segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Fala guerreiro

Recentemente atentei para uma expressão muito comum que se ouve por aí: "Fulano é guerreiro". Não sei onde ou de quem a ouvi recentemente, mas lembro que é muito freqüente. E não é só isso. Vejo alguns arrogarem o título para si. Então dediquei algumas saudáveis horas de ócio refletindo sobre o significado dessa palavra. O que é um guerreiro e o que significa atribuir a alguém esse substantivo-adjetivo?

Rememorando as situações em que ouvi alguém dizer isso, cheguei a uma pretensa definição genérica. Guerreiro é uma pessoa que batalha, sua, luta e dá sangue pela sua causa. No caso do guerreiro de fato é o que atua em guerras por causa do ideal, do país ou seja lá do que for que defenda ou almeje conquistar. Trazido para o mundo das das pessoas comuns, o têrmo costuma ser atribuído a pessoas que batalham, suam, lutam e dão o sangue, só que sustentar-se, manter a vida ou conseguir conquistar um bem. Até aí entendi a atribuição do nome para determinadas pessoas.

O que me causa mais indignação é que é fato comum que a maioria das pessoas se orgulhe de ser mencionado como o tal guerreiro. Daí porque muitos se auto intitulem-no o próprio. E enchem o peito dizendo: "Eu sou guerreiro mesmo". Como sou inimigo voraz do senso-comum - que geralmente orbita a mediocridade - fiquei pensando no que haveria de errado nesse raciocínio. E chegue à seguinte reflexão:

Quer dizer que é bonito se ralar, se ferrar, sangrar, perder unhas e cabelos, suar e o escambau para conseguir algo? À pqp, que as pessoas achem bonito neguinho acordar de madrugada, trabalhar como um escravo egípcio e fazer um sacrifício lascado para comprar um mísero carro popular, uma casa na periferia ou pagar uma faculdade de terceira. Sem essa. É bonito isso? Vá pro inferno se achar que sim.

O que pode haver de glamoroso e belo em alguém dar o melhor de seus anos para o trabalho árduo e conseguir tudo com dificuldade? Onde fica o desfrute da vida, os momentos bons e a recompensa? No céu? Os tontos adeptos do senso-comum chegam à aberração de dizer coisas idiotas como "Quando vem fácil parece não tem valor", "Quando a gente consegue com dificuldade é mais gostoso". Que gostoso o cacete! É ruim pra caramba ter dificuldade para conseguir algo. Só consigo imaginar que essas filosofias baratas e idiotas sejam disseminadas a mando dos banqueiros, dos grandes empresários e dos governantes, para a finalidade óbvia de manter o povinho tonto trabalhando como camelos e ainda feliz por isso. Só pode, por que senão a quem interessa esse discurso babaca?

O tio Xavier é honesto e gosta das coisas fáceis, sobretudo quando se trata de grana. As melhores lembranças de ganhos que tive foram em operações mamão-com-açúcar, com uma vez há uns dois anos, quando embolsei quase quinze paus de comissão em um só cheque. Foi simplesmente por ter levado o cara certo no cliente certo e na hora certa. Não há grana mais gostosinha que essa. Tive depois ainda outra feliz ocasião com importância maior que não vem ao caso contar agora.

Atenção: Faço questão de ressaltar que esses lances foram dinheiro honesto, limpo e advindo de atividades legais. Mas facinho, facinho. É disso que eu gosto. Tio Xavier tem uma tremenda vocação para buon-vivant.

Ps.: Se um dia você conseguir algo fácil e achar que não foi bom porque foi fácil, doe para o Tio Xavier. Eu quero é moleza. Vá guerrear você.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pensei que você falaria dos micareteiros que usam a expressão "guerreiro" como sinônimo de "fodão", "pegador" ou algo do gênero. Fica aí a sugestão prum próximo post.

Anônimo disse...

Tio, o filho d'uma égua que criou essa teoria deve ser o mesmo autor de outras pérolas como " vida começa aos 40, "dinheiro não traz felicidade", o trabalho dignifica o homem ou "o que vale é a beleza interior". Ou seja...um imbecil!

Tio Xavier™ 4.5 Plus disse...

Fico com a frase da cara amiga Red´s:
"Quem se mata de trabalhar merece morrer mesmo".

Michel de Oliveira disse...

Esse negócio de trabalhar até se fuder é coisa de doido!

Que bom que não sou só eu que acho essa idéia de "guerreiro" estúpida!

Aliás, meu pai enche o saco todo dia com essa história. Tem cinquenta anos e se orgulha de dizer que viveu pra trabalhar... E eu ouço esse papo há 25 anos!!!