domingo, 2 de novembro de 2008

Cuidado com onde senta

Não, meu três caros leitores. Isto não é um post sobre sacanagem. Eu até escrevo algumas, mas sob pseudônimo e em um site apropriado para tal.

Há dias que fico um bocado irritado com uma certa faxineira que trabalha (ou melhor, finge) na praça de alimentação da faculdade. O tio chega um pouco mais cedo e antes de subir costuma tomar um açaí batido ou comer algo que preencha o estômago e permita agüentar vivo até as onze e meia da noite que é quando chego no barraco.

Acontece que quando vou jogar o lixo, a dita faxineira em cem por cento das vezes está escorada na lixeira. Algumas vezes já tive que pedir um polido "com licença" para jogar o meu lixo. Em outras ocasiões ela desencosta o traseiro do utensílio com um esforço de Hércules e cara de orifício anal. Por essas tantas eu decidi colaborar com a manutenção do emprego dela de outra maneira, que é deixando todo o lixo e a bandeja sobre a mesa para que ela tenha que recolher. Sei que é injusto com os demais colegas que chegam afoitos por um escasso lugar pra lanchar, mas achei ser a única maneira de eu não me arriscar a dar uma cabeçada nela na próxima vez que ela bufasse diante da minha reivindicação pelo direito de uso da lixeira.

Só que na quinta-feira eu recebi três ou quatro folhetos panfletados na porta do estabelecimento e como sou um ser asseado esperei chegar na lixeira para descartá-los ao invés de jogá-los no chão como faz a população porca que estuda lá. Quando chego na lixeira, quem eu encontro? Vamos, tente adivinhar! A ditinha, que tem menos de um metro e meio de altura dando um pulinho pra encaixar a buzanfa raquítica na boca da basculante da lixeira. Sim meu amigo, minha amiga: ela passou a sentar naquele artefato que ela teria que permanecer enchendo e esvaziando. Com minha indisfarçável cara de "tô com o saco cheio de você" eu pedi espaço para jogar a bola de papel e a sujeita saiu fazendo corpo mole, tal era a acomodação e conforto da poltrona eleita por ela. E dessa vez havia uma segunda funcionária do mesmo nível hierárquico, escorada na lateral a tramar como seria o próximo churrasco de acém na laje ao som do novo CD do Belo.

Mal enfiei meu lixo pela basculante e a mocinha uniformizada já saltou para encaixar seus gluteozinhos no buraco novamente e por pouco não prendia minha mão junto. Aí eu olhei pra cara da beneditinha e disse: "Cuidado hein, criatura! Qualquer hora te levam junto na hora da coleta".

Para minha surpresa, quando virei de costas ainda pude ouvi-la perguntar para a segunda inútil:

- Ele tá querendo dizer que vão me confundir com lixo?

Não sei se isso foi despeito ou uma simples indagação. Mas espero que ela filosofe bastante sobre essa dúvida. Quem sabe ela se toque e descubra que nossas escolhas determinam nossos lugares no mundo.

Enquanto isso as mesas continuam sujas.

2 comentários:

Tia Paula disse...

Tio, deixa eu ver se eu entendi: a tia estava sentada em cima da lixeira? Como assim?

Tio Xavier™ 4.5 Plus disse...

Let me explain, teacher. Ao invés de limpar as mesas e varrer o chão ela acomoda o traseirinho raquítico em cima da lata do lixo, obstruindo a passagem de novos resíduos, caso queiramos joga-los. Acredite em mim, por favor. Vou tentar fotografar para comprovação.