
Esta não é nem uma passagem do Apocalipse de João, nem de Nostradamus. É o retrato do bairro onde trabalho, pouco mais de uma hora atrás. E eu, que me atrevi a dar uma voltinha pra fazer a digestão, mal pude acreditar no que via.
Não sei o que era pior de tudo o que vi: se o sujeito com a camiseta imitando a da seleção, mas escrito "MARCELO" no lugar do nome do jogador e "D-2" no lugar do número, se eram os caras de peruca verde e amarela tocando corneta na porta da casa de fogos ou se eram as criaturas femininas horrorosas, que se atreveram a usar camiseta amarela amarradinha na frente, exibindo suas generosas panças e os respectivos poços. Isso mesmo: poços! Porque umbigo para mim sempre foi outra coisa mais sutil. Nos enormes sulcos à mostra, por entre as estrias, daria pra esconder o mensalão todinho, daquele deputado da cueca. Ridículas!
No boteco a cinqüenta metros daqui um amigo meu já estava rodeado com setenta outros bêbados, se acotovelando nos 3,5m² de área do estabelecimento. Tudo para conseguir uma posição privilegiada na enorme TV de 21", estrategicamente equilibrada em cima de duas mesinhas de bar empilhadas. Obviamente ligada na Globo e com o volume estridente e som distorcido. Nesse exato local, qualquer criatura que aparentar - note que não é requisito sê-lo de fato - um ser do sexo feminino receberá rasgados e impublicáveis elogios. Inclusive o trio de domésticas exibicionistas de poços, que comentei acima. Se você é mulher ou travesti e estiver com problemas de auto-estima, é só passar por lá.
Penso que agora o melhor seja eu ir buscar minha filha na escola infantil. Isso porque o tom do bilhete que veio dentro da agenda escolar dela, deixa claro que a diretoria defenestrará impiedosamente as crianças não-resgatadas pelos familiares até as 15h.
Não tenho escolha. Fui.
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