sábado, 13 de outubro de 2007

Eu fui (ou "O tio CDF")

Esta é mais uma da série "a sala das jumentildas". Semana passada tinha provona integrada. Um raio de prova que a instituição inventou e que abarca todas as matérias do bimestre em um único questionário de vinte e quatro perguntas de múltipla escolha. Cheio de pegadinhas, dessas para as quais mais vale ler e interpretar corretamente o enunciado do que saber as matérias na ponta da língua. Mas nem de longe a prova é o centro deste post.

Acontece que a prova foi na quarta-feira dia 10. Como dia 12 era feriado, logo configurou-se um pratão cheio para a maioria dar um perdido na quinta-feira. Quem quisesse, ou precisasse, claro. Tudo muito claro, exceto para um grupelho de jovens pentelhas que gastaram preciosos minutos diariamente, nos dez dias que antecederam o feriado. Elas queriam coagir às demais a dar um perdido coletivo. Porra, uma coisa é querer faltar. Isso é um arbítrio individual. Outra é exigir que os demais não venham. As fantásticas teorias e argumentos para o infantil "vamu tudu faltá, zenti" baseavam-se no mito de que a falta coletiva configura-se em bônus presencial para todos. Teoria esta que, levada ao extremo - caso não fosse uma falácia - significaria que, se ninguém mais viesse até o final do semestre, não tomaríamos bomba por falta. Ilógico ao quadrado. Mas como falar de lógica com seres que não conseguem entender conceitos fundamentais da Filosofia? Forget it.

As ridículas intervenções de uma das senhoritas - justamente a representante de turma - incluíam enquetes individuais em público apontando o dedo, a fim intimidar as pessoas a colaborar com a vadiagem coletiva. Situação esta com a qual o tio nada tinha a ver. Em particular, cheguei a ser ríspido com uma delas a quem eu disse que minhas intenções não lhe diziam respeito, mas somente ao tio e à mulher que dorme e faz sexo com ele, obviamente a tia darling. Vão à merda se quiserem faltar, ora bolas. Que saco.

Eis que chega a fatídica quinta-feira, dia 11. Fui à faculdade, no melhor de meu direito de estudante, a fim de receber aula e presença na lista. Acreditem que vi uma dezena de moçoilas da turma bundando pelos corredores. Se deram o trabalho de ir até lá e não entraram e sala. Outras tantas vi nos bares ao redor da instituição. Chegou o professor e observou que só o tio estava na sala. Explicou com clareza que ou o tio se mandava e ele dava falta para todos ou, se desse presença para mim, deveria registrar o conteúdo e ministrar a aula. Pois eu fiquei e fi-lo cumprir com suas obrigações acadêmicas. Ele recebe salário para isso. O mestre ministrou uma brilhante e substanciosa aula sobre preconceito racial na sociedade e, ao final, prescreveu duas perguntas dissertativas que deviam ser respondidas e entregues no mesmo dia, valendo um tradicional ponto em nota. Pontinho este capaz de salvar uma média capenga ao final do bimestre se for preciso. O tio participou com afinco da aula exclusiva, fez perguntas, ouviu respostas esclarecedoras, entregou as questões respondidas e recebeu presença em lista, a única de toda a turma naquela noite.

Se as demais estavam a fim de vagabundar era simples: faltassem. Se para faltar ainda precisam de apoio conspiratório coletivo, talvez ainda não estejam maduras para a universidade. Por mim, se forem todas para o inferno, não são problema meu. Só pelo menos cresçam. Se aceitarem sugestão do tio, vão à merda.

Um comentário:

Musa de Caminhoneiro disse...

Tio, você é um nerd...hahaha