domingo, 20 de janeiro de 2008

Lost, no more

Os aficcionados por seriados que me desculpem mais uma vez. Mas não consigo ver coisa mais chata do que acompanhar seriado. Seriado de um modo geral, aplicando-se a novelas, trilogias, quadrilogias e infinitologias. Sempre fui um amante da leitura. Li romances aos montes. Não essas porcarias que infestam as prateleiras, cuja única função é vender, nada trazem de conteúdo - vide o acadêmico e embusteiro Paul Rabbit - e que são escritas sob pressão de prazo dos editores. Romances mesmo, desses que você percebe que o autor viajou espiritualmente e viveu no imaginário cada milésimo de segundo do escrito. Li títulos de gente que os jovens de hoje sequer imaginam que tenham existido como por exemplo o carioca José Mauro de Vasconcelos de quem suspeito ter lido tudo, dado meu pai ter trabalhado na Melhoramentos®. Alguém aí por favor me surpreenda dizendo-me que já leu O meu pé de laranja-lima, Rosinha minha canoa ou O palácio japonês. E não sou nacionalista de plantão não. Li coisas ótimas de estrangeiros como Morris West, Isaac Asimov e até doidos conspiradores como Erich von Däniken e Peter Kolosimo. Falo dessa escrita densa e de vasto vocabulário, que pouco ou nada tem a ver com os clichezinhos da atualidade. Mas dane-se. Cultura se compra e se lê. Não vou aqui convencer ninguém a abandonar a pseudo-literatura que abunda no mercado editorial. Voltemos à questão dos seriados.

Lost, foi e é um hit, se é que continua sendo produzido. É a estória de uma galera que toma um capote com um avião e cai em uma misteriosa e mística ilha cheia de desafios e perigos, remetendo o telespectador àquelas provas de sobrevivência que foram licenciadas e clonadas pelo Fantástico na Rede Globo como o nome de... (não me lembro agora). Com enredo difuso e aberto a praticamente tudo, Lost satisfaz o desejo íntimo de voyeurismo do expectador ao escancarar supostos detalhes da intimidade e dos aspectos psicológicos desconhecidos dos personagens revelados somente em situações-limite. Ah... No Limite (lembrei) era apresentado pelo Zeca Camargo, que depois de uma vidinha dura na TV Cultura e na MTV colhe agora os louros da glória, vivendo a vida que até os jornalistas ateus pedem aos deuses.

Agora vejam bem. Que saco é ficar esperando o próximo capítulo de algo infinito com cinco mil episódios, gente. Isso pra quem assistiu desde o começo. O que é então pra gentalha como eu que não tenho TV por assinatura e alguma vez de repente me vi diante de um episódio na casa de alguém. Um amigo fã de carteirinha me copiou seis episódios em DivX mas parece que eram da segunda ou terceira temporada. Eu bem que tentei assistir, mas não tendo a menor idéia de quem é quem, me enfastiei após dez minutos de exibição em casa. Dei a mídia para outro amigo que me disse gostar e entender tudo desse trem.

Mas enfim, meus problemas se acabaram. Alguém resumiu em oito minutos e quinze segundos tudo o que aconteceu naquela birosca. Parece que o oito e o quinze remetem ao tal vôo 815 que despencou na ilha do cacete. As cenas mais parecem flashes de trailler, a narração lembra locutor de futebol no rádio, mas tem legendas em Português. Aviso: mesmo os leitures mais treinados hão de sentir dificuldade para ler as legendas tão rápido. Mas se souber Inglês, delicie-se com a narração.

Agora só falta eu arranjar saco para assitir a esse compacto.

5 comentários:

Anônimo disse...

Não perca seu tempo..Volte aos livros.

Anônimo disse...

Ahhhhh...mas eu li Lobsang Rampa e voce não.

[s]

Red disse...

Eu li "Meu Pé de Laranja Lima" 200vezes e amo Lost. Vc é bobo e feio e rabugento e chato e...e... cadê meu vinho?

Tio Xavier™ 4.5 Plus disse...

Senhor Ogro: eu li "O terceiro olho" e "Entre os monges do Tibet". Esqueçamos que Lobsang Rampa era um fake vergonhoso. Mas beleza.

Thiago disse...

Tio, Lost é um programa de televisão, e por isso é claro que não é comparável a clássicos da literatura. Nunca vai ser.

Como programa de TV, Lost está sim muito acima da maior parte das produções. Bem, nem preciso mencionar novelas, Big Brother, Luciano Huck ou Programa Silvio Santos...

A graça de Lost não está necessariamente no conteúdo, mas no desafio de montar o quebra cabeça mental disposto pela narrativa difusa. Por isso é necessário assistir aos episódios na ordem certa, assim o entretenimento fica mais interessante.