domingo, 9 de abril de 2006

Bandas de Formatura (Baile de formatura II - O retorno)

Um chegado muito querido me alfinetou quando eu postei anteriormente sobre baile de formatura. Dizia ele: "Não há ser humano que encare um baile de formatura depois dos trinta anos..." e completou com outra hilária frase, das típicas dele. De fato eu concordei. Inclusive com o comentário subjacente. Mas sou um ser sociável. Eu jamais declinaria do convite pessoal da Deza - uma formandinha do ensino médio de dezessete aninhos - muito querida de minha família. Então fomos. Eu e a minha darling. Foi ontem à noite.

O comentário de hoje é sobre bandas de formatura. Como tenho quase quarenta anos curti dezenas de formaturas na década de 80. Foi uma época de explosão de bandas de formatura, que se celebrizavam no meio dos freqüentadores. Aqui em Sampa City eram bem conhecidas bandas como "Edinho Show & Santa Cruz", "Santa Maria", "Super Som T.A." (esta era das mais célebres e de cachê mais alto), "Pirâmide", "Champagne", "Dimensão 5" e tantas outras. Alguns traços em comum ligavam essas bandas. O principal deles era a altíssima qualidade vocal e instrumental. Mas entre os outros tantos, quero reivindicar aqui um como que perdido no tempo: a finalidade da banda.

As bandas tinham como objetivo principal animar os bailes para as pessoas dançarem. Simples, não? Mas com o tempo, não sei se foi a concorrência, a megalomania, o estrelismo ou todos estes juntos que fizeram com que as bandas de formatura tomassem a si próprias como finalidade. Se tornaram "bandas-show" e incluíram em suas apresentações novos elementos como malabarismos, danças, coreografias, figurinos, acrobacias, pirotecnia e, mais recentemente, a multimídia. Pouco a pouco um estrelismo de fato foi tomando conta dos artistas, em detrimento daquela simples e agradável finalidade inicial. As pessoas que iam às formaturas foram se metamorfoseando de dançarinos a espectadores. A obtenção de uma mesa em lugar privilegiado para o show substituiu o simples ato de ir para chacoalhar o esqueleto e extravasar ao som dos variados ritmos de rock´n roll, dance music e mesmo canções para dançar coladinho "cheek-to-cheek", que por sinal nem são mais executadas. Isso para não entrar (de novo) no mérito do mau-gosto musical, sincronizado ao das rádios FM e das gravadoras, que vendem lixo aos baldes, como axé, funk-de-morro e outras escrotices pseudo-musicais sem sentido.

Sinal dos tempos ou não, essa mudança contribui para que os bailes de formatura percam mais um bocado do seu glamour e magia. Aquele momento de "tirar a menina bonita para dançar" foi ocupado pelo pula-pula-sai-do-chão-bota-as-mãozinhas-pra-cima. As deliciosas rodadas de Gren Miller e Ray Conniff foram descartadas em prol de pagodinhos e forró "universitário" (se é que precisa de curso superior para tocar aquilo). Uma pena.

2 comentários:

Gabriela Martins disse...

Pior que eu penso a mesma coisa sobre essas "bandas-show-nós-somos´fodçoes-mesmo". Mas se abro a boca pra falar isso, já sou a chata mal humorada que não consegue se divertir "normalmente", que a banda é animada sim e ponto final.

A megalomania dessas bandas chega a tanto que uma vez fui a um baile, de mentira, que os caras fizeram só para gravar um DVD! Tinha garçom, salgadinho, menina de longo, mas ninguém tava formando ali. Quase me deu ataque de riso, mas fiquei na minha porque tava comendo e bebendo de graça.

Por isso eu digo: odeio banda de baile. E tenho dito!

marcelovinte disse...

Parabéns, gostei do seu blog.

Concordo com vc. Eu tinha 17 anos qdo fiz minha primeira formatura, trabalhava como "Segurança de Baile", olha só.
E vi muito casal de 70 anos "abrindo a pista" e dançando olho no olho, ao som de Ray Connif, no meio do salão. Pra mim, era o ponto alto da festa.
Mesmo pq, depois da valsa (lá pela 1:00 da manhã) começava o "trabalho" propriamente dito, com a contenção dos bêbados e drogados, ao som de samba e pagode de fim de festa.
O que falta pra essas bandas de agora é bom senso e um estudo mínimo de MKT. Se fizessem isso, saberiam "mesclar" o repertório, pra agradar desde o casal de 70 aos jovens perdidos fãs de Restart e Justin Bierber.
Abs!