quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Armadilhas da indústria e da mídia

Vade retro de o tio defender mulheres-fruta. Nem melancia, nem jaca, nem maracujá, nem morango. A propósito das frutas e infelizmente, sou muito pouco adepto delas. Frutinhas muito menos. Exceto o açaí que saboreio sob a forma de vitamina batida em um determinado local que já citei AQUI.

Só que essas mulheres-fruta, celebridades instantâneas, são vítima dos valores que elas mesmas cultuam. Merecem pois o escracho. Tal como aconteceu com a "sensacional" Mulher-Morango (será por causa de cravos na pele?). A dita saiu no carnaval saracuteando as formas não tão bem aceitas pelas indústrias fitness e fashion e levou na mídia uma menção inglória, pelas indesejáveis dobrinhas na região da cintura. Não sei como a Vigilância Sanitária não foi lá fiscalizar se ela se enxuga bem após o banho, afinal de contas o Aedes Egypty põe ovos em água parada nos pneus, entre outros locais. Mas dane-se a talzinha, cuja existência só fiquei sabendo ao receber o link da reportagem junto com um comentário sarcástico de uma amiga, de quem preservarei a identidade para fins de direito (só digo que é professora de Filosofia em colégios católicos renomados).

As indústrias da beleza a todo custo, da roupa da moda e das academias que proliferam como dengue vendem um modelo físico quase inacessível para 90% das mulheres. Tanto estas como as que conseguem com sacrifícios físicos e financeiros adotam-no como referência. O resultado é a frustração da imensa maioria e fome crônica da minoria bem-sucedida. Fato é que a cultura barbie invadiu o mercado para desespero da mulherada, cuja auto-estima despenca ano após ano, malograda pelas receitas mágicas ao mesmo tempo que a população é bombardeada pelos lobbies da comida processada e do fast-food.

Claro que TODOS devemos procurar hábitos alimentares e físicos que conduzam à saúde, assim entendida como capacidade plena para fazer nossas tarefas do cotidiano, incluindo o lazer, e ausência de indicadores de risco como triglicérides, colesterol e pressão arterial altos demais. O desconforto é outro ponto. Ninguém com 150Kg há de se sentir à vontade em uma poltrona de coletivo, metrô, ônibus ou - pior ainda - de avião. Por isso a busca de equilíbrio é vital e sinais como fadiga e indisposição indicam que o sujeito precisa fazer algo urgente em prol da saúde e oxalá da auto-estima. Basta lembrar da piadinha velha de que a mulher que transa com o gordo sente dois prazeres (e vice-versa, viu dona baleia?).

A infeliz Mulher-Morango saiu na foto como vítima de si mesma e do estereótipo de mulher-objeto que ajuda a sustentar. Não fosse sua infame "profissão artística" de funkeira, talvez ela cuidasse melhor de outros aspectos da sua imagem capazes de posicionar de forma mais digna a sua imagem pública, que não fosse "agachando até o chão, chão, chão-chão-chão". Quem sabe ela soubesse opinar sobre fatos do cotidiano e transmitir aos espectadores qualquer coisa que não fosse a infame personagem sexista e grotesca para a qual se veste. Aliás, mais se despe do que veste.

Enquanto isso homens com algum nível de atividade neural - além da respiração e do ciclo digestivo - continuam a preferir construir a vida com as mulheres do mundo real, incluindo seus pequenos excessos como os temidos (por elas) pneuzinhos. Mulheres que cultivam, além da saúde os demais aspectos da vida, muito superiores ao simples zelo pelas bundas, peitos e a busca doentia pelo abdômen fictício da boneca esquálida estadunidense. Eu pelo menos prefiro.

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