quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Luis Inácio e voltar a escrever

Minha preguiça de escrever algo estruturado me consome. No ano passado fiz UMA postagem, algo vergonhoso para um blog com média de 10.000 visitas por ano. Será que prosperará esta nova tentativa. Vamos lá...

Ontem reprisaram na TV o filme "Lula, o filho do Brasil". No Facebook vi umas poucas manifestações a respeito. Algumas curiosamente retratam repetecos de aspectos nada nobres de nossa suposta "classe média", esta portadora de diplominhas universitários - até de boas instituições! - que nem de longe conduzem seus possuidores ao mínimo de autocrítica, nem muda-lhes o olhar preconceituoso sobre as pessoas e o universo à sua volta.

Confesso que sempre espero mais das pessoas que, por suposto, têm acesso à informação, ainda que seja de má qualidade ou tendenciosa, como a dos oligopólios de comunicação. Mas não. Pouco ou nada muda. Um misto de arrogância, de complexo de vira-latas e de intolerância se repete, da maneira mais acrítica que se possa imaginar, tanto pelos confortáveis "de berço" quanto por emergentes, que há três ou quatro décadas mal conseguiam varia o cardápio doméstico, mas que hoje conseguem fazer bem mais que isso.

Minha opinião sobre o ex-presidente é objetiva. Não o amo e vejo nitidamente seus defeitos e picaretagens. Mas não concebo como negar que, tanto sua representação arquetípica quanto suas ações, nos elevaram diversos indicadores positivos. Ênfase no orgulho de nossos brasileiros mais humildes por si e, por conseguinte, pela própria nação onde nascemos e vivemos. Fico imaginando quantas cotoveladas ele deu e levou na sua incansável missão, reiterada pela sua reeleição e pela eleição de sua sucessora. Do nascimento num dos bolsões mais pobres do sertão, passando pelo pau-de-arara estrada afora e culminando na cadeira de mandatário-mór do Brasil, o cabra é um vencedor. Em qualquer país desenvolvido do mundo, esse tipo de protagonismo é louvado com unanimidade (embora eu comungue com Nelson Rodrigues que toda unanimidade é burra). Mas aqui...

Sua representação me serve mais às minhas aulas de História, ministradas à minha clientela da EJA - trabalhadores humildes e sem o que chamam "qualificação", do que qualquer outro período ou episódio. Subversão no mais puro estado e de feitos sociais que só gente muito imbecil ou recalcada é capaz de manter opinião contrária. Vivemos praticamente no pleno emprego e os inúmeros programas sociais têm feito mais pela população historicamente empobrecida do que as críticas das revistas e jornais, tão estúpidos quanto seus assinantes. Mas danem-se as opiniões, inclusive a minha. A História é material. Palavras são etéreas.