quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

As águas de março que chegaram em janeiro


Vejo espantado como a Mãe Natureza é de lua. De repente, neste janeiro ela resolveu descarregar toda a pluviosidade de uma década. E estamos, male male, no início do mês.

Hoje fechei o meu boteco às 17h. Estava de saco cheio, sobretudo por causa de problemas de instabilidade em um maldito serviço de internet, que eu pago, e sem o qual eu praticamente não consigo trabalhar. Mas eu prometi a mim mesmo não blogar hoje sobre o ispídi e a filha da puta da empresa fornecedora.

No caminho de chuva torrencial, de poças d´água na pista e de rio Tietê voraz, observei a abundância de elementos fora de contexto que boiavam nas suas águas turvas: Sofás, garrafas pet, sacos de lixo, caixas de papelão, sarrafos de madeira, colchonetes e uma infinidade de coisas que não se pareciam com peixes, tampouco com aguapés.

Já em casa, vi nos primeiros noticiários da TV a legião de repórteres-mundo-cão que clamavam pelas autoridades civis para que arranjassem solução. Imagens tomadas pelos helicópteros mostravam o caos aquático, bostático e leptospirótico que reinava pela cidade, sobretudo na periferia. Algumas das pessoas entrevistadas como vítimas das enchentes legitimavam aos brados a queixa dos repórteres. Conclusão: os governantes não fazem nada.

Nesse momento me lembrei das semi-criaturas flutuantes que vi no trajeto. E me pergunto: terão o prefeito Motosserra, a ex-prefeita Martaxa, ou mesmo o ChisPitta alguma vez jogado sofás e garrafas pet nos córregos ou à borda desses? Antes que alguém me crucifique, faço questão de informar: já trabalhei no gabinete de uma das Adminstrações Regionais de São Paulo (atuais subprefeituras). Sei que a cidade carece de obras de escoamento, de contenção, de prevenção e sei que a cidade cresce verticalmente sem que as galerias de esgoto e pluviais sejam ampliadas em um centímetro de diâmetro sequer. Todos sabemos. Sinceramente, quando alguém é atingido pela enchente eu sinto pena de ver o desespero da família perdendo tudo. É algo horrível água furiosa e podre invadindo um lar. Mas não sentirei pena sempre que esse zé-povinho tenha que se deparar com os sofás, colchões e restos de móveis boiando no meio da rua. Afinal quem foi que jogou, né? Eu não fui.

Enqüanto essa gentalha não aprender o básico sobre higiene acho que a Prefeitura e o Estado não deveriam fazer nada. Pronto: podem me apedrejar.

Um comentário:

Red disse...

Clap clap clap clap clap!!

Não precisa solicitar a visita. Eu sempre dou uma passadinha aqui.
Besitos.