quinta-feira, 8 de junho de 2006

Festa junina? Claro que sim!

Não sou um brasilianista militante nem um bastião da defesa das tradições brasileiras tão ardoroso. Mas, sobretudo, amo do país onde vivo e as tradições que fazem nossa identidade. Eis que estamos em tempos de festas juninas. Os festejos de Santo Antônio, São Pedro e São João são marcados por divertidas brincadeiras nos arraiais, com direito à fogueira, comidinhas bem típicas - muitas à base de milho - música sanfonada, dança de quadrilha, quentão, vinho quente e trajes típicos. Adoro festa junina.

Lamento muito a distorção que tem feito com que os personagens originais - o caipira, a caipirinha, o noivo, a noiva, o padre e a polícia - venham a dar lugar, para versões tupiniquins e macaqueadas dos farmers e cowboys americanos. É muito triste ver um povo perdendo a identidade e substituir a música de quadrilha por baladinhas country, o chapéu de palha por refinados chapéus de cowboy, a calça jeca e remendada por grifes sofisticadas de jeans, a gravata estampada e desmedida por ponteiras de colarinho brilhantes e a botina surrada por elegantes e lustrosas botinas com esporas cromadas. Não se parecem conosco. Antes sim, com uma fotografia tosca e invejosa de nossos irmãos ricos do continente norte. O brasileiro tem vergonha de ser brasileiro, a não ser no futebol.

No que depende de mim, nossa boa velha festa junina particular já está armada. É composta por famílias de amigos que, ano a ano, se empenham mais em trajar-se à carater, esmeram-se em dançar quadrilhas com seus pares - sem ensaio prévio - e em comparecer à festa trazendo solidariamente as bebidas e iguarias adequadas. Tudo bem que o som da quadrilha desta vez será executado em .mp3, já que não temos narrador nem sanfoneiro. Mas quem se importa, se a essência se mantém?

Me alegra manter minha filha mais nova freqüentando uma escola infantil que mantém o calendário das festas juninas. Porque, tempos atrás, um colega meu foi protagonista de uma briga homérica, em uma escola particular de São Caetano do Sul. No mês de junho de um determinado ano, a coordenação da escola avisou que não realizaria festa junina, porque avaliava que "a concorrência de eventos similares nas proximidades poderia esvaziar a festa". De fato eu não sabia que uma confraternização escolar junina tinha que estar conceitualmente tão inserida no mercado de consumo e da concorrência. Agora, veja o que se seguiu: segundo meu amigo, em outubro, a escola mandou para os pais uma cartinha para participarem de...? Não adivinhou ainda? Acertou quem disse haloween! Meu amigo - olha que viajado e que trabalhou até cansar na Europa - contou-me que rasgou o verbo. Lembrou do W.O. junino e esbravejou furioso com a direção sobre o tal haloween. Não sei no que deu a história, mas esse cara é dos meus!

Abaixo "a galera de cowboy" e o haloween!

Viva a festa junina!

Simbora cumpadi!

Óia o túnio aí genti...

Um comentário:

Anônimo disse...

que legal