Tive uma brilhante idéia (como a maioria das minhas o são). Já que estou estudando desde ontem e interrompi somente para dormir, deixando mais uma vez esta espelunca abandonada, decidi compartilhar com os leitores uma das questões que estou respondendo para a aula de
Ética Política e Educação do meu curso.
A questão ora publicada versa sobre a relação entre educação, prática política e poder. Veja se lê isso e adquire um pouco de cultura pelo menos.
Rios parte do princípio de que a educação é uma prática política e situa-se na tênue linha entre a manutenção cultural e a crítica transformadora. O papel da educação e sua caracterização estão implícitos na escolha de temas, abordagem e metodologia educacional. Defendendo que o exercício da educação seja político e dentro desta implique em transformar, Rios defende uma educação que questione a si própria quanto aos seus objetivos. A questão pode ser reformulada para "que tipo de ensino se quer praticar?". Um ensino libertador presume o escancaramento das próprias premissas e objetivos, uma vez que não se pode falar em neutralidade.

A educação concebida por
Freire tem cunho libertário e crítico. Seus objetivos são a conscientização, construção de visão crítica, abordagem sócio-política e ação transformadora. Os princípios freireanos propoem partir dos conhecimentos prévios do educando - considerando que seu trabalho foi predominantemente com adultos - o lançamento do que chamou-se "temas geradores". É sobre esses temas geradores que trabalha-se a elaboração de textos, a alfabetização e o letramento, sempre dentro do contexto de vida das comunidades e da discussão crítica da situação.
Giroux enxerga o mundo atual a partir da globalização e as gigantescas mudanças que transcorrem. O recuo das fronteiras geopolíticas e do conhecimento a partir do avanço das telecomunicações, novas mídias eletrônicas, os fluxos migratórios e as mudança econômicas influenciam diariamente a vida dos seres humanos e dentre estes, os estudantes. Um dos pontos principais de sua crítica à área educacional é que ela não está atendendo às novas necessidades decorrentes desse mundo em mudança acelerada. Ele afirmou em entrevista à revista
Language and Intercultural Communication que "
... as tendências políticas conservadoras que têm imposto uma definição de excelência em educação que significa mais uma submissão às pressões de mercado..."(*) dando a entender que essa suposta "excelência" segue a lógica do Capital (satisfação das necessidades de mão-de-obra) e da manutenção do status-quo político e social, ao invés de proporcionar abordagens inovadoras e críticas.
A pauta de Giroux para a educação não é nada superficial nem modesta e propõe colocar em discussão tanto
o quê, quanto
para quê e
como realizar a prática educativa. Entre as questões lançadas pelo próprio estão: “
Porque é que nós [educadores] fazemos o que fazemos do modo como o fazemos”? “
Que interesses serve a escolaridade”? “
Como devemos perceber e relacionarmo-nos com os diversos contextos nos quais a educação acontece”?
(*)
http://www.henryagiroux.com/RoleOfCritPedagogy_Port.htm. Entrevista traduzida por Manuela Guilherme (PT).
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