sábado, 20 de setembro de 2008

Coração de estudante...

- A senhora nunca mais se intrometa nos assuntos que não são da sua alçada. Estão dispensadas as suas sugestões a respeito, minha senhora. Quanto às provas, a senhora limite-se a aplicá-las e corrigi-las. Eu fiz a prova e farei todas as outras que eu decidir fazer até o final deste curso. E caso a senhora não tenha percebido e não lembre minha nota, independente da suas opiniões sem fundamento, estou entre os mais capacitados desta turma. Nunca mais, nem aqui, nem para as pobres criancinhas do CDHU pra quem a senhora leciona, repita suas sugestões esdrúxulas, anti-pedagógicas e anti-éticas. Se sua intenção era me desestabilizar a minutos da prova, eu lamento muito minha senhora. Pra conseguir isso é preciso ser alguém muito bom. No seu caso... tsc... tsc...".

Com esse discurso, com um sorrisinho cínico insuportável e com dedo em riste o tio arrematou a aula de Didática na facu da última quinta-feira, uma semana depois da prova. Antes que você me faça acusações, permita-me explicar o ocorrido:

Uma semana antes, minutos antes da prova de Didática, a mais limitada, insossa e desinteressante professora deste semestre estava fazendo a última embromação após três aulas enroladas. Manja aquelas técnicas que aplicam em alunos do Fundamental-I quando manda-os confeccionar cartazinhos e apresentar para a sala? Pois pasme: o assunto em questão era sobre os pensadores da Educação do século XX, cujos reflexos encontram-se na Pedagogia atual. Tema de complexidade, importância e profundidade, que requeria ao menos duas aulas de exposição e acalorado debate. Mas a professorinha, ao invés disso, passa tarefinha de pesquisinha e montar cartazinho. Típica (má) operária da Educação Infantil que se aventura pela universidade. As mais incautas e empolgadas colegas do tio se esmeraram nas canetinhas coloridas e colagens. Mas o tio é um pouco mais exigente e não vê razão para treinar colagem e letra-caixa em cartolina. Aliás não há razão.

Dessa forma há três aulas eu estava com a mesma cara de reprovação, quando a pentelha resolveu pedir para eu explicar a colagem nas coxas que minha equipe havia feito. Com o saco na Lua, primeiro eu disse um sonoro: "Está escrito lá". Mas a mala-sem-alça e sem noção insistiu ao que - com a maior indisposição do mundo - resmunguei: "Parece que...". Era o que ela esperava. A protótipa de chefinha medíocre desembestou a dizer coisas como: "Começou mal. Se no dia da prova você 'acha' ou 'parece que', então é melhor você não fazer a prova porque não está capacitado e blá blá blá...". Mantive o sapo cururu paradinho na garganta. Eu bem me conheço e qualquer coisa que eu dissesse naquela hora, com 50% do fluxo sangüíneo concentrado no cérebro, começaria obrigatoriamente com "Enfia no seu ânus a sua opinião que eu não pedi"; depois eu vestiria meu gorrinho da Gaviões da Fiel e daria uma cabeçada no nariz dela. A prova seria suspensa, eu seria retirado por seguranças e é provável que trouxessem pastores da Universal para me amarrar em nome de Jesus. Ao final de tudo eu perderia as benesses que tenho lá (que não vem ao caso quais são) e seria expulso com assinatura irrecorrível do próprio reitor, aliás, meu benfeitor.

Mas o tio é um cara zen e acredita nos ensinamentos de Buda. Sobretudo se ele tiver proferido algum que diga algo como: "Antes de encolerizar-se lembre-se que você pode esperar até a próxima oportunidade e colocar seu oponente abaixo do cu do cachorro". Depois, quem se desequilibraria para a prova seria o tio e jamais conseguiria obrigá-la a aplicar um reluzente 9,5 na exímia dissertação, que foi o que aconteceu. O cururu desceu até o estômago onde fermentou por sete dias até eu vomitá-lo anteontem na cara dela.

Well, eu não sou vingativo, mas minha memória é altamente eficaz nessas ocasiões. E agora, depois de gaguejar diante da sala, a professorinha medíocre terá que respirar fundo todas as quintas-feiras à noite. Ela lembrará que terá que ver minha cara de irônico, que nem eu mesmo suporto quando olho no espelho... Problema dela. Venha, que eu moro muito adiante da Penha.

2 comentários:

Tia Paula disse...

Eu tive uma profesora de Didática que mandava ler um texto em casa e na semana seguinte fazia transparências com partes aleatórias do MESMO texto e ficava lendo na sala.

Ódio eterno da Licenciatura...

Tio Xavier™ 4.5 Plus disse...

Pois é Tia Paula. Como bom autônomo e auto-didata eu tolero professores medíocres. Desde que mantenham-se nos seus lugares.