quarta-feira, 6 de junho de 2007

Vou-me embora pra Pasárgada

Pois é. Estava tãããão bom semana passada em SC. Aliás, sabem como se denomina "mulher feia" em SC? Turista. Ô lugarzinho bão para se apreciar as obras carnais da natureza. O Barba-Supremo deve ter alguma predileção por aquele lugar, porque ele não colocou nenhuma mulher feia lá. Só quem coloca algumas são os fluxos migratórios e a CVC.

Mas o tio não é amigo do rei. Nem sequer possui um LP do rei autografado. E tem que se contentar com a labuta até que o pacote CVC tri-anual esteja pago, para poder encarar outra curtíssima incursão às belezas do Sul. Na próxima sem dúvida o tio vai de carro. Porque ficar refém dos programas de índio pega-turista-trouxa da operadora de turismo é tocaia da boa. São os passeios-galo. Cada rolê deixa cinqüentinha. Um galo pra almoçar, um galo pro ingresso e assim vai.

- Gente, amanhã nós vamos estar indo para o Beto Carrero World.
- Obaaaaaaa.
- Mas no pacote só tá o passeio, não o ingresso.
- Ahhhhhhhhhhh.

E lá vai cinqüentão mais cinqüentão.
- Gente, a gente vamu almoçar no Ataliba, que é uma das melhores churrascarias do Sul.
- Obaaaaaaa.
- É cinqüentão pra cada casal, mais dez por cento, a sobremesa e as bebidas são à parte.
- Ahhhhhhhhhhh.

No outro dia entra um cara diferente no busão:
- Olá gente, eu vou acompanhá-los no passeio de hoje.
- Obaaaaaaa.
- Com esta câmera eu vou filmar tudo. Depois cada um me paga cinqüentinha pelo DVD que vou deixar no hotel.
- Ahhhhhhhhhhh.

E a sucessão de obas e ahs não cessa.

Pior foi a tour de compras. Pegaram a galera para ir aos "Lojões de Fábrica". Para quem mora em Sampa, loja de fábrica é sinônimo de peças baratas, liqüidações, sonegação fiscal e uma festa de preços baixos. Fomos à Hering®. Quer coisa mais em conta do que malhas Hering®? Eu quero, porque não achei um ítem barato lá. Uma arapuca. Tinha uma suposta promoção com bolinhas coloridas coladas nas etiquetas. Os descontos variavam de vinte à sessenta por cento do preço etiquetado. Se não tivesse bolinha o desconto era de dez porcento. Adivinhe se alguma peça tinha bolinha de cor? Acertou quem disse nenhuma. Aí uma calça jeans básica - no Brás ou no Bom-Retiro em Sampa custa no máximo cinqüenta reais - estava lá por noventa. Com os generosos dez porcento, caía para oitenta e um reais. Vão se catar.

E no almoço me aparece uma sujeita com uma câmera digital fotografando as famílias. Eu jurava que ela era do grupo dos turistas, querendo recordar os companheiros de viagem. Jurava no pretérito imperfeito mesmo. Porque meia-hora depois ela me aparece com um liiiiiiindo chaveirinho de plástico transparente com a nossa foto. Cincão. Peguei logo, primeiro porque foi a coisa mais barata que me empurraram na viagem. Segundo, porque diz uma lenda que esses fotógrafos de passeio fazem macumba com as fotos dos que não compram. Por cinco reais, melhor não arriscar.

E o vôo da TAM? Serviço de bordo é o famoso "Viaje conosco mas na volta não estamos nem aí". Na ida foi sanduíche de peito de perú defumado com requeijão, sucos de cinco variedades, refrigerantes e até cerveja e vodka. Na volta? Um saquinho de quinze gramas de amendoim torrado e suco de laranja sem gelo. Quinze gramas de amendoim não dava dez grãos. Não comi nem bebi com medo de fazer falta pra eles. E o Comandante Rolim dando voltas no caixão.

O vôo de volta era pra Congonhas. Mas como todos sabem, não há ralos na pista de Congonhas. Então chuvão caindo, vamos que vamos pra Guarulhos. E cadê a mala do tio Xavier na esteira? Tomou Doril. Por sorte a mala-clone esquecida na esteira estava com o nome de um passageiro que identifiquei a tempo de parar o busão da TAM que ia levar ele e o resto do povão pra Congonhas. E toca a mulher da TAM parar o busão com o Nextel, pro tio Xavier destrocar as malas. Aliás, mala é quem não olha a etiqueta quando retira a sua. Cacete, é para isso que os caras do check-in etiquetam tudo. Mobral nele! Mas essas coisas têm que acontecer sempre com o tio.

Segundona, cheguei no escritório e minha mesa de trabalho parecia protocolo de serviço público. Fora os e-mails malcriados de clientes. Aí eu queria sumir, mas não podia. Pensei em pedir as contas no RH. Cheguei a escrever a carta de demissão, mas lembrei em tempo hábil que sou dono da empresa. Que merda, alguém que me tire daqui por favor. Pára que eu quero descer.

Agora é quarta-feira, a pilha não diminuiu, os clientes malcriados não cessam de exigir meu sangue pelos míseros reais dos contratos de serviço e projetos, a grana tá curta, a conta de telefone atrasada, o aluguel do prédio vence amanhã.

Vão tudo à merda. Na falta de Passárgada e do LP do Roberto eu vou é pra Praia Grande, encher o saco do cunhado. Cunhado é melhor você encher o saco dele antes que ele venha encher o seu. Ainda mais se ele tiver apartamento no litoral. Fui.

Long Beach, pronta ou não aí vou eu. Com meu Motorádio® e minha bóia de câmara de ar.

Um comentário:

Musa de Caminhoneiro disse...

Tio, esse seu comentário sobre as mulheres catarinenses me provocou ímpetos suicidas. Adivinha onde o meu peguete fixo está neste momento?? Exatamente em SC!! aaaaaaaaa

Me diga: o que elas têm que as cariocas não tem? Além do fato de serem loiras, altas magras, com olhos azuis e terem pele e cabelos maravilhosos?