sexta-feira, 21 de julho de 2006

O achado

Eram 10h15m do dia de hoje. Lá estava o tio Xavier em um cliente, junto com a analista de sistemas dele, aguardando uma reles entrega de etiquetas adesivas, feitas sob encomenda. Sabendo que o projeto tinha urgência, o tio orientou o pessoal da fábrica para que mandasse por SEDEX 10. O serviço dos Correios garante que a encomenda é entregue até as 10h do dia seguinte à postagem . Obviamente é um bocado mais caro. Mas no caso em questão, necessário. Só que as horas se passaram e nada das ditas etiquetas. Lá estava eu, fingindo não perceber que até a faxineira do cliente me lançava olhares de reprovação.

Às doze badaladas da catedral, o tio Xavier, sem nada poder fazer, vai embora. Havia outros afazeres e eu não podia morar lá no cliente pro resto da vida. Sob olhares enfurecidos - só que absolutamente corteses - a saída à francesa me pareceu mais recomendável. Esperar infinitamente é uma arte que não faz parte de minhas aptidões. Mal entrei no carro e desandei a telefonar para o celular da dona da fábrica, da secretária dela, do operador da máquina e da pqp, reclamando a ausência do material. Pelo tom de voz de todos e confiança que tenho nos meus parceiros, tive certeza absoluta de que a tralha havia sido mesmo postada nos conformes. Então, que diabos teria acontecido com a empresa de logística mais efeciente do Brasil? Os Correios não são de dar mancada.

Após um almoço mal-engolido, decido rever minha pauta de tarefas e pendengas. Leio e respondo os e-mails (apagando as 1749 mensagens idiotas de "Feliz dia do Amigo"), ligo o msn, o Skype e começo a dar uns telefonemas. Na verdade, eu tentava também espairecer, um pouco antes de me estressar de novo com o problema das malditas etiquetas desaparecidas. Somente por volta das 15h00m resolvo consultar no site dos Correios o possível rastro da encomenda pelo número que o pessoal da fábrica havia me passado. Eis que lá constava: "Saída às 7:40 do local XXX ; Entregue às 8:00". Cazzo, em toda a minha existência eu não tive um único motivo para duvidar do trabalho dos Correios. A empresa merecia o meu voto de confiança.

Ligo para a analista de sistemas do cliente. No celular dela, por questões de discrição.
- Oi fulana, aqui é o tio... Meu, no site dos Correios consta que a merda da encomenda foi entregue às 8h00m. Será que não está aí não?
- Não pode ser.
- Putz, faz esse favor pro tio. Dá um giro aí na empresa e verifica se não tá por aí. Não custa.
- Tá bom.

Dez ou quinze eternos minutos se passam. A duração do tempo é questão de percepção dele. Para quem espera é sempre uma eternidade. Toca meu celular:
- Tio?
- Ô minha filha! Diz aí pelo amor de Deus.
- Você não vai acreditar.
- Eu acredito até em duente, se essa porra apareceu.
- Pois é. Acredita que tava com o cara do recebimento desde as 8 da manhã?
- Cacete! Quem é esse energúmeno?
- O Zé.
- E o que ele alegou para não ter encaminhado o material para o local de sempre?
- Ele falou que não achava que era urgente.
- Ah, ele achava?
- ...
- PQP... Obrigado, amiga!
- De nada, tio. Relaxa um pouco. Tchau!

A fiel exposição dos fatos acima dispensa análise. Só que a minha preocupação não é com a cagada do Zé em si. É que depois que li este post, da minha amiga Red, comecei a atentar para um aspecto: o Zé vota. Ele tem título de eleitor!

Que Deus nos proteja.

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