quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Músicas para alegrar o reveillon

Já que o saldo da minha conta-corrente não ajuda, que tal lindas canções para alegrar o reveillon? Se você tem mais de 30 ainda poderá tentar reproduzir aqueles movimentos que caracterizaram a dança new-wave dos anos 80.

O figurino ideal mais em conta: é composto por calça de popeline (ainda existe isso?) de cor berrante, de preferência verde-limão ou abóbora. A camiseta, preferencialmente sem manga, deve ser da cor oposta à da calça. Tênis "Katina-surf" podendo ser substituído por All Star sem cadarço. Se encontrar um estampado de xadrês, excelente. Mas na verdade vale tudo: peças em vinil emborrachado, meias-soquete listradas, boina, echarpe, tenis "Bamba" grafitado, meias-arrastão de cor, gravata com camiseta, óculos de proteção industrial amarelo, etc.. Quanto mais distoantes as cores, mais new-wave. É só procurar fotos da Cindy Lauper que verá como é.

Dançar é muito simples: estique os braços e rode-os na posição vertical, como se estivesse nadando. De preferência - se você tiver coordenação melhor do que a do Stephen Hawking - tente com um braço em sentido horário e o outro anti-horário. Ao mesmo tempo balance a cabeça como aqueles cachorrinhos de pelúcia com mola no pescoço, que os taxistas mais ousados põem no painel do carro. Com os pés simule chutes alternados, esquerdo, direito, esquerdo... isso... Já está bom assim.

Agora faça tudo junto e dê play abaixo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

69 na virada de ano-novo!

Está decidido: o tio vai passar para 2010 com 69. Não, meu caro leitor, minha cara leitora. Não é nada do que sua mente poluída pensou. Veja a consulta que acabei de fazer à minha conta-corrente e entenderá. Já considero vender meu gasto corpinho para tentar melhorar a situação. Nesse caso o número poderá tomar outra conotação. É a vida.

Como diz o Zé Simão "Nois sofre, mais nois goza".

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Quem é sua razão? Do quê?

Com frequência lemos e ouvimos pessoas dizendo algo como "fulano(a) é minha razão de viver". À parte a intencionalidade romântica de demonstrar amor desmedido, é curioso que alguém ou algo cuja existência lhe esteja fora de seu domínio real, se lhe represente algo tão forte e tão profundo quanto a própria razão de viver. Para mim, honestamente, a expressão acima reflete algo bem estúpido, seja o objeto dessa paixão uma pessoa, um time, um partido político, uma banda pop, um animal de estimação ou até um nobre trabalho social. Não importa.

Isso me remete a uma questão que me foi muito bem colocada por uma amiga a quem admiro e me reporto com assiduidade. Psicóloga atuante, ela me reposicionou de modo terminológico razão, motivação e incentivo. Até então eu, imbuído do senso comum, usava inadvertida e indistintamente os termos, sobretudo para tratar de políticas empresariais e acadêmicas com o fim de conduzir pessoas à ação. Nada mais equivocado, aprendi.

Segundo minha intelectual amiga, razão, seria o pináculo último de uma pessoa para algo mais elevado, como o próprio viver. Não se trata da razão no sentido iluminista de racionalidade, ratio. Simplificando um bocado, razão seria uma elaboração complexa, composta de várias convicções, mais ou menos conscientes, que vão se construindo arraigando, se entrelaçando e interagindo dentro da mente humana. Poderíamos na linguagem religiosa traduzir a razão como alma, a anima que nos mantém em pé e vivos.

Já a motivação seria a resultante da razão, mas que nos coloca em movimento. Ela seria o que faz uma pessoa a embrenhar-se por determinado caminho, carreira ou empreitada. Por isso, só se encontra motivação dentro de si, no fundo da sua alma, no âmago da razão.

Por fim, fora do ser, é que pode existir o incentivo. É somente nele que conseguimos atuar quando tratamos com outras pessoas. Desta feita só conseguimos ter uma noção mais assertiva de com o quê podemos incentivar uma pessoa, quando passamos a conhecer e compreender suas motivações. Muitas pessoas fazem aparentemente as mesmas coisas: podem trabalhar ou estudar, na mesma empresa ou no mesmo curso. Podem estar unidas, dormindo na mesma cama, sob o mesmo teto, e no entanto ter motivações diferentes. Decorre disso que tentar incentivá-las da mesma maneira - no trabalho, por exemplo - pode ter efeitos distintos. Uma pode trabalhar movida por vaidade, outra movida por sede de poder, outra movida pelo dinheiro. À primeira poder-se-á ofertar reconhecimento público, à segunda possibilidades de crescimento hierárquico e à última recompensa financeira, caso se pretenda empenho dessas três.

O que mais me intriga em pessoas que projetam - aparentemente - suas motivações em outrem ou em algo, é que o fazem sem a menor noção de que seus nomeados sustentáculos podem desabar a qualquer tempo e, com eles, elas mesmas poderão amargar sensações depressivas. Quem faz isso, abdica de procurar suas razões dentro seu cofre interior, muito mais seguro. Ao não buscar o autoconhecimento, abre mão de encontrar bases mais consistentes para sua vida e, preferindo projetá-las, arrisca-se no pedregoso e instável terreno do apelo exterior, do mundo das aparências, como os semi-cegos da caverna de Platão. Prefere antes as sombras às imagens verdadeiras, tanto de si como das coisas e dos outros.

No fundo, essas pessoas que dizem "fulano(a) é minha razão de viver", adotam como alimento o feedback alheio ou a sensação ilusória que o objeto lhe proporciona, tal como um narcótico. Tomam o que o outro ou o objeto lhe propiciam e vinculam artificialmente seus motivos a isso. Nada mais arriscado e danoso. A mente humana é um celeiro de enganos. Aquilo do qual se aceita depender psiquicamente pode ser sua ruína, até mesmo pela possibilidade de ter origem em más formações conceituais ou distorções relacionais estabelecidas na infância. Aceitando tão somente esse retorno como alimento, nutre apenas suas próprias distorções e aprofunda aquilo que o conduzirá ao assassinato progressivo de sua personalidade verdadeira, de sua id-entidade.

Pelo amor de São Freud, recomendo a você que lê isto: jamais pense ou diga que alguém ou algo é a razão do seu viver. Ou, fazendo isso, se arrisque no beiral do penhasco onde há de precipitar seu ser. Os suicidas que o digam. Quem sabe, através de algum médium, caso isso seja possível.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mensagem da equipe Transnotícias



Uma bonita mensagem narrada pelo amigo Irineu Toledo da equipe do Transnotícias. O programa vai ao ar de segundas às sextas-feiras, das 6 às 7 da manhã, pela Rede Transamérica FM.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Bad Christmas: dúvidas crueis

Estou com sérias dúvidas natalinas:

1) Digo logo para a caçula que o tal Noel não passa de um velho pedófilo e que acentua a divisão social em classes ao presentear os abastados e renegar os pobrezinhos?

2) Digo logo para a caçula que o tal Jesus não nasceu dia 25 de dezembro em uma manjedoura envolto em luz divina, nem foi adorado por reis magos, e que talvez nem tenha existido?

3) Digo logo para os familiares que estou com o saco cheio de amigo secreto, ainda mais quando dele participam seres que sequer passaram os momentos marcantes do ano conosco?

4) Digo logo para a darling que os *$#³£%!¬¢ do Banco do Brasil continuam com o meu saldo bloqueado e não tenho grana pra comprar nem uma sidra vagabunda feita no interior de SP?

Mais dúvidas no SPTV. Boa tarde. Fiquem agora com Globo Cor Especial.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Prestação de contas à sociedade

Informo a quem possa interessar, inclusive reitores e coordenadores de cursos superiores, o desempenho acadêmico do Tio Xavier no semestre. Não foi fácil, de modo algum. Estar no topo requer três "E": esforço, estudo e empenho.

Inúmeras vezes veio de brinde um quarto "E", de estresse. Mas nada que cochilos alternativos, acupuntura, fitoterapia - e outras coisas que não cabe escrever aqui - não me ajudem a superar.

Agradeço antes e sempre à darling e à cria caçula pela paciência com relação às minhas ausências e por me aturarem durante os dias em que eu estive com os cascos afiados, devido ao desgaste físico e mental. Agradeço também às colegas da equipe mais recente, Taty, Pat Souza, Pat Berloffa e Ketty, posto que sem elas tudo seria mais difícil e os resultados não seriam tão excelentes. Go to 2010. Come on, girls!

Mirem-se no exemplo do tio, estudantes.

* Nota do autor: Antes que alguém do ramo perceba, há duas notas não mencionadas devido às disciplinas transcenderem o semestre e, logo, não possuírem nota final.

Natal do Google

A galera do Google mandou para os usuários de diversos serviços o simpático cartão de boas festas abaixo.

Nada de hightec ao extremo, mas sim uma modesta animação em Flash. Só que vale pela iniciativa generosa da corporação (leia o texto). O usuário Tio Xavier aprova e continua Google-Fan. Espero inclusive que parte da doação venha para instituições brasileiras.

Clique na imagem para ir à animação original.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O bom combate

* Texto publicado originalmente em minha coluna no site do programa Transnotícias da Transamérica FM. Aqui.

O fim do semestre acadêmico me trouxe um alívio indescritível. O acúmulo de papeis profissionais, universitários e familiares, somados à minha idade - posto que não tenho mais vinte anos - me exigem, ano após ano, um desdobramento e uma versatilidade não tão fáceis de manter. Às vezes sucumbo mesmo, diante de alguma tarefa ludibriando-me com um julgamento tendencioso, segundo o qual alguma tarefa não seria relevante e poderia ser ignorada. Sei que são estratégias de sobrevivência comandadas pelo meu subconsciente, do contrário a estafa já teria me atirado em uma cama hospitalar.

Porém sempre fica em mim a sensação de insuficiência. Sinto que não li o quanto devia, que poderia ter caprichado mais em algum trabalho acadêmico, que poderia ter-me dedicado mais à família e aos amigos, que poderia ter sido mais eficaz no trabalho e obter melhores resultados, que poderia ter feito algum trabalho voluntário ou militado na política, que poderia ter cuidado mais de mim indo ao dentista ou chamando a acupunturista, que poderia ter feito algum curso suplementar, nadado, pescado, viajado...

Mas o deus Chronos é implacável e equânime: se recusa a privilegiar a quem quer que seja com a benesse de dias maiores, e muito menos com os tempos infinitos, com os quais sempre sonhei. Limitado por Ele, e segundo um certo perfeccionismo que me persegue, sinto-me sempre um ser incompleto e inacabado. Há sempre algo que eu possa fazer ou aperfeiçoar. Afinal, se algo merece ser feito é porque merece ser bem feito. Do contrário nem vale à pena fazê-lo.

Por todo esse turbilhão de pensamentos que me perseguem o tempo todo eu fico injuriado ao ver colegas na universidade ou no trabalho seguindo a vã filosofia do sambista que prega "deixe a vida me levar, vida leva eu". Nada contra o autor dos versos. É só uma "despreferência pessoal" tanto para com ele como com a obra. Mas tomo-os emprestados para demonstrar meu inconformismo com essas pessoas que desperdiçam a vida. São seres humanos que, abdicando de sua humanidade, trabalham pensando tão somente no mirrado salário do quinto dia útil; estudam apenas para "tirar nota" e "ganhar um diploma"; acordam por acordar já que o despertador lhes interrompe o sono. Vivem por viver, vivem por acaso. Ou pensam que vivem, posto que suas vidas carecem de intensidade, profundidade e direção.

Gostaria eu de poder comprar dessa gente os dias e horas desperdiçados. Eu realizaria mais e melhor tudo aquilo que tomo por missão. Mas Chronos também detém o monopólio do mercado de tempo. Não permite escambo ou venda, mas antes toma de volta para si cada minuto desperdiçado, para nunca mais devolvê-lo ao esbanjador.

Lutando para me livrar da auto-severidade vejo porém que o ano que se encerra foi generoso comigo em todos os aspectos. Prosperei, aprendi, fiz novos amigos, escrevi, li, briguei, fiz as pazes, assisti a filmes, subi em árvores, pesquei, vadiei, errei, acertei, em suma vivi. Vivi com apego sôfrego a cada minuto que caiu em minhas mãos como presente, desde o acordar com a querida trazendo a infalível caneca de café, até quando já era a madrugada do dia seguinte e esgotado consegui me esborrachar na cama para o que seriam minhas poucas horas de sono. Mas só tenho a comemorar.

Em suma sou grato à Vida. Agnóstico e mais apegado a São Tomé do que aos santos que creram sem ver, não professo nem isto nem aquilo. Mas antes procuro minuciosamente as pequenas verdades que cada momento encerra e revela. Tirar os infinitos véus de cada fração da vida é para mim uma fonte de satisfação infinita. Sem os apegos religiosos, restam-me os versos de Sérgio Britto, que sabiamente professam uma fé descuidada, porém confiante: "O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído". Seja lá quem ou o quê for esse "acaso" que nos proteja sempre. Inclusive do risco de "viver por acaso".

Deixo aqui meu agradecimento a todos os ouvintes e leitores, mas sobretudo um convite: viva com intensidade e dedicação cada minuto de suas vidas. Como a criança que, absorta pela brincadeira, é capaz de se esquecer tudo à sua volta e mergulhar e emergir, indo e vindo, no universo do seu brinquedo. Um forte abraço!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Living without you

Olá senhor William... Lembra daquele notebook que comprei da Compaq em 2000? O fabricante tinha feito um acordo com o senhor e ele veio com seu sistema versão 98 embutido, com o respectivo preço idem? Pois é.

Lembra daquele potente servidor Pentium-IV, que comprei há oito anos e no qual instalei seu potente sistema versão 2000 Server? Pois é, eu paguei para o senhor na época algo em torno de mil e quinhentos dólares, só pelos seus CDs.

Lembra daquele outro notebook, da Acer (ops! é este onde estou editando), e que veio também com seu sistema embutido, com o respectivo preço? Pois é.

Lembra ainda daquele outro notebook Acer que comprei no início do ano passado, que agora anda na minha mochila, lembra? Ele também tinha vindo com seu sistema embutido (e os custos idem).

De toda a grana que lhe entreguei por anos a fio, espero que o senhor, além de aumentar seus bilhões na caderneta de poupança, tenha ajudado muitas ONGs, crianças famintas na África e hospitais.

Mas lamento informar ao senhor que TODOS OS MEUS COMPUTADORES agora estão rodando UBUNTU 9.10.

Depois eu lhe conto o resto. É bem capaz que o senhor queira mudar também.

Um forte abraço.

Tio Xavier.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Chatos culinários

Post escrito em parceria com a Red's.

Você conhece um? Claro que sim, todo mundo conhece. Talvez você seja um deles - os chatos culinários, pessoas sem noção cuja missão no mundo é azucrinar a paciência alheia querendo convencer as pessoas de que eles e o seus egos inflados são verdadeiros chefs milagrosos, capazes de fazer todos os seres humanos mudarem de opinião a respeito de comida, mesmo os mais resistentes.

É muito fácil identificar um chato culinário. Tal personalidade vem à tona quando uma pessoa ousa divulgar que não suporta determinado prato. Vamos pegar o exemplo da Red, que odeia todo e qualquer tipo de prato com peixe.

- Odeio peixe.

- Mas Red.. isso é porque você nunca comeu o peixe QUE EU PREPARO (há muita ênfase neste trecho da frase). Eu preparo uma tainha recheada de nozes que vc vai ADORAR!!! Você VAI TER QUE adorar... Não vai ter como não ficar fã.

- Tudo bem, mas não é o preparo. Eu não gosto é DO peixe em si.

- Um dia, Red, eu vou fazer um peixe lá em casa. Você vai ter que comer, nem que seja só um pouco. Vai experimentar. Depois de comer minha tainha com nozes eu DU-VI-DO que você não coma até se entupir.

- Você não entendeu. Eu tenho certeza que você prepara um peixe espetacular. Para quem gosta de peixe. Vou tentar explicar mais uma vez: EU NÃO GOSTO DE PEIXE.

O exemplo cita os peixes, mas o exemplo pode ser utilizado para qualquer prato.

É possível supor que o interlocutor compreendeu, tal a objetividade da frase e sua estrutura sucinta, certo? Errado. Durante seu desenvolvimento cognitivo, o chato culinário só conseguiu estabelecer sinapses o suficiente para processar operações de adição de ingredientes na panela. Ao contrário do que estudou Jean Piaget, depois dessa fase de operações concretas, o chato culinário não seguiu para a fase de operações abstratas. Por isso é que elucubrações complexas quanto "ele gosta disso", "ela não gosta daquilo" e muito menos "será que estou enchendo o saco?" não fazem parte do universo cerebral do chato culinário.

Na verdade ele está apenas processando a sua vaidade. Eis o raciocínio: a pessoa pode até não gostar de peixe, mas isso não tem nada a ver com o peixe DELE. O peixe DELE, assim como ele, é o máximo. Não dá pra aceitar, assim, de bate pronto, que um ser humano QUALQUER não o aprecie revirando os olhos e batendo palminha.

Até que um belo dia o chato convida Red para almoçar o tal peixe, a obriga a enfiar uma garfada goela abaixo e eis que ela emite o seu parecer:

- Não gostei.

E no segundo seguinte o chato culinário deve dizer:

- Ah, mas não é possível!

Sim, não é possível. A pessoa DEVE AMAR o peixe. Caso contrário, ele amarrará uma tromba, ficará ofendido para o resto da vida ou pensará - esta é a hipótese mais provável - que a pessoa é um caso perdido, um ser inferior que não sabe apreciar uma boa culinária.

Do alto da sua soberba o chato culinário tem semelhanças com o fundamentalista religioso. Ele vê como única hipótese de salvação - nesse caso gastronômica - que você se obrigue a amar, respeitar e adorar o que ele faz ao fogão, ainda que contenha toneladas de coentro, galões de dendê e um barril de cominho, por exemplo, e você diga claramente que não gosta de temperos muito fortes.

Assim também ao rejeitar a buchada de bode de um chato culinário você será taxado de fresco, de não saber o que é bom na vida, de não ter paladar e que deveria participar da sessão de descarrego, porque só um espírito das trevas pode fazer alguém não gostar do que ele gosta.

Nessa hora, a única saída plausível para a vítima é firmar o pé e não ameaçar ceder um milímetro, sob o risco de o chato culinário achar que ela tem potencial de gostar de tudo o que ele gosta. Se a pessoa fingir que gostou, já era.

Para o chato culinário não existem coisas como personalidade, gosto pessoal, preferências individuais, nem nada. Pessoas que não gostam do que ele gosta são problemáticas ou estão apenas a fim de ser do contra. Não existe outra possibilidade. De qualquer maneira, a outra pessoa deve ser convertida, e esforços para isso não devem ser poupados.

O chato culinário, porém, tem outras formas de abordagem que podem ser tão irritantes quanto esta citada. A primeira é sempre partir do princípio de que o que ele gosta é algo universal, e que não existem preferências particulares. Logo, quando a pessoa diz que não gosta de buchada de bode, ele fará a pergunta mais óbvia e mais cretina do universo:

- Mas você já comeu?

Ele usará uma expressão facial e uma entonação de voz de quem está questionando seriamente a afirmação da outra pessoa. Ele deixa bem claro que quem faz tal afirmação não pode ter embasamento algum no que diz. Ele pensa em desmerecer a vítima até a última gota, levando o tom da conversa para o seguinte raciocínio: "Você nunca comeu, logo não sabe do que está falando, pare de espalhar a sua ignorância pelo mundo!". Isso fará com que a vítima se sinta mal ou culpada por emitir tal opinião, e que seja reduzida ao tamanho de uma reles azeitona.

Se a pessoa disser que nunca comeu porque tem nojo de se imaginar comendo bucho de bode (ou é vegetariana), o chato imediatamente pula para a chatice descrita no começo. Se ela disser que já comeu e não gostou, então dê a resposta fatal:

- Ah, isso é porque você nunca comeu uma buchada bem preparada...

E emenda a ladainha anterior.

* * *

Fato mais inusitado ocorreu dias atrás com uma amiga psicóloga. Era aniversário de alguém em um barzinho. Aniversário em barzinho por si só é recheado de impessoalidade e torna-se ocasião em que você vai encontrar dezenas de pessoas que são "amigos, do amigo, do amigo do aniversariante" e, então, toda sorte de chatos pode aparecer. E, claro, o chato culinário está lá. Vejam esse diálogo verídico, narrado pela vítima:

- Oi, como você se chama, gracinha?

- Victoria*.

- Então, Vic. Posso lhe chamar de Vic né?

- Hãhã...

- Vic, vou pedir uma porção de rã fritinha, vai nessa?

- Não obrigada.

- Não gosta?

- Er... olha, não me ocorre degustar anfíbios. Ainda mais um batráquio.

- Batr... o quê? Você já comeu rã?

- Não, mas não quero comer. Não me agrada a ideia.

- Como não? Nâo pode ser. Você vai comer umazinha sim.

- Não, obrigada mesmo. Agradeço, mas dispenso.

- Ninguém resiste depois de comer a primeira. Você vai ver.

- Não vou não.

- Ah, vai. Você não tem a menor ideia do quê está perdendo.

- Tá bom, mas... entende? Eu apenas não quero.

Dali uns minutos aterrisa na mesa a travessa com os sapos efeminados. Acredite que o cara ainda pegou um e fez menção de leva-lo à boca da educada moça, que apenas levantou-se foi ao banheiro e demorou uns quarenta minutos para voltar, pois passou na pista de dança onde ficou um tanto. Para sua sorte a volúpia e gula do chato em questão foram maiores que sua pentelhice.

Mas neste caso acima, a chatice não se resume apenas às questões gastronômicas. Ao que parece, o estrago é bem maior. Mas este não é o assunto deste post.

Eu aposto meus dedos que vários chatos gastronômicos estão lendo este texto e pensando: "Isso é porque ela nunca comeu o MEU ____________________ (digite aqui o prato de preferência)".

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Arte sacra

Esse bonito vitral encontra-se em Sampa, no interior de uma igreja denominada "São Pedro". No retrato, o apóstolo parece que acaba de ser preso. Até aí tudo bem. Pena que o artista não tenha concebido que, na época da prisão do sujeito, os romanos não usavam armaduras medievais, que foram surgir centenas de anos depois.

Na mesma igreja há outras bizarrices, como Jesus pregando para sujeitos parecidos com Quakeres com um castelo estilo francês ao fundo. Qualquer dia vou lá fotografar tudo. Coming soon...


Piedade demais, conhecimento histórico de menos.

domingo, 29 de novembro de 2009

A saturação do transporte público

Semana passada alguns incidentes com o metrô de Sampa, incluindo uma inédita colisão entre trens fora de operação de madrugada, colocaram em cheque a segurança desse que já foi um exemplar transporte na cidade.

A fadiga atinge impiedosamente a tudo: pessoas, equipamentos e materiais. Até a Engenharia tem cálculos específico sobre a fadiga de materiais.

Alguns usaram a notícia para pichar, denegrir e maldizer o nosso bom e velho metrô. Eu mesmo já bloguei sobrei isso. Mas fui injusto, admito. Depois que vi essa foto, meu conceito mudou.

Se não estou enganado, esse exemplo de logística humana é na Índia.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Uma fatalidade com causa

A complexidade crescente do mundo e a frenetização das ações das pessoas são fatores capazes de neutralizar as ações pensadas e ponderadas, substituindo-as por um agir robotizado e cheio de falhas, sem o nosso diferencial que é o senso, o agir com sentido.

A cidade grande - floresta de hoje - é praticamente desprovidas de árvores e animais selvagens. Contudo é populada por outros perigos tão estressantes quanto eram no tempo em que vivíamos em grupos pequenos e habitávamos cavernas. Só que naqueles tempos, sem o trabalho sistemático, o homem conseguia ter um ócio posterior às situações de perigo, o que o recompunha. Hoje o estresse é ininterrupto e as atenções exigidas são múltiplas, muito além de nossa capacidade de dar foco com qualidade sobre alguma delas. São tempos agitados em que nós mesmos nos enveredamos em prol de algo que não sabemos dizer o quê. Talvez um bem-estar futuro, um tanto que incerto. Ou tudo isso é apenas a luta por sobreviver na selva moderna e seus perigos contemporâneos, talvez muito piores que os de outrora.

E foi assim que, involuntária e infortuniamente, uma jovem mãe aqui em Sampa saiu para trabalhar e, num súbito de mudança de trajeto, ao deixar a filha mais velha primeiro na escola esqueceu no carro a recém-nascida de seis meses, indo trabalhar. A pobre pequena foi abandonada na estufa em que se transforma um veículo fechado sob sol de 30ºC. A mãe só foi dar conta do ocorrido após horas, quando já era tarde e a fatalidade já havia se dado. O pai, acionado logo após a descoberta, abalou-se da universidade onde trabalha e mais adiante foi ter conta do alcance da desgraça familiar. Que trauma e culpa não lhes perseguirão pelo resto de suas vidas? Se eu fosse crente faria preces às dezenas pedindo que esse casal consiga conduzir-se após o ocorrido. Me resta torcer e talvez oferecer algum apoio, posto o pai ser pessoa do convívio diário de minha esposa.

O que está por trás desses lapsos, bugs cerebrais ou seja lá como os chamemos é o que a iluminada Monja Coen chama de "mente em piloto automático". Essa é a bandida do nosso alerta real, que nos rouba a capacidade de operar informações, de analisarmos com serenidade e tomarmos aquelas que nos parecerem as decisões mais adequadas. Reféns de nossas mentes enganosas, que fingem pensar, tornamo-nos autômatos. A rotina frenética e sem pausas é que nos substitui o papel de pensar e, assim, passamos ao papel de máquinas operatrizes, que seguem instruções programadas sem questionar a nenhuma delas. O mundo de hoje é um celeiro de mentes lesadas e conturbadas, que já não conseguem ponderar sobre as coisas e ocorrências. Um fazer-o-que-tem-que-ser-feito, seja lá o que isso signifique, toma o lugar do melhor de nossas faculdades mentais e - por que não dizer? - espirituais, no mais amplo sentido desta palavra.

É o espírito que nos faz presente, possibilitando que enxerguemos nuances das situações aparentemente cotidianas mas que, de fato, são distintas sempre e a cada segundo. Só que deixamos de percebê-las em profundidade. O "piloto-automático" é um estado de semi-torpidez que, qual um narcótico entorpecente, nos tira do melhor senso e faz-nos realizar as coisas sem questionar, sem dar nosso olhar que vê. Enxergamos mas não vemos, ouvimos mas não escutamos, somos tocados mas não sentimos.

Como sempre digo, a vida é feita de escolhas. Ao objetarmos algo através de escolhas irrefletidas nos tornamos o objeto dela. Nos "coisificamos" perante aquilo que escolhemos. Quanto menos crítica e presente tenha sido a ação seletiva, mais "coisa dela" nos tornamos. E, por fim, passamos nós a sermos os escolhidos e não mais os escolhedores. Assim sobretudo é a vida na cidade grande. "Escolhemos" trabalhar, estudar, ir à academia, depois correr para o curso de idiomas, ao supermercado, à oficina mecânica, ao médico e até ao que pensamos ser um lazer, mas geralmente não é senão um consumo de tempo a mais, sem a premissa da presença de espírito que caracterizaria um bom lazer. O agravante é que, em algum momento, jogamos fora o mapa da volta. Por isso não me espanta que pais e mães esqueçam filhos na escola, no carro, no supermercado. Antes de causa ou culpabilidade são mera consequência. Consequência dessas tantas escolhas irrefletidas que se apoderam de nós.

Tentar viver de uma maneira mais zen é a única salvação para a balbúrdia de vida na qual nos enfiamos em algum momento. Por isso recomendo a todos chutar o balde vez ou outra. Largar o carro em casa e andar à pé ou de transporte público. Enforcar uma aula, faltar à academia, visitar um amigo que não vemos há tempo, nos banharmos com a mão não-dominante ou comer idem, assistir a filmes diferentes, ouvir músicas diferentes, dizer "não" a algumas "obrigações", ainda que isso seja de certo modo custoso ou danoso. Em suma, desligar o maldito "piloto automático" que tira de nossas mãos as rédeas de nossas próprias vidas. Do contrário, deixaremos de "ser" para apenas "estar".

Que esse pobre pai e essa pobre mãe, que devem estar com uma culpa de toneladas sobre as consciências, recobrem de fato suas próprias conciências e consigam superar-se da tragédia. É meu sincero desejo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Fracasso de quem?


A realidade das escolas públicas é sintomática. Alunos chegando a séries elevadas sem os requisitos mínimos de alfabetização e sem dominar conceitos científicos elementares. Em recente pesquisa do Ibope com a Fundação Victor Civita, intitulada "Perfil dos Diretores de Escola da Rede Pública", foram entrevistados 400 diretores de estabelecimentos públicos de 13 capitais. Dados alarmantes vieram à tona. Não se trata somente do desempenho dos alunos nos exames nacionais, posto esses lamentáveis indicadores já serem do conhecimento do público. Mas finalmente começa a ser estabelecida uma correlação entre o mau desempenho dos estudantes com a má gestão dos estabelecimentos.

Recomendo tirar as crianças da sala. Se você tem estômago fraco não leia o restante. Vamos aos dados:

  • 98% dos diretores não se vêem como responsáveis pelas notas de seu colégio;
  • 90% gastam a maior parte do tempo conferindo a merenda escolar;
  • 64% reconhecem-se não preparados para o ofício;
  • 36% desconhecem a nota de sua própria escola nas classificações oficiais;
  • 21% estão no cargo por indicação de políticos;
  • 50% está há menos de 2 anos no estabelecimento em questão;
  • 5% apenas, chegaram ao cargo por critérios técnicos.

O que esses números não falam de modo explícito é sobre a mentalidade miserável que os fundamenta. A questão do desempenho de uma escola, em linhas gerais, não deveria ser tratada de maneira tão distinta das empresas do universo capitalista. Se sob regime do capital o valor de uma empresa é medido pelo seu lucro, sua participação mercadológica e evolução patrimonial, a escola também pode ser avaliada, considerando que seu dividendo é o capital acumulado na aprendizagem de seus alunos. Isso também é mensurável. Se de fato o objetivo de uma escola é ensinar, não importa tanto qual é a matriz pedagógica adotada, mas sim se podemos avaliá-la através da medição científica da aprendizagem de seus alunos. Assim como uma empresa em declínio, na qual sua liquidez patrimonial desaba e seus passivos ficam a descoberto conduzindo-a à insolvência, também ocorre com a escola. Diferencia-se que o produto de seu trabalho defeituoso é uma multidão de alunos incapazes de ler com comprensão, resolver operações elementares ou demonstrar conhecimentos científicos básicos.

Neste ponto quero estabelecer outro paralelo do desempenho empresarial com o escolar: se na base de um fracasso empresarial podemos encontrar proprietários e gestores incapazes de conduzir os colaboradores ao sucesso econômico é quase certo que, legando alunos com mau desempenho, encontraremos equipes docentes que fracassaram, estas provavelmente (des)governadas por diretores e coordenadores incompetentes ou "apenas" descomprometidos. Infelizmente muitos de nós hão de conhecer coordenadores pedagógicos e diretores incapazes de fazer uma análise conjuntural da clientela de sua escola, desconhecedores dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e até incompetentes em grau suficiente a ponto de não saber elaborar um plano escolar adequado, com objetivos, metas e estratégias corretamente delineados.

Não pode ser bem sucedida uma navegação sem objetivo, sem metas e sem estratégias que são, respectivamente, o objetivo da empreitada, pontos de checagem e as ações operacionais. Escola sem plano parece-se bem com o dilema de Alice quando pergunta ao Mestre Gato qual o caminho a seguir, mas não sabe dizer aonde quer chegar. A resposta à pergunta mal formulada seria: "Nesse caso tanto faz, basta caminhar bastante." - como bem disse o gato -. Certamente é o que fazem esses diretores de escolas com mau desempenho. Não tendo objetivo, não há caminho, tampouco resultado decente.

Um bom dirigente nomeado para uma dessas escolas precisa compreender politicamente onde é que ela se situa, quais são as características da clientela de seu estabelecimento e o contexto social da comunidade. Tem que buscar a compreensão dos modelos e matrizes escolares que estão na mente de cada docente, para depois provocá-los com indagações a respeito do trabalho e finalidades da escola. Esse dirigente vai repautar e discutir o papel da escola e da docência com suas equipes, embasado pelos PCNs. Tanto melhor será se ele convocar todo o corpo escolar - incluindo docentes, funcionários da infraestrutura, pais e alunos - para debater o problema e traçar planos estratégicos imediatos, que se entrelacem com metas e, por último, com os objetivos cada vez mais amplos. Por fim, precisará avaliar as dificuldades de cada profissional e instrumentalizá-los propondo-lhe acesso a conhecimentos, estudos em grupo e atividades permanentes de formação, recheadas com bons mestres da educação e conhecimentos complementares, nas áreas da Didática, Psicologia e mesmo temas transversais da atualidade. Não é preciso dizer que tudo isso dá trabalho. Bastante.

Só é possível conseguir sucesso em uma empreitada conciliando-se objetivos claros, metas mensuráveis, atividades-meio, recursos materiais e o mais importante: profissionais convictos, orientados e capazes. Claro que uma postura ativa dessas em uma escola pública encadeará outras demandas mais amplas, no âmbito das reivindicações junto ao Estado. E como não dizer que isso também é papel do dirigente educacional?

domingo, 1 de novembro de 2009

Não perca por esperar

O tio não é vingativo. Jamais. Sou apenas um escorpiano que acredita que as leis da Natureza e os ciclos do deus Chronos colocam as pessoas em situações semelhantes, de tempos em tempos. É nesse intevalo que os seres mais preparados e iluminados do Universo são capazes de criar condições para reverter situações, a fim de revid... (ops!) digamos assim, retribuir gentilmente o que recebemos das pessoas, entende? Nada de vingança, nada de rancor. Apenas é uma característica dos escorpianos ter uma memória privilegiada. Explico:

Uma década e pouco atrás, a assistente do tio recebeu um telefonema de um dono de empresa interessado em um sistema de gestão empresarial. Justamente o que comercializo há mais de quinze anos ininterruptos. Dados anotados e data agendada pela eficaz colega, lá vai o tio encontrar-se com o suposto empresário. Não explicitarei aqui características étnicas ou religiosas do dito cujo, pois isso poderá servir para me acusarem de anti-qualquer-coisa, o que seria inverídico. Sou agnóstico, pluralista, estudioso da Filosofia e sei bem que comportamentos humanos têm pouco a ver com essas características de massa, mas são fruto de algo que chamo de pedigree humano. Um misto de qualidades advindas da linhagem familiar, tanto de modo inato quanto por socialização. Alguns conseguem superar parte das sinas de seus ascendentes, mas talvez não era o caso do bípede em questão.

Lá chegando, deparei-me com um sujeito de aparência e modos rudimentares. Era o dono de uma fábrica de velas que refletia exatamente a imagem dele. Me senti no século XIX e ao ver a precariedade das condições dos operários quase telefonei para Bakunin, mas o conceito de tempo me voltou à mente e desisti. A pergunta que me ocorreu foi: Será que, considerando o anacronismo deste lugar, esse sujeito compraria um bom sistema informatizado para gerir os seus negócios? À aparência negativa, tratei de todo o tempo manter-me teatralmente crente na hipótese positiva, apesar de a fabriqueta demonstrar que há centenas de anos nem um centavo fora investido em equipamentos, métodos, muito menos em condições de segurança operacional. Era aquilo que chamamos popularmente de moquifo.

Fiz uma demonstração com o meu notebook - na época um Toshiba de 200Kg! - porque nenhum dos computadores dele tinha condições mínimas para rodar o instalador do meu sistema. Todo tempo os comentários do "empresário" eram de que não precisava disto, essa outra função não era importante e coisas assim. Saquei de longe que a intenção era minimizar a relevância do produto, achando que com aquilo faríamos uma doação filantrópica para ele. Embora minha vontade fosse de me retirar eu toquei a reunião até o fim, quando ele me perguntou o preço. Não sei estabelecer a relação desse preço hoje, mas lembro era algo confortável para uma pequena empresa pois em outras empresas do mesmo porte meu sucesso era significativo. Dei-lhe uma tabela de preços e, sem delongar, fingi não ter ouvido seus comentários medíocres de que era caro, etc.. Zarpei e, como de costume, anotei um acompanhamento por telefone para os próximos dias.

Passada uma semana, a competente colega de trabalho telefonou para o cidadão. Qual não foi minha indignação ao saber que ela fora receptora de uma dezena de vocábulos impublicáveis neste seleto espaço. Pra você ter uma idéia, um dos palavrões que ele proferiu para a mulher incluía o nome popular do orifício sito ao final do reto. Segundo o nobre empresário, era um absurdo que um "programinha de computador" - palavras dele - custassem tanto e, enfim, a lista de impropérios torpes foi imensa. A coleguinha apenas desligou e deu a oportunidade de venda como encerrada. Ao fim da tarde, quando ela me contou eu cheguei a pensar em ligar para ele, mas fui demovido pela dama que já dava por demais ela ter ouvido o que ouviu. Disse que bastava sepultarmos a ficha daquele ser desprovido de qualitativos. Colega de nobreza. Assim, o assunto morreu.

Dois ou três anos depois o tio já estava trabalhando em outra empresa. Maior, de tecnologia mais sofisticada e de certo garbo, que incluíam um escritório na Av. Paulista e uma clientela onde constavam multinacionais renomadas. A secretária do departamento, desta vez era a adorável baiana "Nil" também competente. Certa feita ela encaminhou um agendamento para mim. Adivinha de onde e de quem era? Imagine então minha cara de espanto ao ver na ficha o nome daquele sujeito, da espelunca de sua propriedade, telefone e endereço tais e quais. Bem, well, seguindo as premissas do primeiro parágrafo, chegara a hora. Ri e pedi no ato que a colega ligasse para o hominídeo, mas que permanecesse na escuta para testemunhar e registrar os fatos. Ela o fez, inicialmente sem entender. Começa o diálogo:

- Alô, Sr. Schlebovitch*?

- É ele (sic!).

- Boa tarde, sou o Tio Xavier, da Acme Software Inc.* e o senhor ligou para nossa empresa procurando um sistema de gestão, correto?

- É. A moça falou que vai vim um cara aqui (sic). É você que vai vim (sic)?

- Não senhor.

- Então quem vai ser?

- Nem eu e nem ninguém desta empresa, sabia Schleb*?

- Como assim? Quem é você? Posso saber por quê?

- Como assim, é? O senhor por acaso ainda usa um programinha feito em Cobol há uns nove anos, certo?

- Uso, mas que é que você tem com isso? Quem é você?

- O que é que tenho? É que por acaso, em 1997, você recebeu a visita de um profissional da Acme Technologies Corp.*. Fui eu. Fiz-lhe uma simples oferta comercial e, não querendo, bastava-lhe rejeitar. Mas não. Ao receber a ligação da minha assistente dias depois você demonstrou uma baixeza inigualável. Falou uma série de palavrões para a moça, mostrando que não tem um pingo de educação básica, nem gabarito para possuir um computador. Quanto menos uma fábrica. Aliás, não tem pré-requisito nem para viver em sociedade. Por isso é que essa espelunca que você chama de empresa parece um porão escuro, é um nojo e você continuará para sempre usando a mesma porcaria de programa que usava nos seus micros 286. Você nunca vai evoluir e, por isso, a sua fabriqueta também não vai. Ela é seu reflexo.

Após uns trinta segundos mudo, certamente pego desprevenido ele recuperou-se:

- Quem é você? Eu quero falar com seu chefe agora!

- Quem tem chefe são grupos tribais pré-civilizados, compreende? Aqui tem diretores e um presidente. Mas eles jamais vão atender a um ser tão desprovido de espírito como você. Se quiser, ligue novamente no PABX e tente a sorte. O nome do presidente da nossa empresa é Frank Schulzenstein*. Mas ele só atende a pessoas socializadas e elevadas.

- Você vai ver com quem está falando! Eu vou aí nesse troço falar com alguma autoridade.

- Eu sei com quem falo. Sinto muito mas não sei o que é "troço". Aqui é uma renomada empresa e você sequer vai conseguir entrar com sua camiseta ensebada neste edifício. Pode tentar vestir uma roupa apresentável, mas seus modos mostrarão ao porteiro que não é do tipo de gente bem vinda aqui. Passar muito bem.

- Você vai ver se eu não apareço aí.

Por um instante achei até que ele tentaria. Esperei por mais um ano. Na verdade eu pagaria para que ele conseguisse entrar e chamássemos os seguranças para defenestrá-lo. Mas ele jamais foi.

Por que lembrei dessa história agora? Porque acessei a base de contatos recentes do site da empresa onde trabalho atualmente. Curiosamente, lá estava um pedido de informações de um tal Schlebovitch*. Isso mesmo: o dono da fabriqueta de velas, com o mesmo nome e endereço. Apenas fiz um comunicado à nossa telefonista, para que jamais dê atenção a um telefonema dele. Afinal, como novamente trabalho com uma empresa distinta e próspera, é meu dever selecionar a clientela. Certo, Schlebão?

O próximo, por favor.

domingo, 25 de outubro de 2009

Peruadas, galinhadas & other things

Foto: Fabiano Cerchiari/UOL

Dia 16 passado, ao final da tarde, fui buscar minha cara companheira no trabalho para irmos para casa. Mal desci a rua Vergueiro - centro da capital paulista - e enfrentei um congestionamento digno horário de rush de véspera de feriado. No meio do trânsito eu soube que era uma manifestação de estudantes. Suspirei consolado. Afinal participei de tantas na minha remota juventude estudantil e os compreendia. Tratei apenas de achar caminhos alternativos. Só mais tarde tomei conhecimento de que tratava-se de uma tal "peruada" organizada por estudantes de Direito da USP do largo São Francisco.

No dia seguinte vi diversas fotos nos jornais online e um desânimo me abateu. Nada de faixas com palavras de ordem nem camisetas com slogans contra o governantes, reclames contra escassez de universidades públicas, reivindicações sociais, nada disso. Como pano de fundo - mais pretexto do que qualquer coisa - havia sim o que chamavam de "caráter político e humorístico do evento" sendo que o anti-homenageado, a princípio, era Sarney pelo seu nepotismo. Mas as imagens falam mais que palavras. Essas mostraram um trio elétrico com ninguém menos que a "cantora" Gretchen e uma banda comandando uma verdadeira festa para os dois milheiros de jovens que os seguiam. Muitos dos presentes estavam fantasiados de tudo o que se pode imaginar, dançando, empunhando latas de cerveja e, afinal de contas, curtindo mesmo uma animada micareta. Me custa acreditar que ao menos uma ínfima parte dos garotos ali tivesse intuitos politizados ou estivesse a fazer lá algo mais do que dançar, paquerar e beber ao som da "cantora" do hit Freak le boom boom.

Uma lembrança saudosa dos protestos da década de 80 que culminaram na campanha pelas eleições diretas e, pouco depois, nas Campanhas pela Constituinte, me acometeu. Foi no início de 1987 - logo após a posse dos parlamentares que escreveriam a nova Carta Magna do país - que voltamos às ruas para coletar milhões de assinaturas em toneladas de papel encaminhadas para Brasília, a fim de que na Nova Constituição fossem incluídas emendas populares por direitos civis e conseguíssemos garantir reivindicações trabalhistas, educacionais e mesmo as liberdades sociais pouco antes suprimidas. Foi um trabalho árduo, de sol a sol, que deixou nossas peles bronzeadas de tanto andar pelas ruas, montar banquinhas nas calçadas e abordar transeuntes para discutir a importância do que acontecia naquele momento. Mas valeu à pena, considerando alguns dos avanços que a Constituição Federal incorporou.

Nós os estudantes, ao lado do movimento sindical e alguns partidos de esquerda, naquele momento éramos a voz da consciência política para as massas. Precisávamos desalienar a população que ficara vinte e tantos anos à margem do processo político, intimidada e acuada pelos militares da linha-dura e seus lacaios. Éramos jovens que dividiam o tempo entre trabalho, estudo, diversão e militância, nem sempre nessa ordem. Curtíamos Legião Urbana, Cazuza e Titãs. Namorávamos, bebíamos, estudávamos, mas sobretudo sonhávamos com um país melhor e, suando nossas camisetas com slogans politizados, tentávamos por todos os meios realizar ações que tornassem o Brasil um lugar justo e equânime.

Talvez eu esteja me tornando apenas um tiozão desolado. Mas é triste ver que os estudantes secundaristas e universitários de hoje demonstram-se alienados de tudo o que acontece e sem nenhuma vontade de fazer algo que não seja "empurrar com a barriga" os seus cursos para tão somente para conseguir um trabalho bem assalariado. Quando não, cabulam aula para ir ao bar ou acompanhar algumas das baladas e micaretas propagandeadas na porta da universidade. Sei bem do que falo, pois na porta de onde estudo nunca vi uma panfletagem, que não fosse apenas sobre entretenimento.

Uma pena. Enquanto Gretchen "canta" no trio elétrico e mostra seus glúteos recauchutados para a turba estudantil de nossos dias, Renato Russo deve estar dando cambalhotas no túmulo. Terão meus herois morrido de overdose? Porque os meus inimigos, até onde sei, continuam lá onde sempre estiveram.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Notícias populares

Era um domingão à tarde. Eu havia abandonado as coisas que estavam por fazer e resolvi tirar uma soneca após o almoço. A invejável siesta, praticada religiosamente em alguns países como México, Espanha e Grécia. Povos sábios, eu diria.

A darling saíra pra ver a mãe levando a cria. Uma bênção. Deitei na minha deliciosa queen-size e coloquei o tapa-olhos, a fim de não ver os fios de claridade que entravam pela veneziana. Os carneirinhos começaram a saltar: um... dois... trêzzzz... Zzzz... O quarto ovino vinha na raia de atletismo em slow-motion ao som de Chariots of fire. Mas o telefone interrompe com aquele pipipipipi irritante. Tocou uma, duas, três... Não tive remédio senão levantar e atender com voz de poucos amigos:

- Alô.

- Oi meu filho - era a avó Xavier - você tá escutando os helicópteros?

- Hum, até estou. Mas tinha conseguido dormir apesar deles. Parecem longe.

- Mas já sabe o que é, né? - a voz da velha tinha um tom de que eu tinha que saber - por isso eu to ligando.

- Não, não sei.

A mulher assume um tom dramático de Datena e dá o fato:

- Roubaram um carro em um bairro próximo. Os ladrões fugiram e a polícia veio atrás. Então entraram em uma travessa do lado da universidade. Mas bateram no muro de uma casa e o carro pifou. Aí pularam o portão de uma casa e tomaram a família como reféns. A polícia está cercando o local. Um pandemônio! Liga na Record.

- Ahn, tá. Vou ver - minha pobre intenção era desligar o telefone e voltar a dormir -.

Mas a velha insiste:

- Ligou? Tá vendo?

- Não mãe, não liguei. Daqui a pouco eu ligo.

- Daqui a pouco coisa nenhuma. Liga agora! O repórter Schlebts tá fazendo a cobertura. Um horror. Ai meu Deus, olha isso!


- Entendi. Bom, eu vou ver lá então. Mas primeiro vou tirar minha soneca.

A dona esbraveja:

- COMO ASSIM??? VOCÊ NÃO QUER VER AGORA? VOCÊ NÃO FICA PREOCUPADO?

- Eu devia ficar?

- Mas você não tem medo?

- Medo do quê, mãe? Minha casa tá trancada. Se pularem o muro eu garanto que porta adentro eles não chegam. Não vivos, pois tenho meus meios pra isso.

- Não acredito que você não queira ver na TV. É aqui perto. Você não quer saber o que está acontecendo?

- Sinceramente? Não.

- Nossa, viu? Eu ligo aí pra dar a notícia e você nem se interessa. Olha, nunca mais te ligo pra dar notícas. Eu aqui preocupada e você nem se incomoda.

- Olha mãe, se for esse tipo de notícia, não precisa.

- Tá bom - o tom agora era de vitimização - nunca mais informo você. Puta merda, viu?

- Tá bom, mãe. Obrigado. Mas prometa.

- Tchau - se despede abrupta -.

Até o momento desta publicação ela realmente cumpriu o prometido. Doravante poderei tirar os meus cochilos dominicais pós-almoço. Sem notícia ruim. Ufa!

sábado, 10 de outubro de 2009

Não acredito. Mas que existe, existe.

Tem coisas nas quais eu não acredito nem a pau. Meu agnosticismo não permite.




E com a palavra final...

Pronto, está dito. E não se fala mais nisso.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Personal Mobility Device

Que obras na Marginal Tietê, que nada. Nada de investir bilhões em vias férreas e transporte de massa. Já que a linha do Capitalismo vai sempre focar o individual, o jeito é substituírem todos os veículos por esse genial dispositivo que está sendo gestado pela Honda: o U3-X, o mais novo e revolucionário dispositivo pessoal para transporte.

Os donos dos estacionamentos já estão se preparando para mudar de ramo.



O único problema ainda não resolvido pelo fabricante é com relação aos dias chuvosos. Aí danou-se.

domingo, 27 de setembro de 2009

Kingston®: o pendrive lavável (2)

Se você ainda não leu a experiência científica anterior, passe AQUI antes de ler este post. O pendrive utilizado foi o mesmo exemplar dos testes anteriores.

Desta vez o experimento foi diferente, para uma análise de espectro mais amplo. O sabão aplicado foi da marca Brilhante. Como aquela máquina BS-Continental pediu aposentadoria a de agora é uma Bosch®. O meio de suporte utilizado para o objeto dentro da máquina foi o bolso de uma camisa. Nesta versão a água da máquina foi mantida fria.

O pendrive saiu da máquina encharcado e pingando. Como era um dia ensolarado, não utilizamos a secadora. Assim, o equipamento foi pendurado no varal, com o conector virado para baixo, sob sol escaldante para fins de secagem ao natural.

RESULTADO: após algumas horas pendurado junto com as roupas, o pen-drive Kingston® de 512MB foi conectado a uma porta usb de um notebook Acer ligado. Demorou cerca de trinta segundos e o micro chegou a exibir a tela de "instalação de dispositivo". Mas depois do processo, os arquivos anteriores estavam intactos, novas gravações foram feitas nele e o dito está mais alvo, com cheiro de amaciante, em ótimas condições de uso.

Assim, declaro que o pendrive Kingston® de 512MB faz jus ao selo do Xavier Institute of Quality Assurance e terá seu certificado revalidado por mais cinco anos.

Ps.: Essa experiência foi executada por profissionais treinados. Não tente fazer isso na sua casa. O pendrive utilizado no experimento foi o de 512KB, a máquina de lavar é Bosch®. O sabão em pó Brilhante® é fabricado Unilever. Não temos registro de resultados com dispositivos de outras capacidades. Nenhum dos mãos-de-vaca, fabricantes das marcas acima, topou pagar algo por este testemunho e não se responsabilizam por tentativas similares.

Agradeço a Santo Expedito (2)

Ainda não ganhei um centavo com isto. Mas acabei de ver no contador, lá no rodapé, que as pageviews desta pocilga ultrapassaram a marca de 20.000. Foram mais de vinte mil cliques desde quando instalei essa porcaria de numerador.

Grande merda, não é mesmo? Meu corsinha velho ultrapassou 200.000Km e o que ganhei foram mais despesas com manutenção. Agora aqui nem manutenção tenho dado.

Agradeço a todos os SEIS leitores. Sim, são seis. Convenci um professor meu a olhar de vez em quando. Para garantir, toda segunda-feira eu pergunto a ele "e aí, teacherzão que achou do meu último post?". Eu o enquadro para ter certeza de que pelo menos ele abriu e leu o título.

Agradeço também à darling, por ter colocado o Sem Sentido como página inicial dela no micro da firma. Agradeço também à minha mãe que outro dia ficou pressionando [F5] o dia todo, embora não tenha entendido o porquê de eu pedir isso.

Um abração a todos e boa semana.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Curso rápido de plágio

Algumas pessoas têm muita dificuldade em ler e compreender um texto, o que os especialistas denominam como "analfabetismo funcional". Outras têm distúrbios de aprendizagem, o que as impossibilita de relacionar fonemas com grafemas e significantes com significados, como é o caso dos disléxicos.

Seja qual for o seu caso, ou simples inaptidão para usar os neurônios esquerdo e direito, síndrome conhecida como "preguiça mental", segue abaixo um curso expresso de plágio. Você não precisa nem saber ler, tampouco escrever. Basta usar os comandos CTRL+C / CTRL+V, em determinados trechos de um bom texto de modo aleatório. Não é necessário prática tampouco habilidade, pois também são pré-requisitos difíceis para determinadas pessoas.

Você mesmo pode fazer no seu computador. Se não souber ligar o PC peça para alguém fazer isso por você. Veja o resultado abaixo, extraído da plataforma de EAD de uma universidade situada em São Paulo:


Esta primeira fez recortes simples mas mutiladores, comprometendo trechos e destituindo algumas frases do sentido original:


Note que esta segunda tem dificuldades com numerais também, pois confundiu o título do assunto:


Daqui a alguns meses é muito provável que ambas estejam diplomadas. E assim caminha a inducassão.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Vá em paz Gunther

Os desígnios divinos são mesmo imperscrutáveis. Quem saberá o que se passa na cabeça dos deuses, sejam eles politeístas ou monoteístas? Já li - não lembro em qual romance - que "Deus, o Destino e o Kaiser são a mesma pessoa" (acho que foi em um Machado de Assis).

Mas quero manifestar meus pêsames pelo falecimento de Gunther Link. Alguém de quem pouco sabemos, mas que sem dúvida foi um homem sincero na sua devoção. Católico fervoroso com 45 anos Gunther havia ficado preso em um elevador pouco antes. Podemos supor que a maioria dos leitores daqui já tenham ficado presos em elevadores. Pelo menos eu fiquei algumas vezes, já que nem todos são mantidos com as preventivas recomendadas. Felizmente nenhum despencou do cabo de aço, razão pela qual encontro-me aqui escrevendo para deleite dos 5 leitores. Mas voltemos ao assunto.

É a fé que permite ao homem enxergar os acontecimentos com outros olhos. No aparentemente corriqueiro, o homem de fé consegue enxergar a ação divina. Do alto da sua fé, Gunther interpretou seu resgate como um milagre divino, tal como um Lázaro a sair do sepulcro. Logo Gunther não teve a menor dúvida em dirigir-se a um templo católico para agradecer, com um ato de reverência, gratidão e adoração. Porém o destino lhe reservava mais uma surpresa. Pior ou melhor, ninguém senão ele agora poderá saber.

Ocorreu que ao abraçar uma pilastra do altar - provavelmente emocionado e orando aos prantos - o Sr. Link foi abatido pela gigantesca pedra da mesa de culto que caiu sobre ele. Seu corpo padeceu ali mesmo, naquele que seria seu derradeiro ato de fé na vida carnal. Ao morrer na casa do seu senhor, Gunther talvez estivesse sinalizando simbolicamente o destino de sua alma.

Não sei como são as igrejas na Áustria, se há zelador, se trancam as portas ou se são ao menos vigiadas. Mas essa em específico parece que não. Gunther foi encontrado por fieis somente no dia seguinte, por ocasião dos preparativos para a missa. Qual não terá sido o choque das pessoas que, adentrando ao templo, encontraram aquele homem simples e piedoso prensado sob o altar sagrado de oferenda e celebração? Pois assim estava o próprio corpo de Gunther como um auto-sacrifício para a incompreensão de muitos. Descrente e materialista, agora a polícia de Viena está investigando o ininvestigável. Pobres homens esses que tentam compreender o que não é compreendido pelo intelecto, mas tão e somente pela alma daquele que crê.

Vai ter azar assim no inferno, hein Gunther! Ou sorte no paraíso. Quem há de saber?

A propósito, a notícia foi obtida AQUI.

domingo, 30 de agosto de 2009

Da série: placas interessantes

Essa placa espetacular encontra-se na entrada para a balsa Guarujá-Santos.

Só fiquei pensando se não dava para os caras serem mais objetivos.


Depois não querem que a gente fale

Olhe você mesmo a cena de amor apaixonado. Não quero ser o acusador de nada, mas a foto não deixa dúvidas quanto às preferências sexuais dos sãopaulinos. É isso.

sábado, 15 de agosto de 2009

Vendendo o peixe

Sinto uma compulsão absurda por escrever. Sei que escrevo mais bobagem do que coisa útil e por isso há alguns anos eu criei o Sem Sentido.

Só que entre outras coisas sou também um irresponsável profissional de vendas há mais de vinte anos. Acho que a meia-dúzia de acertos e as milhares de erros que já cometi na profissão (o que explica minha pobreza de marré-de-si) podem ser documentados de forma a servir ao menos aos iniciantes na profissão como guia sobre o que não fazer.

Goste ou não, está lançado a partir deste momento o Vendendo o peixe, meu mais novo blog. É destinado aos vendedores e demais interessados no assunto. Em breve estará nas piores livrarias e palestras mais chinfrins de autoajuda (auto-ajuda não tem mais hífen; é isso né?).

ACESSE AQUI E INAUGURE UMA NOVA ETAPA NA SUA VIDA!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Baixo calão no Senado

Noooofa gente! Estou estupefato. A troca de ofensas entre o Tasso e o Canalh(ops) Calheiros foi um horror. Até onde consegui assistir na web, um chamou o outro de dedo-sujo, coronel cangaceiro (e de terceira categoria!) e mais ainda: minoria com complexo de maioria. Esta última expressão chula eu nem sei o que quer dizer. Meu léxico de palavrões é limitado aos tradicionais e mais antigos.

Mas agora vem o pior. Eu não vi, mas quem viu disse que é verdade. Um teria mandado o outro a... como é que vou escrever? Estou constrangido. Bem, lá vai: à M-E-R-D-A. Que coisa horrorosa mandar o outro àquele lugar (merda é um lugar?) que é sinônimo de excremento intestinal. Realmente a nossa política está pela hora da morte. Basta lembrarmos que todos nós, este que escreve e os cinco leitores (sim, descobri mais um), jamais seríamos capazes de proferir em sã consciência coisas tão vilipendiosas e ofensivas.

Agora se alguém aí não cair no conto da hipocrisia e não estiver almejando entrar para a Liga das Senhoras Católicas ou para os Vicentinos, saberá que mandar à merda - se bem que eu ainda não tenho provas desse xingo - não será a pior das excrementações que os nobres parlamentares cometem com o meu, com o seu, com o nosso suado dinheirinho. O critério de decoro parlamentar deles é um bocado distinto dos conceitos da média da população, para quem mandar o colega de trabalho à merda ou quem sabe à puta que o pariu seja até saudável de vez em quando, podendo inclusive evitar AVC's e males cardíacos. Por mim eles que se mandem à merda, às putas que os pariram ou quiçá tomarem nos respectivos orifícios anais, também conhecidos como cus. Pouco importa, uma vez que eles fazem exatamente isso com o dinheiro dos pesados impostos recolhidos da população. Pelo menos de vez em quando eles devolvem a grana sob a forma de espetáculo circense. Circenses sem panis. Essas sim são as ofensas de fato.

Peço desculpas a todas as prostitutas que tomarem conhecimento destes apontamentos. Entendo perfeitamente que elas trabalham honestamente, alugam o que é delas e ganham o pão cotidiano às próprias custas. Com suor dos seus corpos são obrigadas a tolerar clientes dos mais grotescos, muitos com vocação para senadores esbravejantes.

A todas as putas venho manifestar meu desagravo e respeito. Faço questão de reiterar que nenhuma de vocês é mãe daqueles caras do Congresso e do Senado. Tomara.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O poder de cura do riso

Patch Adams já está entre nós. Muito interessante a reportagem e os esclarecimentos dos profissionais entrevistados. Destaque para a psicóloga Andréia Christina de quem eu tenho a honra de ser amigo.

domingo, 26 de julho de 2009

Envelhecer com dignidade

A questão da velhice sempre me intrigou. Me lembro de quando criança pegar nas mãos de uma tia-bisavó e ficar brincando com a sua pele flácida. Não achava beleza nem feiúra. Era apenas uma mistura de carinho e brincadeira de criança. Ao mesmo tempo, seus cabelos branquinhos e presos em coque me transmitiam uma imagem de grandiosidade que eu não sabia explicar. Hoje entendo mais racionalmente como sinais externos da experiência histórica de décadas vividas, a prenunciar a escassez do tempo restante.

Semana passada eu estava com a família em um balneário tirando uns dias de férias. No local, considerável parcela dos hóspedes eram pessoas acima dos sessenta anos, algumas das quais organizadas em excursões. O convívio inevitável nas áreas comuns - como no restaurante - permitiam-me observar trejeitos e comportamentos de vários deles, como em uma pesquisa de campo descompromissada. Os perfis eram dos mais variados e cada um denotava nas entrelinhas as diferentes concepções de vida.

Um dos casais parecia em plena lua de mel. O zelo e o trato mútuos levantavam-me a suspeita de que poderia não ser um casamento de bodas de ouro, mas sim um namoro recente. A história verossímil que construí mentalmente para eles dava conta de que ambos haviam enviuvado há alguns anos e tinham se conhecido em um baile. Com efeito eles dançavam com desenvoltura invejável durante os bailes noturnos no balneário. Tinham simplicidade no vestir, mas de modo esmerado, transmitindo a imagem de pessoas de poucas posses, porém caprichosas consigo. Os cabelos rareando e os rostos marcados pelo tempo nem pareciam ser das mesmas pessoas, que demonstravam gana por tirar o melhor proveito do cotidiano. Acima de tudo um bonito par de namoradinhos, isso eram mesmo.

Já outro casal destacava-se pelo contraste de aparências. Ela, curiosamente andava de bobes na cabeça durante parte do dia, sempre vestida de modo exagerado para o local. Era como se a qualquer momento fosse participar de um evento diplomático ou receber um célebre. O seu companheiro parecia mais velho. Era despojado, mas não menos distinto. Andava sempre bem arrumado e com boas costuras, mesmo que trajado de modo informal. A dona tinha características visíveis de quem passou por cirurgia plástica. Se sua face emprestava-lhe uma década a menos à primeira olhada - o que explicava a aparência de mais jovem que o marido - não resistia à segunda fitada, pois ostentava aqueles olhos repuxados pelo esticamento da pele. Chegava mesmo a ser estranha pelas vestes e aparência um bocado artificializadas. Sua postura era altiva e um tanto pedante, enquanto a de seu marido insinuava a vassalagem de quem ficava com parte bem menor das posses sociais e materiais.

No local haviam outros tantos. Uns solitários, de olhar perdido, e outros que mesmo sem par misturavam-se aos dançantes fazendo a própria festa. Vi também turmas de senhoras desacompanhadas, que ficavam em rodinhas tagarelando, cada qual encenando a seu modo o teatro concreto da velhice. No que será que pensavam quando estavam em silêncio? Fofocando com minha querida reparávamos em um e outro, aqui e acolá, enquanto aproveitávamos para elucubrar sobre como deveríamos viver a nossa terceira idade. De consenso até o momento só temos que o zelo com a aparência não resolve as questões da alma e que envelhecer com saúde, autonomia, dignidade e alegria possa ser o suficiente, apesar de ser um desafio grandioso por si só.

Acabamos elegendo como modelo a simplicidade do primeiro casal - os supostos viúvos - que acima de tudo faziam notar um equilíbrio carinhoso e sadio na relação amorosa. Não vejo com bons olhos o esforço desmedido em cirurgias e tratamentos estéticos, pois mais desfiguram do que configuram. Tentar resgatar forçosamente com bisturis e enxertos, o viço de décadas que já passaram, sempre me soou um pouco doentio.

Generalizando um pouco, minha percepção é que as pessoas que mais se sacrificam e gastam dinheiro pela aparência física curiosamente são as que menos zelam pela espiritualidade. Por espiritualidade, entenda aqui a busca de saberes mais profundos, de transcendência, de completude, de autoconhecimento e de um modo de viver presente e reflexivo. Para mim é como se a ganância cega pelo visual buscasse compensação pela esqualidez e fugacidade da alma desnutrida. Hoje em dia essa busca já não é exclusiva dos mais velhos. Podemos encontrar moças de vinte anos ou até menos entregando-se às clínicas de cirurgia estética, como quem rasteja diante dos ditames comerciais da beleza física a qualquer preço. O desespero pela aparência pode ser apenas uma válvula de escape, paradoxalmente por causa de um vazio interior. Em um mundo marcado pelo consumo não é de se estranhar que a embalagem ganhe mais atenção do que o produto. Mas são escolhas. Cada pessoa faz as suas.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Justa causa

Antes de você praquejar contra mim porque esta espelunca não é atualizada, explico: eu estaaaava gozando férias (infelizmente no pretérito).

Segundo, caso queira ler os melhores microposts do momento, aviso que estou tuitando:


Sem mais para o momento.

Tio Xavier

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Tunak

No clima criativo de modinha indiana que a novela da Globo está suscitando, a Som Livre bem que podia ressuscitar o Tunak. Afinal de contas, ninguém mais sensacional, indiano e dançante do que ele. Acrescente-se "Bizarro".

domingo, 12 de julho de 2009

Festival do quê???

Pamplona, Espanha. Festival de São Firmino. Lá foi o povo lançar mão do seu sadismo e manifestar seu desprezo pelos animais na realização de mais uma competição absurda. Competição é modo de dizer, porque na verdade trata-se de um massacre onde os vencedores são sempre os mesmos: uma multidão covarde de seres humanos. O perdedor - ou melhor dizendo, a vítima fatal - é um pobre animal, que não pediu para participar e sequer entende o que está acontecendo. Aliás nem eu entendo. Gostaria de saber se esse tal Firmino que batiza a festa era também sádico e maltratava animais. Não pesquisei sua vida, mas duvido um bocado. Os homens santos de verdade são marcados principalmente pelo respeito à vida e pela compaixão.

Desesperado com a turba ensandecida o touro tenta apenas fugir e se defender como possível. Talvez instintivamente ele perceba que seus minutos estão contados. Como resultado, na última "festa" desta semana o valente bovino conseguiu o que na minha avaliação foi uma façanha. Ao defender-se bravamente da multidão logrou êxito ao atacar um dos endemoninhados que se divertia com os maus-tratos. Matou o idiota a chifradas perfurando seu pulmão e o pescoço. Querem saber minha opinião? Bem feito! Parabéns para o touro! Pena que o pobre animal, atacado por centenas de dementes não tenha dado conta de mais uma dúzia deles. Claro que depois dessa palhaçada o animal é abatido, sempre da forma mais cruel possível.

Mas nem tudo está perdido. Enquanto o massacre era praticado, um enorme grupo de manifestantes vindos de vários países protestava contra essa aberração. Muitos aproveitaram o verão europeu e desfilaram nus o que, segundo organizadores, era para chamar a atenção. Espero que tenham conseguido o objetivo. Embora esses peladões sejam um tanto bizarros e andar com genitálias expostas não seja a única maneira eficaz de protesto, ao menos estão expondo a si mesmos, ao contrário dos sádicos e cruéis que se divertem expondo ao sofrimento animais inocentes.

Que existam seres humanos idiotas e maus o suficiente para realizar festivais como o de São Firmino, vaquejadas, touradas, rodeios e similares isso já não me espanta, embora eu continue indignado. O que ainda me preocupa mais é que governantes sejam igualmente covardes e sádicos a ponto de continuar a permitir esse tipo de coisa, tendo como pretexto promover o turismo e seja lá o que mais for.

Enquanto nada é feito, continuarei a torcer pelos touros e vibrar quando algum desses pobres bichos conseguir dar o troco devido. Espero também que o idiota que morreu a chifradas acorde em outro mundo, correndo desesperado e nu no meio de uma porção de touros enlouquecidos, em algo como um "festival de São Bovinus". Tomara mesmo.

Foto: Reuters

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Bingo versus o abandono de animais

Anos antes de eu me mudar do bairro de Vila Romana, uma colega de sala - a Marta - avisou na escola que sua cachorrinha sem raça definida havia parido meia-dúzia de filhotes e os doaria assim que desmamassem. Demorou alguns dias para eu convencer meus pais a me deixarem ficar com um. Mas com minha persistência acabaram cedendo. Claro que com aquela lista de condições que se referiam ao zêlo com o animal, incluindo a higiene dele e limpeza da sujeira. Tudo seria a meu cargo, mas eu prometeria qualquer coisa naquela hora, ainda que todos soubéssemos que nem sempre cumpriria.

Como fui o último a confirmar, tive que me resignar com o último deles que era o mais feinho de todos. Era cinzento, de pelagem bagunçada e seu porte indicava que nunca teria uma estatura vistosa. Bingo foi o nome que escolhi.

Os meses foram passando e tal e qual na fábula do pato, o cãozinho feio foi se configurando no mais bonito de toda a ninhada. Como rezava um boato, o suposto pai era um cocker-espanhol que morava na vizinhança. Se for verdade, Bingo herdou suas mais bonitas características que incluiam um farto pêlo dourado, sedoso e esvoaçante. Sua estatura ficou média e a postura garbosa. Como eu nunca fora muito de brincar na rua, Bingo era na prática o meu melhor amigo. Chorava comigo quando eu levava chineladas da minha mãe, fazia papel de monstro nas brincadeiras com meus soldadinhos e miniaturas e me acompanhava em passeios, ocasiões em que me protegia sempre que uma turminha de moleques folgados vinha me importunar.

Depois de quatro anos na Vila Romana, o meu amigo canino chegou a morar conosco em mais duas efêmeras residências no bairro de Vila Maria. Mas eis que chega em casa uma carta muito implorada aos anjos e santos pela minha mãe. A Cohab - Cia Habitacional de São Paulo - ofereceu à minha família um apartamento na Cohab-II, um conjunto imenso no fundão do final, da então última beirada da Zona Leste de São Paulo. O sonho da casa própria iria se concretizar. Mas havia um pequeno problema: em um minúsculo apartamento de dois dormitórios, os cães, além de não terem lugar adequado, eram expressamente proibidos pela arrendatária. Em suma, eu teria que me despedir do meu amigo Bingo, com quem eu convivera em significativa parte das infâncias de ambos.

Por semanas procuramos entre a vasta parentela quem tivesse uma casa com espaço e se dispusesse a adotar um cachorro com seis anos. Bingo era inofensivo, mas a maior das pessoas hesita em arcar com um cão adulto. De conversa em conversa meu pai conseguiu que uma prima, que morava no diametralmente oposto bairro do Jaraguá, ficasse com Bingo. Já o conheciam e aceitaram na família. Avesso às minhas preces para o tempo parar, o destino chegou e trouxe consigo o dia de o levarmos. Um tio que tinha carro nos transportou até a casa da prima. Fomos eu e meu pai, levando Bingo e seus pertences. Eu estava no banco de trás e fiz o trajeto todo abraçado a ele, ensopando-o com o sofrido choro da separação. Não era um cão. Era antes parte de minha vivência, da qual eu me despedia naquele momento. Depois de ambientado na casa da prima, almoçamos e chegou a hora de partirmos. Dói lembrar essa cena e não sei por mais quantos dias ou semanas eu chorei escondido pela saudade do cãozinho a quem eu tinha dado leite, comida, carinho e amizade. Do Bingo eu tinha recebido fidelidade, afeto e companhia infalíveis. Por causa da distância, agravada pela falta de um automóvel e pela condução precária, revi meu amigo por mais poucas vezes depois disso. Até que anos mais tarde soube que ele morrera.

Hoje recordando-me do meu amigo Bingo não me conformo que a Prefeitura de São Paulo tenha que fazer uma campanha de conscientização para que não se abandone animais. Que raio de animal é o bicho-homem para ser capaz de expulsar do convívio familiar um animal domesticado e abandoná-lo indefeso em beiras de estrada, bairros desconhecidos e terrenos baldios? A racionalidade atribuída como exclusiva do homem, antes de ser sua melhor qualidade, talvez seja seu pior defeito. A razão, nesse caso, talvez seja o atributo que permite a um humano contabilizar egoisticamente o que julga oportuno para si, ignorando, entre outras coisas o olhar terno e fiel de um animal de estimação.

Me preocupa conviver com uma comunidade humana tão consumista e pragmática a ponto de um animalzinho de convívio não lhe despertar amor de verdade, com zelo e responsabilidade. Mas esses são os tais humanos e quanto mais os conheço mais me decepciono com eles. Sempre suspeitei que um ser humano que não sinta compaixão por um animal seja igualmente incapaz de senti-la pelo seu semelhante.

Fica aqui meu recado: não abandone nunca seu animal de estimação. Ao menos consiga outro lar para ele. Faça isso por você mesmo. Caso seja incapaz de compreender, lamento muito por você.

Cartaz da campanha contra o abandono de animais.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Depois da santa do vidro...

No RS uma família encontrou o que acha ser o rosto do Michael Jackson na gordura de uma carne assada (foto).

Emílio Rotta/Ag. Free Lancer /Futura Press/Site Terra

Essa imagem, no meu ver, revela ao menos dez coisas:

1) Eles lavam os utensílios de maneira duvidosa. Tem crostas que estão lá desde quando Michael começou a carreira.

2) Essa família não é longeva. Devem morrer de infarte ou AVC em pouco tempo.

3) Pelo mesmo motivo, os manequins da família são todos acima de 46, incluindo a filha de 6 anos.

4) O Gugu no próximo domingo fará uma extensa cobertura do assunto, já que a santa do vidro foi esquecida.

5) Em breve legiões de fãs piedosos farão romaria ao RS para ver o rosto gordurento na fôrma.

6) O milagre só durará o inverno. Na primavera essa nojeira derreterá.

7) Há gente desocupada na família. Quem é que fica olhando gordura em assadeira à caça de imagens?

8) Esse fotógrafo (devidamente creditado) tem um futuro brilhante. Cobertura de assadeira com gordura é sem dúvida um furo de reportagem.

9) Lajeado-RS é um mercado potencial para venda de papel-alumínio. Ninguém por lá sabe forrar uma assadeira.

10) E, por fim, a família em questão tem um baita mau-gosto para decoração: a cortina de bambuzinho, a geladeira bege e o gabinete cor de mogno são lamentáveis. Extreme Makeover neles!