quinta-feira, 11 de maio de 2006

O Leviatã dos bytes

Minha tara por quinquilharias informáticas tem muito a ver com o entretenimento que me propiciam. São fotos, músicas e vídeos que fazem o meu lazer doméstico (a propósito, agradeço ao camarada Vincent pelos .vcd e .avi que propiciam a mim e à minha darling bons momentos). Já no trabalho a tara é a mesma, só que se deve à utilidade na transferência de dados, envio eletrônico de documentos, compartilhamento de informações, desenvolvimento de programas, comunicação online e offline e um caminhão de outras coisas sem as quais eu não conseguiria fazer tanta coisa sozinho. Não consigo me imaginar sem elas. Basta eu ficar sem internet por algumas horas, que minha mente se fecha e não consigo coordenar as mesmas tarefas do cotidiano. Tecnodependência aguda. E o pior: não quero ser curado.

Vou contar uma breve passagem de minha miserável vida, que quase justifica o meu apreço pela posse de computadores, já que sou feliz proprietário de cinco e usuário de quatro deles, mais duas impressoras e um scanner.

Eram idos de 1994. Eu estava de volta à Sampa City após separar-me e estava duro como peroba. E com outra característica da madeira - minha cara-de pau - pus-me a procurar trabalho e reconstruir minha vidinha, que não era tarefa simples. Tendo ficado por três anos meio distante de teclados e monitores, mesmo após ter possuído um PC/XT, programado em Cobol e operado vários micros, deparei-me com um mundo informático bem diferente. E percebi nas agências de emprego, que os candidatos portavam currículos feitos em computador. Para não passar por obsoleto, fui à caça de um possuidor de micro e impressora. Cheguei até a enfrentar decepções com alguns conhecidos informatizados, que eu achei que se disporiam a me ajudar. Até que fui procurar acolhida no sindicato de minha categoria: o Sindpd. Lá fui prontamente atendido pelo Antônio Neto, que muito depois fui saber que era o presidente. Com a boa estrutura que tinham e gentileza idem, pude usar um computador com MsWord/DOS e ainda imprimir duas dezenas do meu currículo, de sorte que logo arranjei trabalho na área. E este é o ponto: prometi a mim que nunca mais me permitiria faltar um computador, para eu conseguir ganhar a vida no mundo informático, e não mais passar humilhações ao pedir ajuda.

Depois de mais tempo do que eu pretendia, me encorajei e comprei um PC na hoje "falecida" Byte On. Diga-se de passagem que o dito 233/MMX ainda funciona bem na casa de minha irmã com seus infinitos 4,1GB de HD e 32MB de memória, inclusive rodando banda larga. Depois comprei um notebook Compaq de 600MHz/HD10GB/200MB que paguei em suadas 15 prestações. Uma outra vez comprei um P-IV/1,6GHz/HD40/256MB de uma amiga que precisava de grana. Depois comprei outro de 1,8GHz/HD40/1GB pra alugar como servidor remoto em uma empreitada com um cliente. E em outra ocasião me dei de presente no dia dos pais um de 1,8GB/HD40/500MB (atualmente com 2 HDs somando 120GB). Então passei a colecionar .mp3, .avi, .vcd uma infinidade de arquivos de entretenimento. Ainda armazeno nele o backup do meu trabalho que eu copio e transporto do escritório para casa semanalmente.

Com o tempo, todas as máquinas foram turbinadas com acessórios vitais como DVD, gravador de CD, placa de som e outras quinquilharias, cuja falta praticamente impossibilita a vida humana. Essa megabytica posse, aliada à concentração de meu entretenimento musical e visual no computador me trouxe-me outro tipo de preocupação: e se eu perder meus dados? Todo o árduo trabalho de digitalização de LP´s, fitas K7 e de CD´s originais que eu tenho, filmes e afins podem ir para a cucuia, se eu não me precaver com um método de cópias de segurança bem bolado. Me flagrei comprando mentalmente um novo HD de alta capacidade e um case USB para torná-lo móvel e não me ver no inferno frustrante da perda de dados qualquer dia desses. Afinal há uma concreta possibilidade de ¹/999.999 de que todos meus HD´s pifem simultaneamente e, desse modo, eu poderei evitar o suicídio.

Acho mesmo que estou doente. O Leviatã dos bytes se tornou maior, dominou minha mente e eu e já não consigo resistir aos seus apelos para alimentá-lo. Preciso comprar mais coisas para ele. A propósito, amanhã vou na R. Santa Ifigênia. Alguém quer alguma coisa?

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