sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Pés sobre a mesa, camiseta e sapatilha

Ontem em meu escritório fui "flagrado" - entre aspas mesmo - em uma das práticas de postura que mais aprecio. Eu estava com a cadeira reclinada para trás e com os pés sobre a mesa. Duas jovens senhoras apareceram à minha porta, procurando pelo advogado que ocupa a sala da frente. Em uma fração de segundo, a velha alma de empregado me assolou e quase que retomei a postura formal. Felizmente, atento ao que estava fazendo e dos porquês, mantive-me quase imóvel, enquanto gesticulei para que as visitantes aguardassem até eu terminar meu telefonema. Depois, avisei o vizinho pelo celular e pedi que elas aguardassem-no na empresa ao lado, que pertence a um sócio dele.

Tenho razões de sobra para pôr os pés sobre a minha mesa. Primeiro porque a mesa e a empresa são minhas. Segundo, porque melhora a circulação sangüínea. Terceiro, porque quando estou tratando de algum assunto complexo pelo telefone, preciso tirar os olhos do monitor e as mãos do teclado, ávido que sou por fazer 3.658 coisas ao mesmo tempo. Ficarei somente nesses três motivos até porque não devo satisfações.

Apesar do fardo de incertezas - brinde da vida profissional independente - há algumas coisas que fazem tudo isso valer à pena. Claro que entre elas está a sempre iminente probabilidade de "arrebentar a boca do balão" e fazer aquele dinheiro extraordinário. Pena que isso não acontece todos os meses. Mas de outro lado estão a confortável responsabilidade de ser senhor do próprio tempo e de escolher a vestimenta do dia, entre outras coisas. Em matéria de indumentária, sou um camaleão: vou do terno azul-marinho, com gravata idem e camisa branca até o confortável jeans com camiseta numa boa. Para tudo há uma ocasião, mesmo no trabalho. Eis que hoje cedo, enquanto eu tomava banho, decidi que iria com calça de sarja. Na hora de escolher a camisa e o sapato, radicalizei: corri ao "departamento de camisetas" de meu guarda-roupas vesti uma e calcei levíssimas sapatilhas estilo mocassim. Mais informal, impossível. Só se eu estivesse de regata, bermuda e sandálias. Hoje não, talvez outro dia.

Por favor, não me chamem para reuniões de negócio de última hora hoje, ok?

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