trabalho, tanto na produção quanto na logística. Pra quem não conheceu, o retroprojetor era um trambolho e tinha quase que ser carregado em liteira, pois além de tudo a caríssima lâmpada era sensível e queimava por qualquer abalo sísmico de 0,01 na escala Richter.

Com o advento do Windows e posteriormente do PowerPoint, apresentar tornou-se deveras simples, assim como a inclusão de recursos antes impensáveis como movimento, som, fundos decorados, variações de letras e tantas coisas que vieram, sem dúvida, enriquecer as apresentações de conteúdo. Ênfase, por favor na palavra CONTEÚDO. Ocorre que todo recurso fácil de usar acaba caindo nas mãos da gentalha - o populacho - e aí a coisa começa a feder. Gentalha não sabe o que é conteúdo e pensa que se refere aos 350ml da latinha de cerveja. Então, após ler as mais piegas poesias do Renato Soviético ou escutar uma música chata de fundo, enquanto passam palavras supostamente proferidas por um também suposto monge tibetano, o pentelho não tem a menor dúvida: ele PRECISA passar isso para toda a sua lista de contatos.

Por essa razão o PowerPoint, que tinha tudo para ser uma poderosa ferramenta de apresentação e de vendas, para mim e para grande parte das pessoas tornou-se uma coisa hedionda, odiável e digna do meu mais veemente desprezo. Odeio quando alguém me manda algo intitulado "lindo", "leia e medite" e outras tantas besteiras de auto-ajuda com anexos .PPS e .PPT. Até piada! Porra, uma simples piada que se pode mandar pelo bom e velho texto simples, a horda de emo-desocupados anda montando em PowerPoint acrescentando imagenzinhas tontas e fundo musical, barulhinhos... E cada frase em um slide, ainda por cima. Ou seja, uma piadinha de 10 linhas de diálogo passa a ter doze slides, já que tem abertura e encerramento.

Vou procurar no Orkut se tem alguma comunidade tipo "Introduza o PowerPoint no final do seu intestino". Morte ao PowerPoint.