sábado, 18 de fevereiro de 2006

Supermercado

Dentre as provações periódicas inerentes ao casamento, ir ao supermercado é a maior. O homem que resiste na manutenção do casamento, não obstante a essa obrigação, é um herói de verdade. Acabo de chegar do meu calvário. E tento entender algumas coisas desse maravilhoso universo supermercadista.

Ainda no estacionamento, notei um hit parade nos carrinhos indo embora. Havia um desinfeliz com centenas de garrafas pets de um mesmo refrigerante, indicando ser a grande oferta do dia. Só não imagino o que esse sujeito fará com o estoque adquirido, suficiente para quinze anos de consumo na família dele.

Nos caixas, alguns estão descarregando o carrinho de forma propositadamente lerda. É para que outra pessoa da família tenha tempo de continuar a trazer os itens faltantes. Ora, se não terminaram as compras e vão demorar mais do que o normal para passá-las, que vantagem levam em já terem ido para o caixa?

Nos vãos das gôndolas lá estão potinhos de iogurte, embalagens de chocolate e saquinhos de salgadinhos. Todos vazios e consumidos. Os mentecaptos que comem e abandonam as embalagens, pensam que quem está pagando pelo produto? Não percebem que essas perdas são adicionadas no custeio dos outros produtos, inclusive os que ele está comprando?

Em frente do açougue há uma fila de quarenta e seis pessoas. Cada um dos clientes se demora diante do açougueiro, analisando a mercadoria com o detalhismo de um legista. Pede para o açougueiro trazer trinta e sete pedaços diferentes, até decidir qual será o almoço de amanhã. No fim, manda pesar um quilinho e meio de um determinado pedaço. Para que isso, se nas gôndolas refrigeradas há abundantes bandejas de carne, já cortadas, pesadas, embaladas e precificadas? Será que o boi do açougue é diferente do boi da gôndola?

Observo um carrinho cheio, estacionado em algum lugar do mercado, esperando o(a) dono(a) voltar. Dentro abundam chocolates, salgadinhos, doces, refrigerantes, cervejas e salsichas. Imagino que o peso da pessoa é cerca de 150Kg. Lá vem ela. Errei! Pesa quase 200. E bem que podia ter vestido outra coisa, que não aquela calça de malha agarrada e camiseta curta. Não tinha o tradicional "capô de fusca". Era capô de Scania. E carregava dezoito estepes na cintura.

Na seção de música lá estava aquela gaiola enorme recheada de cd´s, ostentando uma placa que dizia R$4,99. Tento adivinhar o conteúdo: O melhor de Cauby Peixoto... Músicas clássicas de todos os tempos e O melhor da Jovem Guarda. Vou ser adivinho assim lá na pqp! Na próxima semana tentarei adivinhar as dezenas da Mega .

Passo no meio de um corredor e dou de cara com uma enorme pilha de um produto, fora de contexto e de marca desconhecida. Na placa está escrito Aproveite! Apenas R$ xxxx. Passo direto e vou à seção do produto. Lá encontro uma marca renomada com preço 30% inferior. Então a placa "Aproveite" era para o dono do supermercado aproveitar. Aproveitar-se dos trouxas.

Supermercados. Bah!®

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