
Vou contar uma breve passagem de minha miserável vida, que quase justifica o meu apreço pela posse de computadores, já que sou feliz proprietário de cinco e usuário de quatro deles, mais duas impressoras e um scanner.
Eram idos de 1994. Eu estava de volta à Sampa City após separar-me e estava duro como peroba. E com outra característica da madeira - minha cara-de pau - pus-me a procurar trabalho e reconstruir minha vidinha, que não era tarefa simples. Tendo ficado por três anos meio distante de teclados e monitores, mesmo após ter possuído um PC/XT, programado em Cobol e operado vários micros, deparei-me com um mundo informático bem diferente. E percebi nas agências de emprego, que os candidatos portavam currículos feitos em computador. Para não passar por obsoleto, fui à caça de um possuidor de micro e impressora. Cheguei até a enfrentar decepções com alguns conhecidos informatizados, que eu achei que se disporiam a me ajudar. Até que fui procurar acolhida no sindicato de minha categoria: o Sindpd. Lá fui prontamente atendido pelo Antônio Neto, que muito depois fui saber que era o presidente. Com a boa estrutura que tinham e gentileza idem, pude usar um computador com MsWord/DOS e ainda imprimir duas dezenas do meu currículo, de sorte que logo arranjei trabalho na área. E este é o ponto: prometi a mim que nunca mais me permitiria faltar um computador, para eu conseguir ganhar a vida no mundo informático, e não mais passar humilhações ao pedir ajuda.
Depois de mais tempo do que eu pretendia, me encorajei e comprei um PC na hoje "falecida" Byte On. Diga-se de passagem que o dito 233/MMX ainda funciona bem na casa de minha irmã com seus infinitos 4,1GB de HD e 32MB de memória, inclusive rodando banda larga. Depois comprei um notebook Compaq de 600MHz/HD10GB/200MB que paguei em suadas 15 prestações. Uma outra vez comprei um P-IV/1,6GHz/HD40/256MB de uma amiga que precisava de grana. Depois comprei outro de 1,8GHz/HD40/1GB pra alugar como servidor remoto em uma empreitada com um cliente. E em outra ocasião me dei de presente no dia dos pais um de 1,8GB/HD40/500MB (atualmente com 2 HDs somando 120GB). Então passei a colecionar .mp3, .avi, .vcd uma infinidade de arquivos de entretenimento. Ainda armazeno nele o backup do meu trabalho que eu copio e transporto do escritório para casa semanalmente.
Com o tempo, todas as máquinas foram turbinadas com acessórios vitais como DVD, gravador de CD, placa de som e outras quinquilharias, cuja falta praticamente impossibilita a vida humana. Essa megabytica posse, aliada à concentração de meu entretenimento musical e visual no computador me trouxe-me outro tipo de preocupação: e se eu perder meus dados? Todo o árduo trabalho de digitalização de LP´s, fitas K7 e de CD´s originais que eu tenho, filmes e afins podem ir para a cucuia, se eu não me precaver com um método de cópias de segurança bem bolado. Me flagrei comprando mentalmente um novo HD de alta capacidade e um case USB para torná-lo móvel e não me ver no inferno frustrante da perda de dados qualquer dia desses. Afinal há uma concreta possibilidade de ¹/999.999 de que todos meus HD´s pifem simultaneamente e, desse modo, eu poderei evitar o suicídio.
Acho mesmo que estou doente. O Leviatã dos bytes se tornou maior, dominou minha mente e eu e já não consigo resistir aos seus apelos para alimentá-lo. Preciso comprar mais coisas para ele. A propósito, amanhã vou na R. Santa Ifigênia. Alguém quer alguma coisa?
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