terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Não estamos sós

Riolândia-SP a 700Km da capital paulista está sendo palco de notícias inusitadas. O testemunho do caseiro-arrendatário de uma pousada situada em um canavial e estranhas marcas deixadas em um ponto da plantação estão dando o que falar. Um objeto voador extraordinário teria sobrevoado a cidade e pairado sobre o canavial, a poucos metros da casa. Ao menos é o que jura Maurício Pereira da Silva, a única suposta testemunha do fenômeno luminoso durante a madrugada. Saiba mais clicando AQUI.

Confesse: que é curioso, isso é mesmo.

A vasta literatura ufológica, que versa sobre formas de vida e transportes aéreos vindo de outros lugares do cosmo, sempre fascinou a humanidade. É um território desconhecido e por isso assustador, surpreendente e mistura fatos, com factóides excitando o imaginário popular. O caldeirão torna-se mais fervente pela freqüência com que autoridades governamentais - dentro e fora do Brasil - costumam bloquear investigações, sabe-se lá a razão. Aí é prato cheio para teorias da conspiração.

Para o teólogo, filósofo, ufólogo de magazine e futuro pedagogo Tio Xavier essa questão tem uma complexidade semântica que vai muito além. Acreditar ou ter convicções sobre a existência de outras formas de vida não é qualquer coisa como gostar do Roberto Carlos, de feijoada ou de futebol. Coloca o ser humano diante dos dilemas existenciais da própria espécie.

Lembremos que há milênios o homem conseguiu domesticar seus deuses, construindo-os à sua imagem e semelhança. Tirando algumas vertentes indianas, africanas e ameríndias, as religiões de modo geral representam seus deuses, anjos e demônios com imagens de hominídeos, dentro dos padrões de beleza das culturas que os originaram. A moral religiosa, por sua vez, reflete os momentos em que os preceitos foram "revelados" ou, melhor dizendo, codificados, pois são recheados das necessidades políticas, econômicas e antropológicas dos povos de origem. O ápice disso é o monoteísmo judaico, cristão e islâmico. Religiões com a mesma raiz cultural, para as quais podemos dizer que o Deus Supremo é pouco diferente do Homem Supremo, assim entendido por essas religiões.

Domesticados os deuses, resta à Humanidade crer que seja possível exitirem outras formas de vida e organização diferentes das nossas, quiçá como alternativa ao mundo que está aí determinado. Já praticamente sabemos qual é o regime econômico que tende à perpetuação, qual é a nação que domina o mundo, como prossegue a acumulação de riqueza, como aumenta a devastação do planeta e destruição dos recursos vitais e daí por diante. Seria uma certa foram de alívio se soubéssemos da existência de outras possibilidades. Talvez a raiz do ceticismo dos governantes seculares e religiosos sobre a existência de vida inteligente fora da Terra esteja na incontrolabilidade que essa perspectiva abriria. Imaginemos por um segundo que a hipótese de vida inteligente em outros lugares do universo seja factível, nos livrando de preconceitos e paradigmas.

O que esses caras nos trariam de imediato, caso não viessem como predadores? Outras formas de se relacionar com a morte e vida após morte? Outros idiomas? Outra maneira de organizar a produção de víveres e de preservar a espécie? Outros modos de divisão econômica e conceitos de propriedade? Outros deuses, se não fossem eles os próprios? Outros modos de uso dos recursos naturais? Outras tecnologias de comunicação e informação? Outros modos de organização política e social? Tudo isso junto e mais alguma coisa?

A perspectiva de que os ETs subvertessem o que está aí e virassem o mundo que conhecemos de cabeça para baixo (ou para cima, vai saber) não é qualquer coisa. Acho melhor o seo Maurício deixar esse assunto quieto e continuar a sua rotina de cuidar de sua pousadinha. E jamais abrir o vitrô da cozinha se ouvir barulhos de novo. Quem sabe esses ETs pegam logo as amostras que querem e se mandem. Melhor assim. Sei lá.

Um comentário:

JRP disse...

Isso aí é zoação!