terça-feira, 2 de maio de 2006

Meus colegas de trabalho

É manhã e estou em minha mesa localizando meus afazeres e determinando as prioridades. Leio os e-mails, reporto os spams e imprimo o extrato bancário. Mais um dia que começa na minha rotina profissional.

A Renilde*, assessora de imprensa, me cumprimenta de forma empolgada. Deve ter saído com o namorado na véspera. Karl*, diretor de criação, nem tanto. Parece um pouco abatido. Flanders*, engenheira química, comenta algo sobre o noticiário do dia anterior. Digo a ela que não assisti e nem estava sabendo do tal atentado. Jorge me avisa que um determinado pagamento não foi feito, mas será feito impreterivelmente naquele dia. Luchesi*, o advogado, está um pouco nervoso com uma audiência que terá à tarde. Teresa me pergunta se tenho algum orçamento para passar para ela. Durante todo o dia esses e outros colegas me abordam, entre um trabalho e outro, para comentar um fato, tirar uma dúvida ou perguntar sobre alguém ausente. Um pouco mais tarde, o diretor de arte talvez com pouco trabalho e já com o humor melhor, parece estar com a caixa de piadas renovada. Ao contrário, o advogado está preocupado e mal responde minhas perguntas.

Isso tudo representaria um ambiente absolutamente normal em qualquer empresa. Exceto pelo fato de que Karl e Teresa estão em diferentes cidades de MG, Flanders no RJ, Jorge é meu cliente e está no interior de SP, Luchesi no RS e Renilde - a mais próxima - está em Sampa como eu, mas a 14Km de meu escritório. Estou fisicamente sozinho em minha sala. Todo o pessoal que me cumprimentou, contou piadas, mágoas, me ajudou com orçamentos e enfim me fizeram companhia está próximo de mim virtualmente mediante um comunicador instantâneo na internet. Sinal dos tempos. Antes da internet isso seria impensável. A mesma internet que me permite despachar instantaneamente trabalho para empresas parceiras, trocar orçamentos, fechar negócios rapidamente e redespachar o pedido para representadas, que me permite fazer tantas coisas sozinho, acaba sendo em parte culpada por eu trabalhar praticamente sozinho.

Bom ou mau? Não sei. Mas é a realidade dos tempos modernos. Colegas de trabalho virtuais. Feliz é o Sívio Santos que está sempre perto das colegas de trabalho.

* Os nomes assinalados são pseudônimos a pedidos. Parece que os patrões deles não sabem que ficam papeando no msn o dia todo.

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