quinta-feira, 13 de julho de 2006

Tenho culpa eu? Parte II

Hoje vivemos tempos tragicômicos. Em ritmo de trabalho de formiguinha, a bandidagem arregimentou e construiu militantes dentro de praticamente todas as instituições estatais. Mais focalizadamente dentro do aparelho repressor - polícias e forças armadas - que já não conseguem mais exercer a função repressiva, por manterem parte do quadros profissionais sob contaminação simbiótica com o crime. Alguns deles já são os próprios criminosos, só que resguardados por carteirinhas funcionais, estabilidade e pelo Artigo 331 do Código Penal que criminaliza o desacato.

Nos dias de hoje, como nada fora feito, não se podia esperar nada diferente do que estamos vendo. Como o Estado Burguês não pode culpar a si próprio pela mazela social, então precisa urgente de um culpado para os incêndios em ônibus, ataques a equipamentos públicos e assassinatos de funcionários da Segurança. Eis que surge a salvação: o PCC. A bola da vez! Os secretários estaduais correlatos à SSP, incluindo a Administração Carcerária, mais parecem baratas tontas nos seus desconexos discursos. Um cidadão - cujo nome não mencionarei - chegou na TV a co-responsabilizar o Orkut pela onda de violência. Algo semelhante a culpar a faca pela facada.

Obviamente o tal do PCC deve ser de fato um grupo criminoso significativo e ter os seus tentáculos. Mas minha experiência dá-me conta de o quanto é difícil articular movimentos sincronizados, como os de vandalismo e violência que acontecem no momento. Está mais que claro que a maior parte do que ocorre é originada de criminalidade e vandalismo expontâneos, que aproveitam a paralisia e o pânico para se sobressaírem eu seus feudos locais. E, mais uma vez, me vem à lembrança as acusações levianas e irresponsáveis, feitas nas duas décadas anteriores. Os acusadores são os mesmos. O comodismo, a incompetência e a mentira deslavada também. É PCC, agora é sua vez.

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