segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Edite seus documentos na web

Em plena era da mobilidade, da web acessível - ao menos nos centros urbanos - e de seres humanos que exercem suas atividades computacionais em locais diferentes todos os dias, a oferta dos suítes de edição online parece tentadora. Este pobre escrevedor (escritor requer outras competências) por exemplo precisa ter pelo menos parte dos seus textos, planilhas e apresentações de forma móvel para utilizar em casa, no escritório, na faculdade e sabe-se lá onde acabará precisando.

Fã incondicional dos serviços Google, o que inclui esta plataforma bloguística, desde as versões beta passei a utilizar o Google Docs. Sei que há outros, mas a web tem se mostrado uma infinitude tão grande de serviços que acaba não dando para provar tudo. A não ser que alguma revista conceituada ou site resolva me contratar só pra isso. Nada que um polpudo salário, flexibilidade de horário e local de trabalho livre não me façam aceitar. Mas enquanto isso não ocorre, me limito a utilizar o necessário e de vez em quando compartilhar com meus amigos e leitores (boa parte são os mesmos) as experiências que tenho com ferramentas informáticas. Vamos ao benchmarking.

Recentemente a Microsoft fez algum alarde a respeito de sua Microsoft Office Live Workspace. Já vacinado contra os propó$ito$ explícitos da empresa fundada pelo Sr. Gates não me interessei nem um pouco. Vez ou outra vi uma das minhas contas do Hotmail exibir chamada para testar esse troço, mas nem fiz menção de tocar. Pois bem ao resolver blogar sobre serviços de edição de documentos online, dei uma chance ao Office Live. Fucei, fucei, fucei e o que encontrei? Vejam abaixo:



Edição online não existe, ao menos se você não for cliente do Bill Gates. O Office Live presume antes de tudo que o usuário seja um feliz comprador do Microsoft Office (de R$199 uma versão chinfrim para estudantes até R$1.300 na versão profissional). Para o tio, que preza boas ferramentas gratuitas, isso simplesmente não serve. Não possuo a suíte do Bill Gates. Nesse caso eu teria que me resignar a armazenar meus documentos no site e para editar teria que fazê-lo no desktop em um editor minimamente compatível. Algo imprevisível e impraticável para quem mal sabe onde estará no dia seguinte como eu. Sem falar que fazer upload e download "por fora" do editor não é lá algo muito confortável. Explicarei mais abaixo. Muito obrigado.

O Zoho, ferramenta que acesso eventualmente só pra bisbilhotar, é sem dúvida uma das mais completas suítes de edição. Possui um editor de texto rico (RTF/HTML) simpático, intuitivo e bem completo (vide screenshot abaixo). Para os acostumados a usar a web e que saibam rudimentos do idioma de Abraham Lincoln não há grandes problemas e as vantagens compensam. Seria o meu caso se eu não fosse um brazuca chato e exigente com minha língua-pátria. Por enquanto apenas o dicionário para revisão ortográfica comporta o Português Brasileiro. Nem sei ainda como fica isso a partir deste ano com a nova ortografia, mas aí já é querer muito. Prometo ainda pensar no caso porque o editor é bem robusto e bonito.


A página inicial do Zoho traz uma lista de serviços generosa. O surpreendente é a integração de alguns serviços com o passaporte Google, permitindo que se faça login com sua conta do Gmail. Mas são só alguns. Os principais até onde vi. Acessei o CRM por exemplo e ele abriu uma tela de autenticação diferente, sem inclusive cadastrar-se ou questionar se o e-mail que eu estava colocando, se era autêntico ou não. Dá pra perceber que Zoho é uma complexa colcha de retalhos de serviços que está longe de ser integrada de fato. O resultado dá em interfaces diferentes entre os aplicativos e certamente em armazenamento disperso. Talvez venha a ser algo verdadeiramente unificado, como foi com o Google Services, quando começou a incorporar o Writer, o Spreadsheet e recentemente o Presentations que eram programas de terceiros, mas que foram integrados de verdade.

Outra das vantagens do Zoho é a existência de plugins de integração dele para com o gratuito Open Office da Sun. A sua versão abrasileirada - BROffice - é minha suíte desktop padrão, tanto nos computadores com Windows como no servidor Linux Ubuntu de casa. Se eu fosse você e não conhecesse o BROffice, trataria logo de baixar e aprender. Além de ser uma ferramenta gratuita em substituição competentíssima do office do Bill Gates, já é utilizado por uma porção de empresas de todos os portes, sobretudo estatais federais, estaduais e autarquias como o Metrô de SP entre outras. Ou seja: já é requisito para quem quer trabalhar em uma delas. Os editores de textos, planilhas e apresentações do Zoho exportam nos formatos mais conhecidos do mercado, incluindo PDF e até mesmo o DOCX do Bill Gates, caso você precise mandar para alguém que insista em pagar por suítes de escritório.

Voltando à questão dos plugins, estes propiciam que um documento seja editado - opcionalmente - no desktop e seja salvo diretamente no repositório online do serviço Zoho. Assim, mesmo que você tenha usado um computador que não esteja em seu alcance em determinado momento o documento o estará na suíte online do Zoho. Se você não tem nenhum serviço de edição online e se vira bem com menus em Inglês, o Zoho tem o selo de recomendação Tio Xavier.


Por fim a ferramenta de apoio que uso - o Google Docs - prima pela interface espartana. Com muito menos recursos do que seu concorrente online mencionado acima, o GDocs é totalmente integrado ao login do GMail e oferece o básico com facilidade simplicidade. Espartanidade e minimalismo são emblemas dos serviços Google. Por isso não é para se esperar muita sofisticação futuramente da suíte Google a ponto de ela vir a se tornar parecida com a da Zoho. Mas para 99% dos usuários que trabalham apenas os recursos mais simples, é uma mão na roda indubitável.


O GDocs também atende à questão de integrar-se com a suíte gratuita da Sun. O OpenOffice - e por extensão o BROffice - possuem plugins que estendem a função "salvar como" ao GDocs, utilizando a conta Google do usuário. Geralmente é o mesmo plugin que se utiliza em prol do Zoho. Óbvio que a compatibilidade estética e a conversão de alguns recursos um pouco mais sofisticados como caixas de texto flutuantes, quebras de texto em colunas e mesmo a flutuação de imagens sobre (ou sob) textos corridos fica devendo. Na hora em que o arquivo sobe para a plataforma GDocs grande parte das formatações vai para o espaço e precisa ser refeita ou adaptada, pois nem tudo é suportado pela linguagem web. Mas volto a dizer que é suficiente para a produção de textos em grupo como trabalhos escolares, pesquisas e dá até para editar dentro das temidas normas ABNT para trabalhos acadêmicos. O GDocs oferece também uma interface compatível com smartphones, mas não se fie nela. Se na tela do PC o GDocs já é simples pacas, imagine no smartphone.

Se você é um usuário primoroso, arrojado e afeiçoado aos recursos de edição, engula o Inglês e abrace o Zoho. Mas se o conteúdo dos seus arquivos é mais importante do que a forma e se o seu uso em textos, planilhas e apresentações de slides não vai muito além do arroz-com-feijão, o GDocs lhe será suficiente. De presente terá uma integração muito bacana entre os diversos serviços Google. Ou, se você estiver com o bolso abarrotado, seja cliente do Sr. William Gates-III. Quem sou eu pra lhe dizer que não o faça?

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