terça-feira, 12 de setembro de 2006

Muito estranho (e não é a música do Dalto)

Imagine uma situação hipotética: você é candidato(a) a deputado e a pouco mais de dois meses das eleições você é seqüestrado por bandidos. Eles levam você a um cativeiro, onde você tem acesso a TV, pode ver noticiários e tem acesso a chuveiro. Os bandidos ficam todo o tempo encapuzados, mas ao fingir estar dormindo você os ouve conversar assuntos "sigilosos" da operação e afins. Inclusive podem até comentar sobre a possibilidade de "apagá-lo", pois o seqüestro e sua finalidade não estão dando certo.

Imagine também que você ouve que os caras querem três milhões de reais em grana pela sua soltura e que depois te levam para outro cativeiro, porque o de então está prestes a ser estourado. Enfim, quase no quadragésimo dia e sem receber o resgate, os caras resolvem te soltar em um acostamento a a menos de três quilômetros do local onde você fora apanhado. Vamos dizer que até aqui tudo bem.

Pense agora em você voltando para casa, doze quilos mais magro, abatido e assustado. Mas já desanda a dar entrevistas para jornalecos do bairro, com broche da sua campanha no peito e tudo. Pense na possibilidade de, uma semana após ser solto sua desenvoltura eleitoreira ser normal, inclusive sua publicidade nos mesmos tais jornalecos. Agora imagine a reportagem pegando o gancho no ocorrido e lançando questões sobre pena de morte e prisão perpétua para o crime de seqüestro e que possa constar algo a seu respeito como: "... mas fulano(a), candidato(a) a deputado(a) estadual promete ir fundo na questão". Digamos ainda que - coincidentemente - sua família ande na rabeira de um certo político que já foi prefeito de São Paulo e que exerceu mandato de governador biônico nos velhos tempos da ditadura e da repressão policial.

Não pareceria uma história estranha? Sei lá, entende? Perguntar não ofende.

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