segunda-feira, 5 de março de 2007

Funk também é cultura e o tio gosta

Foi o que você leu: o tio Xavier gosta de funk. Já falei isso milhares de vezes. Só que, mais uma vez again, volto a explicar aqui que gosto da Original Funk Music. Encontrei um texto no Orkut escrito por ESTE CIDADÃO e achei-o genial, digno de ir para a Wikipedia. Resolvi adicioná-lo neste blog como mais um esforço em minha busca insólita, pela purificação semântica da palavra funk. Isso tudo porque a maioria já sabe que eu odeio pancadão, proibidão e todos os derivados putrefatos, incultos, anti-líricos e analfabetos da batida de Miami, que se disseminaram nos morros cariocas. Na verdade meus instintos me fazem cogitar ações de homem-bomba nesse barracões. Farei-o assim que encontrar voluntários para a empreitada. Para se inscrever, deixe um comentário. Segue o texto do senhor Ricardo, com algumas observações e inserções de minha parte.


Os músicos negros norte-americanos primeiramente chamavam de funk à música com um ritmo mais suave. Posteriormente passaram a denominar assim aquelas com um ritmo mais intenso, agitado, por causa da associação da palavra funk com as relações sexuais (a palavra também era relacionada ao odor do corpo durante as relações sexuais). Essa forma inicial de música estabeleceu o padrão para músicos posteriores: uma música com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas - riffs - e principalmente dançante. Funky era um adjetivo típico da língua inglesa para descrever essas características. Nas jam sessions, os músicos costumavam encorajar outros a "apimentar" mais as músicas, dizendo: “Now, put some stank (ou stink/funk) on it!". Algo como: "Coloque mais funk nisso!". Em um jazz de
Mezz Mezzrow dos anos 30, Funky Butt, a palavra já aparecia.

Devido à conotação sexual original, a palavra funk era normalmente considerada indecente. Até o fim dos anos 50 e início dos 60, quando funk e funky eram cada vez mais usadas no contexto da soul music, as palavras ainda eram consideradas indelicadas e inapropriadas para uso em conversas educadas. Não é difícil associar esse preconceito com a origem étnica do têrmo, pois estamos falando de um país regido por leis brancas.

A essência da expressão musical negra norte-americana tem suas raízes nos spirituals, nas canções de trabalho, nos gritos de louvor, no gospel e no blues. Na música mais contemporânea, o gospel, o blues e suas variantes tendem a fundir-se. O funk se tornou assim um amálgama do soul, do jazz e do funk dos anos 70 até os dias atuais. Nos anos 70, George Clinton, com suas bandas Parliament e posteriormente a Funkadelic, desenvolveu um tipo de funk mais denso, influenciado pela psicodelia. As duas bandas tinham músicos em comum, o que as tornou conhecidas como Parliament-Funkadelic. O surgimento do Parliament-Funkadelic deu origem ao chamado P-Funk, que se referia tanto à banda quanto ao subgênero que desenvolveu.

Outros grupos de funk que surgiram nos anos 70 e incluem: B.T. Express, Commodores, Earth Wind & Fire, War, Lakeside, Brass Construction, Kool & The Gang, Chic, Fatback Band, The Gap Band, Zapp, Instant Funk, The Brothers Johnson, Skyy, e músicos/cantores como Rick James, Chaka Khan, Tom Browne, Kurtis Blow (um dos precursores do rap), e os popstars Michael Jackson e Prince (estes últimos dispensam apresentações e link).

Nos anos 80 o funk tradicional perdeu um pouco da popularidade nos EUA, à medida em que as bandas se tornavam mais comerciais e a música mais eletrônica. Seus derivados, o rap e o hip hop, porém, começaram a se espalhar, com bandas como
Sugarhill Gang e Soul Sonic Force. A partir do final dos anos 80, com a disseminação dos samplers, partes de antigos sucessos de funk (principalmente dos vocais de James Brown) começaram a ser copiados para outras músicas pelo novo fenômeno das pistas de dança, a house music. Foi uma enxurrada de remixes, new versions e raps feitos sobre bases mais antigas e conhecidas. Um clássico que praticamente originou a série foi Rappers Delight da Sugarhill Gang, que usou a base de Good Times, do grupo Chic. Estima-se que Good Times tenha sido de longe a base mais copiada que recebeu edições até do Queen em Another One Bites The Dust e do brazuca Gabriel O Pensador em 2 3 4 5 meia 7 8 entre outras.


Nessa época surgiu também algumas derivações do funk como o Miami Bass (esta famigerada que subiu os morros), Infor, DEF, Funk Melody e o Freestyle que também faziam grande uso de samplers e baterias eletrônicas. Tais ritmos se tornaram combustível para os movimentos Break e Hip Hop. As "crias" da Miami Bass deram origem também a grupos de eletrofunk como Information Society e vários da House Music. Os anos 80 viram também surgir o chamado funk-metal, uma fusão entre guitarras distorcidas de heavy-metal e a batida do funk, em grupos brancos como Red Hot Chili Peppers e Faith No More. O ex-produtor do Sex Pistols, Malcolm McLaren, após sair da banda fez grande sucesso com Buffalo Galls que introduziu o scratch (aquele efeito do disco esfregando) e adotou baixo e guitarra com distorção na música funk, inaugurando o estilo break.

Chega de papo acadêmico. Aí vai um medley-remix exclusivo, produzido pelo tio Xavier. Enjoy it!



3 comentários:

JRP disse...

Eu tenho umas negradas e outras tantas coisas musicais que podem lhe interessar:
http://lordseth.multiply.com/music

Musa de Caminhoneiro disse...

Bem, Tio...dessa vez, não vou concordar com você. Adoro funk e, mais ainda, um morro. Como diz minha mãe, não sou favelada por um acidente geográfico.

JRP disse...

Mentes simples, prazeres simples.