sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Perguntas que eu faria ao Pe. Júlio

Longe de mim atirar pedras nesse homem. Se não concordo com algumas ações das ONGs que ele dirige, sobretudo no tangente à forma de lidar com adolescentes de rua, não tenho capital sócio-moral para criticá-lo. O Pe. Júlio Lancelotti é sim agente transformador da sociedade - quiçá dos melhores - e ponto de referência crítico ativo das mazelas sociais com as quais todos nós contribuímos, seja por atos ou omissões. Considerando que atualmente mal ando conseguindo cuidar do próprio umbigo e da família, continuo considerando o Pe. Júlio um exemplo em atitude. Há de precisar de algo muito grave e desabonador para que eu reveja isso. Mas algumas perguntas não me calam.

Por exemplo, que se você não tiver culpa por algo, haveria de ceder a uma chantagem e, em caso positivo, por quais outras razões? Outra questão: se os padres por premissa eclesiástica não possuem bens em nome próprio, de onde terá vindo o dinheiro para a concessão à chantagem? Terceiro, alguém de quem se espera que a chantagem e a extorsão sejam objeto de repúdio, não estaria sendo incoerente ao extremo ao permiti-lo?

A questão do dinheiro movimentado remete sim a uma questão bem maior. Já passa da hora de auditar as ONGs e exigir destas a prestação de contas clara e detalhada, principalmente das que se mantém com a concessão de verbas públicas. É um absurdo que entidades dessa natureza atuem de forma obscura, como temos visto em ONGs apadrinhadas por políticos, por exemplo. Além de cabides de emprego, há as facetas podres de sustentação de campanhas políticas e incremento de patrimônios pessoais. Por isso é que as ONGs têm sido alvo de denúncias, algumas delas bem fundamentadas. Esse é o principal indicador de que devemos ficar de olho aberto, tanto a respeito da destinação dos seus recursos mas também da captação dos mesmos. Aí é que "mora o Neves" no caso do Pe. Júlio, se é que você me entende.

Já faz tempo que as campanhas em prol de entidades assistenciais me despertam muita suspeita. É um tal de fundação fulano de tal, associação daquilo e outras tantas, que dedicar credibilidade a alguma está ficando cada vez mais complicado. De boas intenções o inferno está cheio. E algumas contas-corrente também.

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