quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Pelo interfone again

O comitê eleitoreiro do andar embaixo do escritório do tio se foi. Com o fim das eleições e a perspectiva nula de a legendinha de aluguel em questão eleger sequer um síndico de prédio, a operação política se desmantelou logo na segunda-feira bem cedo após as eleições, para alívio do tio. A jovem sumidade intelectual que estava empregada no local estava com os olhos vermelhos indicando chôro. Pobrezinha, acho que acreditava em eleger um deputado estadual distribuindo santinhos em clubinhos de futsal e portas de colégio de um único bairro de Sampa. Eu já não agüentava mais gente bizarra tocando o meu interfone, achando que a diretoria do comitê ficasse no andar de cima. E toda essa encheção de saco foi para o tal candidato obter 1.906 votos.

Apesar de ninguém mais tocar meu interfone perguntando se o prefeito está comigo, as bizarrices estão longe de terminar. É que sala vizinha à minha é ocupada por um advogado trabalhista. Você não têm a menor idéia de o que é ser vizinho de um. À cada dezoito minutos aparece um exemplar da craçe trabaiadora para "pô nu pau" o ex-patrão. O interfone fica no hall comum às duas salas e o tal profissional do Direito não é alguém que permaneça muito no escritório. Quando não está em audiência está torrando os honorários em cachaça ou cartelas de bingo. E nessas horas sobra o interfone pro tio dispensar as figuras que lá aparecem. Como essa de ontem:


- Pois não?
- Jozivaldu - pronúncia literal.
- Quer falar com quem?
- Jozivaldu.
- Desculpe não tem ninguém com esse nome aqui.
- Eeeeeu sou o Jozivaldu.
- Tá bom. E daí?
- O dotô.
- Você quer falar com O advogado?
- É. O dévogadu.
- Acho que ele não está. A sala dele está fechada.
- E como eu faço?
- Como você faz o que?
- Pra falar com o dotô dévogadu.
- Eu não faço idéia.
- Ah, tá bão - pelo silêncio imagino que ele já se foi.

Meia-hora depois ouço a porta do advogado abrir. Da minha mesa me estico para ver se ele tinha chegado. Mas espere: Eu não ouvi a porta de baixo abrir. Para minha surpresa, de dentro da sala sai o portador de OAB. A cara amassada e inchada, com clara aparência de quem tinha tomado uns aguardentes de cana e se trancara para uma soneca básica, em plena tarde de terça-feira. Ele vai até a porta do tio e pergunta, na maior cara-de-pau:
- Eu ouvi o interfone, tio. Era pra mim?
- Sim.
- Era o Josevaldo?
- Josevaldo, Jozivaldo, José Valdo, sei lá... acho que era esse nome sim.
- Ótimo. Acho que eu vou lá na casa dele. Temos uns assuntos a resolver.
- ...

Nesse momento eu só me pergunto: Que merda eu tenho a ver com isso? Eu mereço? É um carma?

2 comentários:

JRP disse...

Desce lá no interfone e cola um adesivo com o dizer: "ADVOGADO".
Acho que pelo menos você se livra dos chatos alfabetizados.

Anônimo disse...

tio pô essa heim
hahahahahahahaha
infelizmente um se foi e o outro tomou seu lugar......
rsrsrsrsr.
flw