sexta-feira, 18 de julho de 2008

As correntes do bem

O plural está correto. Não estou me referindo ao filme "A corrente do bem" primeiro porque nunca assisti, não sei do que se trata e não tenho a menor vontade de saber. O que me motiva a escrever neste momento, além de um parceiro estar atrasado para me acompanhar a um cliente, é o fato de um contato meu, muito bem-quisto, ter me mandado um e-mail.

Como trata-se de uma pessoa muito estimada pelo tio eu resolvi abrir e ler, embora tenha visto no cabeçalho que tinha sido repassado (o inconfundível "Enc:") para quatro mil oitocentos e trinta e dois contatos. E o preâmbulo iniciava com o também inconfundível "não custa ajudar". Eu devia ter deletado a partir daí, mas sempre me recai um sentimento de culpa se eu não tiver certeza de que não é mais uma corrente inútil. Justificado para comigo mesmo e começando a ler o texto percebo que é uma daquelas histórias enoooooooooooormes de narrativa de doença rara. Foi o suficiente para eu dar um scroll-down e ir direto ao final. Lá estavam os nomes do suposto casal de pais da criança doente, sem sobrenome é claro, o da suposta médica e do também suposto endereço do apartamento do casal.

Fiquei um pouco puto com o meu caro remetente, mas no melhor da correção fraterna resolvi pesquisar as informações na internet, incluindo o endereço para fundamentar minha admoestação. Para minha não-surpresa:

1) O telefone mencionado não existe

2) O endereço não é de um prédio residencial

3) O nome da "renomada doutora" aparecia centenas de vezes na internet mas...

... em cópias do mesmo maldito texto, incluindo uma versão em espanhol. Blogs e mais blogs, como o meu caro ente se prontificaram a publicar o texto, já que "não custa ajudar". Porra, será tão difícil para essas pessoas antes de repassarem lixo eletrônico, correntes do cacete e boatos internéticos, ao menos verificarem o mínimo e assim evitarem entupir as caixas postais alheias com merda?

Dentre as porcarias que me repassam, eu deleto 99,2% só pelo cabeçalho. Os 0,8% restantes eu até tento verificar para não ficar com a consciência pesada, como comentei. Só que até hoje ZERO dos conteúdos tinha fundamento. Ou seja, quando alguém precisa de fato de ajuda ou informação sobre doenças raras, remédios idem e síndromes estranhas, procura os hospitais, os médicos, as entidades científicas, as universidades ou os órgãos governamentais para se socorrer. Jamais mandam e-mails de apelo na web. De fato não faz sentido. Talvez por isso mesmo estou comentando isso neste blog. Nossa, até pra trocadilho hoje estou ruim.

Senhores remetentes, introduzam as teclas "enter" nos vossos respectivos orifícios excrementadores quando pensarem em me encaminhar algo do gênero. Grato desde já.

Um comentário:

Tio Xavier™ 4.5 Plus disse...

Comentário feito pelo próprio tio:

Respondi ao remetente com um caridoso e-mail demonstrando e explicando que ele não devia repassar aquilo.

Se ele entender bem o que escrevi, cancelará todas as suas contas de e-mail. Ou pelo menos parará de repassá-los.