sexta-feira, 21 de julho de 2006

Downgrade

O Tio Xavier estava com um aparelho celular há uns dois anos e meio ou mais. Era um Mortorola C350. Não seria nada demais se essas merdas não fossem projetadas dentro da cultura da descartabilidade. O meu até que foi um bravo. Comprado com uma porcaria de bônus - míseros R$300 - oferecido pela operadora, o dito não tinha lá nenhuma sofisticação. Já estava remontado com a segunda carcaça - que também já estava toda arranhada - e havia convivido com três diferentes fones de ouvido externos, tudo obviamente comprado no camelô. Mas com ele, além de ter feito milhares de chamadas eu ainda conectava meu notebook à internet pelo serviços GPRS, quando viajava à trabalho. Chegou a cair em uma enxurrada e saiu incólume, sem receber nenhum cuidado especial. E, em se tratando de um Mortorola, foi uma grande coisa ele não ter explodido no meu bolso. Não sabia? Leia isto.

Contudo os seus dias estavam no fim. O microfone embutido pifou e não era possível mais usá-lo sem o externo, a bateria não durava mais que um dia e ele dava "boot" do nada, espontaneamente. Usei-o com o fone externo por um tempo ainda. Mas nos últimos dias ele deu ainda de rediscar para o último número chamado e derrubar as ligações sem nenhum motivo aparente. It´s over. Em um raro momento de raiva pelo mau funcionamento e após protagonizar cenas dignas de Pulp Fiction com o celular esta tarde, olhei para as suas partes espalhadas pelo chão e percebi que não tinha mais volta. Precisava de vez providenciar outro. Do que sobrou, eu pus o chip no bolso (como eu amo essa tecnologia de chip!). Ao sair do escritório, no final do expediente, segui instintivamente para as Casas Pernambucanas do bairro, onde costumo ver plaquinhas com ofertas irrecusáveis. Lá chegando, encosto no balcão e disparo a pergunta pro vendedor:
- Amigão, qual é o telefone de chip mais barato?
- Olha, esse aqui tem câmera fotográfica que... - interrompo - .
- Ok, mas qual é o mais barato de todos?
- Esse aqui toca mp3... - corto o cara de novo - .
- Tá, mas não é o mais barato, certo?
- Mas é muito bom esse, viu? E já vem com um chip de pré-pago.
- Eu já tenho chip pós-pago, mano. Me diz só qual é o mais barato e eu compro.
- Tem esse aqui - e mostra um que não tinha cara de barato - .
- Quanto?
- Quatrocentos e cinqüenta. Mas faz em dez de cinqüenta e cinco, viu?
- Amigo, é a última vez que vou perguntar: Veja se você entende. Qual é o mais barato? Aliás, pela cara, me fala o preço desse aqui do meio.
- Oitenta e cinco. Mas faz em dez vezes de...
- Chega! Separa esse aí e pronto!
- Em dez de nove e noventa?
- Deus me livre!
- Então é à vista?
- Óbvio, né?

Esse gênio das vendas tem título de eleitor também, viu?

Agora, por último alguém me explique: Pra que diabos alguém pode querer câmera, navegador internet, GPS, mp3, tv, freezer, sofá-cama, cd player e o escambau embutidos em um celular?

2 comentários:

Gabriela Martins disse...

Eu também só troquei meu celular quando não tinha mais jeito. E pra que tanta coisa no celular? Bem, deve ser porque o povo usa a porcaria do aparelho pra tudo, menos pra telefonar...

JRP disse...

Cê tá marcando, tio!
Tem um celular da Motorola mais simples ainda, mais barato e melhor!
É este aqui:
http://lista.mercadolivre.com.br/motofone
Eu comprei, paguei 50 contos e te garanto: é sensacional.
A recepção dele é melhor que qualquer celular que já tive, o som é mais nítido, dura mais tempo de conversação, não esquenta e ainda é mai fininho!
Aparelhão, vai por mim!