quinta-feira, 19 de julho de 2007

The cu

Já dizia um velho deitado que "se cunhado fosse bom não começava com cu". Hoje o distinto marido da minha única irmã resolveu me telefonar às sete da madrugada. Não que eu já não estivesse em pé a essa hora. Mas isso não são horas de ligar para a casa dos outros e não gosto de ouvir voz humana logo cedo. O que ele queria era aparentemente simples: minha furadeira emprestada. E que eu a levasse para o meu escritório que ele passaria lá para pegá-la.

Vamos aos detalhes significativos:

- Minha furadeira é de marca renomada e modelo plus. Tem acelerador gradual no gatilho, torque regulável e giro reverso. Ganhei-a de presente de um amigo e ela custa em torno de quatrocentos e cinqüenta reais. Uma verdadeira jóia.

- Costumo guardar minhas ferramentas limpas, em caixas apropriadas e, se necessário, com fios e acessórios presos.

- O cunhado em questão é um ser do mais relaxado que se pode imaginar. O porta-malas do carro dele se parece com a caçamba do "Cata Bagulho" da prefeitura. Suas ferramentas ficam espalhadas entre os cômodos da casa onde mora, outro tanto no carro, outro tanto no galpão da empresa dele e outro tanto nem Deus consegue localizar.

- O ser em referência trabalha com peões de montagem, que não sabem a diferença entre um serrote e uma faca de cozinha. São igualmente relaxados e, com o exemplo do patrão, devem superá-lo em alguns quesitos.

- O trabalho do cidadão pode necessitar algumas vezes de perfurar superfícies e paredes de material imprevisível. De uma madeira em decomposição a uma rocha de granito maciço.

Não preciso dizer mais nada para explicar minha relutância em emprestar minha super-hiper-furadeira-plus para uma criatura dessa. Fui para o trabalho decidido a fazer outra coisa. Eu compraria uma furadeira vagabunda de cinqüenta reais e daria a ele. Era uma forma de preservar minha preciosa ferramenta e dizer a ele algo como "porra, sua montadora de merda não tem cinqüenta paus pra comprar uma furadeira?". E assim o fiz. A máquina custou o exato valor almejado e trouxe-a para o escritório, aguardando o mala aparecer. Mas aí o telefone toca.

- Ô meu, lembrou da furadeira?

- Ahã.

- Então... eu acabei resolvendo por aqui. Arranjei uma emprestada.

Começo a pensar rápido.

- Porra, emprestada? - Agora, mais puto, procuro uma forma de recuperar minha grana - Eu achei uma do lado do meu escritório. Boazinha. Sessenta paus.

- Achou? Hum... Então sei lá. Que marca é?

- Marca? Essas furadeiras comuns são todas iguais. Toma vergonha na cara! Vou buscar e você pega aqui à tarde. Mas me traz a grana hein?

- Tá legal então. Eu levo um cheque. Só tem uma coisa.

- O quê?

- Tem que ser 220V.

Liguei para a loja e os cornos não a têm em 220V pra trocar. Agora me digam: devo furar a testa do cunhado com uma broca de 6mm ou de 8mm?

Em tempo: já vou me postar atrás da porta para ele não ter tempo de reagir.

2 comentários:

Anônimo disse...

O meu cunhado bebe.
É pagodeiro.
Viajou pelo mundo, nos anos 70, tocando pagode. Verdade!
Mas perdeu toda a grana que juntou pelas mãos e pernas de uma mulatona.
Com ela ele teve dois filhos.
Um dia ele pegou a dita cuja dando prá um cara na cama dele.
O homem ficou louco. Tão louco que acabou se juntando com minha irmã, outra louca.
Acabou sendo motorista de taxi mas passou num concurso da prefeitura e é motorista de um secretário municipal qualquer.
Seu cunhado é um santo se comparado com o meu.
A diferença é que não vejo meu cunhado e nem quero ver.
Livre-se do pulha!

Musa de Caminhoneiro disse...

Como não tenho irmã e meu irmão- até onde sei- é espada, eu não tenho cunhado. Mas o repertório de cunhadas malas é vasto. A mais recente, além de ligar pra minha casa 5 vezes por noite, passa os fins de semana hospedada aqui jogada no sofá da sala vendo filmes dublados com o meu irmão (ela não consegue acompanhar as legendas). Só levantam para bagunçar a cozinha.