
Javé pode ser um povoado qualquer desses perdidos no agreste brasileiro. A história fictícia ocorre nos tempos atuais. Uma grande represa será construída e submergirá para sempre o arremedo de cidadela. Os moradores entram em polvorosa. Das conversas com a companhia de Engenharia, trazidas por dois dos moradores, chega a informação de que a obra só não irá em frente se houver um patrimônio histórico no povoado, podendo ser até mesmo a sua história documentada.
Os moradores do local, depois de discussões, decidem que tentarão escrever a história do povoado, mas a população é de analfabetos e só Antônio Biá (José Dumont), um quase banido, é capacitado na escrita e terá que ser recrutado. As histórias orais são repletas de narrações difusas e épicas em que Indalécio - tão valente quanto inverossímil guerreiro - teria guiado o povo pelo agreste até estabelecê-lo na terra foi batizada como Vale de Javé. Tanto o texto do filme em si como as narrativas dos populares aludem ao êxodo bíblico, mas outras tantas alegorias religiosas permeiam o filme, já que o povo simples tem a fé como último bastião.
Não vou contar o enredo, muito menos fazer crítica, posto que sou iletrado nos aspectos técnicos da sétima arte. Mas posso dizer que o filme é uma bela e poética obra, cheio de conceitos interessantes sobre a tradição da oralidade, além de exibir uma fotografia de técnica notável até por quem não é do ramo. Vale à pena inclusive assistir aos extras.
Alugue ou compre, é só o que eu digo. Acredite no tio.
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